Alguns podem achar errado a maneira que eu enlouqueci o Josh, pelo fato de ter ido embora da sua casa ontem á noite e não ter dito nada. E também, por estar ignorando suas mensagens de texto e ligações.

Eu trouxe comigo para casa uma daquelas folhas de ontem. Depois de alguns segundos a mais de choque, resolvi deixar tudo do jeito que estava para ele não reparar que eu mexi. Peguei todas as minhas coisas rapidamente e sai do seu quarto, eu acredito, que até deixei a minha pulseira colorida na sua cama.

Quando estava em frente ao espelho passando meu gloss, me preparando para encontrar Bailey aqui perto, Noah passou direto pela porta do meu quarto. Mas logo, voltou e parou no vão.

- O que quer? - perguntei após alguns segundos.

- Aonde você vai? — ele quis saber.

- Sair com Bailey. — contei, da maneira mais fria que eu consegui. Apesar de tudo, eu estava muito magoada com Noah.

Ele deveria ao menos ter ficado quieto na sexta feira á noite. Sua falta de seriedade em um momento como aquele, me irritou profundamente. Eu sentia vontade de joga-lo pela janela, mas também não queria trata-lo mal. Mesmo que ele merecesse muito.

— O que foi? — ele me perguntou, como se sentisse cheiro de coisa errada. Sem desviar o olhar do espelho, aonde eu já estava exagerando na quantidade de gloss, soltei um suspiro, fazendo o espelho ficar embaçado.

- Deixe eu me arrumar em paz, Noah. - pedi suavemente, contendo a minha mágoa.

Guardei meu gloss e voltei para o espelho, aonde percebi que ele ainda estava parado na porta.

- Não me escutou? - questionei, erguendo as sobrancelhas.

- Qual é, S/a? O que foi? - ele franziu a testa, fazendo uma careta e cruzando os braços.

— É só que você foi um idiota na sexta feira! - soltei sem conseguir me conter. Se ele queria mesmo saber o que estava acontecendo, eu não iria ficar tentando fazê-lo desistir disso.

- O que? Quando? - torceu o nariz, parecendo evitar um sorriso, o que me deixou com raiva.

- Você não poderia ter ficado quieto quando houve aquela discussão com Alex? Que droga! Você é o meu irmão! - exclamei furiosa. Noah me olhou confuso, ainda com a sua careta de sem acreditar no que estava acontecendo.

- Eu não disse nada demais, S/a. — protestou. - A culpa é minha que você brincou com ele? Não - deu de ombros. Soltei um ar de suspiro pesado pelo nariz e passei a língua nos lábios sentindo um pouco do gosto do gloss de morango.

- Sai do meu quarto! - pedi com calma. Pressionei os dentes um no outro com força para não gritar com ele.

Logan não questionou sobre o meu pedido.

Antes de receber uma mensagem do Bailey, dizendo que deveríamos nos encontrar me deixou surpresa e aliviada. Fiquei completamente aliviada em saber que ele não havia ficado chateado comigo com tudo aquilo. Não demorei para aceitar o seu convite. Tínhamos muita coisa para colocar em dia, mesmo não tendo passado de três dias sem vê-lo.

Combinamos de ir ao shopping, aonde ele queria minha ajuda para escolher algo para a Alice de aniversário. Parece que haveria uma festa em sua casa para comemorar a data, Bailey já me fez o convite rapidamente, dizendo que foi à pedido da Alice.

Quando o encontrei entrando na praça de alimentação, aonde eu estava sentada, levantei rapidamente aliviada por sair daquela parte do centro de compras. Havia muito cheiros misturados, como: Hamburgers, frangos fritos, batata frita... Variedades de coisas que se misturavam e não deixavam um cheiro muito confortável.

- Parece que faz dias que não nos vemos! - comentou ele, me dando um abraço tão apertado que meus pés saíram do chão. - Como você está? - perguntou, ao relaxar seus braços e eu sair do seu abraço.

- Eu estou bem. - disse após alguns segundos. Não sabia ao certo mesmo se estava, mas eu não queria estragar aquela tarde. ― Fiquei aliviada ao saber que você não está bravo comigo.

- Por que eu ficaria? - torceu o nariz. Eu balancei a cabeça rapidamente, querendo deixar aqueles assuntos para lá.

Tentei mudar de assunto enquanto íamos para as lojas de roupa. Vimos algumas coisas na vitrine que eram bonitas, e que até combinariam bastante com Alice. Eu iria comprar algo para ela também, mas não tinha certeza se iria na festa. Qualquer coisa, pedia para Bailey entregar para mim.

- Você acha que... - Bailey começou a falar, enquanto olhava o vestido com pequenas partículas de brilho, mas logo parou.

- O que? - perguntei curiosa, parando de olhar entre os cabides de vestidos floridos.

- Você acha que é muito cedo para que eu dê uma aliança á ela? - perguntou, levantando o rosto para me encarar. Ergui as sobrancelhas surpresa e feliz. Eu não sabia se era a melhor pessoa para ajuda-lo com isso.

- Você... Uau! Você quer pedi-la em namoro? - esperei pela sua resposta, sorrindo.

- Eu só não sei se ela aceitaria. Sabe? Estamos nos conhecendo ainda... Talvez seja melhor esperar. - ele fez uma careta e deu as costas, parecendo determinado á levar o vestido.

O que eu deveria falar?

Recusei á namorar com um garoto que eu sou completamente apaixonada, e ainda preciso convencer Bailey que tempo não define muita coisa. Certos relacionamentos de cinco meses, são mais saudáveis do que pessoas que estão namorando há dois anos.

- Bailey - chamei, fazendo ele virar para mim. Seus olhos castanhos me olhavam com atenção. - Se você quiser... Bem... Se tiver certeza, siga em frente! — encolhi os ombros. — Aposto que ela gosta de você, tanto quanto você gosta dela.

- Você acha mesmo? espremendo os olhos. - questionou,

- Eu acho. - balancei a cabeça e sorri. Bailey veio até mim e me abraçou fortemente no meio da loja.

Uma pessoa próxima batendo palma foi o que nos chamou atenção.

- Estou reparando em vocês desde que chegaram! - uma voz feminina animada disse. Me separei do James e olhei para a atendente com um sorriso de orelha a orelha. - Muitos garotos compram esse vestido para as namoradas. Sempre tem um ótimo resultado! Você já experimentou?

- O que? - franzi a testa. Bailey começou a dar uma risada escandalosa, e eu o acompanhei. Enquanto estávamos rindo sem parar, a atendente nos olhava com uma cara confusa, intercalando os olhos para nós dois.

- Somos apenas amigos, moça. - declarou Bailey, ao se recuperar do riso espontâneo.

- Bons amigos. - disse após alguns segundos, com um sorriso alegre.

Depois de comprarmos a grande surpresa de Alice, Bailey resolveu levar também aquele vestido com partículas de brilho.

O meu presente para a Alice de aniversário foi um conjunto de brincos com um colar. No mesmo lugar aonde Bailey comprou a sua aliança, aquele conjunto havia me impressionado, de tão bonito que era. Segundo Bailey, ela amava esses colares e brincos com pedras pequenas, e, ele ainda não havia visto ela usar um no tom verde escuro.

Estávamos sentados no capô da sua caminhonete, no estacionamento do lado de fora do shopping. Um vento abafado jogava meus cabelos para o lado. Eu realmente agradeço pelo gloss já ter saído todo no copo de milkshake, caso contrário, meu cabelo estaria grudando todo na boca.

Bailey sentou ao meu lado novamente. Ele havia ido trocar de música, agora, tocava uma do Isak Danielson. Sua voz era bem calma. Até combinava ouvir uma música como aquela, em um quase pôr do sol.

Por poucos segundos me lembrei de Josh. Me lembrei do dia que ficamos na praia vendo o pôr do sol. E se não fosse aquela discussão que tivemos sobre namoro, eu acho que seria o meu dia favorito.

Eu estava com a pessoa que eu gosto, em um lugar que é um dos meus favoritos.

- O Josh! - a voz do Bailey declarou, apontando para o começo do estacionamento, do mesmo lado que tínhamos vindo para ter acesso á essa parte. Arregalei os olhos e pulei do capô.

Abaixei a mão de Bailey que apontava para Josh, que ao reparar bem, não estava sozinho.

Giulia caminhava ao seu lado com as mãos no bolso de um colete que estava com o zíper fechado. Ela olhava para a sua bota de saltos enquanto Josh parecia conversar com ela sobre algo sério, mas, considerei mudar de ideia quando ela levantou o rosto para o céu e deu uma gargalhada.

- Bailey, entra no carro! - avisei, antes que eles pudessem sentir alguém os observando e Josh me visse ali.

- O que? É o Josh, S/n. O seu namo...

- Droga, Bailey! Entra no carro! - pedi mais uma vez.

Sem entender, ele pulou do capô e seu sorvete acabou caindo no chão.

- Meu sorvete, S/n! - ele apontou para o chão, indignado. Apertei a minha mão e Bailey fez uma careta, indo para o carro tranquilamente.

Quando Bailey entrou, eu senti vontade de bater nele pela sua lerdeza.

- Você é louca! - ele afirmou, fechando a porta do carro. Espremi os olhos pra ele e passei a língua nos lábios.

- E você parece surdo! — retruquei, me segurando para não ser infantil o suficiente para mostrar a língua.

- Vocês estão brigados? — quis saber. Eu balancei a cabeça, mas não em forma de negação, mas sim, sobre eu não querer falar sobre isso. - Você vai me contar tudo sim! Por sua culpa meu sorvete caiu no chão.

- Então toma o meu! - dei de ombros, estendendo o copo cheio. Bailey fez uma careta, e eu me esqueci que eu havia colocado amendoim, e ele não gosta.

- O que aconteceu entre vocês dois? -  perguntou novamente, dessa vez com mais calma. Senti que o momento ficaria sério.

- Eu estou evitando ele desde ontem à noite, porque quando eu encontra-lo eu não sei se eu bato nele por isso ou se eu fico mais apaixonada. - reclamei. Aquilo realmente era uma decisão difícil.

Eu poderia bater nele, mas depois beija-lo.

- Eu apenas me aproximei dele para ajuda-lo na prova de amanhã, que decidiria se ele iria ou não voltar a jogar. - expliquei. — Mas ele não precisava de ajuda. Era inteligente o suficiente para essa prova, que aliás, ele nem vai precisar fazer.

Fiquei com raiva ao lembrar das tardes que eu gastei.

- Ele me enganou!

- Você é da mesma escola que ele. Não se tocou que ele era inteligente? - Bailey questionou, franzindo as sobrancelhas.

- Eu nunca quis saber nada sobre o Josh, Bailey. Nunca me interessou saber como ele era no campo, na sala, ou em qualquer outro lugar.

- Então é exatamente por isso que ele fez o que fez. - Bailey balançou os ombros. - Me conta o resto no caminho? - perguntou, enquanto ligava o carro. Balancei a cabeça e me preparei para falar tudo desde o começo.