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27 𝖽𝖾 𝖺𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖽𝖾 2011

Hannah Grimes

Meu corpo doía como se uma manada de elefantes estivesse acabado de passar por cima de mim. Minha cabeça está apoiada ao ombro de Daryl enquanto Giulia segura minha mão esquerda, observando as árvores sendo deixadas para trás. Confesso que, se não fosse por ela, eu estaria encolhida no canto carro e ficaria assim até chegarmos em casa. Mas Giulia amenizou o repúdio que eu sentia do mundo naquele momento.

O carro finalmente adentra as cercas da prisão, e Rick desce para conversar com Carl e... Carol. Pensei que estivesse morta. Sinto meu coração pesar um pouco menos ao ver o rosto dela pela janela, e seu sorriso aumentar ao enxergar a garota ao meu lado. Glenn continua com o carro até o pátio principal, e pudemos ver meu sobrinho correndo atrás da Van com um grande entusiasmo.

— é o Carl... – ela sussurra, quase que inaudível.

Sorrio, acariciando sua mão. Quando o carro parou, Maggie empurra a porta, nos libertando. Camila corre para os braços da mãe, Maggie para o pai e a irmã, Carol para Daryl. Carl, ainda ofegante, nos alcançou. Giulia sorriu abertamente e sem hesitar, o abraçou. Vi os dois cambalearem para trás, mas ele se firmou e a abraçou de volta, deixando uma lágrima cair enquanto sussurrava desculpas.

O sorriso presente nos rostos de todos, sem exceção, ao se darem conta que Giulia estava de volta. Minha garotinha estava em casa novamente. Abraço Carol, beijando seu rosto com carinho.

— vem, querida, vamos tomar um banho, hum?

Deixo que ela me guie, mas não antes de tomar a pequena criançinha recém-nascida para os meus braços. Seu rostinho adormecido servindo de alívio instantâneo. Se eu estava mal, agora não estou mais. Carl abraça minha cintura, minha mão livre alcança seu corpo, me abaixando para deixar um beijo em seu cabelo.

— o nome dela é Judith, igual a minha professora do primário. – ele informa, sorrindo para a irmãzinha.

— oi, Judith. – sussurro, passando o polegar por sua bochecha rosada. — é um lindo nome, amor. Você arrasou.

Meu sobrinho me olha nos olhos, sua expressão mudando aos poucos. Carl sempre foi muito esperto, aposto que ele já ligou todos os pontos soltos e entendeu o que aconteceu em Woodburry. Esticou os braços, esperando por Judith.

— você pode deixar ela comigo, tia. Se refresque, vista uma roupa limpa e eu deixo ela na sua cela, tudo bem?

Suspiro, afirmando após deixar um beijo na lateral da cabeçinha da neném. Deixei que ele pegasse a irmã nos braços, indo em direção a Giulia, que sorriu melancólica ao ver Judith.

[...]

O mundo parecia estar em silêncio para mim. Nada além do zumbido em meu ouvido. Zimmmmmm. Só. Tudo parecia entediante, devagar. As lembranças do ocorrido me atormentam em flash's que, por mais rápidos que sejam, pareciam ser dolorosamente lentos. Os detalhes, o toque, a sensação, o peito apertado e até o choro entalado na garganta.

O escuro daquela cela me acomodava, mas não fornecia conforto algum. Era doloroso, traumático e com certeza repugnante. Senti quando alguém parou na porta, ouvi seu suspiro seguido pelo miado fino do gatinho, que logo pulou no colchão. Acomodo Bart entre meus braços, fazendo carinho em seu pelo macio.

— Daryl está preocupado. – é Rick. Sua voz carrega preocupação e é um pouco hesitante. Suspirou outra vez. — ele saiu para checar os fundos da prisão com Carl e Glenn. Giulia está com as meninas, Beth está na cozinha. O resto de nós estará lá fora, checando o perímetro. – seus passos ecoam o metal que é o nosso piso, se aproximando da beliche. — Hannah, eu estou aqui para você.

— não está aqui nem para você mesmo, irmão. – meu tom soou rude, por mais que eu não queira ser. Mas não querer não foi suficiente para me calar. — eu não tenho mais doze anos, Rick. Não vou tentar tirar a própria vida outra vez.

Um silêncio se manteve ali por um instante. Minha tentativa de suicídio nunca foi mencionada antes, é um assunto proibido. Um segredinho que fiz meus irmãos guardarem quando me encontraram dopada pelos remédios da mamãe às seis da manhã de uma segunda-feira. O motivo? Bem, acho que tive motivos suficientes para isso desde o acidente que matou o Jeff.

Ele solta o ar pesadamente, puxando o banquinho que Camila usa como apoio para subir para a cama da mãe durante a noite, e se senta ao meu lado. Senti que estava sério, então me virei para ele. Suas mãos entre as pernas, juntas. Encarei seu semblante preocupado, dando um suspiro angustiante.

queria que ela estivesse aqui agora. – minha voz sai mais embargada que o esperado, deixando que a lágrima escorra em seguida. Rick afirma em um aceno doloroso, abraçando meu corpo deitado com pesar. — droga, eu queria tanto ela comigo.

— eu sei, Honey. Eu sei. – ele sussurra, beijando minha testa com carinho. — mas eu estou aqui, hum? Não sou tão bom quanto ela, mas ainda sou eu.

Deixo que minhas lágrimas molhem tudo o que tocam, aproveitando a ocasião para pôr tudo o que sinto 'pra fora. Um combo de motivos para desabar com alguém. O apelido que me foi dado pelo meu irmão mais velho, Jeffrey, junto a Lori quando eu ainda era uma criança bem pequena me causa uma sensação boa. Como se ambos estivessem ali comigo naquele momento, me abraçando.

Rick fez isso por eles. Me abraçou, acolheu. Se sentou na cama junto a mim, me puxando para perto. Os braços rodeando meu corpo, a mão em meu cabelo enquanto acomodava minha cabeça em seu peito. Deixou que eu chorasse todas as lágrimas com ele, por todos os motivos válidos e inválidos.

— posso não estar no meu melhor momento agora, mas ainda assim, eu ainda mantenho minha palavra com o papai. Matando ou morrendo, Hannah, eu sempre vingarei e protegerei minhas irmãs.

Matando ou morrendo. A porra do bordão dos Grimes. Eu sempre achei interessante, desde a primeira vez que o ouvi, quando tinha cinco anos e um homem velho quis admirar Lara na piscina. Não importava nada além de nós, os filhos, para meu pai. Era um velho egoísta e mentia feito um homem infiel, porque ele era um. Mas, ele nos amava. Matando ou morrendo.

[....]

Quando o primeiro tiro soou lá fora, o grito de Giulia me assustou. Minha autodepressiação sumiu em segundos, me locomovendo pelo bloco feito o próprio Turbo em uma versão humana. A garota se encolhia debaixo das escadas com Judith nos braços e Camila grudada em sua cintura.

— sobe com elas e não desce por nada, agora. – ordenei.

Maggie desceu logo em seguida, me lançando um olhar preocupado. Ela me joga uma arma AK-47, tendo mais quatro em seus braços.

— é longe demais para flechas. – entrega a pistola nove milímetros para a cunhada, dando um suspiro longo. — espero que ainda saiba usar uma. Se algum estranho entrar, você atira primeiro e pergunta depois.

Giulia afirma em um aceno nervoso. Maggie e eu saímos dali em passos rápidos, atravessando o bloco com rapidez. Carl e Beth estão lá fora, assim como todo o resto do grupo. O tiroteio para por um instante, nos dando chances de se aproximar. As armas são arremessadas por Maggie, que não errou nenhum arremesso.

Me acomodo atrás das caixas de energia, tendo cobertura completa. Os disparos voltam, junto aos nossos desta vez. Carl atira como se fosse um profissional no ramo, mas não é com isso que me preocupo agora. Daryl, Merle, Rick e Hershel estavam espalhados pelo gramado, sem nenhuma cobertura.

Ouço Maggie dar coordenadas, assim como mandou Carol correr do campo aberto. Direciono minha atenção nos homens sem proteção, apenas com armas de porte pequeno, lhes dando a cobertura que consigo oferecer na posição em que me encontro.

Vi quando Carl derrubou o homem da torre, mas aquilo não e causou nada naquele momento. Foi quando vi meu gatinho andando livremente pelo pátio onde chovia balas que o desespero real bateu. Seu nome saiu pela minha garganta, e quanto menos esperava, um tiro o assusta. Bart corre pelo pátio, assustado, mas foi capturado por Beth, que largou mão da arma para segurá-lo.

No instante seguinte, os tiros pararam outra vez. Um silêncio ensurdecedor ecoa por toda a prisão. Um furgão enferrujado vem em nossa direção em alta velocidade, sem se importar com os portões fechados. Arrebentou os dois portões, freando bruscamente no meio do gramado. Com o coração palpitando rapidamente, me atentei aos detalhes. Zumbis saindo da traseira daquele furgão nos assusta. Dezenas deles, servindo como motivação para que outros adentrem nossas cercas.

Foi difícil raciocinar os acontecimentos seguintes. O furgão saiu em alta velocidade, assim como os atiradores. O carro de Glenn adentra o campo, trazendo Hershel e Michonne enquanto corremos para o terceiro portão. Carl se apressa, destrancado o cadeado com rapidez enquanto o carro de aproxima. Estamos sob ataque.



































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001: hey, galera. Odeio escrever essa parte da série, é sempre sem graça colocar tudo no papel.

002: Natal se aproximando e eu não sei o quanto serei ativa por aqui durante esses dias. Caso eu suma, saibam que não desisti, apenas estou enchendo a cara em algum bar de Rondônia.


Beijinhos da Maluzinha!!!💋

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