Capítulo 23

MARATONA 2/2

Eu brincava com o cordão do moletom azul marinho de Alex, enquanto também sentia o aroma do seu perfume que já estava me acostumando. Ele sugeria que mês que vem, quando o inverno acabasse, nós fossemos para á praia.

— Devemos fazer um bate-volta? —  perguntou-me, chamando a minha atenção para o seu rosto bonito.

— Você quem sabe dei de ombros. — Mas ficaria cansativo fazer um bate-volta.

— Tem razão. Posso pedir a casa dos meus tios emprestada. — sugeriu. Balancei a cabeça e forcei um sorriso. Realmente era uma boa ideia ir para a praia quando todo esse frio fosse embora, aliás, faz tanto tempo que eu não pego um bronze. — Você não parece estar muito animada para isso.

— Me desculpe — pedi, parando de brincar com os cordões e colocando meus braços em volta do seu pescoço.

— O que aconteceu? — quis saber, olhando em meus olhos.

— Tive um pequeno desentendimento com a Joalin — contei, mordendo o lábio interior ao me lembrar da sua opinião. Ela achava que eu estava brincando com os dois. Eu não queria que ela tivesse razão sobre isso.

— Sobre o que?

— Nada demais. Mais tarde vou conversar com ela assegurei. Fiquei contente pelo Alex não ter insistido em saber do assunto. — Eu acho que já preciso entrar, o sino vai bater daqui cinco minutos. — olhei para o relógio no meu pulso e Alex balançou a cabeça, se aproximando e me dando um beijo apaixonado.

Se eu pudesse, com certeza não sairia dos seus braços por aquele dia. Depois de tudo o que aconteceu, mesmo depois do desastre do meu primeiro beijo, tudo agora parecia estar normal entre nós novamente. Eu sentia que gostava tanto dele, que conseguia me sentir confortável agora em pensar que Alex jamais zombaria de mim. Eu não sei porque em algum momento, pensei que isso aconteceria.

Se eu estava brincando com os dois garotos, eu não estava percebendo.

Joshua pode ocupar um pouco dos meus pensamentos. Ele pode me deixar um pouco incomodada com a maneira que me olha profundamente. A maneira que olha para a minha boca e eu sei bem o que ele quer. O jeito que deixa meu coração acelerado com a aproximadamente excessiva.

Mas eu jamais poderia trocar o certo, pelo duvidoso.

Ele teria mudado?

Eu não sei dizer ao certo quais mudanças aconteceram nele desde que começamos a conversar. O Josh de dois anos que eu conheço, não mudaria de uma hora para outra porque conheceu alguma garota. A garota que sou eu.

O que eu teria de especial para ele sentir necessidade de ser uma pessoa melhor?

Posso me sentir confusa quando se trata de continuar com Trevor, e ter um relacionamento com ele futuramente. Mas o Josh, com certeza, em algum momento, deixaria meu coração em pedaços;

Eu não teria ninguém para junta-los novamente.

Seria apenas... Eu.

Eu estava morrendo de calor.

Após sem querer chegar atrasada na aula de educação física pelo meu livro ter me distraído por mais de 10 minutos do que deveria, o professor George me deu a punição de 10 voltas na pista de corrida. Eu estava na terceira volta e já quase não sentia as minhas pernas.

Enquanto o professor estava distraído com a sua prancheta, sentei no banco da arquibancada e soltei um suspiro, pegando a minha água e tomando quase a garrafa inteira.

— S/n! — tirei a garrafa da boca e tossi um pouco, pelo susto, ao achar que era o professor mandando eu voltar a correr. Quando vi Lamar se aproximando de mim, estranhei em achar que ele estava se aproximando de mim. — E ai! — cumprimentou, parando de correr.

O garoto de cabelos pretos parou na minha frente e franziu as sobrancelhas, não estando nada ofegante. Essas pessoas que praticam esportes na escola, uma corrida de 10 voltas, não era nada.

— Oi? — fiz uma careta, me levantando da arquibancada.

— Eu apenas queria saber se o Josh já está melhor — ele comentou, me deixando confusa. — Percebi que vocês estão próximos nessas últimas semanas, acho que você sabe como as coisas vão indo.

— Desculpe? — ergui uma sobrancelha, completamente sem entender.

— O joelho dele... Machucado — disse Lamar como se eu já devesse saber.

— Eu ainda não sei do que você está falando. — pisquei várias vezes. Lamar dessa vez quem fez uma careta confusa.

— Eu entrei no lugar dele no time porque...

— S/n! — um grito chamou a minha atenção. Lamar parou de falar na hora, e por cima do seu ombro, observava uma líder de torcida correndo na minha direção. Quando ela chegou próximo aonde eu estava com o Lamar parou e colocou as mãos no joelho, se recuperando por dar uma de flash. — Josh se meteu em uma briga com um dos jogadores do time de vôlei.

— Meu Deus! O joelho dele! — Lamar se assustou.

— Ele deu socos com as mãos, não com o joelho, Lamar! — disse a garota de cabelos longos. — Ele pediu para que eu encontrasse você.

— Ele está me enfermaria? — perguntei.

— Com o nariz e a boca sangrando. Está. — contou ela, me fazendo levar as mãos até a testa mentalmente.

Caminhamos nós três pelo campo gigantesco até finalmente entrar na escola pela porta dos fundos, indo pelo corredor aonde dava para a sala da enfermaria.

— Qual foi o motivo da briga? — perguntei para a garota.

— Eu não sei muito bem. O garoto do time de vôlei provocou ele sobre não estar no time de lacrosse e que talvez não vai poder jogar. —  explicou.

— Mas a maioria das pessoas do time sabem porque ele não vai poder jogar. — Lamar interveio.

— Eu estou ajudando ele com as notas. Com certeza ele vai bem! —  me senti orgulhosa pelo meu trabalho. Mesmo sendo difícil, a maioria da matéria estava na cabeça do Daniel. Ele iria bem.

— Espere, notas? — questionou Lamar.

— Sim. Se ele não passar na prova de segunda, não poderá jogar — expliquei. — Mas você é do time. Deveria saber disso.

— Ele não...

— Daniel bobeou nesse semestre a garota  interrompeu Lamar. — Só uma garota como você para conseguir dar um jeito nele.

— Uma garota como eu? — perguntei. Ela não respondeu, apenas abriu a porta da enfermaria e revelou o Josh sentado na maca, olhando através da janela grande, aonde se via a frente do colégio. — Pensei que vocês estavam zoando comigo .

— Como? — perguntou a garota.

— Eu pensei que vocês iam zoar comigo, fazer alguma daquelas coisas de livros com a garota do colégio que vocês não gostam. — comentei baixo, Josh nem parecia me ouvir.

— E por que mesmo assim continuou indo com a gente? — perguntou Lamar.

— Vamos deixar os dois sozinhos, Hype. — disse a garota. — Nos vemos por ai, S/n!

— Qual é o seu nome? — quis saber antes de ela sair. Suas mãos estavam nas costas de Lamar, a qualquer momento, para empurra-lo porta a fora.

— Heyoon Jeong.

— Obrigada por avisar sobre a criança, Heyoon. — ela sorriu, ao ver como me referi ao Josh. Lamar acenou para mim e foi empurrado para fora da sala, me deixando sozinha com Josh. — Sério? Você se irrita tão fácil assim, agora?

— Eu já queria dar uns belos socos na cara bonitinha daquele Tracey. — resmungou, sem me encarar.— Ele quem começou a briga.

— Qual foi o motivo? Ele dizer que você não está no time de Lacrosse? Por que é a pura verdade — cruzei os braços. Ele desviou o olhar para mim e ergueu as sobrancelhas. — Desculpe.

— De qualquer forma, sendo verdade ou não o que ele falou, ele me provocou — afirmou, se levantando da maca e caminhando até mim. — Comece o seu discurso entediante. Me preparei para não dormir enquanto você fala antes de chegar.

— Pediu para Heyoon me chamar aqui para você ficar debochando da minha cara?

— Você quem já começa e...

— Quem brigou foi você — o interrompi. — Olha seu nariz. Sua boca.

— Isso não é nada demais — ele deu de ombros e soltou um suspiro. — Eu vou para casa, vai querer ir comigo? — sua voz saiu calma. — Ou seu namorado vai vir te buscar?

- Alex e eu não namoramos ainda.

- Ainda?

— Eu não estou afim de discutir Josh. — revirei os olhos.

— Posso te dar um abraço?

Franzi as sobrancelhas.

— Eu também não estou afim de discutir. Um abraço para uma trégua de paz — sugeriu e abriu os braços. - Não me faça esperar. — cantarolou, divertido.

Desconfiada, dei alguns passos na sua direção e abri os braços, envolvendo-os na sua cintura.

— Eu odeio quando você faz isso. resmunguei contra seu peito.

— Isso o que? — perguntou, me abraçando mais forte.

— Quando você me irrita e depois quer me acalmar ou com um abraço, ou me irritar mais dizendo que eu sempre começo a discussão.

— Mas é verdade, você sempre começa uma discussão — discordou. — Se eu não pedisse um abraço, você estaria, neste momento, gritando comigo. _ acusou. Soltei um suspiro pesado e tentei empurrar seu peito para sair do abraço, mas Josh me apertou mais, os meus pés até saíram do chão.

— Pare de ser idiota, e me coloque no chão! — exigi, mas além disso, ele começou a me tirar.— Joshua!!!

— Gatinha.

Ele me colocou no chão. Arrumei meu cabelo que devia ter ficado todo bagunçado e flagrei ele sorrindo de orelha a orelha.

— E voltou com esse apelido tosco!

— Já disse, combina com você. — ele piscou. — Sorrir assim está deixando minha boca dolorida.

— Então para de sorrir.

— Só quando você sair daqui. — inclinou a cabeça, me fazendo arregalar os olhos. — Muito bem, vai embora comigo?

— Eu preciso trocar esse roupa de educação física. — avisei. — Deixa eu te perguntar, O Liam disse que você...

— Conversei com o diretor- ouvi uma terceira voz no corredor. — S/n... Boa tarde.

— Senhorita Crowley — cumprimentei, com um sorriso simples. — Bem... Nos encontramos no estacionamento! — disse para o Josh

— Nós vamos cair! — falei, segurando firme o braço do Josh. Ele insistiu para que eu confiasse nele para ficarmos no telhado do seu quarto, no qual, segundo ele, era ótimo para ver o pôr do sol.

— Já pedi para confiar em mim. — ele repetiu pela quarta vez, enquanto continuava me fazendo segui-lo até o telhado. — Não vamos cair. É seguro! Faço isso há anos.

— Que ótimo. — resmunguei.

Quando finalmente chegamos até aonde dava para se ver uma boa parte do céu, e que o sol já estava quase preparado para se pôr, soltei o braço do Josh e ele se sentou. Seus olhos foram para o meu rosto, quase como se ele dissesse para que eu me sentasse ali.

— Viu. Nada aconteceu com você — deu de ombros, quando me preparei para sentar ao seu lado. Ele soltou um suspiro e olhou para frente. — Eu não colocaria você em perigo.

— Pois eu duvido disso. — brinquei, para ver a sua reação. Os seus olhos caíram sobre mim de novo, dessa vez, parecendo inconformados pelas minhas palavras. — Estou brincando.

— Eu sei que está, porque sei que você confia em mim.

Sua declaração me deixou quieta. Não concordei e nem discordei em voz alta. Aliás, ele até que tinha razão.

De alguma maneira, completamente desconhecida por mim, Josh estava conquistando a minha confiança aos poucos. Eu não sei o que faltava para que ele tivesse cem por cento dela, mas, com certeza, não precisaria de muito esforço.

Eu deveria estar com medo.

Deveria estar com medo pelo fato de que apenas esta semana vamos estar assim, juntos novamente. Pode chegar semana que vem e ele voltar a ficar com as líderes de torcida e os jogadores metidos de Lacrosse.

Enquanto eu, estarei aonde sempre estive. Observando tudo e rezando para que, isso jamais acontecesse com alguém.

É duro quando você se acostuma com a presença de uma pessoa que não queria, e mais duro ainda, quando você sabe que vai precisar se desacostumar á estar com essa pessoa todos os dias.

Nem nos mesmos escolhemos de quem vamos gostar. De quem vamos nos acostumar com a presença. Até porque, se eu conseguisse escolher, nunca teria colocado Josh no meu caminho.

O motivo é simples;

Quando você coloca uma pessoa no seu caminho, vocês podem caminhar juntos por um longo tempo. Um ao lado do outro. Um protegendo o outro. Mas às vezes, você é apenas a viagem da pessoa, e não o destino.

Às vezes... Você está apenas guiando a pessoa para o destino dela que não tem nada a ver com você.

— Hoje — comecei dizendo, quebrando o silêncio. — Lamar disse para mim que você estava com algum tipo de problema no joelho. Qual é? — Josh pareceu evitar olhar para mim.

— Não é nada demais. Apenas torci uma vez enquanto treinava — explicou com rapidez, como se não fosse nada demais. — Isso já faz um tempo. Lamar deve estar confuso.

— Está me dizendo a verdade? — perguntei, insegura.

— Por que acha que eu mentiria sobre isso? — perguntou-me.

— Você não consegue olhar para mim. — minhas palavras saíram em um sussurro sem querer. Naquele momento, Josh virou seus olhos escuros, intensos e brilhantes para encarar o meu rosto. Isso me intimidou. Minhas bochechas ficaram quentes pelo seu ato.

— Consigo sim.

— Muito bem. — balancei os ombros, me recuperando do momento e encarando o sol a se pôr. Ainda estava um vento gelado. Nesse fim de inverno, o sol se manifestava quase como se quisesse mostrar que o frio estava indo embora. Faltava apenas o vento gelado ir embora também.

Josh se mexeu ao meu lado, me fazendo olhar para ver o que ele estava prestes a fazer. Ele simplesmente colocou o braço em volta do meu ombro, sem desviar o olhar do meu rosto por um segundo se quer.

Enquanto meu coração... Estava batendo freneticamente.

— Você deve estar com frio. — comentou, agarrando um pouco mais o meu ombro.

— Não podemos ficar tão perto assim. — engoli seco pelos centímetros de distância.

— Tem medo do que? — perguntou, olhando nos meus olhos. — Eu não vou fazer nada que você não queira. Nada que você não me peça para fazer. Nada que você se sinta desconfortável.

— Você próximo assim de mim está me deixando desconfortável.

— Então por que você também não consegue se afastar? — questionou, parecendo me provocar. — Convenhamos, que nós dois temos um desejo em comum, S/a. — afirmou, descendo o olhar para a minha boca — Por que está com ele?

— O quê? — sussurrei. Josh fechou os olhos por alguns segundos e soltou um suspiro pesado, como se estivesse se controlando para não me beijar.

O que eu faria se ele me beijasse?

— Por que está com o Alex? — perguntou novamente

— Eu gosto dele.

— Gosta?! — repetiu Josh. — Então porquê seu coração acelera quando está comigo? Por que você não consegue ficar próxima assim de mim, sem ficar nervosa? Por que você... Por que não confessa logo o que quer de mim? — ele tirou o braço em volta do meu ombro e pegou na minha mão, sem se distanciar um centímetro do meu rosto. — Me diga o que você quer.

— Eu não posso — sussurrei. Olhei no fundo dos seus olhos e me obriguei a continuar: — Eu não posso porque não quero nada de você. Porque eu simplesmente... Não sinto nada por você.

Doeu.

Doeu mais do que eu imaginei.

Doeu olhar nos seus olhos e mentir.

Doeu quando ele soltou a minha mão e pela primeira vez, vi o quão ficou magoado.

Doeu quando vi através de tudo, o seu coração partido.

Doeu ainda mais... Quando ele se levantou e foi embora.

Doeu quando percebi que... Eu gostava dele. Mais do que poderia imaginar.

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