[Dia 07]

É bloquinho, nem te conto como desejava não ter acordado hoje. Eu não queria estar respirando nesse momento, eu realmente não queria estar mais aqui.

Neste momento, estou encolhido na minha cama. A porta do quarto está fechada, as cortinas cobrem minha janela por completo, e apenas a escuridão reina pelo cômodo.

Meu rosto está provavelmente inchado, e ainda vermelho, pelo choro que derramei ontem. Minha garganta dói, mas não por uma inflamação ou doença qualquer, e sim, por conta de todos os sapos que tive de engolir a seco.

Não vi meu pai desde a hora em que ele saiu, batendo a porta de casa. E por mais que eu o ame, não estava com muita vontade de vê-lo. Pelo menos, não por enquanto.

Minha mãe está trancada no seu quarto. Ela não quer me ver, não quer falar comigo, e não quer que eu me aproxime dela. Mas eu também não me sentia disposto o suficiente para fazer nada, apenas queria sentir um pouco de paz. E sabia que seria bem difícil alcançar algo nesse nível.

Depois que o papai foi embora, a mamãe estava furiosa comigo. Ela sabia que eu tinha falado sobre aquele assunto das visitas noturnas, e simplesmente começou a gritar.

Mas não eram apenas gritos, eram explosões de raiva. Todo aquele barulho que ela emitia, era como se ela estivesse me dando facadas pelo corpo. A cada palavra, eu me sentia fraco e sem chão nenhum.

Ela falava do quão imaturo eu era, mesmo não sendo mais uma criança. Falava de todas as vezes em que me ensinara a não me meter nos assuntos de outras pessoas, para que eu cuidasse apenas da minha própria vida. Mas certas ações dela, me afetavam, não é?

Eu tinha que me desculpar, por me sentir desconfortável na minha própria casa?

Tudo o que ela falava, estava rondando na minha mente. Eu não sabia para onde olhar, não sabia o que fazer com as mãos, por elas não pararem de tremer, e não sabia se poderia fugir para o meu quarto. Eu só pensava em correr e me esconder, mas minha mãe estava bem empenhada para o que ela tinha em mente.

Eu apenas sentia meu mundo inteiro desabando ao meu redor, enquanto ela repetia várias vezes, como ela era infeliz, por minha causa.

Disse que quando estava grávida, a situação dos meus pais não era tão boa, mas mesmo assim, eles tinham em mente que eu traria, de alguma forma, felicidade para eles. Mas que eu, na verdade, não estava cumprindo com o meu papel.

Segundo ela, eu só prestava para dar desgosto. Eu era a pessoa que fazia tudo errado, e na hora errada, que realmente não servia para nada, já que não sabia fazer nada certo. E que se ela soubesse o quanto eu a faria sofrer, ela mesma teria me evitado desde o início.

Minha mãe estava na minha frente, e só conseguia dizer como ela desejava acabar comigo. Garantindo que só não faria isso, para não ser presa depois, porque eu era uma perda de tempo.

Eu já tinha entendido aonde ela queria chegar, mas permaneci quieto. Eu sentia minhas lágrimas se formarem nos meus olhos, e isso parecia deixar minha mãe com mais raiva de mim, mas eu não sabia mais o que eu poderia fazer.

Ela seguiu. Até dizer que preferia que eu não tivesse nascido, porque talvez assim, meus pais estariam juntos até hoje, e felizes um com o outro.

Mais uma vez, a faca tinha perfurado meu corpo, e agora, estava sendo arrancada a força dali.

Meu choro, até então preso, rolava livre pelo o meu rosto sem timidez, mostrando o quão vulnerável eu me sentia ali parado, na frente dela.

Foi aí que a vi apontar para as escadas, coisa que ela fazia sempre, para mostrar que eu estava de castigo. Ela apontava, e eu subia as escadas até o meu quarto, ficando por lá até a hora que ela achasse o certo. Andei de uma forma totalmente desajeitada, me sentindo envergonhado, e de certa forma, humilhado por tudo que escutei.

Quando cheguei no meu quarto, fechei a porta e corri para a cama chorando mais um monte, até acabar pegando no sono.

E agora que acordei, percebi que minha casa não é mais um lar para mim. Eu sei que a minha mãe vai me evitar, talvez ela até acabe comigo, de verdade. Meu pai não vai me aceitar em sua casa, e mesmo se aceitasse, minha mãe não iria permitir que eu fuja para longe dela.

Mesmo que esse "longe", significasse o outro lado da rua.

Eu realmente não tinha para onde ir, nem com quem eu pudesse contar. Sabia que os meus amigos da escola não iriam me ajudar, eles sempre tiveram medo dos meus pais, mesmo que nem os conheçam.

Eu só conseguia pensar no quão inútil eu parecia. Não queria levantar da cama, e não queria ter que ver a minha mãe novamente.

Acho que vou aproveitar ao máximo o tempo em que fico por aqui, no meu quarto. Porque sei que não estarei preparado para o que eu for enfrentar mais pra frente, quando ver a mamãe de novo.

Só de pensar em tudo o que ouvi, nas expressões dela, na raiva que ela tinha, enquanto me machucava. Era possível sentir mais lágrimas escorrerem dos meus olhos, mostrando o quão envergonhado eu me sentia por tudo.

Eu queria os meus pais de volta, mas os meus pais felizes. Queria ter aquele casal sorridente e unido, comigo novamente. Aqueles pais que me amavam, e que me faziam sorrir.

Talvez se eu acabasse com o Jeon Jungkook que me resta, essa bagunça chegaria ao fim.

Talvez se eu realmente não tivesse nascido, meus pais poderiam estar juntos e felizes.

Talvez eu seja um erro, por que devo continuar?

Mas se eu fosse embora.. você ficaria sozinho, não é?

Quando foi que tudo começou a dar tão errado, bloquinho?

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