38
Quando o amor reflete
naqueles olhos que olham para mim
Belos momentos como as estrelas
Eu digo a mim mesmo
Que nunca vou largar sua mão
Grave-o no meu coração e colore-o
Oh, eu sei que eu pertenço a você
Momentos em que olho para você
Eu desejo que dure para sempre
Agora eu pertenço a você
Meu coração por você continua crescendo mais
Quando seu calor passa pelo meu coração
Os sentimentos continuam crescendo
e eu não posso esconder
O sorriso que você me mostra
Cada palavra que você diz
Grava no meu coração e colore
The Night - Eric Nam
🌑
Kim Seok Jin
Meu coração parece que vai parar de funcionar a qualquer momento.
Cumprimento o segurança do restaurante, que abre a porta pra mim. Está vazio, pois o senhor Hwang fechou hoje apenas para esse jantar.
Mesmo que o ambiente esteja aquecido, minhas mãos continuam geladas e sinto meu corpo tremer de tanto nervosismo.
Ouço o barulho de conversas na cozinha e começo a me aproximar, segurando a pequena caixa com o presente que trouxe e na outra mão está o vinho.
Peguei a garrafa mais cara da minha adega para esse momento. Sei que ele é um apreciador de vinho importados, então tive que fazer um esforço e trazer o Romanée-Conti Grand.
Paro na entrada da cozinha e abro a boca para cumprimentar, mas percebo que o senhor Hwang está falando bem alegre.
— Se ele te magoar, eu uso essa faca. Se te fizer chorar, será essa. Caso conte uma mentira, essa maior. — Ele aponta para seu conjunto de facas em cima da bancada grande.
Minha garganta fica seca e tudo de repente começa a escurecer. Eu certamente estou condenado. Por sorte, minha consciência está limpa.
— Porque está agindo assim? Sabe que não sou mais boba como antes, sei o que estou fazendo. — Ji Woo pega as facas e começa a guardar, tirando o conjunto de cima da bancada.
Solto um suspiro aliviado e dou uma tosse para chamar atenção.
— Boa noite. — Falei, dando um sorriso de canto sem graça.
— Jin? Aish, não me avisou que estava vindo! Que maravilha receber sua visita. — Ele abre um sorriso gigante, como se não estivesse agora pouco planejando minha morte.
Fico sem saber o que dizer. Parece que as palavras desapareceram.
— Venha, não fique parado na porta. Pode se sentar aqui. — Meu sogro de consideração e parceiro de negócios puxa um banco alto da bancada para mim.
É ao lado de Ji Woo, que estou desviando o olhar desde que cheguei.
Me acomodo, deixando o presente e o vinho em cima da bancada de mármore cinza. Não sei se estou piscando ou respirando, apenas continuo encarando o senhor Hwang.
— Essa é a minha sobrinha Ji Woo, você deve lembrar. — Ele apresenta. — Se conheceram na reinauguração do restaurante meses atrás.
E pela primeira vez nesse dia, eu olho pra minha namorada. Ela está ainda mais linda, fazendo com que eu me apaixone de novo.
Nunca a vi usando saia antes. É preta e justa. Combina com a jaqueta jeans preta e a blusa branca. O cabelo levemente preso e aquele típico batom vermelho vinho.
— Oi. — Ji me diz, sorrindo e mostrando as covinhas.
Se eu não fosse apaixonado por ela, teria me apaixonado agora. Nesse exato segundo.
— Não deve falar de maneira informal com quem não conhece. — O senhor Hwang reclama, indo conferir a comida no fogo e tirando a tampa, exalando um cheiro maravilhoso.
Tenho vontade de rir. E de sair correndo daqui.
Ji Woo percebe que não estou falando quase nada desde que cheguei e segura minha mão por debaixo da bancada, entrelaçando nossos dedos.
— Você está mais branco do que uma folha de papel. — Sussurra tão baixo que quase não escuto.
Respiro fundo, sentindo meu cérebro voltar a funcionar.
— O cheiro está ótimo, senhor Hwang. — Digo, tentando soar relaxado e tranquilo.
— Agradeço, Jin. Estou fazendo japchae. Hoje é um dia importante. — Contou. Desligou o fogo e se virou pra mim, então soltei a mão da minha namorada.
— Dia importante? — Perguntei como um bobo. Ji Woo fica chutando minha perna com seu coturno de guerra, me alertando.
— Minha sobrinha vai me apresentar o namorado dela. Está vendo aquela coleção de facas? — Começou a perguntar. Afirmei, me controlando para não desmaiar. — Eu comprei apenas para caso ele seja um imprestável.
O que eu poderia dizer depois disso?
— Ele não é um imprestável. Agora pode parar de falar sobre facas? — Ji Woo tomou a frente.
— Se não é imprestável, porque está demorando tanto de chegar? Está fugindo? Ficou com medo de mim? — Ele rebateu.
— Se puder escutar, eu ficaria muito grata. — Ela insiste, dando aquele olhar.
Fico surpreso quando o senhor Hwang se cala, cruza os braços e espera.
O silêncio toma conta da cozinha do Restaurante Woo. Entendo que esse é o momento que devo tomar atitude e falar agora.
— Hoje eu não vim como um patrocinador ou um idol, senhor Hwang. — Consigo a atenção dele.
O mais velho franze o rosto em confusão e continua calado.
— Vim aqui como namorado da Ji Woo. — Declarei, não desviando o olhar quando as palavras ecoam pelo local.
Até o ar parece parar de circular enquanto espero o que ele vai dizer.
— O que você disse? — Decido ignorar seu tom de voz ameaçador.
— Eu pedi Ji Woo em namoro há alguns dias e decidimos contar ao senhor primeiro, para não gerar nenhuma confusão.
Mais silêncio. Nem mesmo Ji Woo parece estar respirando.
E então, ele começa a dar risada. Todo aquele momento tenso desaparece.
— Yaa, Jin! Você é mesmo um piadista profissional. Por um segundo, quase acreditei. — O mais velho continua rindo, pega os pratos e coloca para nós.
Olho para minha namorada. Ela suspira impaciente e se apoiando na bancada.
— Não é uma piada, tio Hwang. O Jin é mesmo o meu namorado. — Ouvi-la dizer isso faz meu coração acelerar, dessa vez de jeito bom.
Me remexo incomodado quando o dono do restaurante troca olhares entre mim e Ji Woo, como um jogo de pingue-pongue.
— Estão querendo isso mesmo? — Questiona, percebendo a verdade.
Dou um aceno de confirmação, decidindo tentar tudo de novo.
— Naquela noite da reinauguração, conheci sua sobrinha. Nós conversamos durante toda a festa e no fim trocamos números de celular. Fomos nos conhecendo cada vez mais.
Aquela era a oportunidade de contar desde o começo da história.
— Percebi que meus sentimentos eram fortes demais para serem ignorados, então a convidei para um encontro em Jeju. Passamos o dia juntos e tive a certeza que a queria na minha vida. — Ali estava eu, me declarando pra ela na frente de seu tio.
Meu olhar encontrou o de Ji Woo e conseguia ver o brilho de alegria contagiante.
— Mesmo tentando ir devagar, o tempo ia passando e eu me apaixonando mais. Nunca fui de esconder o que sentia ou pensava, por isso tomei a coragem de pedi-la em namoro. — Percebo que não precisamos estar nos tocando para que meu corpo fique arrepiado.
Volto a encarar o senhor Hwang, que está tão surpreso e sem reação nenhuma.
— Prometo nunca quebrar o coração dela e nem mentir. Prometo cuida-la com gentileza e carinho. Prometo fazê-la sorrir mais nos dias felizes e dar o meu ombro nos dias tristes. — Digo com firmeza, sem vergonha de falar dos meus sentimentos.
— Aigoo... — Ele resmunga, passando a mão na barba e desviando o olhar para o chão. — Não era mesmo coisa da minha cabeça.
Dessa vez, sou eu que fico surpreso.
— O senhor está dizendo que sabia? — Perguntei, sem acreditar.
— Não, eu não sabia. Mas quando vi vocês dois juntos na festa, pensei no bonito casal que formavam. Não comentei nada por achar que não iriam se ver de novo. — Ele explica.
— Me perdoe por esconder isso, tio. Era uma situação muito delicada, não queria que criasse expectativas e se decepcionasse. Nem eu mesma sabia que chegaria onde estamos. — Ji Woo novamente pega nossas mãos e coloca em cima da bancada, entrelaçando.
Não me afasto como antes, pois não precisamos mais esconder. Eu adoro como as mãos se encaixam perfeitamente e parecem feitas para ficar juntas.
— Não fique chateado, senhor Hwang. Entenda nossos motivos. — Pedi, torcendo para que ele não tirasse nenhuma faca daquela coleção.
O mais velho suspirou, levantando novamente o olhar e nos encarando. Não conseguia acreditar que estava sorrindo.
— Como eu poderia fica chateado? Apenas um tolo não notaria a forma que se olham. Sei que minha sobrinha é uma mulher esforçada assim como sei que você tem caráter e vai cumprir sua promessa. — Falou, vindo até mim e estendendo a mão.
Fiquei de pé e me afastei de Ji Woo, indo apertar mão dele em cumprimento.
— Então, o senhor aprova? — Aquilo estava mesmo acontecendo.
— Sim, eu aprovo. Muito corajoso da sua parte aparecer aqui no começo do relacionamento, espero que isso signifique algo bom. — Diz, aquele mesmo sorriso gigante aparecendo. Ele olha para caixa do vinho e o presente na bancada.
Pego o presente e entrego pra ele, esperando que abra.
— Eu sei que o senhor é como um pai para Ji Woo, então escolhi esse presente com bastante carinho para meu sogro. — Me sentia aliviado.
— Ah não, Jinnie. Não acredito que você fez isso. — Ji Woo se estica para ver o presente, parecendo completamente feliz agora.
O senhor Hwang tira da caixa a edição de luxo dos jogos do Sonic.
— Ji me contou que o senhor jogava junto com seu irmão. Pensei que seria uma boa lembrança. — Percebo que ele nem pisca enquanto analisa. — Se um dia quiser me chamar para jogar, estarei disponível.
— Não sei o que dizer. — Fica sem jeito. — Muito obrigado, meu genro.
Fico achando que escutei errado até olhar para Ji Woo e vê-la emocionada.
— Estarei esperando o convite, sogro. — Digo, sentindo minhas bochechas arderem.
Quando o senhor Hwang guarda seu presente e começa a servir a mesa, me junto a ele para ajudar. São muitos pratos de acompanhamentos.
Pego o prato de Ji Woo e coloco os legumes, um pedaço de carne e o japchae pra ela.
Esse prato é um macarrão de batata doce, refogado com óleo de gergelim e molho shoyu. Entrego os hashis para minha namorada e me preparo para servir meu prato.
Sou novamente pego de surpresa quando meu sogro começa a colocar comida pra mim. É como um grande ato de respeito.
Aceito de bom grado e me sento no banco. Sirvo o vinho pra todos começamos a comer juntos.
Horas depois — antes de ir embora — quando Ji Woo está no banheiro, ele me pergunta.
— Acha que em algum momento vai amá-la? É isso que ela merece.
Não preciso pensar muito na resposta.
— Isso não vai demorar de acontecer. — Dou um sorriso, pois é a verdade.
🌑
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