epílogo part. 4

Tem dias que
Eu acordo e eu me belisco
Você está comigo, não outra pessoa
E eu estou com medo
Que tudo seja um sonho

Porque você continua perfeita
com o passar dos dias
Mesmo nos piores dias, você me faz sorrir
Eu pararia o mundo se isso nos desse tempo

Quando você diz que
Ama o jeito que eu faço você se sentir
Tudo se torna tão real
Não tenha medo
Porque você é tudo que eu preciso

Toda a minha vida
Eu achei que ia ser difícil
encontrar a pessoa certa
até eu te encontrar
E eu acho isso tão agridoce
Love Someone - Lukas Graham

🌑
Kim Seok Jin
seis meses após

Viro a chave na porta e sou recebido com um choro alto.

Dormi apenas por duas horas essa noite e tive um dia cheio na empresa. Toda minha agenda foi modificada depois no nascimento de Jang Mi.

Minha filha nasceu há seis meses com quase quatro quilos. Seu nome significa rosa. Como sempre sonhei, herdou as covinhas da mãe.

Kim Jang Mi é um verdadeiro milagre. Um milagre que chora bastante.

Tiro os meus sapatos e o casaco na entrada. Sem me controlar, acabo dando um bocejo, consumido pelo cansaço dessa noite.

Na sala, tem vários brinquedos espalhados. Sigo o som do choro e encontro minha sogra na cozinha com Jang Mi no carrinho.

O sorriso em meu rosto desaparece quando vejo seu olhar preocupado.

Vou até que minha filha, lhe dando um beijo na testa de leve e acalmando seu choro incessante. Fico grato por Hyeon nos ajudar tanto nesses dias.

— Oi, moranguinho. — Digo seu apelido.

Seu choro para e estica os braços gordinhos para tocar em mim. Meu coração bate forte quando ela sorri e as lindas covinhas aparecem.

Tiro o presente que Jungkook lhe enviou do meu bolso. Outro chocalho rosa. Jang Mi parece saber quem deu, pois sorri ainda mais.

— Está tudo bem por aqui? — Pergunto, indo cumprimentar minha sogra também.

Dou um abraço nela, observando o que está cozinhando bibimbap. Hyeon melhorou muitos nesses últimos anos fazendo o curso de culinária.

— Eu e a Mimi estamos bem, apenas esse choro dengoso de sempre. — Me conta. Sinto seu toque em minha mão e percebo sua preocupação. — Vá conversar com a Woo, por favor.

Franzi meu rosto, tentando entender o motivo de seu pedido repentino.

— Ela se machucou? Está doente? O que aconteceu? — Penso em tudo que pode ter acontecido enquanto estive fora.

— Acredito que esteja exausta. Ela começou a chorar e foi para o quarto um pouco antes de você chegar. — Explicou, me deixando ainda mais preocupado.

Dou um aceno e sigo para o quarto principal. 

Quando escolhemos nos mudar casa, consideramos tudo. Aqui em Gangnam é perto do hospital em que Ji Woo trabalha — antes de tirar a licença de doze meses — e de muitas escolas.

Além do bairro tranquilo com belos parques, a casa tem tudo que procuramos. Quando casamos há seis anos, viemos morar aqui.

Abro a porta devagar, encontrando minha esposa deitada encolhida na cama.

Sinto meu coração se partir ao perceber que está mesmo chorando. Me deito ao seu lado, a puxando para meus braços. 

— Oi, minha princesa. Senti tanto a sua falta. — Lhe dou um beijo na testa, tentando acalmá-la. Com minhas palavras, ela chora ainda mais.

Sei o quanto essa fase está sendo complicada. Faz muito tempo que não vejo minha esposa sorrir. Sei que não está triste, mas o cansaço é maior.

— Você demorou tanto. — Ela diz em meio as lágrimas.

— Me perdoe por isso. A reunião na empresa foi mais longa do que eu esperava. Estão organizando outro show em Busan. — Contei, tentando distraí-la.

Ji Woo continuou com seu olhar perdido, parecendo não me ouvir.

— Ei, princesa. — Chamei sua atenção. — Quer ir pra um encontro?

Pela primeira vez em tantos meses, vi um resquício de esperança surgir nela. Um leve sorriso aparece e enxuguei suas lágrimas.

— Tem certeza? Eu não estou mais tão jovem e bonita pra ficar saindo em encontros. — Se lamentou, passando a mão no cabelo curto.

Logo após Jang Mi nascer, ela resolveu cortar o cabelo na altura dos ombros e retocar as mechas brancas que tanto amava. Continuava a mais linda.

Yaa, até essas olheiras te deixam atraente. Como consegue? — Lhe provoquei, como sempre fazíamos. Ela riu de leve, cobrindo o rosto.

— Não sei se consigo sair e deixar a Jang Mi com a minha mãe. Somos nós que devemos cuidar dela, não os outros. É a nossa filha. — Confessou seu medo.

— Eu sei disso, Ji. Mas essas pessoas da nossa família estão aqui para nos ajudar. Sair apenas uma noite não vai fazer nossa filha nos odiar. — Disse baixinho com sinceridade.

Percebi o seu pensamento antes que ela pudesse falar.

— Você vai continuar sendo uma ótima mãe se fizer isso. Ninguém vai te criticar se sair por uma noite pra descansar. Você precisa se manter feliz para fazer Jang Mi feliz. — Declarei firme, passando confiança.

Esperei que ela fosse começar uma discussão comigo quando se afastou dos meus braços e levantou da cama. Suspirei cansado de insistir.

— Pra onde nós vamos? — Perguntou, me surpreendendo.

Levantei da cama em um pulo, um sorriso surgindo o meu rosto.

— Podemos ir onde você quiser. — Digo, lhe pegando no colo. 

Ela grita de susto e começa a dar sua típica risada que tanto senti falta.

Sigo para o banheiro, entro dentro do box e ligo o chuveiro, com Ji Woo gargalhando devido a estarmos vestidos ainda. 

Não me importo com seus olhos inchados devido ao choro e a noite mal dormida. É a minha esposa, aquela que escolhi para passar longos anos.

— Sinto falta do seu beijo. — Ela me confessa, aquecendo meu coração.

— Vou resolver isso. — Provoquei, segurando seu rosto com minhas mãos e lhe beijando com toda intensidade que pertence a nós dois.

Ficamos um bom tempo ali juntos, lembrando de todos os momentos mais felizes que vivemos. Contei minhas melhores piadas para que pudesse vê-la sorrir.

— Que tal a gente ir em no cinema e depois no Sky Rose Garden? — Dei a ideia enquanto secava seu cabelo.

— Tem certeza que vamos assistir o filme? — Pergunta pra mim, sorrindo travessa. 

— Se não quiser assistir e ficar me beijando por uma hora e meia, eu não irei reclamar. — Garanti, sabendo do seu verdadeiro plano.

— Porque eu ficaria beijando um velhote? — Um sorriso enorme surgiu em meu rosto ao ouvir meu apelido. 

Ela não me chamava assim há tempos.

— Por que esse velhote está muito bem conservado, sua pestinha. — Lhe dei um beijo na bochecha, tirando uma risada dela.

Enquanto terminava de me arrumar, Ji Woo saiu do closet pronta.

— Ainda serve em mim. — Comentou, dando uma volta para que eu pudesse admirar.

O vestido preto curto de manga longa que ela usou no dia que nos conhecemos. Não sei como fui capaz de esquecer dessa peça perfeita.

— Você está usando seus coturnos. — Percebi. 

De fato, não me importava mais em assistir ao filme.

— É um pouco ridículo usar depois de tanto tempo. Me sinto com vinte e seis anos de novo. — Ela riu, se olhando no espelho.

Me aproximei, colocando minhas mãos em sua cintura.

— Está perfeita, Ji. — Beijei seu pescoço. 

O colar não estava mais ali.

Ainda usava de vez em quando, mas com tantos anos de terapia, Ji Woo percebeu a verdadeira intenção de usar a joia o tempo todo. 

Entendeu que seu pai não seria esquecido se tirasse o colar. 

— Vamos? — Perguntou animada, saindo saltitante do quarto.

Ao chegar na sala, pra nossa sorte, Jang Mi dormia depois de chorar tanto. Sua mão segurava forte o chocalho novo e aproveitei para tirar uma foto.

— Sua omma vai sair e volta logo, moranguinho. Durma bem. — Minha esposa se despede da nossa filha com cuidado.

— Ou quem sabe não volte. Tchau, moranguinho. — Brinquei. 

Ji Woo estreitou os olhos, mas não discutiu, pois amava quando eu a surpreendia.

Contamos para Hyeon sobre nosso encontro e ela concordou imediatamente em cuidar da neta por algumas horas. Entrelaçamos nossos dedos e fomos embora.

No cinema, não assistimos nada do filme. Conversamos e rimos muito no fundo da sala, trocando beijos uma vez ou outra.

Em seguida, fomos observar o céu noturno no Sky Rose Garden. Tiramos muitas fotos, pois precisava registrar minha esposa usando aquele delineado afiado.

— O que quis dizer com aquilo de não voltar pra casa? — Questionou quando sentamos no banco de madeira ali perto.

Naquele horário, o jardim ficava vazio. Apenas meus dois seguranças vigiavam tudo por precaução. Dei um largo sorriso com sua pergunta.

— Se você quiser, podemos passar a noite em algum hotel e só voltar amanhã. — Contei meu plano. E tudo bem se ela negasse, poderia ser extremo demais.

— Mas e minha mãe? Ela vai cuidar sozinha de Jang Mi a noite toda? Nunca fizemos isso antes. — Expressa sua preocupação.

— Eu acho que Yun Hee vai aparecer pra ajudá-la. — Comentei. Ji Woo cerrou os olhos ainda mais, ficando desconfiada.

— Não me diga que todos se juntaram pra me tirar de casa hoje. — Descobriu o plano.

— Espero que não fique chateada. Percebemos que você estava exausta e precisava disso, Ji. Quase deu tudo errado por conta do atraso na reunião.

Ela pareceu pensar, dando um suspiro irritado. Não foi completamente correto o que fiz, mas era minha única opção para convencê-la.

— Então, a Yun e minha mãe vão cuidar de Jang Mi essa noite? — Quis saber com mais calma.

— Sim, elas vão. E caso algo aconteça, pedi pra os meninos ficarem atentos ao telefone. 

Ji Woo pareceu refletir e por fim concordou.

— Você já fez a reserva no hotel, certo? — Ela adivinhou.

— Reserva pra dois por uma noite no GLAD Gangnam COEX Center. — Disse o nome do hotel cinco estrelas que ela conhecia. 

Ao ouvir o nome, deu um sorriso.

— É impossível conseguir uma reserva lá um dia antes. — Eu adorava o quanto era esperta e ligava os pontos rápido.

— Por causa disso que eu reservei um mês antes. — Revelei, dando uma piscada.

Isso a fez sorrir mais ao saber que eu estava planejando tudo a tanto tempo. Em momento algum deixei de pensar nela.

— Vamos, o chef do hotel já me mandou mensagem avisando que o nosso jantar está pronto. — Peguei em sua mão e nos levantamos.

— Muito obrigada, caladinho. — Me beijou rapidamente, seguindo animada para o carro.

— De nada, minha princesa. Me peça o que quiser e farei. — Juntei nossas mãos.

Hum, tem algo que quero. — Ela comenta.

— Pode dizer.

— Não é agora, mas um dia. O que acha de adotar uma criança?

Me surpreendo com seu pedido. É impossível não sorrir.

— Quer mais um bebê? — Pergunto para saber se ouvi direito.

Ela acena, me olhando cheia de expectativa.

— Seria maravilhoso, princesa. Vamos nos preparar. — Concordei.

Naquele momento, Just One Day tocou. Abri o teto do conversível e cantamos a nossa música.

Só um dia, se eu pudesse segurar suas mãos. Só um dia, se eu pudesse ficar com você.

Você pode, por favor, ficar comigo? — Cantamos um pra o outro a parte final.

E eu ficaria com ela. Por dez, vinte, trinta e até mais que isso.

🌑

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