10

Lili Reinhart

Observei calada enquanto minha mãe dava uma última tragada em seu cigarro e o jogava na madeira velha da varanda. Ela se levantou e me lançou um olhar de desprezo.

— Entre. — ela murmurou acenando para dentro de casa. Engoli em seco e passei por ela meio tonta e me equilibrei na borda do sofá.

Ouvi a tranca da porta e seus passos ecoarem até pararem atrás de mim.

Encarei o quadro que havia pendurado na parede com minha mãe jovem e saudável sorrindo para câmera.

— Olhe para mim.

Continuei encarando a foto.

— Olhe. Para. Mim.

Ela falou pausadamente com a voz carregada de ódio. Cinco segundos após eu continuar de costas ela puxou meu braço bruscamente, me virando para encará-la.

Seus olhos eram puro gelo enquanto me observavam.

E então ela ergueu o braço e eu me encolhi quando a palma de sua mão se chocou contra meu rosto.

Minha bochecha estava ardendo e meus olhos começaram a lacrimejar. Pisquei algumas vezes, afastando as lágrimas.

Eu não choraria em sua frente.

Frágil.
Vulnerável.
Patética.

— Você está completamente louca.

eu disse e ela me lançou mais um olhar mortal. Ela enumerou três dedos em sua mão.

— Você não me respeita mais, você não chega em casa no horário e o último...

Ela se aproximou mais ainda, nossos narizem estavam quase se roçando.

— Você virou uma vagabunda bêbada.

Me sentei no sofá derrotada pelo impacto de suas palavras.

— Não quero mais te ver com aquele garoto, ele é má influência para você, alguns dias ao seu lado e você está sendo uma vaca. A Lili obediente se foi deixando essa versão rebelde sem causa e bêbada. Se você por acaso se opor quanto a vê-lo eu te mando
para rua.

Ela me lançou um olhar, me desafiando a rebater sua ameaça.
Arregalei os olhos em surpresa e passei as mãos pelos meus cabelos em frustração.

Encarei minha mãe e me levantei.

Ela havia vencido.

— Eu te odeio.

Eu sussurrei e uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha
enquanto eu corria para meu quarto.

Tranquei a porta e me joguei na minha cama. As batidas contra a madeira começaram no mesmo instante.

— Abra essa porta! — ela gritou e as pancadas ficaram mais fortes.

Suspirei e limpei minhas lágrimas com as costas da mão.

Aquela seria a última vez que eu choraria por causa dessa mulher.

♡♡♡♡

— Você parece desanimada.

Camila disse me observando enquanto eu limpava uma das mesas da lanchonete.

Forcei um sorriso em sua direção e neguei com a cabeça.

— Semana de provas.

inventei uma desculpa. Passei minhas últimas horas pensando em como eu faria para me afastar do Cole, eu não poderia ser expulsa de casa e então morar na rua, minha mãe provavelmente pararia de pagar as despesas da faculdade e eu ficaria completamente sem rumo.

— Entendi. — ela respondeu e a desconfiança em sua voz era totalmente notável. — E então, você está indo até a festa nesse final de semana? — ela perguntou, esperançosa.

— Acho que não, não me encaixo muito bem em festas

Respondi andando até outra
mesa e os passos da garota soaram atrás de mim, ela era muito persistente.

Ela bufou e disse:

— Pare de ser boba, talvez você possa ir com o Cole, ele é realmente muito quente.

Ela apoiou seu quadril contra a mesa.

Continuei limpando desconfortável quando o nome com a letra C foi citado. Tirei meus olhos do pano e os ergui para os seus olhos castanhos.

— Eu acho que eu posso ir com você. Mas nada de garotos.

Murmurei finalmente cedendo e ela soltou um gritinho em excitação e passou os braços ao redor do meu
pescoço, fiquei tensa e ela se afastou imediatamente, provavelmente percebeu.

Ela sorriu.

— Desculpe, não consigo controlar minhas emoções. A gente pode se arrumar no meu dormitório ou na sua casa, se você preferir.

Balancei a cabeça rapidamente.

— No seu dormitório está de bom tamanho. Não sei o que usar.

desviei o foco sobre estarmos indo para minha casa, se minha mãe visse alguém bonita como Cami e ousada, diria que é uma das minhas formas de chamar atenção e surtaria novamente.

Ela deu uma risadinha e abanou com a mão indicando para eu deixar para lá.

— Eu já sei o que você vai usar.

Ela falou com os olhos brilhando.

— Posso te emprestar algo, passar maquiagem em seu rosto, e também fazer o seu cabelo. Vai ser como ter minha própria Barbie em tamanho real.

Uau, ela realmente estava animada.
Dessa vez eu soltei um riso e concordei com a cabeça.

— É, acho que você pode fazer tudo isso.

Ela assentiu e o sino soou indicando que deveríamos voltar a atender clientes. Ela piscou para mim e se moveu.

♡♡♡♡

Observei meu reflexo no espelho.

Por um momento eu quase não me reconheci.

A garota que me encarava de volta era bonita, incrivelmente alta e parecia ser confiante.

Ela não era eu.

Camila havia me emprestado um vestido vermelho justo e fez algo esfumado com preto e dourado em minhas pálpebras que deixava o verde dos meus olhos como duas esmeraldas brilhantes. Meus pés estavam envolvidos em saltos altos prateados.

— Uau... Eu acho que fiz um ótimo trabalho.

Cami disse sorrindo enquanto me
obervava encostada casualmente contra a porta do banheiro. Ela estava muito bonita, usava um vestido azul royal e seu cabelo estava preso no topo de sua cabeça em um coque
elegante.

Dei um sorriso fechado sem saber exatamente o que dizer, eu não estava confortável vestida dessa maneira e muito menos com os saltos que ela havia me emprestado, mas eu
não poderia falar isso, ela estava tão feliz e empolgada.

— Eu gostei.

menti e seu sorriso cresceu.

— Ok, agora vamos lá, você vai ter todos os olhares sobre você... Ah, quase me esqueci, eu vou me encontrar com aquele ruivo, Kj, não?

Ela perguntou distraidamente enquanto caminhávamos.

Meus pés pararam de funcionar abruptamente com a notícia repentina. Senti meu estômago se revirar. Camila parou de andar e se virou para me encarar. Se Kj estava indo, quer dizer que Cole também estava?

— Hum, você está bem?

Seu tom de voz era calmo e cauteloso.

Balancei a cabeça.

— Não é nada. Eu só estava pensando sobre algo.

Ela acenou lentamente com a cabeça e franziu as sobrancelhas. Ela abriu a boca para dizer algo mas a fechou rapidamente e então suspirou, um leve sorriso se esticou em seus lábios.

— Tudo bem, podemos ir.

Ela acenou em direção à saída e nós começamos a caminhar até o estacionamento.

{...}

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top