Não!
Capítulo 19:
Não!
O corpo de Lili estava trêmulo, e no instante em que seu raciocínio se fez presente, ela ficou pálida e enjoada.
"Chace está morto." Ela repete para si mentalmente.
- Você não vai me dar um abraço? Eu quase morri de saudade. - Chace indagou, aproximando-se ainda mais de Lili, que deu dois passos para trás assustada.
- Chace... - ela balbuciou com a voz embargada, e sem perder tempo, Chace tomou-a em seus braços.
- Tenho muita coisa para te explicar. Precisamos conversar um pouco. Podemos ir em algum lugar? - o loiro questiona, tomando a face molhada de Lili nas mãos e olhando-a nos olhos.
Ainda muito desnorteada, Lili assente com a cabeça e o segue em direção ao parque que ficava a poucos metros do condomínio em que ela morava.
Quando chegam no local, sentam-se na grama, bem embaixo de um dos postes de luz. Chace retira uma caixinha do bolso e entrega a Lili um pingente de coração.
- Feliz aniversário!
Lili segura o pingente, e por mais que seu coração esteja confuso e batendo acelerado, ela engole o choro e encara Chace nos olhos.
- Obrigada, Chace. Mas acho que você já pode começar a falar. Esperei tempo demais para receber explicações de sua suposta morte, e meu luto foi muito dolorido.
Chace se mexeu desconfortável na grama e juntou as mãos sobre o colo antes de começar a falar.
Um enjoo revira o estômago de Lili, fazendo-a dispersar sua atenção de Chace. Ela não se sente à vontade com ele como se sentia antes. Talvez tivesse tido muito tempo para pensar no passado dos dois e a ficha que ele não era um cara legal estivesse caindo, ou talvez não se sentisse a vontade de estar sozinha com seu ex namorado, quando seu coração batia estranhamente por outro a algum tempo.
- Começando pelo início, esse papo de morte não foi nem de longe ideia minha - o rapaz limpa a garganta, chamando a atenção de Lili de volta para o seu rosto. - O que aconteceu foi que eu aproveitei a agitação no orfanato por conta da sua adoção e fugi. Só fiquei sabendo dessa minha falsa morte quando entrei escondido no orfanato para tentar pegar seu número, o que de fato, consegui. - explica-se calmamente, e Lili se mantém em silêncio, prestando atenção em cada uma de suas palavras. - A diretora do orfanato me pegou, e me contou que ela foi instruída a dizer que eu tinha morrido para não arrumar problemas no orfanato. - Chace dá de ombros e respira fundo. - Enfim, ela me "expulsou" de lá e pediu que eu não voltasse mais.
- E onde você está agora? - é tudo o que Lili pergunta.
- Aluguei um apartamento perto do shopping. - esticou as pernas e enfiou as mãos na grama.
- Com que dinheiro, Chace? - questionou Lili, sentando-se de frente para ele.
- Estou fazendo alguns bicos. - disse simples enquanto encarava a luz do poste.
Ela o encara pelo que parecem longos minutos, tentando decifrar suas expressões. Num passado não muito distante, Lili confiava em Chace com sua vida, mesmo que ele nunca tenha feito por merecer. Independente de todo mal que ele a causou e ela nunca se deu conta, ela o amava, e sentia por ele um carinho, como qual o que temos pela casa em que passamos nossa infância. Era difícil para Lili colocar os pensamentos no lugar sozinha e se dar conta de que Chace sempre foi e sempre será uma ameaça para ela.
- Você ainda... - Lili engole em seco e fixa os olhos na face do rapaz a sua frente. - Você ainda usa drogas?
Chace respira fundo, e antes de responder, Lili já sabe que ele iria mentir.
- Não. Claro que não.
Ela assente com a cabeça e desvia o olhar.
- Lili. - ele segura as mãos dela e espera que ela o encare, e assim que o faz, Chace volta a falar. - Eu queria te pedir perdão por tudo o que eu te fiz passar. Eu fui horrível com você de maneiras que você nunca mereceu. Sei que provavelmente você não vai me perdoar, mas, eu quero mudar, eu quero voltar pra você e deixar todo aquele passado obscuro pra trás.
Os olhos dele estão cansados, com olheiras profundas e brilham embaixo da luz do poste. Lili sente seu coração apertar, porque não consegue evitar, por mais que negue, sentir um fio de medo do garoto que estava a sua frente.
Ela engole em seco algumas vezes e recolhe as mãos, repousando-as em suas pernas
- Chace... Você diz que me magoou, mas minhas lembranças com você são sempre muito borradas por causa das drogas. - Lili abaixa a cabeça e suspira. - Mas... eu preciso te fazer uma pergunta que vem me assombrando a muito tempo...
Chace maneia a cabeça em afirmação esperando pela pergunta de Lili.
- Você algum dia sentiu algo verdadeiro por mim? Algum dia me amou como dizia amar?
O mesmo vislumbre de mentira que surgiu nos olhos de Chace quando Lili o questionou pelas drogas se fez novamente presente, partindo o coração de Lili em um milhão de pedaços e a deixando ainda mais confusa.
Chace respirou fundo e assentiu com a cabeça, umedecendo os lábios antes de falar:
- Eu aprendi a te amar com o tempo, Lili. E hoje, eu te amo, te amo de verdade e sinto muito a sua falta.
Antes que Lili pudesse respondê-lo, a cabeleira ruiva de Madelaine surge do meio do nada, acompanhada por uma Camila desesperada e ofegante.
- Eu não tô acreditando que você está aqui com esse maldito! - A voz estridente de Madelaine invadiu o espaço aberto, fazendo com que Lili e Chace levantassem sobressaltados.
- Madelaine, não fala assim! - Lili pediu num tom baixo, e abraçou os próprios braços.
- Não fala assim, Lili? Não fala assim? Você só pode estar maluca! - Madelaine gritou tão perto de Lili que era possível que a garota enxergasse sua garganta.
- Madelaine, pega leve! - Chace ditou entredentes e colocou-se entre a ruiva e sua melhor amiga.
- Eu juro que vou matar você se não sair de perto dela! - Madelaine falou num rosnado.
- Gente, chega! Pelo amor de Deus! - Camila gritou. - Lili o que você tem na cabeça?
- Do que você está falando? - Lili questionou visivelmente assustada.
- Eu já sei de tudo o que aconteceu entre você e esse projeto de diabo disfarçado de anjo. - Camila esclareceu, segurando Madelaine pelos ombros e afastando-a suavemente.
- Não aconteceu nada! Camila, por favor! - os olhos de Lili estavam assustados e começavam a ficar cada vez mais cheios de lágrimas.
- Você tá espalhando pra todo mundo o que aconteceu entre a gente? - Chace estava com o rosto vermelho, e encarava Lili de forma intimidadora.
- Não!
- Não, Korchie! Fui eu quem falei! Fui eu! Vai fazer o que? Me drogar e abusar de mim como fez com a Lili? - Madelaine gritou e foi pra cima de Chace.
Numa fração de segundos, o cenário ficou assustador.
Lili chorava, desnorteada sem saber o que fazer. Madelaine esbofeteava Chace, enquanto ele tentava se defender, segurando-a como podia, e Camila gritava desesperadamente, numa tentativa falha de apartar a briga.
- Chega! Eu vou chamar a polícia! - Camila gritou, conseguindo finalmente afastar Madelaine de Chace Korchie. - Lili, vamos embora. - ordena Camila.
- Eu preciso terminar de conversar com o Chace, vão indo na frente. - a loira seca a face molhada pelas lágrimas e engole em seco.
- Você está brincando, certo? - Madelaine ri amargamente e nega com a cabeça. - Você não pode estar pensando em acertar as coisas com esse maldito.
- Cala a boca! - Chace rosna, e Lili coloca o braço a frente de seu corpo para que ele não se aproxime de Madelaine.
- Lili, pensa no Cole. Olha o que você tem com ele, não estrague tudo, por favor.
- Cole e eu não temos nada, Camila. Agora me deixem terminar de conversar com Chace. Isso só diz respeito a mim e a ele.
- Não engane a si mesma, Lili. E o mais importante, por favor, não magoe o Cole, ou eu nunca vou te perdoar. - Camila alerta, antes de afastar-se com Madelaine.
Um silêncio mortal instalou-se nos próximos minutos. A única coisa que podia ser ouvida eram as respirações ofegantes de ambos os jovens.
- Madelaine ainda não me superou, é impressionante. - Chace ri nasalado e negou com a cabeça enfiando as mãos nos bolsos.
Lili o encarou confusa e arqueou a sobrancelha como se questionasse o que diabos ele estava falando.
- Quando nós dois começamos a ficar, eu tive um lance com a Madelaine. Ela tem raiva de mim por que eu escolhi ficar com você e não com ela. É, ciúme, por que a quatro anos atrás eu quis você...não ela.
Mais uma vez Lili movimenta a cabeça em negação, mas não diz nada.
- Quem é esse tal de Cole? Seu namorado?
- É uma longa história, Chace... - Lili suspira e o encara. - Melhor terminarmos logo essa conversa, eu preciso ir embora.
Por mais de uma hora os dois conversaram sobre o passado, relembrando os bons momentos, mas principalmente discutindo os ruins.
Tudo aquilo fez Lili colocar sua cabeça no lugar e rever sua perspectiva em relação ao relacionamento que teve com Chace.
O que ele fez foi a coisa mais errada e nojenta do mundo, mas ela sentia a necessidade de perdoá-lo em nome do amor que um dia sentiu por ele.
Quando terminaram de conversar, Chace guiou Lili até a porta de sua casa, e despediu-se, prometendo que entraria em contato cm breve, e pedindo que ela respondesse as mensagens que ele vinha mandando por semanas. Ele era o tal número desconhecido.
Lili não sabia o tamanho da burrada que havia cometido ao permitir a entrada de Chace em seu condomínio. Mas, dentro de algum tempo ela descobriria.
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agora as coisas vão ficar bem tensas... qual acham que vai ser a reação do cole???
não esqueçam de comentar e deixar estrelinhas porque já quero postar o próximo capítulo!!!
IMPORTANTE:
como o wattpad está falhando pra enviar notificação, eu criei um grupo no whatsapp para informar minhas leitoras das postagens e pra conversarmos. caso queiram entrar, está no meu perfil, é o terceiro ou quarto post!
gente, ontem postei uma one shot hot na minha outra conta bugheadreams vão lá ler, tenho certeza que vão gostar!
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