Sexy.

Capítulo 6.
Sexy.

Para quem estivesse vendo de fora, a expressão de Cole era, no mínimo, cômica. Os lábios rosados e umedecidos pela bebida alcoólica estavam entreabertos em total surpresa. Cole mal conseguia processar que a garota a sua frente era Lili, sua recém-adotada irmã mais nova, e não uma modelo dessas com quem ele era acostumado a sair.

Ele estava acostumado a vê-la com roupas largas e calças de moletom, e aquilo lhe alertara de maneira intensa. Na cabeça de Cole, mulheres que ficavam sexys em roupas largadas e também em vestidos provocantes eram um grande problema. E o pior, ele não havia percebido, até agora, que achara Lili sexy em ambas as situações.

- Oi, Lili! - cumprimentou Cole, dando-lhe um beijo breve na bochecha.

No momento em que Lili foi retribuir o ato, alguém chamou pelo loiro, fazendo-o virar o rosto, e o beijo que a garota ia dar-lhe na bochecha em retorno, acabou sendo um breve selinho nos lábios.

- Ai, meu Deus! Me desculpa! - ela quase gritou, tendo o rosto tomado por um vermelho vivo que fora tão violento que apareceu por baixo da maquiagem.

- Ei, relaxa. Foi um acidente. - Cole ri, controlando-se para não surtar tanto quanto a garota a sua frente. - Vou ver quem está me chamando, já venho. - disse brevemente, e deu um beijo rápido na testa de Camila, que até então estava em silêncio, petrificada.

Cole afastou-se em direção a entrada de seu camarote e deparou-se com Jordan Connor. O rapaz alto e de cabelos médios cumprimentou-lhe com um abraço e um aperto de mão. Era amigos de longa data.

Jordan acompanhou Cole até os amigos, depois que o rapaz permitiu sua entrada no camarote particular. O moreno foi apresentado a Lili, que o lançou um sorriso extremamente sexy, sem nem ao menos perceber, deixando até Cole desnorteado.

Camila e Charles dançavam ao lado de KJ, enquanto Lili e Jordan flertavam num canto mais reservado do camarote. Cole estava apoiado no parapeito com um drink nas mãos, e sorria vez ou outra observando a diversão dos amigos. A cabeça dele estava um pouco longe, mais precisamente em Beverly Hills, na casa de Celine.

Como um sinal de invocação maligno, o celular de Cole vibrou dentro do bolso. Um número privado, com uma imagem anexada a uma mensagem de texto. Era uma foto de Celine, aos beijos com um cara. Ou melhor, uma quase cena de sexo em uma boate famosa em Downtown LA.

A garganta de Cole fechou imediatamente, tomada por um enjoo repentino. Os músculos enrijecidos, as mãos fechadas em punho e os olhos marejados, deixavam bem claro o quanto aquela imagem o havia aborrecido e machucado. Um misto de dor, ciúmes e tristeza o engoliu quase que de imediato.

- O que aconteceu? - Cole arrepiou-se com a voz de Lili extremamente próxima de seu ouvido, graças a música ensurdecedora da boate.

Ele moveu a cabeça em negação, mas Lili tomou o celular de sua mão em um ato rápido, e viu exatamente o que o havia deixado daquela maneira.

- Não fica assim, por favor. - Pediu-lhe segurando sua mão e a apertando com delicadeza, na intenção de confortá-lo. - Ignora isso, Cole. Esse tipo de atitude não é de alguém que merece você. - a loira suspira e o oferece um sorriso solidário. - Você é bonito, talentoso e super gentil, tenho certeza que pode ter a menina que quiser, não fique assim por alguém que não te valoriza.

Cole solta um longo e demorado suspiro, entrelaçando os dedos nos de Lili, que acaricia o dorso de sua mão com o polegar, enquanto o olha nos olhos por segundos bem demorados. Ele deposita um beijo no dorso da mão de Lili e lhe abre um pequeno sorriso.

- Obrigado, Lili. Mas é foda. - ele passa a língua entre os lábios e encolhe os ombros.

- Você me ajudou quando eu mais precisei. - lembrou ela. - Quero que você conte com a minha ajuda também. - ofereceu.

- Vou contar com a sua ajuda também, eu prometo. - ele a beija no rosto e solta sua mão. - Mas, agora, só preciso de mais uma bebida e de dançar no meio das pessoas lá embaixo. - avisou, antes de deixar o camarote.

Lili observou Cole descer as escadas, sentindo o peito apertar de pena. Ele é um cara legal, e trata as pessoas bem, até mesmo quando elas são ridículas com ele. Além disso, ela, e qualquer outra pessoa poderiam ver sua beleza a metros de distância, o que a impedia de entender como Celine podia fazer isso com ele. Pensou até em dar razão a Camila, achando que Celine não o amasse. Ou, pelo menos, não o amasse tanto quanto ele a ama.

Uma hora mais tarde, Cole havia perdido-se no meio da multidão. Charles e Camila estavam no maior amasso na pista de dança no primeiro andar, KJ havia desaparecido, e Lili dançava uma música um pouco mais lenta com Jordan.

Lili percebeu que Jordan estava a ponto de beijá-la ao vê-lo alternar a atenção entre seus lábios e seus olhos, e aquilo a deixou visivelmente nervosa. Ela nunca havia ficado com outro cara além de Chace. Ela fora apaixonada por ele desde muito nova, e quando ele não estava disponível para ela, ela não ficava com mais ninguém.

A loira afastou-se discretamente, dizendo que iria ao banheiro, e acabou, por fim, curtindo o resto da noite com Camila no primeiro andar.

Eram mais de quatro da manhã quando Lili notou que as coisas começavam a sair um pouco de controle. KJ havia ido embora de táxi, pois seu teor alcoólico estava mais alto do que o de uma garrafa de tequila. Camila e Melton estavam absolutamente loucos na pista de dança, e ela não conseguia encontrar Cole em lugar nenhum.

Para sorte deles, Lili não estava bebendo, e havia dispensado Jordan mais cedo, então, poderia cuidar perfeitamente de seus amigos bêbados. Com muito custo, ela conseguiu convencer Charles e Camila a irem embora de táxi, e voltou para dentro a procura de seu irmão adotivo. Encontrou Cole agarrado a uma caneca de cerveja, sentado no bar. Ele estava péssimo, em um estado deplorável, quando Lili aproximou-se.

Lili notou rapidamente que Cole havia ultrapassado todos os limites da bebida, então, decidiu levá-lo embora casa. Faria por ele, o que agora ela tinha certeza, que ele faria por ela sem nem pensar duas vezes.

- Cole, vamos embora? - questionou ao se aproximar, e afagou-lhe as costas.

- Não quero ir embora, Lili. - ele estava muito bêbado, quase não conseguia falar direito.

- Mas nós vamos! - ditou tirando o copo de sua mão e o colocando de lado.

Com a ajuda dos seguranças de Cole, ele e Lili saíram da boate com as faces cobertas pelos paletós pretos.

Quando entraram no banco de trás do carro de luxo de Cole, ele deitou-se como um bebê no banco e apoiou a bochecha no colo de Lili, começando a chorar baixinho. Aquilo cortou o coração de Lili. Ela enfiou os dedos nos cabelos dele, o afagando, e ele envolveu os braços ao redor de sua cintura, chorando ainda mais com o rosto escondido em sua barriga.

Com a mão livre, Lili enviou uma mensagem para Rachel, explicando que a noite não havia terminado muito bem; que Cole estava arrasado e que ela iria cuidar dele.

Quando chegaram a mansão de Cole, o segurança ajudou Lili a tirá-lo do quarto e levá-lo até seu imenso quarto decorado em tons de azul e cinza.

Cole estava estirado de bruços na cama quase dormindo, enquanto Lili o encarava de braços cruzados, escorada no batente da porta, tentando pensar no que fazer para ajudá-lo. Então, ela tirou seus saltos e caminhou até a cama, ajoelhando-se ao lado da mesma, mantendo seu rosto na altura do de Cole.

De perto, ela pode ver as diversas sardas e pintas que ele tinha em torno das bochechas e do nariz tão perfeitamente esculpido. Quando Lili acariciou os fios loiros dele, Cole abriu os olhos lentamente, a encarando entre os cílios grossos.

- Preciso que você levante. Vou te dar um banho e você vai tomar um copo de café, se não, amanhã você vai passar muito mal. - pediu baixinho, enquanto passava os dedos suavemente pela nuca do rapaz em um carinho.

- Eu posso morrer que ninguém vai se importar. - resmungou, tornando a fechar os olhos.

- Nunca mais fale uma coisa dessas. - Lili colocou-se de pé, visivelmente aborrecida.

Lili lutou para manter sua postura irritada quando percebeu uma lágrima solitária fazer uma pequena poça na cavidade entre o olho e o nariz de Cole. Ela entrelaçou os dedos nos dele e o puxou com cuidado. Cole levantou sem mais relutar e esfregou o rosto com a mão livre.

- Vem, você está precisando de um banho quentinho. - murmurou baixo.

Cole assentiu com a cabeça e respirou fundo, passando por ela em direção ao seu banheiro. Lili o seguiu sem pensar, movida pelo medo. Estava apavorada com a sentença de Cole sobre ninguém se importar caso ele morresse.

Cole se despiu e entrou embaixo da água morna do chuveiro.

Antes que Lili pudesse raciocinar, Cole agarrou-se no registro do chuveiro ao sentir que iria desmaiar. Só deu tempo da garota agarrar uma toalha e correr na direção dele. Por poucos segundos Cole quase esborrachou-se no chão.

Lili apoiou o braço atrás do pescoço de Cole ao ajoelhar-se com ele no chão e jogou a toalha que estava em sua mão na cintura dele, para que ele não ficasse exposto. Olhou ao redor a procura de ajuda, mas era de madruga, e nenhum dos empregados dele estava por ali. E os seguranças ficavam ao lado de fora da casa o tempo inteiro.

- Merda. - grunhiu a garota, reunindo forças para colocar-se de pé com Cole em seus braços, praticamente nu. - Cole, acorda! - choramingou.

Depois de muito tentar, Lili conseguiu colocar-se de pé e arrastou Cole para fora do banheiro, tendo o cuidado de jogar de volta a toalha para cima dele diversas vezes no caminho para o quarto.

Ele choramingou ao largar Cole todo torto em sua cama, mas não podia perder tempo deixando-o confortável. Correu de volta para o banheiro e pegou um frasco de perfume, voltando rapidamente para o quarto. Ela aproximou o vidro aberto do nariz de Cole por alguns segundos, e aos poucos o rapaz começou a retomar a consciência.

- Meu Deus, você está vivo! - jogou-se sobre ele para abraçá-lo, basicamente ignorando o fato de que ele estava nu por baixo daquela toalha felpuda.

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