I'll take care of you.

Capítulo 13.
Eu vou cuidar de você.
BETTY COOPER

Jughead não desfez o abraço até chegarmos em casa. Ele estava num modo superprotetor que eu havia esquecido que existia, mas, no fundo, me fez sentir que eu ainda tinha alguém.

A situação com Chuck me deixara ainda mais quebrada e cansada, eu não conseguia parar de chorar e tremer, e por isso, não quis que minha filha ficasse perto de mim.

- Não quero que ela me veja assim, Jug. - sussurrei quando o ouvi pedir que Cheryl fosse buscar Brianna que estava no quarto com Toni.

- Tudo bem... Vem, eu vou cuidar de você. - avisou ele, tornando a me apertar em seus braços.

Vinte minutos mais tarde, eu havia tomado um banho quente e estava enrolada no meio das cobertas na cama de Jughead, e ele entrava pelo quarto com uma bandeja de comida. Ele repousou a bandeja na mesinha de cabeceira e sentou ao meu lado, observando meu rosto com atenção.

- Ele chegou a machucar você? - questionou com dificuldade.

- Não... Ele só me bateu e talvez eu fique um pouco roxa por causa dos apertos, mas nada que eu já não tenha suportado antes. - minha voz sai mais amargurada do que eu planejava.

Os olhos de Jughead se enchem de lágrimas e eu sinto meu peito apertar ainda mais.

- Me perdoa por não ter ficado ao seu lado e te protegido. - ele me puxa pros seus braços e me abraça apertado. - Você não devia ter enfrentado tudo isso sozinha... Por favor, me perdoa.

Os soluços dele fazem os caquinhos do meu coração cortarem profundamente minhas entranhas. Eu engulo em seco e afago seus cabelos, o apertando em mim.

Inalar o perfume tão familiar de Jughead me leva a um espaço no tempo onde eu era feliz e não tinha nenhum problema ou dor para lidar.

Ele deixa um beijo suave em meu rosto e me aperta mais um pouco.

- Me deixa cuidar de você. - ele pede ao ver que não vou respondê-lo. - Fica aqui com a gente. - ele segura meu rosto em suas mãos e encara meus olhos. - Só até você poder se cuidar sozinha em segurança. Você fica aqui com a nossa filha. Pode ficar com meu quarto que é mais perto do da Bree, eu me mudo para o quarto de hóspedes amanhã mesmo. - ele oferece.

O arrependimento em seus olhos e tão genuíno que não consigo conter minha vontade de lhe oferecer um pouco de conforto com um carinho na bochecha. Ele fecha os olhos e repousa a face na palma da minha mão, depois de deixar um beijo na mesma.

- Podemos conversar sobre isso depois? - peço baixinho e suspiro. - Preciso acordar cedo para resolver o enterro do meu pai. - murmuro com dificuldade.

- Eu não sabia que Hall havia falecido, Betty, por que não me contou? - Jughead endireitou-se e entrelaçou nossos dedos.

- Não é como se fosse uma notícia triste, Jug, não depois de tudo o que ele me fez passar. - murmuro, tentando me convencer de que a tristeza que massacrava meu peito pela morte de meu pai era ridícula e desnecessária. - Agora eu vou poder cuidar da nossa filha e devolver a sua família tudo o que aquele cretino roubou.

Jughead se sobressaltou e negou com a cabeça.

- Eu não quero nada dele, Betty. - ditou sério.

- Não é dele, é da sua família. Metade da minha herança pertence ao seu pai, Jughead. É o justo e o acerto a se fazer. - dito séria e toco sua mão, dando um leve aperto na mesma. - Mas conversamos sobre isso em outra hora. - asseguro, finalizando o assunto para que ele não volte a recusar.

- Tudo bem. - ele acaricia o dorso da minha mão com o polegar. - Coma um pouco. Vou buscar a Bree para ficar com você agora que está mais calma.

Passei a noite com Brianna, observando-a dormir, mexendo-se e sorrindo enquanto sonhava. Diversas vezes ouvi Jughead abrir a porta para checar nós duas durante a noite, mas não me mexia para que ele não notasse que eu ainda estava acordada.

O dia seguinte fora mais surpreendente do que eu podia imaginar. Jughead manteve-se ao meu lado o tempo todo, me ajudou a resolver os problemas do enterro, respondeu o advogado do meu pai, e no fim do dia, me acompanhou no velório.

As atitudes de Jughead me tocaram muito, já que, ele não tinha obrigação de fazer aquilo, e mesmo assim, mesmo sem eu pedir, ele o fez. Me ajudou em tudo o que pode, e se esforçou ao máximo para que aquela experiência fosse o mínimo dolorosa possível para mim.

Pensar que Hall era o verdadeiro culpado por todos os nossos problemas, e que Jughead teve que enterrar o pai suicida por culpa dele, me fazia ter ainda mais certeza de que eu era uma tremenda tola por sentir sua partida.

Hall destruiu nossas vidas por causa da ganância e teve o fim que merecia. Eu não podia ficar sofrendo pelo homem que tirou minha filha de mim, que causou a morte de minha mãe indiretamente, que me tirou meu primeiro amor. Não podia.

Por hora, depois de Jughead muito insistir, decidi que ficaria com ele e com Cheryl, para poder me estabilizar e poder cuidar de Brianna de perto. Minha herança sairia em poucos meses, e eu poderia colocar todos os pingos nos is.

Era a segunda madrugada que eu passava em claro, mas, dessa vez, não era por causa da experiência horrível com Chuck ou pela morte de meu pai, e sim porque Brianna estava ardendo em febre. Eu já havia feito de tudo para tentar abaixar a temperatura, banho frio, compressa, remédio, álcool, mas nada fazia a febre ceder.

Envolvi minha filha em sua mantinha e caminhei até o quarto de hóspedes. Encontrei Jughead dormindo com a babá eletrônica na mão, e senti um leve sorriso dançar no canto dos meus lábios.

Eu jamais poderia criticar a paternidade de Jughead. Ele fazia tudo pela nossa filha, e cuidava dela da maneira mais perfeita que estava ao seu alcance. Vê-lo cuidando dela, me fazia questionar se talvez aquela situação toda que tivesse acontecido não fosse mesmo o melhor para ela. Brianna foi criada por um pai que a ama acima de tudo, que não mede esforços para cuidar dela, e que daria a vida por ela. Talvez, se ela tivesse ficado comigo, teria sofrido tanto quanto eu. Talvez eu devesse agradecer aos céus por Brianna ter tido Jughead.

Respirei fundo e em um ato involuntário de ternura, acariciei a face de Jughead. Mesmo com o toque mais suave do mundo, ele acordou sobressaltado.

- O que houve? Não ouvi barulho na babá eletrônica. Ela está bem? - ele colocou-se de pé em um pulo e tomou-a delicadamente de meus braços.

- Ela está ardendo em febre, já fiz de tudo, mas não cede. Precisamos levá-la ao hospital. - digo, afagando as costas da minha filha.

- De novo essa maldita febre. - ele choraminga, deixando um beijinho na testa de Bree. - E esse maldito laboratório que não envia os resultados dos exames dela, já faz quase dois meses. - resmunga Jughead. - Eu vou só colocar um casaco e pegar as chaves do carro. Me espera na sala. - pede ele.

Torno a pegar Brianna em meus braços mas não me movo.

- Que exames, Jug? O que está acontecendo com ela? - o pavor embrulha meu estômago e eu o observo trocar de roupa.

- Faz alguns meses que ela vem tendo essas febres, nada baixa, nada dá jeito, às vezes são seguidas de desmaios e convulsões. - ele explica, vestindo o casaco e repousa a mão em minhas costas me levando para fora do quarto. - Na última vez que eu a levei ao hospital, paguei pelos exames mas até agora não recebemos. Talvez seja por que fomos no mais barato que pudemos encontrar, já que não temos grana. - ele murmura baixo, a vergonha cortando em sua voz.

- Não se preocupe. - asseguro, ajeitando nossa filha em meus braços. - Eu voltei a ter acesso a minha conta depois da morte do meu pai, vamos levá-la a um hospital melhor e refazer esses exames, ok?

Jughead aperta minha cintura e suspira, movendo a cabeça em afirmação, com uma expressão derrotada no rosto. Eu sabia que ele odiava quando eu pagava pelas coisas, mas, seu amor e preocupação por Brianna era tão grande, que ele nem pensou duas vezes ao engolir o orgulho.

Insisti para que Jughead nos levasse ao melhor hospital da cidade, mas ele ficava a mais de duas horas de distância, então, ele dirigiu ao melhor hospital das redondezas, e fomos atendidos assim que chegamos.

A madrugada fora intensa. Brianna fora levada para cima e para baixo por horas a fio, fazendo baterias de exames, tomando banhos frios, soro e tudo o que pudesse ser feito para que ela não tivesse uma convulsão pela febre tão alta.

Era ridículo pensar que com dinheiro as coisas aconteciam muito mais rápido. O exame que Jughead pagou para ela a meses atrás para ela não havia chegado até hoje, mas, o que pagamos uma fortuna hoje no hospital, chegou em menos de duas horas.

Estávamos no quarto com a nossa filha. Jughead a tinha no colo, sentado na poltrona com cuidado para que ela não tirasse o acesso do soro do braço, enquanto eu andava de um lado para o outro, tentando conter meus nervos.

Eu estava com um aperto forte no peito, um pressentimento ruim, e aquilo estava me deixando agitada.

Por volta das sete da manhã, quando eu finalmente me acalmei e me sentei na outra poltrona, uma médica loirinha e baixinha, que atendia por Sabrina, entrou no quarto com uma quantidade estranha de papéis em mãos.

- Estou com os resultados dos exames da pequena. - indagou, e cruzou as mãos na frente dos papéis. - Vou precisar que a coloque na cama, senhor Jones. - pediu a loira. - Não tenho boas notícias.

Senti minha garganta fechar.

- O que ela tem? - Jughead e eu questionamos em uníssono.

- Senhor e Senhora Jones, infelizmente, Brianna sofre de Leucemia Mielomonocítica Crônica.

- O que? - minha voz quase não saiu, e minhas pernas cederam. Se não fosse por Jughead, eu teria me esborrachado no chão.

- Doutora, por favor, nos diga que isso tem cura.

A voz de Jughead saiu sufocada, e eu nem precisei olhar para o seu rosto para saber que ele estava chorando tanto quanto eu.

_____

Oi, amores! Perdoem a demora. As pessoas que me seguem sabem o motivo do meu sumiço): Deem uma olhada no meu perfil e me sigam.

Comentem muito e favoritem o capítulo, já estou escrevendo o próximo!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top