20

Lili Reinhart

Eu estava ansiosa e não sabia o que vestir.

Cole havia dito que me encontraria em frente ao campus para podermos ir até um encontro surpresa.

Ele sempre perguntava por que não poderia vir até minha porta me buscar, e eu explicava o que iria acabar acontecendo.

Minha mãe iria surtar.

Como sempre.

Puxei o meu celular para fora do bolso de minha calça jeans e disquei o número do Cole. Ele atendeu no segundo toque.

— O que foi?

Ele parecia irritado.

— Desculpe... Eu posso ligar mais tarde.

Falei sem graça e me adverti mentalmente por ter ligado sem avisar antes.

— De jeito nenhum. Eu atendi sem ver quem era.

Ele disse e seu tom de voz se
suavizou.

Suspirei em alívio.

— Eu só queria saber para onde estamos indo.

— Eu te disse que é uma surpresa, amor.

Girei o anel de prata que havia no meu dedo indicador e apoiei o celular contra o ombro.

— Sim, mas como vou saber o que vestir?

Franzi a testa mesmo sabendo que ele não poderia ver.

— Só use o que te faz se sentir confortável.

— Tudo bem, até mais tarde.

Encerrei a chamada.

A porta de meu quarto se abriu bruscamente e eu tomei um susto. A figura de minha mãe apareceu na porta.

Sua expressão não era nem um pouco amigável. Seus olhos eram puro gelo.

— Eu sabia.

Ela disse analisando meu rosto.

Meu coração se acelerou.

— O quê? — perguntei fingindo que não sabia sobre o que ela estava falando.

— Você está tendo encontros com aquele riquinho de merda.

— Não chame ele assim.

Falei fitando seus olhos seriamente.
Ela andou até mim e segurou meu maxilar com força. Ela abriu a boca para falar mas eu a interrompi.

— Eu já sei. Estou indo embora agora mesmo, não se preocupe.

Soltei sua mão bruscamente de meu rosto e me levantei. Fui até meu armário e retirei minha mala antiga dos fundos.

Minha mãe encarava cada movimento meu sem dizer absolutamente nada.
Puxei o zíper da mala e joguei as poucas peças de roupas que eu tinha dentro dela.

Após isso eu a fechei e ergui meus olhos para minha mãe.

— Você não tem para onde ir e esqueça a faculdade. — ela disse antes de se virar e bater a porta fortemente.

Suguei o ar com força.

Você vai conseguir passar por isso.
Incentivei a mim mesma, eu daria um jeito. Puxei a mala por a barra de metal até a sala. As rodinhas mal funcionavam e ficavam travadas a todo instante.

Amanda estava sentada na poltrona encarando a tevê. Ela não parecia incomodada com o fato de que sua filha iria embora sem ao menos ter um lugar para onde ir.

Foi nesse momento que eu percebi que ela realmente não se importava.
E se ela não se importava, eu iria não me importar mais ainda. Atravessei a porta e segui até o quintal.

Quando o fato de que eu não tinha para onde ir realmente pareceu real um soluço saiu de minha garganta.
As lágrimas começaram a rolar imediatamente.

Depois de alguns minutos consegui controlar minha pequena crise de choro, resolvi ligar novamente para o Cole.

A ligação foi para caixa postal três vezes. Suspirei derrotada e andei até um ponto de ônibus.

Eu não poderia ficar em frente essa casa.

Mandei uma mensagem à Cami.

Lili: Oi, vc tem o número do Kj?

Era a única forma de me comunicar com o Cole no momento.

A resposta chegou alguns minutos depois:

Camila: Claro, pq?

Lili: Estou tentando falar com o Cole mas não consigo. É urgente.

Desta vez a resposta dela veio de imediato.

Camila: Aconteceu alguma coisa?

Ela me perguntou claramente preocupada, me fazendo dar um pequeno sorriso.

Lili: Nd demais. E então... vc pode me passar?

Eu não queria espantar Cami com o tipo de mãe que eu tinha.

Três segundos depois ela me enviou a mensagem com o número de Kj. Disquei imediatamente e cruzei os dedos para que ele atendesse.

No quarto toque eu já havia perdido minhas esperanças mas então sua voz soou na linha:

— Oi, quem é?

Suspirei aliviada.

— Oi, Kj... É a Lili.

— Ah... Tá tudo bem? — ele perguntou claramente confuso, sem entender o motivo da ligação.

— Na verdade não, a minha mãe me... — Engoli em seco. — Expulsou de casa, eu estava tentando ligar para o Cole mas ele não me atende.

— Como assim te expulsou?

Ele perguntou surpreso.

— Também não estou conseguindo falar com esse babaca, aonde você está?

— Em um ponto de ônibus.

Respondi observando as pessoas ao meu redor que esperavam por seu transporte.

— Merda... me passa o endereço certinho por mensagem. Estou indo até aí, vou te levar até o menino fumante.

Sorri pelo apelido que ele usou para se referir ao meu namorado.

— Obrigada, já envio a mensagem.

Falei encerrando a ligação.

Enviei a mensagem com o endereço ao Kj e ele respondeu com um "blz".

Cerca de quinze minutos depois uma Mercedes GLE Coupé branca parou em frente ao ponto de ônibus. A maioria das pessoas pararam para observar o belo automóvel já que
ninguém aqui podia se dar ao luxo de comprar um.

O vidro se abaixou revelando o cabelo negro e olhos verdes de Kj. Ele desceu do carro e pegou minha mala.
Observei enquanto ele abria o porta-malas e a guardava.

Ele abriu a porta para mim entrar e deu a volta no carro sem dizer uma palavra. Quando ele se sentou no banco do motorista, ele virou o rosto para mim.

— O que aconteceu?

Ele perguntou com uma expressão preocupada dando partida no carro.

Expliquei a situação enquanto ele dirigia até a casa de Cole, eu estava bem nervosa, eu não estava esperando que ele me oferecesse um lugar para ficar.

— Que merda de mãe.

Kj soou indignado quando terminei de falar. Assenti concordando com ele.

— Cole é uma ótima pessoa, ninguém deve ser julgado pela capacidade de poder obter bens materias quando quiser.

Ele estava certo, apesar de Cole aparentemente ser podre de rico, ele não era nada esnobe, mas sim uma das pessoas mais humildes que eu já havia conhecido.

— Mas então Lili, você precisa me ensinar o truque. — ele falou de repente, mudando de assunto.

— Que truque?

Perguntei consfusa.

— Para conquistar o Cole, eu já tentei várias vezes, mas nunca consegui.

Ele disse brincando fazendo com que eu soltasse uma risada.

— Acho que ele não gosta da cor cenoura. — provoquei fazendo com que ele risse desta vez.

— Chegamos.

Kj disse parando o carro em frente a um prédio  luxuoso. Ergui as sobrancelhas analisando o lugar.

— É aqui que ele mora?

Kj assentiu e descemos do carro.
Passamos pela portaria e entramos no elevador sem problemas.

Aparentemente todos empregados eram acostumados com a figura de Kj.

Quando a porta de metal se abriu Kj andou até uma porta no final do corredor e deu duas batidas sobre a mesma. Uma ruiva abriu a porta, ela usava um top rosa e uma minissaia.

Fiquei confusa pensando que este era o apartamento de Cole, aparentemente Kj havia se enganado.

— Gatinho! — ela exclamou jogando os braços ao redor do pescoço de Kj.

Ele revirou os olhos.

— Cadê o Cole?

Ele perguntou enquanto a ruiva me analisava lentamente, seus olhos castanhos eram puro ácido. Ela enrolou uma mecha de seus cabelos ao redor do dedo e me ignorou.

— Está dormindo, ele ficou bem exausto depois do que a gente fez.

Um sorriso malicioso brincava em seus lábios. Pisquei os olhos rapidamente.

Como eu não pensei nisso? Ela era terrívelmente bonita e tinha um corpo incrível.

Ela era o tipo do Cole.

E eu queria sumir.

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