010
“Ainda não sabia o que queria, mas não podia me deixar levar pelo mais fácil ou por aquilo que os outros achavam certo. Só precisava de tempo até decidir o que era melhor para mim.”
[América Singer] trilogia A Seleção.
Ali do segundo piso conseguia ver como Rio parecia com náusea, talvez fosse como ela, com enorme pavor a sangue, não levem a mal, Amara conseguia lidar bem com seu período menstrual, mas qualquer outro tipo de contato com sangue não dava em boa coisa, nem mesmo quando se tratou de um pequeno ralado nos joelhos de Anne anos antes.
Ao seu lado, Berlim parecia uma mistura de diversão e soberania, ao seu ver, o diretor merecia aquilo, não obedecia as ordens e se achava no direito de tramar contra eles, uma questão de balança, na maca um teimoso e ao lado dele uma obediente.
Ele havia avisado. Se obedecessem suas ordens, todos sairiam bem e vivos. Não era tão difícil.
—— Parece que seu namoradinho não gosta muito de bancar o médico —— falou ainda mais devagar após puxar o rosto de Amara em sua direção, a forçando a ler o que dizia.
Suas mãos segurando suas bochechas, parando o rosto dela próximo ao seu. Como uma garantia de que seria entendido.
"Porque ele iria bancar o médico?" Parecia que seu rosto queria dizer. O que fez o líder sorrir, disposto a dizer mais coisas.
—— ele não te contou? Era estudante de medicina antes disso tudo —— ela pode sentir como ele gostou de passar aquela informação, para provar que ainda estava no controle —— Rio gosta de você Amara, e eu confio que não vá estragar esse nosso —— pausou como se pensasse na palavra —— relacionamento?
O sorriso do norte-coreano apenas aumentou quando a garota negou fervorosa com a cabeça, sabendo que ela não o faria, se tinha uma coisa que gritava certeza, era de que essa era a refém mais colaborativa que teriam.
Do primeiro andar ainda nauseado, com uma vontade enorme de vomitar, Rio olhou para cima em busca de ar, apenas para o prender em um movimento brusco, quando seu olhar parou em Berlim prendendo o rosto de Amara próximo ao dele.
Eram muitas perguntas sobre Misun, Denver e Tóquio, a incerteza de contar ou não sobre o que descobriu e agora uma fagulha de raiva surgindo, ao imaginar a garota assustada pelo homem que era o líder.
Amara estava de volta a sala do diretor, sentada na cadeira de Rio, que ainda não havia ido falar com a garota, enquanto Berlim parecia estar discutindo algo por telefone. Os olhos dela estavam vagando por todas as câmeras, observando com atenção todos os detalhes, foi quando viu Tóquio desaparecer pôs virar em um determinado corredor e logo atrás dela, um certo hacker a seguindo de perto.
Uma pequena parcela de insegurança sempre esteve presente em Amara, quando se cresce sabendo não ter uma vida tão completa quanto a de sua irmã, por exemplo, não foi a baladas com os colegas de faculdade, ou a jogos de futebol, muito menos a encontros. A Kim havia tido apenas um namorado em toda sua vida, e mais uma vez todo seu relacionamento era ditado e controlado por seu pai. Cole Hastings, típico sorriso doce e nerd norte-americano, um bom garoto, mas até mesmo ele se cansou de toda a monotonia de Amara, de estar preso a ela e todos seus problemas.
Tudo após Cole se tornou estudos, e principalmente Anne, sua irmã tomava a maior parte de sua vida, o mais emocionante que vivenciou nos últimos anos foram as vezes em que cuidou de alguma ressaca da caçula ou pior, quando tinha que a buscar em lugares um tanto quanto suspeitos nos Estados Unidos, não reclamou uma vez sequer, não se sentia no direito, já que apesar de cansativo, era sua única forma de saber o que os jovens faziam, do que gostavam, era como assistir a uma série, tinham os personagens favoritos e suas grandes aventuras, e ela ali, apenas como mera telespectadora.
Se sentiu assim novamente, enquanto seus olhos ficaram tristes e cabisbaixo, e a insegurança subia a sua mente como uma enorme rocha inquebrável, o questionamento se todos os beijos e pequenos momentos juntos havia sido real, ou se era apenas uma distração em meio ao assalto, como uma bolinha colorida jogada em direção a um gato entediado. Nenhuma resposta original, fora uma grande parte gritando que era seu castigo por ter traído a irmã, para a lembrar seu lugar como coadjuvante no mundo, de que talvez, ela nunca viveria algo único.
A equipe médica chegaria em minutos, e Amara, para seu eterno pavor, estava junto do diretor em uma sala, sentada a poucos passos de onde se encontrava sangue demais para seu gosto, o motivo de estar ali era que o professor havia dito a inspetora sobre uma das Kim ter torcido o pé, a tornando uma paciente. Com os olhos perdidos e os pensamentos distantes, a garota se mantinha o mais calma possível, evitando olhar para a ferida e a grande mancha vermelha que aumentava a cada segundo, o nojo crescendo só de pensar, pânico de se imaginar com aquilo grudado em si.
Levantou o olhar quando sentiu uma grande movimentação ao redor, encontrando o que seriam os médicos responsáveis pela cirurgia e também cuidado com seu pé, o que ela ainda achou um pequeno exagero, considerando que achou Rio muito capacitado de a ajudar. Por ordem de Berlim, eles a olhariam por último, o que causou um revirar no estômago da mais nova, que não queria ficar naquele ambiente por tempo de mais, uma máscara descartável foi dada a ela, e seu caderno com canetas entregues para a distrair.
Amara começou a desenhar um minuto após o diretor receber a anestesia, quase escondendo o rosto entre as folhas, sentindo ânsia tomar conta de si, teve que esconder o instinto de correr até Denver em busca de ajuda para fugir do local, já que ele, assim como Tóquio e Rio pareciam os mais fáceis de lidar.
Os traços no caderno começaram a tomar forma quase vinte minutos depois, e foi quando finalizou os olhos que entendeu quem estava desenhando daquela vez, o olhar frio e ditatorial, a pose de alguém que sabe que está no poder e conseguia visualizar o sorriso gélido e esnobe. Berlim.
Altamente inteligente, com o dom de sentir emoções das pessoas, planos genias e cabulosos saídos diretamente de uma das mentes mais geniais que conhecera, aquele que a lembrava seu pai de alguma forma e que mesmo a amedrontando, conseguia respeito vindo dela. Sim, Amara sabia que aquele homem era instável, palavras da própria Tóquio, mas não conseguiria esconder que também admirava tamanha frieza, desejava saber lidar com problemas daquela forma, como se soubesse todas as respostas do mundo, Berlim em sua visão era alguém que infelizmente ela não se importava em seguir.
Um policial, uma bota imobilizadora, Denver e Tóquio agindo de forma estranha e uma nova jogada de mestre.
Amara não precisou pensar muito quando viu que um dos enfermeiros estava longe da mesa de cirurgia, parecendo super sério e inabalável, mesmo que diante várias armas, era infiltrado e a equipe sabia disso, então chutou que não tinha problema ou que estava sendo resolvido de outra forma, minutos depois e seu desenho com o esboço completo, a equipe finalizou com a retirada da bala e se concentrou no estrago dolorido e roxo em seu pé, quase suspirou de alívio ao notar que um dos homens ali sabia como falar com ela, contando que não era uma torção grave mas que usaria uma bota especial a partir daquele momento. Enquanto prendia as travas do novo acessório, franziu o cenho ao ver Denver jogar a caixa de utensílios médicos no chão, e de forma teatral ajudar a levantar de forma suspeita, já que os olhos atentos da Kim pegou quando ele guardou algo no bolso, também quando derrubou um pequeno papel, que ela mesma não pegou apenas porque Nairóbi fez antes, e então o que mais a impressionou.
Tóquio a ajudou a andar para a entrada, onde os outros reféns também estavam, e Amara ofegou ao notar que a maioria estava de máscara mudada, inclusive Rio que estava quase na saída com uma caixa branca em mãos, aquilo era genial. Sabia que tinha algo com o policial, já que conseguiu notar o quanto o homem se assustou, e saiu o mais rápido possível do local, também quando a maioria dos assaltantes saiu correndo com armas em mãos, ela teve que esconder o sorriso que tinha nos lábios, quase orgulhosa da equipe que a mantinha como refém, uma que tentava esconder, inutilmente, o quanto torcia por eles.
Qual a última série ou último dorama que assistiu?
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