I don't know you anymore.

Capítulo 9.
Eu não te conheço mais.
BETTY COOPER.

- Betty, levanta. - sinto meu corpo ser sacolejado e abro os olhos vagarosamente. - Precisamos conversar.

Retomando a consciência, reconheço a voz de Veronica e abro os olhos. Sento-me na cama e passo os olhos pelo relógio na parede acima da televisão da sala. Eram cinco da tarde. Eu havia dormido por mais de seis horas direto naquele sofá esburacado, meu corpo estava queimando de dor.

- O que aconteceu? - voltei minha atenção para o rosto de Veronica, que me encarava séria.

Aos poucos notei melhor sua linguagem corporal e percebi que ela estava com raiva.

- Veronica? - chamei-a, na intenção de incentivá-la a falar.

- Jughead me contou tudo, e eu quero você fora da minha casa até às dez horas da noite. - disse de uma vez, e suas palavras me acertaram como um tapa na cara.

- O que? - balbuciei. - Tudo o que, Ronnie?

- Que você já foi namorada dele, que abandonou a filha de vocês e agora está mentindo. - grunhiu, puxando-me brutalmente para fora do sofá. - Como você pôde esconder isso de mim? Pior! Como pôde abandonar sua própria filha? - gritou.

Fico estática ouvindo suas acusações. Não sei se a onda de raiva que percorre meu corpo é por conta das acusações de uma pessoa que não sabia de absolutamente nada, ou se era porque Jughead havia se tornado alguém tão nojento e mesquinho a ponto de inventar aquelas mentiras.

- Eu li a carta, Betty. Não precisa ficar calculando mais mentiras, apenas saia da minha casa. - passou por mim esbarrando seu ombro fortemente no meu e tornou a me encarar quando chegou na porta de seu quarto. - Você tem uma hora para sair daqui, ou então, eu chamo a polícia.

A última coisa que ouvi antes de explodir em lágrimas fora a porta do quarto se fechando.

Veronica era a única pessoa que eu tinha e podia confiar, agora, eu estava completamente sozinha.

Arrumei todos os meus pertences o mais rápido que consegui e saí do apartamento, deixando minha cópia da chave no balcão.

Quando passei pelas portas do prédio, desabei na calçada com minha mala ao meu lado e deixei que todo o meu desespero saísse de meu corpo em forma de lágrimas quentes e doloridas.

Demorou até que eu finalmente conseguisse pensar em alguém que pudesse me ajudar naquele momento, e que não faria tantas perguntas.

- Chuck, eu preciso do seu carro, tenho um assunto importante para resolver. - digo com a voz entrecortada assim que Chuck atende minha ligação.

Preciso insistir que não é nada de importante até que Chuck finalmente mande Reggie ao meu encontro para me entregar o carro. Não queria contar para ele. Chuck não sabia do meu passado e nem muito menos da existência da minha filha. Não tinha por que ele saber. Não confiava nele para isso.

Quando Reggie me entregou o carro, acomodei minhas coisas de qualquer jeito no banco do carona e arranquei em direção a casa de Jughead. Ele teria que me escutar. A injustiça dele me colocou na rua, e só deus sabe onde eu iria morar agora.

Com o meu pai internado à beira da morte a meses, ficava ainda mais difícil conseguir algum dinheiro além dos das corridas, e ainda assim, não era o suficiente para eu me manter sozinha em uma casa alugada.

As coisas estavam indo de mal a pior. Eu não tinha um emprego, não tinha ido a faculdade, e agora não tinha um lugar para morar. E, para piorar, não tinha a minha filha comigo.

Parei em um sinal vermelho e então me dei conta de que eu não fazia a menor ideia de onde Jughead estava morando. Não era possível que ainda estivesse vivendo na cena do assassinato da minha mãe.

Por não saber para onde ir e não poder perguntar diretamente a ele, sigo em direção a sua antiga casa, com as mãos tremendo e suando agarradas no volante.

Ao estacionar, vejo seu carro em frente à garagem e tenho certeza de que vim ao lugar certo. Porém, o medo de passar por aqueles portões e reviver uma das piores memórias da minha vida me invadem, e eu fico estática.

- Vamos, Betty. - encorajo a mim mesma. - Ou você entra e faz o Jughead resolver as coisas, ou você vai ficar morando na rua.

Forço meu corpo para fora do carro e caminho com as pernas trêmulas. O portão principal estava destrancado, então foi fácil chegar a porta que dava acesso à sua casa.

Depois de dois toques na campainha, um Jughead sem camisa, descabelado e com a cara amassada apareceu na porta.

- O que porra você está fazendo aqui? - rugiu ele e fechou a porta atrás de si, bloqueando a minha entrada.

- Eu vim saber por que você mentiu para a Ronnie! - quase grito em seu rosto. - Por causa da sua maldita mentira, ela me colocou no olho da rua! - completei com a voz embargada.

- A única mentirosa aqui é você, Elizabeth. - Jughead cruza os braços e arqueia a sobrancelha.

- O que fizeram com você? - questiono com os olhos marejados. - Você era a única pessoa no mundo inteiro que eu tinha certeza de que jamais faria nada para me machucar, e olha só pra você!

Dou um passo para trás e seco o rosto com o dorso das mãos, numa tentativa falha de conter minhas lágrimas.

- Eu não te conheço mais... - dito, com o peito doendo e prendo meu lábio inferior entre os dentes para que pare de tremer. - Você sempre esteve ao meu lado pra tudo, sempre foi meu melhor amigo e meu protetor e agora se transformou em um mentiroso amargurado que está fazendo de tudo pra acabar comigo... - minha voz sai em um sussurro repleto de dor e amargura.

- Você tem certeza de que é você quem não me conhece mais, Betty?

Jughead dá dois passos em minha direção e crava os olhos nos meus.

- Você tinha todos os motivos do mundo para querer distância de mim e da minha família, mas a nossa filha, Betty? - ele ri desacreditado e eu fervo de raiva com essa acusação. - Ela não merecia a sua rejeição!

- Eu não a rejeitei! - vocifero. - Meu pai a tirou de mim pouquíssimo tempo depois que ela nasceu! Você não tem o direito de dizer que eu abandonei a nossa filha, quando eu fui abusada física e psicologicamente pelo meu pai para que ele não a tirasse de mim e ainda assim ele tirou!

Minha voz sai entrecortada pelo choro e por um segundo acredito ver Jughead ceder.

- Você sabe quantas vezes eu implorava para que ele batesse apenas no meu rosto para não prejudicar ela? Para que eu não perdesse ela? - empurro-o pelos ombros, perdendo de vez a cabeça. - Você tem noção de quantas vezes eu fui culpada pela morte da minha mãe por carregar um filho seu no meu ventre?

- Betty... - ouço uma voz feminina ao fundo, mas não consigo tirar a atenção do rosto de Jughead.

- Você não sabe como foi doloroso ver o meu pai a tirando de mim e sumindo da minha vista em um carro e não poder fazer nada! - grito novamente, ainda aos prantos. - Eu vivia presa como um animal, em um país que eu não conhecia! Não tinha acesso à telefone, ou internet! E ainda tinha a promessa de nunca mais chegar perto de você para que meu pai não me tirasse a Brianna!

- Mamãe?

Uma voz infantil suave me arrancou da névoa de raiva e decepção que eu estava envolvida. Ao levantar o olhar em direção a porta, vi uma garotinha loira com os olhos mais reconhecíveis do mundo nos braços de uma mulher ruiva, que poucos segundos depois percebi ser Cheryl.

- Brianna?

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Perdoem a demora para postar, o bloqueio criativo está real, e para piorar estou sem wi-fi e o pacote de 3g só vira amanhã.

Espero que tenham gostado.

E aí, o que acham que vai acontecer agora?

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