Ela era tudo o que eu tinha.

COLE SPROUSE:

Minha cabeça estava a ponto de explodir a qualquer momento, meus olhos estavam inchados de modo que dificultava até que eu enxergasse normalmente, meus cabelos tão bagunçados quanto minha vida. E a vontade de levantar da cama era zero, a sensação que eu tinha era que havia sido atropelado por dez caminhões.

Alguém escancarou as cortinas do meu quarto, fazendo com que o sol invadisse o cômodo e incomodasse meus olhos, mesmo fechados.

- Levanta, Cole. - Era Duan. - Levanta esse traseiro branco daí. - Senti uma pancada forte com algo fofo em minha cabeça.

Abri os olhos vagarosamente e dei de cara com a barriga dela, levantei os olhos devagar e ela me encarava de braços cruzados e cara fechada.

- Eu mandei você levantar! - Falou baixo e segurou meu cabelo, me puxando para que eu ficasse sentado, aumentando ainda mais a dor que eu sentia na cabeça.

- Meu Deus, o que foi? Está nascendo? - Passei a mão no local onde doía, na intenção de amenizar a dor.

- Não, idiota. - Ela revirou os olhos e eu a encarei com confusão. - Você precisa ir atrás da Lili! Ontem a noite ela esteve na minha casa, pra se despedir, porque parece que você, egoísta como é, mandou ela desaparecer. - Duan falou rápido demais e eu senti um aperto no peito. - Eu prometi que não seria egoísta, e não a impediria de ir, pois aquilo poderia ser o melhor para ela, mas quer saber? Eu sou egoísta mesmo, foda-se. - Sacudi a cabeça em negação e a encarei, esperando que ela terminasse de falar. - Você vai levantar daí, e vai até a casa dela, atrás dela, de pijama mesmo. - Me puxou pela mão mas eu não me movi, não queria fazer aquilo. - Não é justo que ela deixe tudo pra trás por sua causa, Cole. Eu sei que vocês são totalmente complicados e talvez, nem queiram mais se acertar, mas se você deixar ela ir assim, porque você pediu, estará sendo totalmente egoísta.

- Duan, eu não vou! - Levantei-me da cama e caminhei até a porta do banheiro. - Eu não quero ela por perto. Eu sou egoísta? Aham, sou. E daí? Eu não vou me humilhar por alguém que me faz sofrer sempre que está por perto.

- Por que você só vê o lado negativo? - Bufou impaciente. - Todas as vezes que vocês se magoaram tinha dedo de outras pessoas no meio, vocês nunca brigaram por si só, nunca! E quer saber? Eu estou cansada dessa infantilidade de vocês. Eu sei que não tenho absolutamente nada a ver com isso, porém ela é minha melhor amiga, isso não é justo com ela! É como se você estivesse fazendo isso com a minha irmã.

- Então, vá cuidar da sua irmã e da sua melhor amiga e me deixa em paz, Duan. Por favor. - Suspirei cansado. - Você está cansada de infantilidade e eu estou cansado de ser sempre o errado, quando na verdade, eu não fiz absolutamente nada! Quem errou aqui, e mais de uma vez foi a Lili. Agora, por favor, vai embora. Eu preciso tomar banho e arrumar as coisas pra ir ver minha mãe. - Menti. Eu não ia ver minha mãe, só queria ficar sozinho, sem ela ali dizendo o que eu deveria ou não fazer.

- Como quiser Cole. Se você mudar de ideia, o voo da Lili sai hoje a noite, as nove. Não deixe o amor da sua vida escapar por entre seus dedos por um mal entendido, causado por gente de coração vazio. - Encarei Duan por um longo tempo, até que ela se retirou do quarto.

Tomei um banho frio, para ver se conseguia acordar daquele pesadelo. Vesti uma calça de moletom e desci as escadas, atraindo a atenção e o olhar de pena de todos presentes. Revirei os olhos e segui até a cozinha, na intenção de comer alguma coisa.

- Você está bem? - Charles apoiou-se na porta da cozinha e eu fiz que sim com a cabeça, indo em direção a geladeira. - Precisa de alguma coisa? - Peguei uma garrafinha de chá gelado, e me virei na direção dele, deixando que a porta da geladeira batesse.

- Aham, tem como você resolver as coisas da minha operadora pra mim? Pedir outro chipe com meu número, e cancelar o antigo. - Abri a garrafa e tomei um gole do chá.

- Não era disso que eu estava falando, mas tudo bem. - Charles deu de ombros. - A Duan falou que a Lili está indo embora hoje a noite, você não vai fazer nada? - Uniu as sobrancelhas.

- Você, como todos dentro dessa casa, já sabem o que rolou ontem a noite, sabem o motivo d'eu estar um lixo, então, deveria saber que eu quero mais é que ela se foda, e longe de mim. - Falei sem me preocupar em conter a raiva.

Charles arregalou os olhos e não falou mais nada, apenas se moveu de meu caminho quando fui sair da cozinha.

Fui para o jardim de casa e me deitei em uma das espreguiçadeiras, tentava focar minha atenção em Malibu que corria de um lado para o outro atrás de uma borboleta, mas era em vão. A única coisa que passava pela minha cabeça era o porque estava acontecendo aquilo tudo comigo.

Eu sentia magoa, decepção, dor, mas principalmente raiva, pois mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu não conseguia tirar Lili da minha cabeça, e pior ainda, não conseguia tirar ela do coração.

E lá estava eu, chorando de novo. Encarei o céu ainda claro e respirei fundo, deixando que as lágrimas escorressem pelo meu rosto, esperando que daquela forma a dor diminuísse, pelo menos um pouco.

- Cara, você precisa parar de chorar, eu sei que está doendo, mas você não pode ficar assim. - A voz de Charles me deu um leve susto. Assim que abri os olhos o vi sentando na espreguiçadeira ao meu lado.

- Não dá Charles. - Falei entre soluços, deixando o choro finalmente sair e me sentei. - Ela era tudo o que eu tinha, e ela me apunhalou pelas costas. - Charles me abraçou de lado e eu apoiei a cabeça no ombro dele.

- Cole, isso pode ter sido um engano, cara. - Levantei o rosto e o encarei confuso. - Já não é de hoje que o Nate dá em cima da Lili descaradamente, ele pode muito bem ter agarrado a garota. Vamos combinar, ela é toda pequenininha, acha mesmo que ela conseguiria afastar ele?

- Isso não existe. - Sequei meu rosto com o dorso da mão. - Ela não parecia estar sendo agarrada.

- Mas nem tudo é o que parece, Cole. - Charles suspirou. - Não estou tentando te colocar contra ninguém, mas você não achou estranho que a Sarah te arrastou para fora da festa sem nenhum motivo aparente? Pode ter dedo dela nisso.

- Ela não seria baixa a esse ponto, Charles. Ela não faria isso comigo. - Sacudi a cabeça em negação.

- Ah não? E Lili seria baixa a esse ponto? A Lili faria isso com você? - Ele uniu as sobrancelhas e eu repeti a ação.

- Eu não sei. - Suspirei pesadamente.

- Deveria saber, Cole. - Charles deu dois tapinhas em meu ombro e foi para dentro de casa.

{•••}

Havia passado dia inteiro sem celular, na verdade, estava desde ontem a noite sem celular, e ficar longe das minhas redes sociais estava me deixando maluco, já que naquela situação, eram as únicas coisas que me mantinham distraído.

Sentei na cama e fiquei encarando o nada por um tempo, pensando no que fazer. Gastei mais alguns minutos encarando o chão, e por fim, resolvi pegar meu celular velho que devia estar jogado em uma de minhas gavetas. Revirei algumas das minhas gavetas e encontrei meu antigo celular na terceira, o peguei junto com o carregador, o coloquei para carregar e o liguei, me deitando na cama em seguida.

Esperei uns bons quinze minutos até que o aparelho ligasse, e assim que ele o fez, apareceram duas mensagens, uma dizendo que estava sem chip, o que eu já sabia, e outra dizendo que o celular estava sem espaço.

- No mínimo Trinity deve ter baixado todos os jogos existentes na App Store. - Revirei os olhos e ri sem animo.

Olhei todas as pastas no celular e percebi que Trinity não tinha baixado nada desde a última vez que mexeu, o que indicava que a falta de espaço vinha de vídeos ou fotos guardadas no celular. Cliquei no ícone da galeria de mídia e fui direto na pasta de vídeos, que é o que normalmente mais pesa. Haviam alguns vídeos curtos, mas um que estava com o ícone preto me chamou a atenção por ter quase meia hora de duração. Abri o vídeo e me ajeitei na cama. No início do vídeo ouvi algumas vozes bem baixas e misturadas, e aos poucos, as vozes foram ficando mais claras, e eu pude reconhecê-las. Avancei um pouco o vídeo e logo pude ouvir a voz da Sarah falando meu nome.

"Bom, basicamente quem fez com que a Lili desse um pé na bunda do Cole fui eu." - No momento em que ouvi isso, sentei em minha cama bruscamente e aumentei o volume do celular em minha mão. Sarah começou a contar como éramos antes e depois de eu conhecer Lili. Ouvi com total atenção cada palavra que ela dizia. - "Eu simplesmente disse ao Cole que aquela era a segunda vez que ela estava terminando com ele, que eu havia falado com ela no facetime, e que ela havia pedido pra ele esquecer ela pois ela queria um cara famoso e que morasse perto, meio que pra ela sugar a fama, e não uma sub celebridade como ele." - Ao ouvir aquilo em senti meus olhos encherem de lágrimas, e não eram lágrimas de tristeza, e sim de raiva e decepção.

Eu "perdi" a confiança em Lili, a garota que eu amo, por causa de um capricho doentio da Sarah.

Ouvi a gravação até o final, e nesse ponto eu já estava cego de raiva, decepção, tristeza, tudo misturado. A única coisa que eu conseguia pensar naquele momento era colocar toda minha raiva pra fora, e em cima de Sarah. Ela pra mim havia morrido da pior forma, aquilo não tinha perdão.

E ouvir aquilo tudo me fez perceber o quão cego eu fui, o quão injusto eu fui com Lili. Eu a destratei diversas vezes por conta da raiva que Sarah fez que eu sentisse dela, como eu fui idiota, cego, infantil. Eu precisava me desculpar com Lili, mesmo que não não me perdoasse, eu precisa dizer a ela o quão errado, culpado e enganado eu fui.

Levantei da cama num pulo, bloqueei o celular em minha mão e o coloquei no bolso. Peguei minha camisa em cima da cama e saí correndo de casa feito um louco.

Peguei meu carro e dirigi o mais rápido possível em direção a casa de Duan, sem me preocupar com as multas que levaria depois de avançar tantos sinais vermelhos.

- Você precisa ir comigo até o aeroporto. - Falei assim que Duan abriu a porta de sua casa. - Eu não faço ideia de onde ela está, eu preciso falar com ela, ela não pode ir embora acreditando que ela está errada e que eu não confio nela.

- Ué, mas não é essa a verdade? Você não confia nela. - Duan cruzou os braços e me lançou um olhar severo. - E por que diabos você está mais branco que o normal?

- Eu te explico no caminho, Duan. Só me leva até lá, por favor. Meu carro está aqui na frente e está ligado, só esperando você aceitar me ajudar. - Disparei a falar.

- O que eu não faço pela minha melhor amiga, não é? - Revirou os olhos e puxou um casaco atrás da porta de sua casa. - Até ajudar o ex namorado idiota dela. - Deu um tapa nada leve em meu ombro e seguiu em direção ao meu carro.

No caminho até o aeroporto, ouvi Duan gritar diversas vezes "Vai devagar, você matar nós dois e meu filho!", e também, consegui explicar para ela o que havia acontecido. Obviamente, tomei alguns tapas, ouvi uns palavrões e "eu te avisei" dela, mas tudo bem, eu merecia aquilo e talvez muito mais.

- Estaciona isso de qualquer jeito! Faltam cinco minutos pro voo dela sair! - Duan berrou assim que entramos no estacionamento do aeroporto.

Estacionei o carro de qualquer jeito como ela havia pedido, e nós dois saímos correndo feito dos loucos pelo aeroporto. Duan me apontou a direção onde Lili estaria embarcando e eu corri ainda mais na direção.

- O senhor não pode entrar aqui, a menos que esteja com a passagem. - O guarda informou me parando e eu vi tudo indo por água abaixo.

- Opa, já cuidei disso. - Duan chegou esbaforida, parando ao meu lado. - Me agradeça depois e não esqueça de pagar seu cartão. Ah, e é bem idiota ter um adesivo no seu cartão de crédito com a senha dele. - Lançou-me um sorriso debochado.

Ri sacudindo a cabeça em negação e peguei a passagem da mão de Duan, entrando na área de embarque feito um louco.

Era agora ou, provavelmente nunca mais.

_____

trinity salvou a pátria....

duan, como sempre, melhor personagem

ces acham que o cole vai conseguir alcançar a lili????

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