Capítulo 14
Minha mãe não acreditou que nessa noite de sábado eu teria uma festa para ir. Na verdade, até Noah ficou surpreso. Ele estava tentando convencer a minha mãe de não me dar permissão para ir, porque apenas ele do grupo, não iria.
— Se você não está com vontade de sair está noite, deixe a garota se divertir — minha mãe retrucou, virando a página da revista de moda que ela via no sofá — É raro a S/n sair, Noah.
— Por isso mesmo ele continuou implicando. E se alguém mexer com ela? Ou pior, e se doparem ela? — ele questionou, deixando minha mãe com dúvida.
— Pensando bem... — começou a minha mãe.
— Pare, Noah! — pedi firmemente.
— Você não sabe se comportar em festas, S/n. Ainda mais com esses caras da faculdade ele fez uma careta e continou a dizer: — Eles apenas querem levar qualquer garota para a cama.
— Eu não sou qualquer garota — retruquei, apertando mais o sofá no quão a minha mão estava apoiada. Eles desviou o olhar para elas, e eu tentei relaxar.
— Não estou dizendo que você é...
— Você não é o papai, Noah! — o cortei, olhando fundo nos seus olhos. — Pare de agir como se você fosse. Isso me sufoca.
— Você não sabe se meter com gente de fora, S/n! — ele avisou, levantando a voz.
— Porque você fica no meu pé o tempo inteiro! — eu disse mais alto.
— Parem com isso — minha mãe se levantou e olhou para nos dois, com a testa franzida e sem entender porque estávamos discutindo sobre aquilo. — Noah, pare. — ela pediu baixo. — S/n sabe se cuidar.
Ele olhou para mim, parecendo estar com raiva. Se levantou do sofá com vontade e subiu para o seu quarto, eu e minha mãe fechamos os olhos ao ouvir ele batendo a porta forte.
— S/n... — ela chamou, como se já estivesse me repreendendo. Naquele momento, a buzina do carro de Joalin me tirou daquele sermão que eu estava prestes a receber. — Apenas... Tenha cuidado.
Dei um beijo na sua bochecha e sai de casa, caminhando para o carro aonde Joalin tinha o vidro aberto para se certificar de que eu estava indo. Quando disse que iria, ela só faltava explodir de alegria na vídeo chamada
— Pensei que ia desistir — ela revelou. Abri a porta do carro e entrei, logo ela deu partida ainda com um sorriso no rosto. — Vestido bonito.
— Minha mãe ajudou a escolher — falei orgulhosa por saber que havia feito uma boa escolha. Ele era escuro. Diferente dos vestidos claros que eu costumava usar, essa era a única peça de roupa que cortava a divisão de todas as roupas nas cores claras que eu tinha. — Bailey irá, certo? — perguntei, apertando o botão para o vidro do carro subir. Estava um vento gelado.
— Se ele não aparecer lá, vou fazer questão de ir busca-lo — ela assegurou, me fazendo dar risada. — Quando chegarmos, não conte nada á ele mas... Giulia vai estar lá.
— Pensei que você havia o convencido á ir nessa festa para se distrair. Porque o assunto era ela — lembrei e Joalin revirou os olhos.
— Olha só, a culpa não é minha se a garota conhece a metade das pessoas dessa cidade — ela se encostou mais no banco, quando paramos no farol. Além do mais, vai ter tanta gente que é capaz de nem nos encontrarmos.
— E se isso acontecer? — Joalin ergueu as sobrancelhas e me encarou.
— Pensar positivo sempre ajuda. E Bailey não gosta mais dela, ele apenas não consegue suportar a ideia que ela tenha se tornado essa pessoa de agora — Joalin explicou.
— Ele me disse que ela tinha mudado muito mesmo — digo, me lembrando da nossa conversa. — Mas eu ainda não entendi porque ela mudou tanto.
— Deixa eu te ajudar nisso — o sinal voltou a ficar verde e a Joalin focou o olhar na estrada. — Ela ficou com fogo quando Joalin entrou no grupo — contou.
— Como ele virou amigos de vocês? Quero dizer, ele ainda nem faz faculdade. Aliás, algum de vocês faz faculdade? — me inclinei de lado no banco.
— Apenas Giulia. E o Josh basicamente esbarrou com nós. Ele estava com uma garota. Isso foi ano passado — explicou, parecendo não dar muita importância.
— Mas então ele e a Giulia começaram a ficar depois? — perguntei, interessada no assunto.
— Sim, eles ficaram na frente do Bailey. Na cafeteria. Ela é uma piranha — Joalin deu risada por eu ter me mostrado tão ingênua. É claro que isso aconteceu. — E a partir dai, a Giulia mudou.
— Então alguém foi traído — pensei alto. Aquilo realmente não era para ser uma pergunta.
— Josh não estava namorando com a garota, S/n — April falou como se fosse óbvio. — Ele não estava nem ai. Mas depois disso, Alex gostou de falar com ele, assim como Noah; e ai, eles começaram a se encontrar e ele fazer parte do grupo.
— Eu juro que pensei que ele e a Giulia tinham algo mais sério — falei. Não deveria estar impressionada com o Josh. Estudo com ele há 2 anos. — Porque ela parece ter muito ciúmes dele.
— Ela não deveria — Joalin falou, séria.
Já estávamos quase chegando na festa. Pensei que talvez não fosse uma boa ideia falar para ela que o Josh praticamente disse que sentiu ciúmes quando eu contei que tinha um encontro com o Alex. Talvez, Josh pode ter mentido. Quando ouvi dizer que não se deve confiar em pessoas erradas, acho que a pessoa que se encaixa no meu caso é o Josh.
— Por favor, S/a, não aceite bebida de ninguém — Joalin pediu, estacionando em uma vaga e desligando o carro. — Nem todos desse lugar são pessoas legais.
— Não vou — afirmei, colocando a alça da minha bolsa no ombro e saindo do carro.
Ao entrar na casa, segurei a mão de Joalin para que eu não me perdesse naquela multidão. Mesmo sendo uma mansão gigantesca, estava lotada de pessoas e não seria difícil que eu me perdesse de Joalin.
Quando chegamos em um lugar mais vazio, havia mensagens de Noah no meu celular pedindo para que eu tomasse cuidado, e uma mensagem de Bailey dizendo que já havia chegado mais foi no banheiro. E pediu para que nós encontrássemos com ele no andar de cima, na primeira sacada que víssemos.
— Eu preciso que você me faça um favor — Joalin pediu, segurando minha mão com mais força. — Sabe aquele garoto ali — ela apontou para o moreno que estava encostado em uma das paredes, bebendo algo em um copo vermelho e conversando com alguém que estava ao seu lado. Naquele momento, ele olhou para nós, e desviamos o olhar rapidamente. — Talvez vamos ficar. E eu preciso falar com ele agora.
— Mas o Bailey pediu para que fossemos para o andar de cima — expliquei.
— Eu prometo que vou apenas dar alguns beijinhos nele e subo para encontrar vocês — ela assegurou — Por favorzinho — ela juntou as mãos e olhou no fundo dos meus olhos.
— Tudo bem — revirei os olhos e ela colocou as mãos nos meus ombros, me sacudindo.
— Eu te adoro — ela deu um beijo na minha bochecha, animada. E antes de sair, lembrou-me: — Não aceite bebidas de ninguém!
Quando Joalin estava fora do meu campo de visão, com o coração acelerado e a respiração pesada fui em direção a escada grande que tinha no meio da sala. Comecei a andar mais rápido, quando senti uma apalpada na minha bunda.
— Por isso eu odeio festas — resmunguei, cogitando a ideia de que Bailey estava certo: ficar no conforto de casa parecia bem melhor do que todo esse fuzuê. E eu ainda tive mais certeza que odiava festas, quando finalmente cheguei no primeiro degrau da escada e senti meu vestido completamente molhado. Molhado de bebida.
— S/n! Eu não havia te visto — levantei o rosto para olhar Giulia, que segurava o copo na mão e tinha um sorriso provocativo. Eu sabia que ela havia feito aquilo de propósito. — Não sabia que curtia festas — ela falou, antes que eu pudesse continuar a subir. Eu me virei lentamente para ela, com raiva. Pela primeira vez, eu sentia raiva de alguém e gostaria de fazer ela engasgar com aquela bebida. — Ainda mais de pessoas da faculdade, que aliás, duvido que você conheça.
— Para quem não gosta da minha companhia, está querendo muito chamar a minha atenção — cuspi, apertando a minha mão, fazendo com que a unha cravasse um pouco na palma. — Vai procurar um garoto para te dar atenção, Giulia. E me deixa em paz! — continuei a subir, sem me preocupar com o que ela tinha a dizer.
Quando já estava no segundo andar, mandei uma mensagem para Bailey dizendo que aconteceu um acidente e eu precisava ir ao banheiro limpar o meu vestido. Eu não mencionaria que a Giulia fez isso. Ele não precisava saber que ela estava aqui.
Enquanto eu olhava pelas portas, tentando adivinhar aonde era o banheiro, vi uma das portas sendo aberta, e imaginei que talvez pudesse ser lá. Porém, o que saiu, me fez dar um passo para trás.
Josh estava saindo do quarto, ou banheiro, não sei dizer; acompanhado de uma garota com cabelos curtos e que tinha seu vestido desarrumado. Pela visão da blusa do Josh bem amassada e o cabelo bagunçado, me dava vontade de vomitar só de imaginar o que eles estavam fazendo lá dentro.
— S/n! — exclamou Josh. Eu estava pedindo a Deus para que ele não me visse. — O que faz aqui?
— A mesma coisa que você — retruquei, sem dar passos na sua direção, já que ele quem fez isso e a garota seguiu seus passos.
— Pode ir meu amor, já acabamos — ele fez sinal para a garota sair. Ela o olhou com indignação, sem acreditar que ele estava mesmo dizendo isso.
— Só para te avisar — a garota se vira para mim. — Ele beija muito mal! — e ao dizer isso, ela deu as costas e saiu rebolando pelo corredor.
— As outras garotas não acham isso! — Josh gritou de volta, fazendo uma concha na boca para que ela pudesse ouvir.
— Quando eu digo a mesma coisa, não quis dizer isso — apontei para ele, que deu risada. Agora me da licença — empurrei seu braço, mas ele segurou meu pulso, me fazendo ficar mais perto dele e sentir seu cheiro ruim de bebida alcoólica.
— O que houve com o seu vestido? — ele perguntou, olhando para ele de cima a baixo. Fiquei incomodada com o seu olhar, estava nem diferente do que ele costumava me enviar durante o dia. Deve ser por estar bêbado.
— Um acidente — tentei me soltar da sua mão, mas ele segurou mais forte, me fazendo soltar um suspiro pesado.
— Não é confiável você ficar andando por aqui sozinha. Essas pessoas não são confiáveis — ele alegou, e eu dei risada, tanta que até joguei a cabeça para trás.
— E ficar com um garoto que está completamente bêbado e está fazendo sei lá o que com X quantidade de garotas é confiável? — perguntei, não evitando o sorriso. — Por favor, Joshua. — consegui sair do seu aperto, e ele não insistiu para que eu continuasse falando com ele.
Bastava isso. Bastava ele voltar com aquele sorriso ridículo e malicioso. Bastava ele voltar com o seu olhar intenso, intenso de uma maneira que eu não me sentia bem. Bastava ele voltar a ser o Josh que ele realmente é, para que eu quisesse viajar no tempo e acabasse logo com as aulas.
— Onde está Joalin? — Bailey quis saber, se sentando no chão de uma parte da sacada. Eu fiz o mesmo, já cansada e querendo ir para casa.
— Beijando o cara bonitão da faculdade — ele deu risada e encostou a cabeça na parede.
— Conseguiu limpar o vestido?
— Até que sim. O cheiro ainda não saiu cem por cento. Mas acho que está melhor do que antes — falei, olhando para o tecido preto e o cheirando, fazendo uma careta.
— Você sabe quem fez isso? — ele franziu a testa.
—Não —menti. — Algum bêbado.
— Eu gostaria de ficar bêbado hoje — Bailey revelou. — Ver como é esquecer os problemas.
— Então fique — dei de ombros. — Você merece esquecer tudo por uma noite. Apenas bebe e se divirta.
— Eu não sei se é uma boa ideia. Joalin veio com o carro dela, e você não dirige — ele tinha razão, mas por um momento me senti culpada por não fazer algo bom para ajudar um amigo.
Meu celular vibrou, avisando uma nova mensagem. Na tela ligada, vi o nome de Alex, e não demorei para apertar.
Fiquei sabendo que você está na festa do pessoal da faculdade. Eu estou aqui também. Podemos nos encontrar?
— A solução acabou de me mandar mensagem — levantei o olhar para Bailey. — Pode beber quantos copos quiser, meu amigo.
— E qual é a solução? — ele perguntou, se levantando mas eu voltei a atenção para o meu celular. — Poxa, valeu por me ignorar. — ele reclamou, caminhando pelo corredor ao meu lado.
Estou te esperando na escada principal.
Após enviar a mensagem para o Alex, segurei a jaqueta do Bailey, quando ele ia descer toda a escada.
— Parece que todo grupo está aqui. Menos o meu irmão — comentei, olhando para o começo da escada para se caso o Alex aparecesse.
— Com quem estava falando? — ele perguntou, curioso, ficando um degrau abaixo de mim. Fiquei feliz por termos ficado do mesmo tamanho assim.
— Alex disse que está aqui.
— Quando disse que todos do grupo estava aqui, isso incluiu a Giulia e o Josh também? — isso fez com que eu olhasse para o Bailey, que teve sua resposta apenas com o meu olhar de culpa. — Foi ela quem jogou bebida na sua blusa, não foi? — perguntou, mas eu fiquei em silêncio. — Nem sei porque eu perguntei. É claro que foi.
— Esquece ela, Bailey — falei, me culpando por não ter ficado de boca fechada. — Ela não merece atenção que você da para ela.
— O Josh também não merece a atenção que você da para ele, mas mesmo assim você continua — ele disse olhando evitando olhar no meu rosto, mas quando terminou de jogar a sua raiva em mim, Alex chegou.
— Oi — ele cumprimentou, gentilmente, ficando ao lado do Bailey e me dando um abraço. Logo depois, ele deu um aperto de mão camarada no Bailey. — Está tudo bem? A cara de vocês não parece estar muito boa.
— Está — respondi, rápido. — Eu quero que você faça algo por mim — avisei, direta.
— E o que seria? — ergueu as sobrancelhas, curioso.
— Nosso amigo aqui, precisa esquecer todos os problemas. E você sabe o que isso significa? — perguntei.
— Que ele precisa esquecer todos os problemas? — Alex disse incerto, me enviando um olhar de desconfiança.
— Que ele precisa encher a cara — falei decidida, e os dois me olharam surpresos.
— Bailey? Beber? — Alex deu risada.
— Eu vou te jogar dessa escada abaixo — Bailey falou, entediado.
— Desculpa, cara — Alex colocou a mão no seu ombro, ainda sorrindo. — Mas aonde eu entro nisso?
— Ele vai ficar bêbado, certo? — Alex concordou, e fazer aquele acordo estava se tornando engraçado.
— A S/n enrola demais — Bailey reclamou. — É o seguinte, eu vou beber e você vai precisar dirigir na hora de ir embora. Vou ficar te devendo uma — Bailey deu uma batidinha no ombro do Alex e desceu a escada rapidamente, parecendo decidido ir atrás de bebida.
— O que deu nele parar querer beber? Que problema ele quer esquecer? — Alex perguntou.
— Giulia!
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