Mamãe biológica.

Capítulo 32.
Mamãe biológica.
LILI REINHART

Acho que se eu contasse toda a minha história para alguém, a pessoa acharia, no mínimo, que eu tenho criatividade o suficiente para escrever um roteiro de uma série de sucesso, mas que definitivamente estava mentindo.

Desde que cheguei a San Francisco, a única coisa que faço é estudar com uma nova professora, o que fora uma condição de Rachel para me deixar vir para cá, e quando ela saía de casa, eu me trancava no quarto. Já estava nessa de horas seguidas de estudo para terminar o penúltimo e o último ano ao mesmo tempo, e depois me esconder no quarto o resto do tempo há duas semanas. Eu sentia tanta falta do Cole, da Rachel e dos meus amigos. Falta essa que não senti de ninguém, exceto por Madelaine, quando sai do orfanato.

Eu trocava mensagens com Rachel sempre que Daisy me devolvia meu telefone, o que era no máximo uma vez no dia. Sempre precisava inventar uma mentira para minha mãe adotiva, alegando que estava estudando demais para tirar notas ótimas e arrasar na faculdade. Pura mentira. A verdade é que Daisy estava fazendo da minha vida um inferno, e me fazendo questionar cada vez mais sua estabilidade mental. Já que não fazia o menor sentido alguém que age como se me odiasse ter me procurado depois de tanto tempo, mesmo que por dinheiro.

Num espaço de duas semanas só vi Rachel uma vez, quando ela veio entregar meu carro. O mesmo carro que tive que vender para dar todo o dinheiro a Daisy - ou quase todo - ou então teria que começar a inventar ainda mais mentiras para minha mãe para conseguir dinheiro para aquela louca insuportável que havia me colocado no mundo. Então, por agora, ela teria que se contentar com os vinte mil dólares que meu carro rendeu.

Eu não sou nem um pouco apegada a bens materiais, mas ter que vender o carro que Rachel e Matthew me deram por causa dessa mulher me deixou com ainda mais raiva. Era difícil colocar a cabeça no lugar e evitar correr de volta para casa e contar tudo para Rachel. Mas eu não poderia ser egoísta, não com ela. Não podia ser egoísta justo com a única pessoa que me acolheu e me tratou como filha desde o primeiro dia. Rachel não podia ser presa por minha causa. E, além disso, eu não teria como voltar para casa sem ter que deixar Daisy inconsciente antes, já que a mesma sempre me tranca em casa quando não está, e não me deixa ir para rua, por nada no mundo.

Daisy passa pela porta, invadindo meu quarto, me fazendo encará-la sobressaltada. Ela me encara séria por alguns segundos e logo pára em frente a cama, onde me sentei no exato momento em que a vi.

- Cadê a chave da porta desse quarto? - questiona seca, como sempre. - Ande, Lili, preciso da chave. - ordena.

Sem dizer uma palavra, me coloco de pé e vou até a mesa de estudos, pegando a chave na primeira gaveta do lado esquerdo. Ao voltar ao alcance de Daisy, a mesma tomou a chave de minha mão e praticamente correu até a porta, antes de olhar para mim e dizer:

- Vou receber visita, não se atreva a fazer o mínimo barulho que seja, ou irá tomar uma surra, como da última vez. - dita, e em seguida bate a porta do quarto e a tranca.

- Maldita. - rosno entre dentes.

Eu devo ter sido a pior pessoa do planeta em outra vida para ter que lidar com alguém como Daisy, essa era a única explicação plausível. Já perdi as contas de quantas vezes ela me agrediu desde que cheguei aqui, e, a maioria das agressões eram resultados de eu dizer não a ela. Daisy agia como uma criança mimada e arrogante. Era insuportável. E como eu não estava disposta a prejudicar minha família por causa dela, paguei por isso na pele, diversas vezes.

Passaram-se apenas alguns minutos que Daisy havia trancado-me no quarto, e eu já estava ouvindo a mesma gritaria pela quinta vez desde que cheguei aqui. Nunca conseguia entender direito sobre o que era a briga, nem poderia decifrar com quem, já que toda vez que ela recebia visita, me trancava no quarto, mas conseguia ouvir perfeitamente que era a voz de uma mulher.

Duas horas depois da briga, Daisy lembrou-se que tinha uma prisioneira no quarto e veio me destrancar. Feito isso, ordenou que eu a encontrasse na cozinha, pois queria falar comigo. O que eu sabia que não era bom sinal, afinal, desde a nossa primeira conversa, ela só tem falado merda atrás de merda, ou ameaça atrás de ameaça.

Quando passei pela sala para chegar até o balcão que a separava da cozinha, vi os estragos da discussão de mais cedo: Copos quebrados, algumas almofadas no chão e a televisão estava à beira de cair do móvel. Ao me aproximar, percebi que Daisy limpava um pequeno ferimento no dedo na água corrente da pia.

- Estou aqui, pode falar. - digo num tom apenas alto o suficiente para que ela me escute. - Fiz algum barulho?

- Tenho uma reunião com um advogado em poucas horas. Vou recorrer a sua guarda. - eu gelo. Daisy seca as mãos num pano de prato e se vira em minha direção. - Você vai estar aqui na sala comigo durante a reunião, e é bom que você diga para ele que é exatamente isso que você quer, ficar com a sua mamãe biológica. - trinco o maxilar e engulo o choro que começa a brotar em minha garganta. - Agora, arrume essa bagunça, preciso ir resolver umas coisas na rua.

Assim que Daisy passa pela porta, me escoro no balcão da cozinha e deixo que as lágrimas escorriam por minhas bochechas.

Eu precisava dar um jeito naquilo, ou iria acabar perdendo de vez a minha família.

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Capítulo que vem a Super Lizzie vai entrar em ação rsrs

próximos capítulos serão de porrada, confusão e gritaria hehe

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