Duo.

Capítulo 6:
Dupla.
JUGHEAD JONES

- Jughead, o que está rolando? - questiona Cheryl, me observando seriamente enquanto eu levo uma colher de cereal infantil até a boca de Brianna. - Você está transtornado, e te conheço bem para saber que isso não é por causa da Bree.

- Betty Cooper. - disse simples e Cheryl arregalou os olhos. - Ela está de volta, e, ironicamente morando com a garota com quem eu estou ficando.

- Graças a Deus! Finalmente vocês vão poder acertar as coisas. - ela fecha a garrafinha de suco e me entrega.

- Você perdeu a cabeça? Eu não a quero perto de mim. - digo entre dentes. - E nem muito menos perto da minha filha.

- Não vou entrar nessa discussão com você novamente, Forsythe. Você, melhor que ninguém, sabe o que eu penso. - avisa, tomando Brianna da cadeirinha e limpando sua boca.

- Você pensa dessa maneira por que fora mais apaixonada pela Betty que eu. - debocho.

- Cala a boca! - ela ri e revira os olhos. - Era um amor platônico infantil, eu já superei e ainda assim mantenho minha opinião. E além disso, não ouse dizer uma coisa dessas na frente de Toni, ok? Eu arranco suas bolas e dou pro cachorro do vizinho.

Ignoro as palavras de Cheryl e aproximo-me dela, deixando um beijo em sua bochecha e logo repito o ato com minha filha.

- Amo vocês, se cuidem. Já sabe, o que precisar, liga. - dito sério e sorrio ao ver Bree dando tchauzinho com a mão.

Antes de passar pela porta, respiro fundo e encaro Cheryl.

- Era a letra dela, Cheryl.

•••

Passo a mão em meu cabelo o jogando para trás quando o vento o faz cair em meus olhos e apoio as mãos na grade vendo os carros passarem em minha frente como borrões pela alta velocidade.

Eu estava com as mãos suando de ansiedade para correr e minha corrida seria a próxima. Estava confiante que ia ganhar, minha única preocupação seria quem iria correr comigo.

Posso dizer com firmeza que preciso da grana do prêmio mais do que qualquer competidor aqui. Com esse dinheiro eu posso pagar pelas despesas médicas da minha filha, e dar uma boa ajuda para minha mãe e minha irmã caçula. Não poderia perder outra corrida, precisava do dinheiro por um motivo importante, e por isso me sentia um inútil quando perdia alguma corrida valendo dinheiro.

Olho para o lado assim que alguém toca minha mão que estava em cima da grade. Era Betty. Respiro fundo travando o maxilar e vejo que ela tira sua mão da minha imediatamente.

A cada segundo ficava mais difícil estar ao lado de Betty. Cheguei a cogitar a terminar tudo com Veronica para não tê-la que ver de novo. Meus sentimentos e raciocínio estavam embolados demais. Não conseguia pensar direito.

Não era justo ela reaparecer depois de anos, e virar meu mundo ainda mais de cabeça pra baixo daquela maneira.

Eu sentia a falta dela. Eu senti por anos. Mas eu não podia deixar ela saber disso, não depois do que ela fez.

Respiro fundo várias vezes e corro meus olhos por todo seu corpo, desde que ela chegou não tive tempo suficiente para avaliá-la e ver como ela estava. Betty havia mudado muito. Seus cabelos que antes eram lisos e cortados acima dos ombros, caiam em longas ondas alcançando metade de suas costas. As roupas em cores claras e com toques quase angelicais não existiam mais, foram substituídas por calças e jaquetas de couro.

Sua altura continuava a mesma. Poderia apostar que se me aproximasse dela, sua testa continuava na altura de meu queixo. Seu corpo havia mudado visivelmente. As pernas estavam mais grossas, a bunda parecia ter dobrado de tamanho, e os seios estavam mais fartos do que da última vez que os toquei.

Graças ao último pensamento, mordo meu lábio inferior com tamanha força, que sou obrigado a passar a língua pelo filete de sangue que havia se formado sobre a pele fina.

Pensar no passado não ajudaria em nada. Eu precisava focar em outra coisa.

Sacudo a cabeça ao dar-me conta de que a estava encarando. Respiro fundo, desviando o olhar, e enfio as mãos em meu cabelo. Sinto o olhar de Betty queimar em minha nuca, e então, noto que ela, provavelmente, havia percebido que eu a estava encarando.

- Oi... - Betty diz e vejo pelo canto do olho que ela havia virado para mim. Continuo em silêncio encarando a pista de corrida e pelo barulho imagino que ela tenha estalado a língua no céu da boca. - Não vai me responder?

- O que você quer, Betty? - arqueio a sobrancelha, finalmente a olhando. - Já não conversamos o suficiente de madrugada?

- Não! Você não me deixou falar nada. Não me ouviu! - grunhe e puxa meu ombro, forçando-me a ficar exatamente de frente pra ela. - O que diabos eu te fiz? Por que está agindo como se nunca tivéssemos tido uma história ou sentimentos um pelo outro? - sua voz saiu quase como um sussurro e eu sinto meu peito apertar. Engulo em seco e forço um riso desacreditado.

Queria conseguir entender o que se passava na cabeça dela. Nunca duvidei que ela havia ido embora contra sua vontade, até o pai dela aparecer na minha porta despejando a nossa filha que ela abandonou. As coisas não se encaixavam. Não havia motivo para Betty ficar atrás de mim depois de tudo o que ela decidiu fazer com a gente, a não ser que ela fosse tão baixa e mesquinha que aquilo fosse uma disputa pessoal para saber se ainda tinha controle sobre mim.

- Chega, Betty! - dito alto e algumas pessoas a minha volta me olham de cara feia. Respiro fundo e passo as mãos pelo rosto nervoso - Chega ok? É passado, esquece.

- Jughead, eu não vou esquecer. - diz firme, estufando o peito, e levanta a cabeça para olhar em meus olhos. - Não dá pra esquecer do primeiro cara que eu amei, do primeiro cara que eu me entreguei, o cara que eu confiei a minha virgindade e...

- Eu mandei parar! - rebato ainda mais alto e Betty nem se move, continua me encarando séria. - Eu passei mais de 3 anos da minha vida lutando todos os dias pra te esquecer e eu não vou deixar você chegar aqui me contando coisas do passado e destruir de novo a porra da minha vida!

- Destruir a sua vida? - Betty me encara incrédula e se aproxima ainda mais. A esse ponto já tinha algumas pessoas nos olhando torto e cochichando - A minha mãe morreu, Jughead! O meu pai me arrastou pra longe da minha vida, pra longe de tudo, pra longe de você. Para de agir como se eu tivesse ido embora por minha causa porque você sabe que não foi!

Eu estava a ponto de explodir quando as pessoas começaram a pular e comemorar me mostrando que a corrida havia acabado e a primeira dupla já havia sido formada. Minha respiração estava ofegante e minhas mãos fechadas em punho, minha cara deve ter se transformado em uma perfeita interrogação quando ela cruza os braços logo abaixo de seus seios e sorri maliciosa.

- Três anos tentando me esquecer e ainda está todo nervosinho aí porque eu falei do passado? Fez um bom trabalho esse anos em... - diz com um sorriso debochado e sinto meu corpo ferver de raiva. Eu odiava o deboche dela. Betty se aproxima. Eu congelo quando sinto suas mãos em cima dos meus braços, ela fica na ponta dos pés colando seus lábios na minha orelha e sussurra me causando um arrepio da cabeça aos pés. - Será que me esqueceu mesmo, Jughead? Está com frio? Porque você tá arrepiado...

Minhas mãos começam a tremer com a força que eu às aperto e ouço Betty rir baixinho logo se afastando me fazendo a encarar perdido.

- Se você acha que eu vou cair nesse seu joguinho de sedução você tá muito enganada. O que você fez não tem perdão, garota. Nem se a oferta de desculpa fosse uma trepada com a Afrodite. - grunho entre dentes.

Betty vacilou por um breve segundo, mas em seguida mordeu o lábio inferior me encarando e sorriu novamente, antes de se afastar.

Não consigo evitar olhar para sua bunda enquanto ela rebola para longe de mim. Merda. Se Betty acha que eu vou cair nessa brincadeira, ela vai brincar até cansar. Mas, droga! Porque eu tava ficando de pau duro só por ela falar no meu ouvido?

Choramingo jogando a cabeça para trás e respiro fundo pensando nas coisas mais broxantes que minha cabeça conseguia inventar. Assim que me acalmo caminho em direção ao Sweet Pea que já havia estacionado meu carro na pista. Assim que pego a chave de sua mão, o locutor anuncia que a corrida começaria em poucos minutos.

- Vê se não perde dessa vez... - Sweet Pea debocha.

Lanço-lhe o dedo do meio e bato a porta de meu carro. Ajeito-me no banco enquanto coloco o cinto de segurança e aperto as mãos com força no volante ao ver Betty no carro ao lado do meu. Ela sorri para mim e só quebra o contato visual quando o vidro de seu carro fecha completamente.

Eu não podia deixar Betty mexer ou brincar comigo. Não podia.

A corrida logo começa e eu já inicio em frente dos outros três carros. Betty estava em minha cola e eu lutava contra mim mesmo para conseguir esquecer a conversa que tivemos a alguns minutos e me concentrar na corrida. Os outros dois carros estavam atrasados em relação a nós dois e isso me deixou receoso de que nós ganharíamos e ficaríamos como uma dupla.

Se eu e Betty ficássemos como dupla teríamos que nos encontrar praticamente todos os dias para treinarmos a corrida e eu não tô emocionalmente bem para passar tanto tempo ao lado dela. Mas eu sabia que ela não iria recuar e eu também não iria. Seríamos uma dupla na corrida, e eu tive certeza quando meu carro passou apenas alguns milímetros à frente do dela quando atravessamos a linha de chegada.

Ouço a multidão gritar e bufo me afundando no banco quando paro o carro. Passo as mãos com força pelo meu rosto tentando me acalmar e saio do carro vendo várias pessoas se aglomerarem a minha volta me parabenizando enquanto falavam no alto falante que eu e Betty éramos a segunda dupla do campeonato.

Vejo Veronica passar no meio das pessoas para chegar até mim e ela puxava Betty pela mão que estava radiante. Mas eu sei que aquele sorriso não era felicidade por ganhar a corrida. Eu conheço ela muito bem.

- Parabéns, amor! - Veronica diz sorrindo e me dá um selinho demorado me abraçando em seguida. - Você e a Betty vão ser uma grande dupla. Eu estou muito feliz que vocês vão poder passar um tempo juntos, seria bom se fôssemos todos amigos - diz com um sorriso de orelha a orelha e Betty concordava com a cabeça com tudo o que ela dizia enquanto eu me mantinha-me silêncio com Veronica em meus braços.

- Sim, eu e Jughead vamos nos dar muito bem juntos - Betty dita e passa por mim me lançando um sorrisinho cúmplice.

_____

Continuem comentando desse jeito e eu vou explodir de amor. Obrigada, gente, de verdade!

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