Capítulo 34

Aquela segunda feira poderia ser completamente diferente de todas as que eu tive. Eu não iria mais conseguir evitar o Josh, como consegui fazer ontem o dia inteiro.

Mamãe deixou um bilhete no meu criado mudo enquanto eu tomava banho, avisando que chegaria mais tarde em casa hoje, e, se eu estivesse acordada ainda ela queria conversar comigo.

Fiquei curiosa para saber o motivo da conversa, mas não deveria ser algo muito sério. Então, não deixei que aquilo ocupasse minha mente.

— S/a... - Noah me chamou, quando eu sai do meu quarto pronta para ir para o colégio. Dessa vez, eu teria que sair mais cedo por não ter a minha carona. Na verdade, eu acho que até tinha, mas não queria espera-lo. Poderíamos conversar mais tarde.

Quanto mais eu conseguisse evitar a conversa com Josh, melhor para mim.

- O que você quer? - olhei para ele, friamente. Eu estava tentando ser muito firme com Noah. Eu queria ver como ele se sentia quando eu o respondia sem interesse algum. Pois quando éramos menores, ele quem sempre fazia isso comigo e eu ficava extremamente chateada. - Preciso ir para o colégio.

- Você ainda está brava comigo? perguntou, parando a minha frente. Cruzei os braços e ele suspirou. - Droga, S/n! Já deu, não acha?

- Não. Eu tenho direito de ficar brava com você. - franzi a testa. - Não tente me fazer pensar o contrário.

- Tudo bem então, me desculpe. - pediu, com a voz serena. Por favor.

- Eu preciso ir. ― respondi engolindo seco.

Descendo a escada, eu estava com a respiração tão pesada que quase voltei e abracei Noah, dizendo que já havia o perdoado faz tempo. Mas eu simplesmente não poderia ser tão fraca assim. Porque apesar de tudo, eu estava magoada.

A minha fome que eu estava quando acordei já havia passado. Resolvi que apenas comeria no colégio, então não me dei ao trabalho de passar na cozinha.

Quando já estava quase na porta de entrada, lembrei que estava esquecendo meu livro de história.

O que me fez parar bruscamente foi Josh parado no vão da porta do corredor que se dirigia para a cozinha. Inspirei o ar e logo o soltei completamente, ainda achando que todo o esforço de manter a calma não estava dando certo.

- Nós precisamos conversar. — sua voz rouca ecoou entre as paredes da sala. Eu pisquei várias vezes querendo que aquilo fosse apenas coisa da minha cabeça, mas quando ele começou a se aproximar de mim, eu percebi que não era a minha mente querendo tirar uma com a minha cara.

Mordi o lábio inferior tão forte, que por um momento, pensei que iria começar a sangrar.

- O que aconteceu? Eu fiz algo errado? - quis saber, franzindo a testa e analisando meu rosto.

Naquele dia, ele usava uma camiseta de botões escura. Eu, se não reparasse muito, pensaria que era até uma camiseta social. Mas ela combinava muito bem com ela. Tão bem que parte do ar que faltou quando o vi, foi por perceber o quão bonito ele estava naquela manhã.

- Mentiras são consideradas erradas. Não são? - questionei, querendo que ele já matasse a charada para que eu não precisasse explicar tudo o que aconteceu sábado à noite.

Quando eu fui embora correndo da sua casa, tive sorte de a senhora Beauchamp, o Rone o cara da pasta não estarem na sala de estar. Eles deveriam ter ido resolver aquele assunto em outro lugar.

Agradeci tanto por isso.

- Do que você está falando? - ele pareceu confuso.

Sem querer que a situação se estendesse por longos segundos, olhei no fundo dos seus olhos que me encaravam com atenção e me deixavam um pouco desorientada e intimidada. Passei a língua nos lábios e sem desviar o olhar dele, tirei a mochila dos ombros.

No bolso de guardar a minha garrafa de água, que havia ficado na escola, eu tinha guardado o papel que peguei da sua gaveta. Um dos papéis confirmando o quão a inteligência de Joshua Kyle é muito avançada.

Peguei o papel nas mãos e deixei a mochila cair no chão, ficando ao lado dos meus pés.

Com o papel ainda dobrado, entreguei para Josh, que não demorou para abrir.

- Eu não passei isso para você. - afirmei, enquanto percebi que seu rosto ficou pálido ao saber do que se tratava.

Quando Daniel levantou o rosto para me encarar novamente, ele estava com uma certa tensão, e seus olhos carregavam culpa agora.

- Eu gostaria muito que você me explicasse. - balancei os ombros, mordendo meu lábio inferior novamente.

Josh passou a língua nos seus lábios rosados e soltou o ar pela boca. Ele, agora, não conseguia olhar nos meus olhos, pois os seus rodeavam por todo o cômodo.

-Eu... Eu só... - ele tentou se explicar. - Por isso você foi... Embora?

- Eu não iria conseguir agir normalmente com você depois disso. - respondi, querendo que ele fizesse o mesmo e me explicasse o que porquê de tudo isso. - Agora me diz...

- Eu precisava fazer alguma coisa para você reparar em mim. - começou dizendo. Ele deixou o papel de lado e colocou suas mãos na minha bochecha, ficando a centímetros do meu rosto. - Eu precisava que você se apaixonasse por mim. Porque eu... Eu já estava completamente apaixonado por você.

O ar pesou muito.

- Eu precisava muito dar um jeito para você passar todos os dias comigo, e assim, me conhecer melhor. — declarou, mordendo seu lábio rapidamente. — Eu só... Eu precisava saber se era o garoto certo para você.

- E por que você não tentou se aproximar de mim normalmente? Por que você mentiu dessa maneira? - perguntei, me afastando um pouco, o que fez as suas mãos saírem da minha bochecha. - Você sabe quantas coisas ruins poderia ter evitado se tivesse tentado se aproximar de mim sem mentiras?

- Você já esqueceu da garota que você era antes de começar a me dar aulas? - questionei. - Você me odiava! E eu tentava fazer muitas coisas para você perceber que eu estava por perto, mas você nunca reparava.

- Eu era acostumada com aquela minha vida. Você poderia ter feito eu mudar de ideia sobre quem você era. Ou quem você é.

- Então você, S/n Urrea, teria aceitado se há meses atrás eu a convidasse para sair? - perguntou ele, me deixando encurralada. - Você aceitaria ter um encontro comigo, se eu tivesse pedido de primeira?

Fiquei sem responder.

Ele sabia que não. E, eu também sabia que não.

- Então é por isso que eu menti. - deu de ombros simplesmente. Eu sou a pessoa que mente para conseguir o que quer.

Balancei a cabeça negativamente, sem saber o que falar. Eu estava completamente sem nada para dizer. Eu não havia tirado nenhuma conclusão sobre aquele assunto. Eu não sabia se ficava muito brava ou se eu deixava para lá, até porque, ele fez tudo isso para se aproximar da garota que não acreditaria nele em hipótese alguma. Que não acreditaria nas suas palavras se caso ele se declarasse para mim no primeiro encontro.

- Você pode, por favor, tentar me entender dessa vez? - perguntou, dando um passo na minha direção. - Você pode tentar entender que tudo o que eu fiz, era para chegarmos aonde estamos agora?

- Eu estou extremamente confusa, Josh. - declarei. - A minha mente está uma montanha russa muito louca.

- Então vai mais uma frase para deixar ela mais louca ainda... - ele colocou uma mão na minha cintura, e a outra na minha bochecha. Quando seu olhar se encontraram com o meu, e ele deixou com que eu olhasse bem no fundo dos seus olhos, eu já sabia o que ele ia dizer.

Eu sabia exatamente o que ele ia dizer.

- Eu amo você. — sussurrou, me fazendo fechar os olhos por ele estar perto demais do meu rosto. Seus lábios roçaram nos meus e eu segurei o ar pesado.

Meu corpo estremeceu com as suas palavras sinceras e suaves. E naquele exato momento, eu soube que a minha raiva, não era nada em comparação ao meu sentimento amoroso por ele.

Por isso eu o beijei.

Minhas mãos agarraram sua nuca e eu aproveitei extremamente aquele momento. Pois, mesmo sendo poucos, mas de todas as vezes que nos beijamos, nesse beijo, eu conseguia sentir uma mistura intensa de sentimentos.

Quando as duas mãos do Josh apertaram a minha cintura, eu agarrei com uma mão o seu cabelo.

De propósito, mordi o lábio inferior do Josh com a metade da minha força. Ele soltou um palavrão e se afastou do beijo, mas o seu rosto ainda estava bem próximo do meu.

- Isso é por ter mentido para mim. - ergui as sobrancelhas convencida.

Quando ele voltou a olhar para mim, desse vez, eu quem coloquei as mãos na sua bochecha e olhei no fundo dos seus olhos. Com o meu coração acelerado, engoli seco e admirei ele por alguns segundos.

Ele era tão bonito.

Então, eu dei um sorriso simples e senti ele me puxando mais contra o seu corpo. Até ver seus olhos brilharem quando eu disse o que ele queria ouvir, e o que eu sentia.

- Eu amo você. — sussurrei assim como ele havia feito.

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