| 01. Você me fez assim, não se lembra? |
[2018]
Mais um dia normal, na vida de Kim Seok Jin. Um cara que depois de muito esforço, conseguiu finalmente sozinho, sua "Casa Própria".
Ele era um cara simples, do tipo responsável, mas que as vezes se deixava levar pelas suas emoções - ele nunca sabia se isso era bom ou ruim - Tinha o cabelo castanho natural, vinte e seis anos nas costas, ombros largos, um gosto peculiar para as suas roupas, e um rostinho de vinte e dois.
Nunca teve uma ambição ou sonho na vida, gostava mesmo das coisas simples. Ele não se preocupava se teria um emprego no futuro, ou não. Sempre foi sustentado pela mãe, e por mais que ela dissesse que uma hora, ele teria que cuidar da própria vida e ser independente, ele nunca ouvia.
Na verdade, ele nem ouvia o resto do discurso.
Mas agora, enquanto observava seu irmão mais velho andar de um lado para o outro, com o celular na mão, falando com o serviço da funerária. Ele realmente desejava ter feito alguma coisa da sua vida. Queria estar em um emprego, ter uma quantia em sua conta, e ter sido um filho melhor.
Bom.. eu acho que as minhas habilidades de narrador, podem entrar em ação agora.
Tudo começou quando eu tinha 17 anos. Meu pai havia morrido à 2 anos, e minha mãe estava aprendendo a lidar com os negócios da família.
O senhor Kim já estava com o próprio testamento pronto, desde que se casou com a minha mãe, Kim Hyuna. Uma mulher justa em seus julgamentos de mãe, e a mulher que me incentivou a fazer culinária.
Tudo o que eu sei, eu aprendi com ela. Mamãe sempre foi muito paciente, me explicava as coisas com calma, sempre sorria, e fazia bolo de cenoura com aquela cobertura maravilhosa de chocolate. O meu favorito.
Meu irmão na época, já trabalhava com administração, em uma empresa de um amigo do meu pai. Já eu, ficava o tempo todo com a minha mãe. Ela precisava de mim, e eu sabia disso.
Mas quando fiz 18 anos, tudo mudou. Todo mundo mudou, na verdade.
Minha mãe, aquela pessoa maravilhosa que eu tanto amava - e ainda amo - ficou muito ocupada com o novo trabalho. Não tinha tempo para as nossas aulas de todas as tardes, ficou mais distante de mim e se tornou uma pessoa fria. Tanto comigo, quanto com o meu irmão. E sem falar no fato dela se irritar facilmente com qualquer coisa, bem diferente de como ela lidava com situações difíceis, no passado.
Ela sempre entrava no escritório estressada, e saía mais ainda, sem nem falar com ninguém o dia todo.
Só com os homens importantes.
E isso foi acontecendo, até meus vinte e quatro anos - quando tudo o que a minha mãe falava para mim, era que eu precisava correr atrás do meu "prejuízo" e ser alguém na vida - Eu já não aguentava mais essa situação, já tinha me formado na faculdade de administração e já tinha sido demitido de três escritórios diferentes.
Esse trabalho não era pra mim, e eu sabia disso.
Mas parecia que a minha mãe era a única pessoa no mundo, que não via isso. Ou talvez, ela não quisesse ver que o seu filho mais novo, não tinha talento para o mundo dos negócios, como o seu filho mais velho.
Ou como todos na família.
Eu era diferente? Sim, eu era. E eu tinha aprendido a ser assim, com ela.
Com o dinheiro que recebia no primeiro escritório que trabalhei, eu ia para o bar e ficava tão bêbado, que acabava dormindo por lá mesmo. Não conseguia me lembrar do caminho de volta para casa, no estado em que eu me encontrava, e para ser honesto, eu não tinha vontade de voltar para casa.
Com o dinheiro do segundo escritório, eu aluguei a minha "Casa Própria".
Não é minha. Não totalmente. Eu pagava o aluguel em um bairro bom, mas estava prestes a ser colocado para fora, por já ter atrasado 5 meses seguidos de aluguel. Mas acho que você sabe como é, né? As vezes, você está na flor da idade, não tem a maturidade necessária para o período em que está vivenciando, e comete erros. Talvez, você acabe ficando bêbado em um bar, gaste todo o seu dinheiro por lá e depois, quando volta ao seu estado de sanidade, acabe lembrando da merda que fez. Ou de alguma parte dela.
Os meses de bebedeira foram passando, meu dinheiro se gastando, e o aluguel se acumulando. Mas sabe qual é a parte mais engraçada, disso tudo? Eu, Kim Seok Jin, ainda não tenho o dinheiro necessário para pagar esses meses atrasados.
Mas vamos pular para o terceiro escritório. Com o dinheiro que recebia, eu paguei a minha conta no bar, e não fiquei nem com dez centavos para por no meu cofrinho. O que é realmente hilário, considerando o fato de que eu nem possuo um.
Eu sabia que precisava de um novo emprego. Já que novamente, não tinha durado muito tempo no meu último, mas como iria ajudar meu irmão com o enterro da nossa mãe, e arrumaria um emprego no mesmo dia?
Eu e o meu irmão tínhamos uma boa relação, um com o outro. Sempre fomos parceiros, apoiando um ao outro no que fosse.
E eu sei muito bem que ele deve estar com muita raiva de mim, nesse momento. Então, resolvo simplesmente abaixar minha cabeça e pensar em algo rápido. Mas ouço passos em minha direção, e quando olho para cima, ele está lá, sorrindo fraco e apoiando uma de suas mãos em meu ombro. Ele se senta ao meu lado, e eu resolvo manter o contato visual, para saber como iríamos lidar com o nosso problema mais recente.
— Vai ficar tudo bem, Jinnie - diz o mais velho com uma voz firme, enquanto me olhava. Ele sempre me chamava assim, só não me lembrava bem o porquê.
Em resposta, acabei sorrindo pequeno e concordei com a cabeça, mas ainda me sentia mal por dentro. O meu irmão era um verdadeiro exemplo a ser seguido, ele é o "filho que deu certo". Nossa mãe se orgulhava tanto dele, acho até que parte disso me convencia de não ter que me esforçar tanto quanto ele, já que nunca chegaria aos pés do filho prodígio.
Mas naquele momento, eu sabia que o meu irmão mais velho era o único que entendia o que possivelmente se passava pela minha cabeça, então, talvez eu não estivesse tão na merda, quanto achava.
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