Capítulo 9

Respirei fundo antes de abrir a porta e descer as escadas da varanda. Josh me esperava em frente ao carro como todos os dias, e eu esperava que ele não fosse me buscar, na verdade eu até preferia isso. Depois da noite passada, seu comportamento me estranhou muito. Eu não sei se deveria perguntar alguma coisa, ou apenas entrar no carro em silêncio. Mas na grande dúvida, optei pela segunda opção.

Ele ficou mais alguns segundos fora do carro, enquanto eu ajeitava a minha bolsa rosa no meu colo. Quando ele entrou, seu perfume forte preencheu o carro.

Deu partida e seguimos o caminho em silêncio. Ás vezes, de canto de olho eu o olhava para ver se o mesmo me encarava ou tinha uma expressão que fosse possível distinguir.

– Fecha o vidro, por favor – pedi, me encolhendo pelo vento gelado que invadia o carro. Ele não disse uma palavra, apenas fez o que eu pedi gentilmente.

Ao chegar na escola, minha cabeça chegava a doer por saber que o dia seria longo. Não sabia se a proposta de ir estudar na casa de Josh estava de pé, ou se ficaríamos com a biblioteca da escola mesmo. Ou se até, nem estudaríamos pelo clima tenso. Eu odiava ficar em dúvida.

Enquanto abria meu armário, olhei em volta rapidamente e pensei que se eu tivesse uma amiga agora, ela poderia estar me distraindo para que eu não pensasse nas coisas que me deixam com a mente pesada. Mas aqui nessa escola, é impossível achar alguém que realmente queira ser um amigo, e eu acho que prefiro assim.

Durante algumas aulas fiquei falando com a Joalin pelo celular. Eles me adicionaram no grupo aonde estava todos da turma, eu estava me segurava para não rir das piadas do Alex e da falta de paciência do meu irmão. Não podia mexer no celular durante a aula, mas tenho a habilidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo.

– Senhorita S/n, vai ficar mais tempo para tirar alguma dúvida da matéria? – O professor pergunta, e eu percebi que tinha apenas nós dois na sala.

– Não – forcei um sorriso e juntei o meu material. Apenas estava distraída.

– Eu percebi – ele diz honestamente. – E percebi também que a conversa no celular estava boa. – sua declaração fez meu coração acelerar. Eu poderia mesmo tomar uma advertência por ter quebrado uma regra da escola. – Como me entregou a lição, não vou te dar uma advertência. Mas da próxima vez, já sabe. — avisa seriamente, me olhando por cima dos óculos

– Levante mais os óculos para não precisar ficar olhando por cima. Pode fazer seu grau aumentar. – disse, como se aquilo fosse realmente da minha conta. Ele me olha confuso e eu percebi que era melhor ter ficado calada. — Apenas uma dica. – declarei por fim, saindo da sala em passos acelerados para que eu não cometesse alguma burrice novamente.

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Na última aula, não sabia se deveria esperar o Josh para irmos a sua casa estudarmos ou se eu deveria ir embora. Já haviam se passado 10 minutos desde que o sinal anunciou a hora da saída, achei melhor ir para casa do que ficar igual á uma planta esperando.

Passei pelo estacionamento aonde tinha alguns carros. Enquanto ainda caminhava, procurei o do Josh pelo estacionamento mas antes que pudesse achar a sua voz me chamou atenção.

– Estava indo embora? – virei-me para trás para poder encara-lo. – Não tínhamos combinado que íamos estudar na minha casa hoje?

– Pensei que estava desmarcado. – disse sem conseguir olhar muito no seu rosto. De alguma forma, pelas palavras que ele me disse na noite anterior, me perguntava se eu poderia ter feito algo de errado. Eu sabia que não tinha feito, mas de alguma forma era como se parte do motivo de seu comportamento tivesse a ver comigo.

– Não está – disse escondendo as mãos no bolso da calça preta.–- A não ser que você queira desmarcar a aula de hoje...

Repensei.

Seria bom desmarcar a aula de hoje e ir pra casa dormir a tarde inteira e esperar pelo dia de amanhã, o que seria a mesma coisa de sempre já que não tenho surpresas diárias. Porém, ficaríamos bem atrasados na matéria que caíria na sua prova, e seria pior pra mim ter de explicar tudo pra um garoto que não presta atenção.

– Vamos para a sua casa. — disse por fim, caminhando até o seu carro, que após dar as costas o encontrei quase nas últimas vagas no estacionamento.

O caminho permaneceu o silêncio. Era por certa parte tenso e confortável, sem explicação. Não sabia se deveria puxar algum assunto ou se apenas deveria ficar quieta.

No dia de hoje estou cheia de "ou", como se uma das duas opções fossem boas os suficiente para serem escolhidas.

– Pedi para a cozinheira preparar um lanche normal. Não sabia do que você gostava, então optei por algo simples. – contou enquanto entrava com o carro na garagem grande, que haviam mais 3 carros.

– Obrigada. — murmurei.

Estava relaxada por saber que sua mãe, ou qualquer outro membro da sua família não estaria em casa. E também estava nervosa por saber que ficaria sozinha com Joshua Kyle Beauchamp

Minha preocupação, seria apenas se alguém soubesse que eu fui na sua casa e fiquei lá por horas. Essa com certeza seria a notícia do mês da escola, e poderiam até repensar em abrir o jornal escolar.

Segui Joshua pela casa, que era maior do que a minha. Se estivesse sozinha, claro que me perderia. Tentei memorizar cara canto, para se caso acontecesse algo, eu soubesse aonde era a saída e não acabasse parando no quarto dos seus pais, o que seria constrangedor.

– Se importaria se eu tomasse um banho antes? Tenho certeza que a cozinheira já deixou o lanche na mesa do meu quarto, pode ir comendo enquanto isso. – Josh disse enquanto andávamos pelo corredor largo. Concordei apenas com um aceno quando ele olhou para mim, mas logo em seguida voltou com o seu olhar para frente e entrou em uma das portas de lá. – Por que você está tão quieta? – sua pergunta me fez olhar bem no fundo dos seus olhos.

– Talvez seja porque estou vivendo minha vidinha perfeita nos meus pensamentos. Sem te envolver. – disse firmemente, antes de passar por ele e entrar no quarto.

– S/n...

– Nem adianta falar nada – o interrompo e vou direto para a sua cama, tirando meus cadernos da mochila. – Não vai tomar banho? – perguntei, quando mesmo de costas percebi que ele estava no mesmo lugar.

Ele não respondeu nada.

Virei-me para a sua direção novamente e o vi fechando a porta, dando passos determinados na minha direção.

– Você sabe que eu não quis falar...

– Josh! Vai tomar seu banho, você vai sair e vamos estudar e eu vou para casa. Será que da pra isso acontecer? – digo irritada, olhando fundo nos seus olhos. Seu rosto se aproximou do meu de uma maneira que qualquer pessoa estranharia, quando envolve duas pessoas que nem se quer conseguem ficar juntas no mesmo lugar sem discutir.

– Me desculpe. Eu estava estressado ontem. – conta calmamente. – Não quis falar com você daquele jeito.

– Segue o cronograma que eu falei, que tudo vai ficar uma maravilha. – forço um sorriso. Se eu não causei a sua raiva, não tenho nada a ver com ela para você descontar em mim.

– Que droga, S/n! Eu já pedi desculpas, quer que eu me ajoelhe? – essa última parte, senti uma pitada de ironia.

– Não peça desculpas por ter dito o que você estava pensando.

– É impossível conversar com você. – ele balança a cabeça negativamente e passa as mãos no cabelo.

– Você quer que eu fale o que? Claro Josh, eu desculpo você, vamos estudar e fingir que nada aconteceu. – faço ênfase na frase e ele me olhava incrédulo. – Primeiro você chega com cheiro forte de cigarro, é grosseiro como sem eu ter feito nada, e ainda por cima se refere à mim como a garota que tem a vidinha perfeita.

— Eu não vou te contar porque eu estava com raiva. — ele diz baixo. Sobre nossos rostos ainda estarem próximos... Vocês nem imaginem o quanto. Estávamos tão próximos que conseguia sentir sua respiração no meu rosto.

– E quem disse que eu quero saber? – rebato sem me intimidar. Seus olhos começaram a intercalar por todo o meu rosto, até eles chegarem na minha boca e esse ser o ponto aonde Josh olhou por um bom tempo. Antes que pudesse acontecer algo que eu me arrependeria pelo resto da minha vida ele finalmente se manifesta

– Vou tomar banho – essas foram suas últimas palavras antes de entrar em outra porta branca que havia dentro do quarto

                                               

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