4/? : A mentira.
Droga.
Foi exatamente o que pensou enquanto se afastou da parede e, andando até sua cama bem arrumada, sentou-se na beirada. Malya realmente não queria olhar para aqueles olhos agora, mesmo que soubesse como sair daquela situação.
Jacaerys Velaryon, próximo rei depois de sua mãe, estava bem ali, segurando flores e agindo como se realmente se importasse com ela. Com uma assassina, a que o roubaria e se continuasse daquele jeito, partiria coração puro do menino.
━ Aemond. - saiu como um sussurro. ━ Ele invadiu meu quarto ontem por essas portas.
Viu o peito dele inchar com a inspiração profunda.
━ Ele o que? - ela o encarou, vendo as narinas do príncipe dilatarem. ━ Irei eu mesmo o confrontar do porquê disso.
━ Não... Não. - ainda tentava recuperar a voz firme. ━ Eu já me resolvi com ele e bom, só fiquei curiosa com essas passagens... Não sabia que eram proibidas. “sabia sim”
O garoto deixou as flores em cima de uma pequena mesa no canto, observando ela com os olhos ônix que pareciam querer sugar sua alma. Então ele se aproximou, sentando-se ao lado dela e olhando para a parede à frente deles, que tinha enormes janelas. Só existir com ele era bom.
━ Só.. Só não entre mais aí, ok? - sua voz tinha preocupação e cautela.
Sorte - era isso que a pessoa que ele amasse teria.
━ Por que está aqui, Jace? - teve coragem de olhar de canto para ele.
O menino ainda olhava a paisagem, mesmo que suas mãos um pouco trêmulas, demonstrasse nervosismo e timidez. Por que ele agia assim com ela e em tão pouco tempo?
Se permitiu suspirar quando ele respondeu:
━ Queria ver você, na realidade, assim que pousei com vermax eu sabia que tinha de lhe ver. - ele olhou ela. ━ Pensei em flores, pensei em cartas, pensei em tudo e acabei parando em frente a sua porta e quando não recebi sequer uma resposta... Pelos sete reinos, não sei te explicar como entrei desespero.
O ar fugiu dos pulmões de Malya, que o encarava espantada. Logo, sentiu seu lábio se voltar contra ela e mostrar um sorriso. Não aqueles que daria na sala de jantar, não aquele que daria para Aemond assim que o vira... Não, aquele sorriso não foi planejado ou malicioso.
━ Ou eu poderia estar só dormindo. - ela comentou não conseguindo fazer o sorriso ir embora.
Ele riu, riu de verdade.
━ Pensei nisso, mas não era tão tarde e pude ver o brilho das velas por baixo da porta. - ele apontou para algumas velas próximas à porta.
Mayla pegou a mão dele e olhou no fundo dos olhos dele . Finalmente, Seu cérebro gritou e por um segundo pensou em balançar a cabeça.
━ Conheci muitos homens antes de você e posso te dizer, é o melhor entre eles. - viu ele dar um sorriso de canto.
━ Não conheceu muitos homens então. - ele falou e ela gargalhou.
Houve um silêncio, um silêncio bom e nada perturbador. Agradecia mentalmente pela companhia do príncipe. Se jogou contra a cama, olhando agora o teto pintado de flores e sentiu o colchão afundar ao seu lado.
━ Como era antes... Antes de seu pai a encontrar?- ela virou a cabeça para ele.
━ Difícil. - ela falou e virou o rosto para o teto novamente. ━ Teve momentos que pensei que não sobreviveria, em que o frio iria congelar minha alma e a dor.. - se lembrou do seu parto, como era jovem na época. ━ homens sem coração e pouco dinheiro.
Verdades e mentiras, mentiras e verdades. Nem ela se lembrava mais daquela época , e nem queria. Sabia que as criadas haviam visto as marcas pelo corpo dela durante os banhos, mas nem sequer comentaram sobre as cicatrizes que seu mestre e os capatazes dele haviam feito, ou as marcas do próprio trabalho.
Mas nada, nada se comparava à dor que sentiu ao ter seu bebê e não ter aquele homem ao seu lado. Jace a olhava atentamente e podia sentir a mão dele sobre a sua. Ele fazia carinho com o próprio dedão, devagar e cauteloso, enquanto acariciava alguém que ele achava que poderia conhecer.
Será que ele estaria ali se soubesse o que ela era?
━ Eu sinto muito. - a voz saiu abafada e quase se virou para ver o rosto do homem. ━ Sei que palavras são só palavras, mas as vezes só precisamos delas.
E ele tinha razão. Tinha tanta razão que teve de segurar as lágrimas contidas dentro de si, as mesmas lágrimas que segurou quando sentiu seu corpo ser usado contra sua vontade ou as mesmas lágrimas que soltou quando ouviu o choro de seu bebê.
Às vezes, em meio a todo aquele caos, só precisava de alguém que falasse que estaria ali e não se importaria se fosse mentira. Ou talvez sim, mas nunca saberia.
━ Eu perdi muito, muito e nem sei se já acabou... - ela sussurrou. ━ Mas eu ganhei muito também.
Ele sorriu ao ver Malya sorrir pra ele, devolvendo o sorriso como uma prece entre eles e agradeceu por segundos por ela estar a salvo ali e agora.
━ Já... Já se deitou com alguém? - ela perguntou, deixando a curiosidade falar mais alto.
Ouviu jace tossir ao seu lado, afastando a mão quente de si e quase soltou um palavrão.
━ Céus, o assunto mudou tanto... - ele falou com a voz engasgada. Ela riu. - Não. Nunca me deitei com ninguém.
Olhou para ele e reparou que ele a encarava também. Admitir aquilo, naquela idade, seria uma vergonha entre os mais velhos e se Aemond soubesse... Mas ele não parecia chateado e certamente não era por falta de oportunidade.
━ Por que? - não aguentava sua curiosidade.
Foi a vez de Jace olhar para o teto, mexendo as mãos em um ritmo existente apenas na sua cabeça e logo sussurrou: ━ Nunca, nunca senti vontade por aquelas meretrizes... Apenas pena. Não estavam ali por escolha e isso revirava o meu estômago.
Mayla apenas ouvia e observava o rosto do príncipe.
━ Mas... Desculpe, ser tão problemático e talvez dissimulado... - ele a olhou, nos fundos dos olhos verdes. ━ Mas assim que te vi naquele jantar, eu senti todas as vontades do mundo e me culpei por isso até agora.
Ela suspirou, se levantando um pouco. O bastante para conseguir inclinar o seu corpo contra o dele, deixando seus braços envolta da cabeça do homem. “Não parta o coração dele” - a voz sussurrou dentro de si e ela não ouviu quando colou os lábios deles em um movimento silencioso.
O beijo foi diferente, desajeitado sim, mas não ruim... Com Aemond havia tido pressa, tensão e até ódio, mas ele... O beijo dele dizia calma a cada movimento. Por um momento, ela se esqueceu que precisava respirar e só se tocou de que precisava de ar quando ele virou o seu corpo, ficando sobre ela.
━ Eu... - ele tentava dizer algo com aqueles lábios já inchados e entreabertos.
Mas Malya apenas o puxou de volta e ele cedeu, como nunca havia cedido antes. Ele estava entregue, e talvez agora aprisionado.
🔪
Tocava os lábios enquanto se encarava no espelho enorme em sua frente. Estava tão atordoada que nem ligava para o quanto mulher puxava as cordas para afinar sua cintura. Havia tido momentos bons com ambos ontem e nenhum poderia saber do outro.
Não havia passado do "limite" ontem com Jace, mas com Aemond? Céus, nem havia conseguido assimilar o que tinha acontecido naquela noite e rezava para qualquer um dos deuses que aquilo não prejudicasse o seu plano.
Afinal, preferia lidar com um coração partido do que com seu filho morto.
Voltou a si quando ouviu a mulher gritar para que ela levantasse os braços e parasse de ficar no mundo da lua. Sentiu a seda passar pelo corpo, roçando contra sua pele. Observava o tecido se ajustar contra o corpo bem estruturado, fazendo soltar um sorriso. Mesmo depois de uma criança, ainda estava impecável.
━ Vou te dar um conselho, criança. - Célia falou enquanto ajustava mais o vestido dourado nela, as cores da sua "família". ━ Aquele príncipe, ele é o mal encarnado. Fique longe o máximo que conseguir.
Mayla fez uma cara de dúvida, tentando identificar qual dos príncipes ela estava se referindo e por mais que a curiosidade a matasse, se lembrou do pequeno passeio que teria com o Aegon e presumiu que fosse ele.
━ Não se preocupe, vou tomar cuidado. - falou baixo.
. Olhou a mulher mais velha, estudando as expressões que fazia.
━ Se você pudesse ser qualquer coisa agora, o que você seria? - Malya perguntou, vendo a mulher a encarar seria.
━ Um dragão.
🔪
Se forçava a não encarar o rosto marcado de Aemond, mesmo que ele jogasse piadas nada agradáveis contra ela. Observou o prato cheio de frutas frescas e pão com gelatina. Amava ter a garantia de uma comida pela manhã, mas a outra parte dela pensava que talvez seu pequeno não havia comido nesses dias.
Jacaerys havia se juntando a mesa um pouco mais tarde. enquanto o mesmo se sentava em seu lugar, podia sentir o cheiro de ervas para um banho. Olhou para ele, mesmo sabendo que o garoto não o olharia nem tão cedo.
━ A caçada é amanhã. - Alicent falou. ━ Todos nós iremos cedo, já que muitas casas chegaram mais tarde.
Casas.- Ela pensou em uma e adoraria que sua adaga estivesse ali, para que pudesse contornar o símbolo de lobo que havia nela. Talvez, bem talvez, teria que lidar com seu passado amanhã.
Respirou bem fundo, também prestando atenção em Aemond. Ele parecia querer entrar na cabeça loira dela e descobrir o que tanto a fazia suspirar, mas não podia e isso irritava o mesmo profundamente.
━ Malya, gostaria de passar a tarde comigo? - ouviu a voz de Rhaenyra, fugindo dos seus pensamentos e indo de encontro com o olhar calmo dela. ━ Acho que seria bom ter companhia feminina.
A garota sorriu e concordou com a cabeça, não deixando de olhar rapidamente para Alicent que cortava sua omelete com bastante ódio. Tal mãe, tal filho.
━ Minha lady, suas explorações pelo Castelo estão sendo do seu agrado? - sentiu um deboche no tom que Aemond usou. Se ele queria guerra, teria guerra.
Levantou um dos cantos de seus lábios e o encarou.
━ Estão sendo incríveis. - ela deu uma pausa para beber um gole de seu suco. ━ Principalmente com sua ajuda diária.
Viu que Daemon levantou uma sobrancelha, em pura curiosidade. Sentiu Jace tremer ao seu lado e não entendia o porquê. O homem platinado apenas devolveu o sorriso com um mais falso ainda, um debochado. Mimado.
🔪
Andava pelos jardins com a companhia de Aegon, observando as flores que logo sumiram com a chegada do outono. “Quanto tempo não via uma flor?”. Lembrou da rua da seda, do cheiro, das pessoas e dos concretos que impediam a vegetação de crescer.
O homem ao seu lado contava histórias sobre si mesmo, como qualquer outro homem inseguro que realmente precisava de validação por suas ações comuns. Virou para ele quando viu que o mesmo parou, pegando uma rosa do talo e entregando pra ela.
Fofo e forçado.
━ Obrigada, meu príncipe. - falou enquanto forçava os olhos a mostrarem inferioridade.
━ Nenhuma rosa ou flor é tão linda quanto você, Malya. - respondeu, segurando a mão livre dela para dar um beijo rápido sobre a pele coberta pela luva.
Ela forçou um sorriso. Sabia disso, Ah e como sabia. Eles voltaram a andar, tendo que voltar a observar as coisas ao redor para não prestar atenção no assunto fútil do homem.
Tec. Tec
Ouviu barulhos de ferro se chocando contra outro e então percebeu que estavam próximos de uma pequena roda de soldados. Sua curiosidade foi maior e enquanto já estava caminhando para mais perto, observando chocada Aemond lutar contra um dos guardas reais.
Nada mal, Pensou, mas ele estava deixando muitos pontos desprotegidos e se fosse ela ali... Bom, acho que era por isso que ele havia nascido príncipe afinal.
Mayla nasceu para ser a melhor. Foi isso que seu antigo mestre havia comentado inúmeras vezes enquanto botava a garota de apenas 8 anos para lutar contra um assassino feito. Podia se imaginar no lugar dele ali, mas pelo contrário, já estaria no chão e sangrando. Quantas vezes ouvira de Golias que não estava bom o suficiente e que o segundo lugar é a mesma coisa que estar em último.
Não conseguiu conter o sorriso quando ele derrubou o guarda no chão e a olhou de cima a baixo, como se fosse um aviso... Ou um desafio.
Ele era o dragão, mas acabaria se queimando com o próprio fogo.
Aegon aproveitou a cena para fazer todos escutarem sobre suas gloriosas lutas contra o chefe da guarda, mostrando como o garoto em si era fútil. Manipulável, facilmente uma peça no tabuleiro. Sorriu com a ideia.
🔪
Observou Baela. A garota era tão bonita que doía em seu coração que ela certamente deveria ter preferências para homens. Mudou o foco, olhando para a mulher grávida à sua frente. Rhaenyra falava coisas sobre a antiga valíria com ela, já que a mesma se antecipou de contar as suas aventuras na biblioteca e apontou como uma... Curiosidade. Antes que aquela peste caolha pudesse, ou tentasse, usar essa informação contra ela.
━ Sabe tocar piano, Lady Malya? - Rhaena perguntou, sem tirar os olhos de seu bordado e acabando com o assunto dos dragões.
Como ela explicaria que onde cresceu, apenas aprendeu a matar e manipular? balançou a cabeça de leve, mesmo sabendo que a mesma não veria.
Possivelmente teriam a mesma idade, dificilmente teriam o mesmo problema.
━ Infelizmente não tive a honra. - era uma verdade.
A menina levantou seu olhar, prestando atenção em cada detalhe do rosto fino de Malya. Deu de ombros em seguida, voltando seus olhos para a flor bem feita no tecido.
Rhaenyra voltou a comentar sobre as histórias e prometeu que após o seu parto, iria voar com ela sobre a cidade e ensinar tudo que Malya estivesse disposta a aprender. Em um só momento, pensou ela, gostaria de poder ficar e ter ela como mãe.
━ Quando eu era mais nova, queria muito ter uma família completa e... Você sempre me dá uma pequena amostra. - sua sinceridade era nítida em sua voz.
Desde que chegou, os poucos momentos que tivera com Rhaenyra no jantar era como conversar com a mãe depois de um dia fazendo travessuras. Ela possuía esse ar de acolhimento.
━ Quando perdi minha mãe, me vi sozinha em um reino cheio de seres e de poucos humanos de verdade. - ela olhou para fora, passando a ideia de que podia olhar o mundo de sua janela, enquanto sua de suas mãos acariciou a sua barriga volumosa. ━ Então quando segurei Jacaerys pela primeira vez... Pelos sete, poderia matar por aquela criança.
Ela sabia disso. Na verdade, quando teve seu filho não o pegou de primeira... Estava muito deprimida pra isso. Mas quando segurou aquele pequeno ser nos braços, aquele pequeno lembrete que o amor que viveu fora real...
Segurou a mão livre da mulher mais velha, olhando ela com todo o carinho do mundo e torcendo para que seu bebê viesse saudável. Esperava por isso.
━ Jace parece gostar muito de você. - a mulher voltou o olhar para a mais nova. ━ E eu também já gosto muito de você, Malya.
Algo voltou a bater dentro de si. Sentia lágrimas vindo, lágrimas que queriam sair e não podiam... Não, aquela não era a vida dela e a Rhaenyra não a amaria ou muito menos gostaria dela se soubesse a verdade.
Baela se aproximou dos sofás perto das janelas, se sentando ao lado de Rhaenyra que pegava uma uva agora.
━ Eu também gosto de você. - ela falou rindo e isso chamou a atenção da outra irmã. ━ Eu espero o jantar chegar só pra ver você massacrado Aemond.
━ Baela! - Rhaenyra e Rhaena gritaram, fazendo a loira dar uma gargalhada.
🔪
Não participaria do jantar naquela noite. Além de que na manhã seguinte teria que ir em uma viagem com as mesmas pessoas, precisaria traçar um plano e agir o máximo que pudesse.
Levantou da cama depois que a última empregada saiu com a mensagem que Malya estaria "indisposta" a se juntar às majestades. Aemond teria um descanso - riu com o pensamento.
Se aproximou do baú que havia transportado as roupas que Golias mandava pelo capanga.
Havia pedido somente duas coisas para aquela missão: seu traje e a adaga. Se sentia mais confiante com o traje e a adaga lembrava que precisava voltar viva para casa. Abriu o baú de madeira que agora se encontrava vazio no pé de sua cama. Levou suas mãos até o fundo e apertou, fazendo o mesmo se soltar e revelar o tecido preto.
Ela sorriu.
Pegou ele como se fosse a coisa mais perfeita do mundo, perdendo apenas para seu filho. Se despiu, deixando aquela camisola desconfortável descer sobre seu corpo e então, vestiu aquele traje que era a maior honra de sua vida.
Olhou no espelho enquanto apertava as cordas que havia no pulso. Deu um sorriso para a imagem. Acabou observando os bolsos que, antes disso tudo acontecer, continham facas para todos os lados. Naquela vez, só daquela, iria somente com sua adaga.
Observava o mapa novamente, tentando calcular toda a rota em sua mente e memorizar também. Passaria por metade da cidade graças aos túneis que as portas levavam. Antes de sair, se certificou de apagar todas as velas do quarto e sair pela porta secreta, como se fizesse parte da escuridão.
Agora com o rosto escondido pela máscara, andava rápido pelas passagens enquanto contava as portas na fé de que sairia perto de uma das passagens do fosso. Sabia que estava na parte subterrânea, passando por toda a cidade em busca de alguma proximidade com os dragões. Começou a andar mais rápido quando olhou para trás e viu nada além de escuridão, e isso apavora qualquer um.
A porta final deixava a garota perto de uma entrada "dos fundos" do fosso e isso era ótimo, querendo ou não. Andava rápido pelo corredor curto e foi parada quando viu dos guardas na porta que ela passaria.
Eles a viram, se entreolharam por um segundo e logo andaram com rapidez até ela. Mayla teve tempo de analisar todos os pontos desprotegidos dos guardas, e também em uma espada maravilhosa que o da esquerda empunhava. Ela levou sua mão até sua adaga, que estava na sua coxa e a jogou no ar, mais alto que poderia e então socou um dos guardas, puxando o braço do outro que tentou perfurar a mesma com a espada, que logo seria sua. Ela pegou a adaga no ar e afundou contra a cabeça do homem que torcia o seu braço. Não teve tempo de puxar de volta até que o outro batesse em sua cabeça com a bainha da espada. Amador.
━ Irei picotar você e seu amiguinho, depois vou jogar seus resto para os dragões. - falou enquanto lutava desviava de um soco dado pelo guarda, já que ela havia puxado a espada dele antes que o homem pudesse notar.
━ Vou humilhar você em Praça pública, ladra. - ele socou a cara dela, a levando ao chão, porém ele não atacou novamente... Terrível escolha.
Malya levantou- se rapidamente com sangue nos olhos, pegando a espada do outro guarda já morto e indo para cima do homem três vezes maior que ela. Girou a espada quando ele tentou investir contra ela novamente e tudo que ele conseguiu foi um corte profundo em sua mão, o que fez a garota rir com o feito. Havia se esquecido por minutos como aquilo era bom.
O homem gritou de dor, fazendo a garota balançar a cabeça enquanto sussurrava "não, não". Ela o atacou novamente, mas dessa vez para o silenciar de verdade. Cortou a cabeça do homem com habilidade sem igual, vendo o corpo cair no chão e a cabeça rolar pelo local.
Ela pegou de volta sua adaga e agora a espada, limpando ambas com as roupas dos guardas, começando a sujar as mesmas novamente ao cortar as partes dos corpos e por envolto do tecido para que pudesse transportar até os dragões. Lanchinho - ela pensou.
Passou a porta com duas sacolas feitas de tecidos sobre o ombro coberto pelo tecido preto. Não havia mais ninguém lá dentro, rindo de como aqueles da realeza duvidavam muito dos mais pobres.
Desceu a rampa, podendo sentir novamente o calor que aquele lugar emitia. Tirou sua máscara por causa do mesmo. Andou com passos apressados, mesmo com o peso bem irritante nas suas costas. Tremeu quando chegou na frente de um dragão já acordado, que respirava como se estivesse certo de ela fosse presa.
Não teve medo, se lembrando da aula que Rhaenyra dera sobre dragões e do alfabeto que havia lido no livro. Jogou a carcaça dos homens na frente do Dragão adulto que rugiu, como se fosse a atacar e a mesma se permitiu fechar os olhos... Mas não se moveu.
━ Coma. - tentou falar em valeriano, se lembrando que os dragões só obedeciam naquela língua.
O dragão a olhou e ela se permitiu fazer a mesma coisa. Percebeu as escamas azuis que brilhavam com o fogo das tochas. Ele havia finalmente decidido cheirar e então, atacou o "pacote" com a enorme boca e engoliu.
Agora ele a encarava, como se esperasse mais ou que talvez, pensasse que ela daria um belo almoço também. Suspirou, botando sua máscara novamente e dando meia volta enquanto aquele dragão rugia, agora acompanhado de fogo. Sabia onde ficavam agora as entradas até os dragões, então só faltava descobrir onde ficavam os ovos.
Voltou para seu quarto e agradecendo que não havia nenhuma surpresa naquela noite. Respirou fundo, tirando a adaga e a espada que tinha detalhes em sua lâmina. Sorriu, guardando a mesma no baú junto com a adaga e a roupa um tanto ensanguentada. Precisava de um banho e tinha de ser água fria, havia enfrentado muitas coisas quentes naquele dia.
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Acordou com passos apressados pelo seu quarto e viu as criadas guardando roupas e mais roupas em outro baú. Inclinou a cabeça de leve vendo a movimentação desnecessária, até que Célia parasse no pé da cama e botasse as mãos na cintura.
━ Houve um ataque no fosso dos dragões, encontraram sangue por um das entradas e a família real decidiu aumentar o prazo da caçada. - ela falou fria com o gelo. “Aumentar?” Malya se desesperou. ━ Vão passar uma semana festejando enquanto o povo fica desesperado, mas sua mala já está feita..
Entendia o que Célia havia falado, mas sua cabeça só rolava preocupação e ansiedade. Uma semana! Pelos deuses. Levou a mão até sua cabeça, pensando que devia ter tentado limpar o chão de alguma forma.
━ Você irá na carruagem com o príncipe Jacaerys então se apresse, irão depois do desjejum. - falou indo até o banheiro e Malya apenas a seguiu no automático.
Agora precisava se aliviar.
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