𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐔𝐧𝐢𝐜𝐨
1822
- Está vindo, majestade mais força. - Pediu a criada.
A mulher gritou com toda força que tinha, apertando o lençol e abrindo sua boca, seu rosto estava suado e seu cabelo preso em um coque bagunçado, usava apenas uma camisola de dormir, que estava levantada, acima do quadril. E então finalmente sentiu o bebê sair de dentro dela e um alívio tomou conta de seu corpo, que desabou na cama.
- É um bebê perfeito. - A parteira disse, pegando o recém - nascido e dando um tapinha em suas costas.
- Deixa eu ver. - A mulher pediu ainda ofegante, seu coração se apertando ao vê-la segurar o recém-nascido.
Mas algo parecia estranho, seu bebê não estava se mexendo .
- Ele não está respirando. - A parteira falou esfregando o bebezinho que estava ficando cada vez mais roxo.
- Não, não. - A mãe chorou.
A empregada da rainha, que observava ao parto de longe, a encarou.
- Majestade, temos que agir rápido. - Lembrou-a.
A mulher só conseguiu assentir, seus olhos embaçados pelas lágrimas.
A empregada fez uma referência e saiu pela porta do quarto.
- Por favor, me dê ele, por favor. - A rainha pediu e a parteira colocou o bebê em seus braços.
A rainha nunca tinha visto algo mais bonito que seu filho, mesmo roxo e todo molinho.
- Por favor volte, por favor. - Chorou o abraçando com força .
Ela deu um beijinho na cabeça pequena. Seu maior e pior medo tinha se concretizado.
Seu bebê não havia nascido com vida e naquele momento só um milagre poderia salvar o reino.
- Me desculpe, me desculpe. - Fungou beijando o rostinho do bebê morto.
Quando seu marido, o rei, chegou dois dias depois da viagem que fez aí país vizinho Hawley, mandou que celebrassem uma festa em homenagem ao nascimento do seu filho herdeiro ao trono Joshua Thomas Kyle Beauchamp Terceiro.
𝐉𝐎𝐒𝐇 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏
Quase vinte anos depois....
A cortina foi aberta com força e o quarto clareou abruptamente me fazendo gemer de desgosto e me afundar na cama.
Bailey: Acorde, majestade. Está na hora!
- Sai daqui. — Reclamei jogando um dos milhares de travesseiros que tinha na cama.
Bailey: Vossa majestade tem que acompanhar seu pai no parlamento esta manhã.
Eu praguejei, lembrando do acordo que havia feito com o rei, meu pai.
Se fosse acompanhá-lo pela manhã no parlamento poderia tirar o resto do dia de folga.
Uma tarde inteira sem compromisso. Uma tarde inteira para ficar com ela.
Um sorriso nasceu no meu rosto e rapidamente me levantei da cama chutando o lençol.
- Em pouco tempo estarei pronto - Avisei a Bailey, meu guardião fiel.
Ele me encarou desconfiado, seus olhos pretos se estreitando, antes de relaxarem.
Bailey: Se não quiser aborrecer seu pai é melhor se apressar. Já deixei sua banheira pronta.
- Por isso você é o melhor - Falei tirando minha blusa de dormir.
Quando sai, Bailey havia escolhido uma roupa para mim. A calça era marrom e a farda verde com detalhes vermelho e amarelo, as cores da bandeira de meu país.
Coloquei-a por cima de uma blusa branca, as medalhas de honra que ganhei tintilando.
- Ah por favor, Bailey. Posso pentear meu cabelo, não sou mais criança - Falei quando ele pegou o pente.
Ele deu de ombros e o entregou para mim. Penteei meu cabelo para trás, tendo que colocar creme para ele ficar no seu devido lugar.
Muitas pessoas poderiam achar bom ter alguém que fizesse tudo, mas eu sinceramente odiava. Sempre senti que não havia nascido para o tipo de vida que levava, sempre cheio de regalias e luxo demais.
Era claro que gostava do conforto e das coisas boas que tinha, mas não sentia que aquele era meu lugar. E eu sabia o porquê disso. Essa vida nunca deixaria eu ficar com a garota que eu amava. Nunca.
- Vamos logo, não quero aborrecer meu pai – Disse ao terminar.
Bailey já abriu minha porta e saímos andando pelos corredores do palácio, levou várias centenas de passos para que chegássemos ao salão do café da manhã. Fiquei feliz por meus pais ainda não terem aparecido.
A mesa de doze lugares já estava posta e com um banquete em cima. Tinha bolos, pães, leite, suco, frutas e salgados.
Um criado puxou a cadeira e me sentei.
Um segundo depois meus pais chegaram e me levantei. Percebi que ele ficou satisfeito de me ver ali e comemorei aquela vitória por dentro.
Úrsula: Josh, meu filho. Dormiu bem? — Minha mãe era como eu. Ela não se importava muito com essas regras formais que tínhamos que seguir, pelo menos não quando estávamos só nós três, por isso se inclinou e beijou minha bochecha.
Ela usava um vestido verde musgo muito bonito e seus cabelos loiros que começavam a ficar mais grisalhos estavam presos em um coque. Meu pai era loiro e forte, suas roupas eram parecidas com a minha. Porém, nele ficava ainda mais imponente, junto com um colar de ouro que carregava o brasão da nossa família.
- Sim, mãe. - Respondi e ela tomou seu lugar do outro lado da mesa. Esperamos meu pai sentar para que pudéssemos sentar depois.
Ron: Podem servir o café da manhã. – O rei falou com sua voz forte, uma porta se abriu e me arrumei na cadeira sabendo que a veria.
Os criados entraram carregando várias bandejas com o nosso desjejum. Meus olhos focaram nela assim que a viram e meu coração se apertou.
O segredo secreto do príncipe Josh Beauchamp era que ele, eu, era totalmente apaixonado por Any Gabrielly, uma das criadas do Palácio Real.
Não lembro exatamente do dia que a conhecia, mas o que lembro é que desde sempre Any esteve ao meu lado.
No começo éramos crianças e brincávamos muito, Any de uma forma incomum sempre esteve mais próxima de nossa família tendo crescido no castelo, ela havia perdido a mãe no nascimento e seu pai ninguém sabia quem era.
Meus pais em um gesto de solidariedade aceitaram que ela continuasse no palácio sob cuidados de outra criada, que havia se tornado como uma mãe para ela.
Foi há um ano que tudo mudou eu tinha passado dois anos longe estudando no colégio de Del Seat. E quando eu voltei me vi totalmente pego pela mulher que ela havia se tornado.
Foi impossível não me apaixonar por ela.
Any no começo não queria, mas eu podia ver em seus olhos que ela sentia o mesmo por mim. Com muitos elogios e carinho, consegui que déssemos nosso primeiro beijo no jardim, onde sempre nos encontrávamos às escondidas. Desde então estávamos namorando, escondidos de tudo e todos.
Não entendia como havia sido capaz de levar isso em segredo por tanto tempo, mas eu aproveitava cada momento ao seu lado, com medo do que poderia acontecer quando o rei descobrisse.
Eu era alguém da realeza, alguém que seria rei um dia e conforme os costumes deveria me casar com alguma filha da nobreza. Minha única esperança era que meu pai me amasse o bastante para que aceitasse meu casamento com Any
Me doía vê-la daquele jeito, eu não a queria como criada. Eu queria ela como minha mulher ao meu lado.
Ela deixou a bandeja ao lado de minha mãe que sorriu gentilmente para ela Any fez uma reverência sem olhar para mim e saiu ficando ao lado junto com outra criada. Nesses momentos ela sempre tentava não olhar para mim, com medo de que alguém percebesse nosso envolvimento.
Eu suspirei ressentido.
Tentei comer alguma coisa, mas comi mais obrigado que tudo.
Eu sabia que tinha que tomar uma decisão e sabia que ela também esperava que eu tomasse. Mas eu sabia que meu pai não aceitaria nossa relação.
Então o que eu iria fazer?
Úrsula: Filho, está tudo bem? - Mamãe chamou minha atenção.
- Ah sim, tudo bem.
Ron: Espero que não invente mais uma doença para não me acompanhar hoje. - Falou.
– É claro que não faria isso, estou ansioso para discutir leis com o parlamento.
Escutei uma tossida e sabia que era de Any tentando segurar uma risada.
Meu pai a ignorou, felizmente.
Ron: Ótimo, então vamos. Já está na hora.
Ele se levantou e eu o segui. Antes de sair me virei e olhei para Any, cocei minha orelha esquerda, era nosso sinal para nos encontrarmos mais tarde.
Ela assentiu apenas com seus olhos. Eu amava nossas conversas silenciosas assim.
Percebi minha mãe se virando e encarando Any depois a mim, dei um sorriso sem graça para ela e fazendo uma cara desconfiada.
Opa. Acho que me preceptei, dei meu melhor sorriso inocente a ela.
Ron: Vamos, Joshua.– Falou impaciente e eu o segui.
Fomos juntos na sua carruagem e meu pai explicava tudo que eu precisava fazer. O parlamento estava cheio com os duques, viscondes e todos que faziam parte das decisões do Rei.
Sinceramente eu sempre achei uma palhaçada nós homens termos que decidir tudo.
Quem realmente merecia direito de voz, eram os pobres que sofriam não podiam escolher nada. Apenas aceitavam tudo o que nós ricos decidíamos.
Eu abri a sessão e aquele dia estava sendo discutido sobre plantações no interior, fiquei feliz de conhecer o assunto e pude contribuir com algumas ideias. Eu sabia que precisávamos modernizar nossa colheita e melhorar a logística para começarmos a distribuir para países mais distantes, assim melhorando nossa relação com outros que poderiam ser nossos aliados.
Ron: Você me surpreendeu hoje, Joshua. – Meu pai falou quando desci da carruagem ansioso para ir trocar de roupa e ir vê-la.
- Eu aprendi com o melhor, rei. - Ele sorriu parecendo satisfeito.
Ron: Não esqueci do seu dia de folga, mas a noite, quero que me encontre no meu escritório, precisamos conversar algo sério.
- Sobre o que?
Ron: Seu futuro. - O jeito que ele falou isso arrepiou meu braço.
Apenas assenti engolindo em seco, com medo de perguntar mais, pois o meu futuro era algo que me assustava.
Eu cresci sendo ensinado que um dia me tornaria rei, mas desde que eu e Any nos entregamos ao nosso amor, não queria mais isso.
Eu queria apenas ficar com ela.
Eu apenas consegui trocar de roupa, por outra menos formal e pedi que Bailey avisasse para preparar meu cavalo. Ele era o único de minha parte que sabia sobre meu envolvimento com Any e apesar de sempre parecer ter sido contra, nunca deu nenhum palpite sobre o assunto, apenas alertando que deveria ter cuidado.
Peguei meu cavalo e subi nele andando até nosso ponto de encontro. Ela estava de costas parada em uma árvore esperando por mim.
Usava seu capuz comprido azul marinho e segurava a cesta de lanches que levava para nosso piquenique. Desci do cavalo e fui andando até ela silenciosamente.
- Esperando alguém? – Falei fazendo-a pular de susto.
Any: Joshua! Você sempre faz isso e eu sempre me assusto - Sorriu para mim, seus olhos castanhos brilhando.
- Senti sua falta, minha princesa.
Any me abraçou com força, seu rosto enterrado no meu pescoço.
Any: Nós nos vimos esta manhã.
- Exatamente faz muito tempo.
Ela deu um risinho e pressionou seus lábios nos meus, porém antes que pudesse aprofundar nosso beijo, se afastou.
Any: Vamos, alguém pode chegar aqui.
Assenti e peguei em sua mão enquanto caminhávamos para o cavalo.
A ajudei a subir e fiquei atrás dela, Any segurou a cesta enquanto coloquei o cavalo para andar devagar.
Ela se apoiou em meu peito e beijei sua cabeça.
Any: Como foi no parlamento?
- Chato, odeio cada vez mais isso. Mas acho que desempenhei bem o papel de príncipe herdeiro, o rei pareceu ficar feliz.
Any assentiu em silêncio. Aquele assunto era tão delicado.
Ela era uma criada e eu um príncipe. Nossas vidas eram totalmente opostas uma da outra.
Como nossa relação poderia dar certo?
Chegamos à clareira que era nosso lugar de encontro.
Eu desci e peguei em sua cintura a ajudando a descer.
- Agora pode me dar meu beijo? - Ela sorriu e nos beijamos delicadamente. Nossas línguas se encontrando em um beijo suave.
Eu quebrei o beijo e peguei a cesta de sua mão carregando até o ponto que geralmente deixávamos, tirei a manta colocando em cima da grama curta.
Any: Eu trouxe um pouco do bolo que sobrou do café, percebi que você quase não comeu.
- Desculpe, estava pensando em outras coisas, mas obrigado querida.
Ela me estendeu o bolo e comi o pedaço inteiro, depois tirou um suco e uma rosca que eu amava.
Nós comemos juntos, nos beijando de vez em quando.
Quando acabamos, ela começou a guardar tudo, mas a puxei para mim, deitando com ela na manta.
Any sorriu beijando minha bochecha e acariciando meus cabelos. Ela sempre preferia eles bagunçados.
Tomei uma respiração profunda, sabendo que havia chegado a hora.
- Eu vou falar com meu pai sobre nós dois.
Suas mãos pararam de acariciar meus fios e ergueu o rosto me encarando.
Any: Você não pode, Josh. - Ofegou.
- Já passou da hora, eu preciso de você ao meu lado Any, quero que seja minha mulher. Sabe que me sinto horrível todos os dias ver você sendo tratada como uma criada qualquer quando é o amor da minha vida.
Seus olhos encheram de lágrimas e fiz carinho em seu rosto.
Any: Seu pai não vai aceitar nosso casamento.
- Então nós fugiremos.
Any: Você não pode abandonar tudo por mim. - Balançou a cabeça.
– É claro que posso, eu não ligo para esse trono.
Any: É claro que você liga, Josh. Você foi preparado para assumir seu lugar de direito, desde que nasceu.
- Isso mudou quando me apaixonei por você, Any. Eu quero ficar com você - Beijei seus lábios.
Ela fez carinho nos meus cabelos, em um silêncio reflexivo.
- Vamos lutar por nosso amor, por favor. Meu pai vai querer que eu seja feliz. Só o que te peço é uma chance para lutar por nosso amor, só isso.
Any suspirou se deitando na manta, eu me arrumei por cima dela, afastando meus cabelos do seu rosto.
- Eu amo você. – Declarei aquelas palavras que não cansava de dizer a ela.
Any: Eu também amo você - Deu um pequeno sorriso. E isso bastava para tudo.
A beijei com todo amor que tinha e guardava só para mim. Any correspondeu com a mesma intensidade.
Foi um beijo forte e profundo e durou longos minutos. Até eu não aguentar mais e começar a deslizar minha mão pelo corpo dela, pressionando mais ainda nossos corpos. Desci meus lábios por seu pescoço e o gemido que ela soltou vibrou meu corpo inteiro. Continuei descendo meus lábios até seu decote, minhas mãos deslizando por dentro de seu vestido.
Any: Josh, você sabe que não podemos. - Ofegou com dificuldade.
- Não sei, não. - Neguei sem querer parar.
Ela empurrou suavemente meu peito e isso bastou para eu parar, nunca forçaria nada a ela.
- Você não gostou do que fizemos da última vez?
Any: Você sabe que eu gostei, mas... sabe que não podemos repetir posso correr o risco de ficar grávida de ti.
- Eu acho que isso seria uma ideia maravilhosa. - Sorri pensando na imagem de um filho nosso. Uma menininha, com seus cabelos e seus olhos, seria linda assim como a mãe. E poderia mimar as duas a vida toda.
Any: É sério, Josh!
Eu suspirei.
- Nós não fizemos amor completamente, isso não vai deixá-la grávida. Você se lembra do que expliquei.
Ela assentiu timidamente.
Any: Eu só vou ficar grávida se você tirar minha virgindade totalmente.
Rosnei.
- Você não sabe o quanto sonho com isso, querida. Em fazê-la minha mulher.
Any: Mas devemos seguir a regra da Santa Igreja e fazer isso só depois do nosso casamento.
Eu suspirei, amava ela ser tão devota, mas às vezes isso me aborrecia. Porém, sabia que estava certa. Eu não podia ter um filho fora do casamento.
Nós ficamos algum tempo abraçados e trocando carinhos, apenas sentindo a presença um do outro.
Any: Está ficando tarde, devemos ir. - Ela quebrou o silêncio.
- Vou ter uma conversa com meu pai e depois mando um bilhete para nos encontrarmos e passar a boa notícia que terei. Tenho certeza que ele vai nos apoiar. - Sorri tentando passar uma confiança que não tinha.
Any assentiu calada beijando meus lábios. Eu a abracei com força, imaginando a vida maravilhosa que teríamos juntos.
Any desceu no mesmo ponto que a peguei. Dei um último beijo de despedida em seus lábios, o sol começava a se por e o céu estava em um tom lindo de roxo com laranjado. Prometi que a veria ainda esta noite para contar sobre como tudo tinha acontecido com meu pai e quem sabe poderia fazer um pedido formal.
Deixei o cavalo nos estábulos e Bailey me esperava.
Bailey: Seu pai o espera, majestade e perguntou onde estava.
- O que disse?
Bailey: Que foi passear de cavalo, mas tenho certeza que ele suspeita de algo mais. - Sspirei.
- Por favor, certifique-se de que ela chegou bem na cozinha, vou conversar com ele sobre isso.
Os olhos dele se arregalaram.
Bailey: Vais contar sobre Any?
- É claro, já está mais do que na hora, meu caro amigo. Em breve vamos ter um casamento por aqui. - Sorri dando um tapinha em suas costas e caminhei para a entrada do palácio feliz.
Era chegada a hora de lutar pelo meu amor.
Um dos guardas que ficavam de prontidão em seu escritório bateu na porta e me anunciou ao abri-la, eu entrei em seu escritório amplo. O rei estava sentado na mesa, escrevendo algo em papel, atrás dela havia uma parede, um quadro pintado de um artista renascentista.
Ron: Joshua, finalmente chegou. Tenho uma notícia maravilhosa para você.
- Eu também tenho pai.
Ron: Irá se casar.
- O que? Como o senhor adivinhou? - Meus olhos se arrepender
Ron: Uma carta do rei de Hawley acabou de chegar, ele está cobrando o tratado que fizemos vinte anos atrás. Sua mãe não falou com você?
- O que? Do que está falando? - Meu cenho se franziu.
Ele suspirou.
Ron: Você se lembra que há duas décadas passamos por um momento terrível, perdemos muitas plantações e tudo estava uma miséria, foi graças ao Rei Arthur que conseguimos salvar o país.
- Sim, eu sei sobre isso.
Ron: O que poucas pessoas sabem é que para o acordo ser feito eu tive que prometer, meu filho primogênito em casamento a única filha que ele teve.
Senti meu coração parar.
- Como assim?
Ron: A esposa de Arthur quase não conseguiu gerar filhos, já tinha uma idade avançada e nasceu apenas uma menina antes de você. Sua mãe estava grávida na época e torcíamos para que fosse um menino, assim o acordo poderia ser selado e nosso reino seria salvo. Ainda pouco chegou uma mensagem dele cobrando essa dívida.
- Isso só pode ser uma brincadeira.
Ron: É claro que não. Irá se casar com a Lady Alice eu a vi uma vez e é uma moça muito bonita, preparada para ser sua rainha consorte, tenho certeza que serão muito abençoados, com a Graça de Deus. Arthur não teve filhos homens então agora que está doente, o trono passará para seu primo distante e ele teme que sua filha sofra nas mãos dele. Eleasar é uma pessoa horrível.
Eu estava em choque demais para conseguir falar algo.
Ron: Em duas semanas se casarão. - Reforçou.
- Eu não vou me casar com ela. - Me levantei de uma vez, sentindo meu corpo tremer de raiva.
Não. Isso nunca. Eu seria só de uma mulher. Meu coração, meu corpo e minha alma já tinham dona.
Ron: É claro que vai!
- Não, o senhor não entende? Eu já sou noivo de outra.
Ron: O que?
- Any Gabrielly, eu prometi meu coração a ela pai, e vim aqui para pedir que abençoe nossa união.
Meu pai pareceu chocado por um momento, antes de soltar uma risada.
Ron: A criada? É claro que percebi que estava tendo algo com ela, filho. Porém, não imaginei que fosse se apaixonar. Josh, tem sangue real correndo em suas veias, você pode até se divertir com ela, mas irá se casar com alguém de sangue nobre assim como você.
Balancei a cabeça.
- Não, não vou aceitar isso jamais. O senhor não pode decidir assim minha vida.
Ron: Eu posso decidir a vida de cada pessoa desse país, eu sou o rei. Se eu falo que vai se casar com Lady Alice é porque vai se casar com ela. Ponto final. - Usou aquele tom de voz que odiava.
- Não vou e não vai me obrigar a isso. - Sai batendo a porta de seu escritório com força.
Eu estava possesso.
Como meu pai poderia me obrigar a isso?
Não. Nunca me casaria com outra mulher.
Seria somente de Any.
Era ela que eu amava e que sempre amaria na minha vida.
Eu sabia que só nos restava uma saída.
Rapidamente chamei um criado e pedi que ele comprasse duas passagens para a América. Era o único lugar que poderia viver com Any em paz, comecei a separar também um dinheiro que havia guardado e ouro em uma mochila.
Naquela noite não fui jantar com meus pais preferindo ficar no silêncio do meu quarto.
Tinha que sair tudo perfeito.
Uma batida na porta chamou minha atenção e um criado a abriu, minha mãe entrou em meu quarto para minha surpresa, era raro ela ir até ali.
Úrsula: Filho, porque não fostes jantar hoje
- Um criado trouxe minha comida aqui. - Respondi apenas.
Úrsula: Está se sentindo bem? - Tocou minha testa.
Respirei fundo.
- Não.
Úrsula: Está assim pelo casamento? Tenho certeza que irá gostar de Lady Alice Josh. Estou tão ansiosa por essa união.
- Eu não posso me casar com ela, não entende? Eu amo a Any, mãe sou apaixonado por ela e há quase um ano namoramos em segredo.
Minha mãe arfou colocando a mão em sua boca, horrorizada.
Úrsula: Mas Any... Any é...é..
- Eu sei, ela é uma criada. Mas eu não me importo com isso, você mesmo sempre a tratou diferente mãe, nós sempre fomos próximos desde a infância, como eu poderia não me apaixonar? Any é tão gentil com todos, educada e sempre se coloca em segundo lugar. Eu não vou deixá-la mãe nem que para isso eu tenha que deixar a coroa.
Úrsula: Ah meu Deus! Como pode dizer isso? Esse país depende de você, dias antes de seu nascimento seu casamento com Lady Alice já foi marcado. Ela é sua prometida.
- E como eu poderia saber? Vocês esconderam isso a minha vida toda? Eu nunca nem a vi. E se tivesse nascido uma menina, o que teriam feito? - Minha mãe pareceu ficar branca por um momento, antes de balançar a cabeça.
Úrsula: Seu pai achou que seria melhor assim, mas não entende os problemas que pode ocasionar? O Rei Arthur é muito influente e tem acordo com vários países vizinhos, ele pode se juntar com outros países e iniciar uma guerra.
Balancei a cabeça.
- Não, mãe. Pare! Não me peça isso, quando cada batida do meu coração meu amor por Any só cresce. Eu a quero como minha esposa, a senhora não consegue entender? Eu não posso dizer não a ela, não posso. - Chorei sentindo meus olhos encherem de lágrimas e meu peito doer como se tivesse sendo pisoteado.
Úrsula: Ah querido, eu sinto muito me perdoa. - Mamãe me abraçou e chorei abraçado a ela.
- A senhora não tem culpa de nada, mamãe, não é você que está me obrigando a casar com outra.
Ela suspirou.
Úrsula: As coisas vão dar certo, você vai ver. - Sorri assentindo, mas nós dois sabíamos que meu pai não voltaria de jeito nenhum em sua decisão.
Assim que ela saiu do quarto peguei a tinta escrevendo um rápido bilhete para Any
Hoje é uma boa noite para ver as estrelas, sabia que entenderia meu recado e me encontraria no jardim.
O dobrei e pedi para o guarda chamar Bailey.
Ele não gostava, mas sendo uma ordem do príncipe sempre levava meus bilhetes para Any.
Bailey: Sinto muito, majestade, seu pai me proibiu de levar qualquer mensagem sua.
- O que? - Arfei.
Bailey: Eu não posso perder meu emprego, minha esposa Joalin está grávida de novo e temos nossos outros cinco filhos para cuidar. Lamento. - Ele disse saindo do quarto, me deixando parado em choque.
Eu rosnei amassando o papel em minha mão.
Andei de um lado para o outro no quarto, tentando achar uma solução, mas sabia que se eu quisesse ficar com Any só havia um jeito de fazer isso acontecer.
𝐀𝐍𝐘 𝐆𝐀𝐁𝐑𝐈𝐄𝐋𝐋𝐘
Eu estava na minha pequena bolha feliz.
Era assim que sempre ficava depois de passar a tarde com Josh.
Como eu amava meu príncipe.
Mas estava tão apreensiva com o que iria acontecer.
Será que ele finalmente havia conversado com seu pai?
Eu sabia que era quase impossível o rei Ron aceitar minha união com o seu filho, mas uma partezinha minha, uma bem pequenininha, tinha esperança. E essa partezinha estava fazendo meu coração bater forte desde a última vez que nos vimos.
A todo momento que entrava gente na cozinha, eu imaginava se era ele chegando dizendo que seu pai tinha aceitado tudo e agora eu ficaria ao seu lado para sempre.
Mas não foi assim.
Estava ajudando a polir a louça quando a governanta e o chefe de cozinha chegaram.
Mordomo: Atenção todos. - Bateu o sininho e imediatamente paramos o que fazia, fazendo-se silêncio. - As folgas de todos estão suspensas e vamos contratar mais gente para trabalhar. O príncipe vai se casar em duas semanas e temos muito o que fazer.
Meu coração parou e arfei alto, enquanto todos murmuravam.
Por que Josh ainda não tinha me chamado? Ele não iria nem ao menos me fazer um pedido?
Era demais querer isso, mas o importante é que nos casaríamos.
Eu engoli com dificuldade, queria chorar de felicidade, mas ainda não podia.
Mordomo: Silêncio! Depois de amanhã a família de sua noiva vai chegar e o rei quer que preparemos um banquete.
- O que? - Minha voz saiu alta e forte fazendo todos me olharem.
Corei.
Mordomo: O rei de Arthur está vindo com sua filha Lady Alice, ela é a prometida do príncipe desde que nasceu. - Respondeu.
Meu corpo começou a tremer.
A governanta e o chefe começaram a falar, mas eu já não conseguia entender mais nada do que eles diziam.
Josh tinha uma prometida.
Josh era noivo de uma mulher desde seu nascimento.
Seria melhor se uma faca tivesse atingido cada canto do meu corpo.
Ele nunca foi meu. Como ele pode me trair assim?
Como pode?
Sue: Any, você está bem? - Minha madrinha perguntou. Ela era como uma mãe para mim, cuidou de mim desde quando era pequena, sempre esteve ao meu lado.
Era a única que sabia do meu segredo.
Eu apenas consegui balançar a cabeça.
Sue: Eu sinto muito querida, vá para o quarto. Eu falo que passou mal.
- Obrigada. - Consegui dizer com lágrimas nos olhos.
Levantei a saia do meu vestido e corri dali com as vistas embaçada.
O choro rompeu meu peito, o corredor dos criados estava vazio e abri a porta do quarto com força.
Um grito de dor rompeu do meu peito e não aguentei. Cair ao chão chorando e chorando.
Deixei aquele buraco no meu peito me engolir.
Esperei Josh vim atrás de mim, dizer que era tudo mentira, que nós ficaríamos para sempre juntos, porém não aconteceu.
Não sei quanto tempo passou. Nunca fiquei tão feliz como aquele dia por ter um quarto só para mim. Escutei os criados indo para seus quartos e uma batida na porta.
Sue: Any, querida. — Era Sue.
Mas eu continuei em silêncio sem ser capaz de me mover.
Fechei os olhos com força e consegui me lembrar do momento que eu e Josh demos nosso primeiro beijo. Eu tinha lutado muito com esse sentimento que sentia por ele, sabia que poderia me machucar, mas ele era tão galanteador e bonito. Pelo menos uma vez quis senti. Estávamos no jardim de sua mãe, o cheiro de rosas preenchia o lugar. Ele havia colocado uma rosa em minha orelha, sua mão afagando seu rosto e a próxima coisa que senti foi seus lábios nos meus.
Aquela era uma das lembranças mais feliz que tinha, mas agora estava manchada pela dor e decepção.
Abracei o travesseiro chorando.
Como pude acreditar em suas promessas falsas?
Escutei passos pesados e uma luz fraca debaixo da porta.
Eram duas pessoas ali.
Uma batida soou e não me mexi. Escutei barulhos de chaves e abriram minha porta.
Úrsula: Any, sou eu. - Uma voz soou minha atenção e imediatamente me levantei da cama limpando minhas lágrimas e fungando.
- Majestade - Fiz uma reverência a ela. Vi um guarda atrás dela segurando um molho de chaves.
Úrsula: Não, por favor. Ela levantou seus braços e fechou a porta atrás de si.
Ela se aproximou da minha cama.
Úrsula: Posso me sentar?
– É claro. - Falei passando a mão no lençol da cama - Eu... eu aconteceu alguma coisa?
Úrsula: Josh me contou que vocês têm se encontrado, é verdade?
Só consegui assentir.
Úrsula: O que sente por meu filho?
- Eu o amo. - Respondi sem hesitar. - Mas agora eu sei que ele só estava brincando comigo, foi tudo mentira para ele. - Não consegui terminar de falar começando a chorar de novo.
Cai sentada ao lado dela deixando o choro me dominar, para minha surpresa seus braços me envolveram delicadamente e a rainha afagou minhas costas.
Sempre gostava de estar com ela. Era tão generosa e caridosa com todo mundo.
Úrsula: Pode chorar querida, mas tem que saber de uma coisa.
Eu funguei limpando minhas lágrimas e a olhando.
Úrsula: Josh não sabia desse casamento, isso foi combinado antes dele nascer.
Eu arfei surpresa.
Úrsula: O nascimento dele salvou nosso reino, Any... Eu... eu..
- Isso não importa majestade, meu Deus o que estou fazendo! - Limpei minhas lágrimas - Essa relação já estava fadada ao fracasso desde o começo, eu nunca vou ser alguém digna de estar com um príncipe.
Úrsula: Não, por favor não diga isso.
- É verdade, eu não nasci em berço de ouro, eu sou só uma criada. Vossa majestade nem deveria estar aqui.
Ela suspirou me observando parecendo lutar com alguma coisa internamente, por fim ela se levantou.
Úrsula: Às vezes quando se é um rei ou rainha, temos que abrir mão de nossa própria felicidade para o bem da sociedade.
- Eu não entendo, o que quer dizer?
Úrsula: Mas um dia vai entender, Any. Eu sinto muito por tudo, mas sabia que antes de eu ser uma rainha.. eu... eu sou sua amiga, quando precisar pode contar comigo.
- Obrigada majestade. - Foi só o que consegui dizer antes de ela sair.
Assim que fiquei sozinha de novo, me senti ainda mais confusa, com aquela estranha visita da rainha.
Por que ela tinha ido me ver?
Eu preparei um banho rápido para mim e vesti minha camisola de dormir. Assim que me deitei novamente na cama, lágrimas surgiram em meus olhos.
Não sei quanto tempo passou, mas me levantei assustada com a porta se abrindo, só naquele momento lembrei de que não a havia trancado.
Josh: Desculpe, não queria assustá-la.
- Josh! O que faz aqui?
Ele colocou o castiçal que segurava em cima da única cômoda que tinha e se aproximou de mim ainda deitada na cama.
Josh: Eu precisava vê-la Any. Você já sabe, não sabe?
Meus olhos se encheram de lágrimas.
Josh: Ah querida! Não chore, por favor.
- Você é prometido a outra Josh, você nunca foi meu.
Ele se sentou na cama, pegando minhas mãos.
Josh: Eu sempre fui e sempre vou ser seu, enquanto eu viver.
- Não, não foi. Tens uma prometida.
Josh: Any, eu não quero nenhuma vida se você não estiver do meu lado entende isso?
Balancei a cabeça, ele suspirou.
Josh: Fuja daqui comigo, meu amor. Vamos embora daqui para as Américas.
Eu arfei.
- Não podemos Josh, você não pode.
Josh: É minha vida. Eu escolho a forma como vamos viver. Eu te amo, eu te amo. - Ele disse me beijando.
Eu não aguentei o puxei para mim e beijei seus lábios com força, seu corpo cobrindo o meu.
Naquele momento tomei uma decisão, sabia que não deveríamos estar fazendo isso. Mas eu precisava ter aquela pequena recordação para carregar por toda vida.
- Eu também amo você, Josh. - Falei puxando mais para próximo de mim, senti seu corpo todo em cima do meu.
Josh: Any.. não podemos...
- Não para, por favor. Me faça sua mulher, Josh. - Pedi. - Não quero esperar mais.
Era verdade.
Se aquela fosse a última vez que nos veríamos queria guardar para sempre, aquele momento em minha memória.
Percebi que ele estava hesitante, pensando demais e o puxei pela nuca beijando seus lábios.
- Por favor. - Sussurrei descendo minha mão por seu peito.
Os olhos dele se estreitaram e ele deixou que tirasse sua blusa. Seus lábios colocaram nos meus em seguida e meu corpo todo esquentou. Minhas mãos percorreram suas costas, sua pele quente.
Ele me beijou com desejo, depois deslizou seus lábios pelo meu pescoço, sua mão descendo para minhas pernas e subindo por dentro da camisola.
Joeh a puxou do meu corpo e fiquei totalmente nua. Agradeci pela luz fraca do castiçal, mesmo assim ele ainda podia me ver.
Ele também retirou o resto de suas roupas e o que fizemos foi muito mais do que achei que seria um dia.
Podia sentir o amor dele por mim em cada beijo, toque, olhar e sussurro apaixonado. Meu corpo foi preenchido pelo dele e nos tornamos um só.
Nossas mãos se entrelaçaram, eu sabia que seja lá o que fosse acontecer em minha vida, eu nunca seria capaz de fazer isso com outra pessoa.
Eu sempre amaria ele.
Meu homem e meu príncipe.
Quando o ápice do prazer nos atingiu, ele não saiu de dentro de mim.
Continuamos abraçados e juntos, como um só.
Josh: Eu te amo, Any. Não quero viver nenhuma outra vida se não tiver ao meu lado. Você que é a prometida do meu coração, se me casar com outra eu nunca conseguirei ser feliz.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
Josh: Por favor, fuja comigo daqui. Vamos construir uma vida juntos, só nós dois. Eu só preciso disso. - Acariciou meu rosto como fez desde quando demos nosso primeiro beijo e como sempre fazia.
- Tudo bem. - Concordei.
Alívio tomou conta de seu rosto e ele sorriu largamente me abraçando e beijando em vários lugares do meu rosto.
Eu ri baixinho feliz.
Ele me soltou e se levantou começando a vestir suas roupas.
Josh: Me encontre no porto, ainda antes do sol nascer. Você consegue sair daqui sem minha ajuda?
Apenas assenti.
Josh: Promete para mim que vai está lá, Any?
- Eu prometo.
Eu não poderia abandoná-lo, não depois de tudo.
- Promete para mim que não irá se arrepender?
Josh: Eu nunca poderia me arrepender de escolher você, eu te amo.
- Eu também amo você.
Nós nos beijamos de novo e Josh finalmente saiu do quarto. Assim que ele saiu vesti minha camisola e peguei uma bolsa de couro que tinha.
Não podia levar um baú, arrumei só o básico, algumas roupas e um pouco de dinheiro que tinha guardado.
Depois troquei minha roupa, por um dos melhores vestidos que tinha. Prendendo meu cabelo em uma trança.
Alguns criados começaram a acordar, mas era cedo ainda. Estava escuro. Ele sempre se levantavam cedo para começar a preparar o banquete para o desjejum.
Imaginei como seria quando o rei a rainha percebessem que Josh não estaria mais ali.
Prometi em meu coração fazer o filho deles muito feliz e quem sabe no futuro a gente poderia escrever uma carta para Úrsula. Não queria que ela ficasse preocupada.
Eu saí pelo corredor em silêncio, caminhando para a entrada dos fundos do castelo.
Havia sempre uma carruagem que poderíamos usar, se acontecesse alguma emergência e precisássemos correr para a cidade.
Dois cocheiros sempre ficavam de prontidão.
- Senhor. - Chamei suavemente.
Cocheiro: Oi. - Ele acordou assustado.
- Preciso que me leve para a cidade, preciso comprar algumas coisas para o café da manhã do rei.
Ele assentiu imediatamente e estava perto de entrar, euando senti uma mão em meu braço.
Soldado: Any Gabrielly?
Eu me virei para o homem, era um dos soldados pessoais do rei.
- S-sim. - Gaguejei.
Soldado: O rei deseja vê-la - Ele disse e eu sabia que deveria largar tudo para ir até ele.
Apenas assenti.
Fui escoltada até seu escritório.
O homem bateu na porta e a abriu, me empurrando para dentro. Ele caminhou até o rei e cochichou algo, antes de sair de novo, me deixando sozinha.
Eu nunca estive ali no escritório do rei e me senti pequena com toda a elegância do lugar. Rei Ron estava em sua mesa, usava roupas simples e confortáveis, mas com seu colar grande de ouro.
Ron: Any Gabrielly, onde estava indo a esta hora?
- Eu... eu.
Ele se levantou.
Ron: Pretendia fugir com meu filho, é isto? Acha que não sei que ele saiu agora a pouco levando alguns pertences. Diga-me, onde ele está? - Exigiu saber bravo.
- E-eu n-não sei. - Gaguejei.
Ron: Mentira. Meu filho me contou que vocês estavam se vendo, sinto muito pelas promessas que ele fez a senhorita, mas não poderão ser cumpridas. - Lágrimas caíram para meus olhos, meus sonhos
- Eu... eu o amo. Sussurrei - Sei que ele me ama também.
O rei balançou a cabeça.
Ron: Se você o ama de verdade, tem que abrir mão dele. Acha mesmo que Josh não irá passar todos os dias de sua vida se arrependendo de ter fugido com você? Ele nasceu para ser rei, foi preparado a vida toda para isso e governar significa às vezes abrir mão de nossas escolhas e até de ser feliz. Josh vai se casar com alguém da linhagem dele, uma lady. Se o ama de verdade deve ir embora daqui e sem ele. O reino todo depende desse casamento e ele vai acontecer.
- Co-como? - Arfei me vendo totalmente sem saída e sabendo que quebraria a promessa que fiz ao meu amor.
𝐉𝐎𝐒𝐇 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏
Eu encarava a lua cheia no céu, azul escuro. Nuvens começavam a se dissipar, o sol logo mais iria despontar.
O navio estava ancorado no mar esperando os passageiros, a vela estava alta, algumas luzes podiam ser vistas de quatro janelas pequenas. O criado tinha conseguido um quarto para mim e Any no navio, usando nomes falsos.
Olhei para as carruagens que chegavam esperando que fosse Any, ela já deveria estar chegando. Estava tão nervoso e só conseguia relaxar quando estivesse em alto mar, seguro com ela, bem longe daqui.
Não conseguia parar de repensar em tudo que vivemos, de ter feito amor com ela.
Tinha sido muito melhor do que achei que um dia seria.
Escutei o barulho de uma carruagem e vi que era a dos criados do castelo. Um sorriso nasceu no meu rosto ela tinha vindo.
Any tinha cumprido sua promessa.
Nós iríamos viver juntos. Caminhei até ela, ainda usando o capuz, tinha medo que alguém me reconhecesse. Abri a porta para ela e estendi a mão.
Mas ao contrário dela colocar a mão na minha, fui puxando para dentro e a porta se fechou.
Ron: Achou mesmo que iria fugir assim Joshua?
- Pai? - Arfei.
Ele balançou a cabeça.
Ron: Não sabe o quanto sua desobediência me decepcionou, Joshua.
- Onde ela está? O que fez com Any?
Ron: Nada, ela foi embora por livre e espontânea vontade.
- Não, não
Ron: Aqui, ela pediu que entregasse isso a você.
Peguei o papel com minhas mãos trêmulas e o abri, limpei meus olhos para enxergar a letra engarrachada de Any. Era uma das poucas criadas que sabia ler e escrever.
"Quem dera se vivêssemos em um cinto de fadas, quem dera nossa história pudesse ter um final feliz. Mas desde o princípio nós dois sabíamos que nosso amor era proibido. Você é o príncipe e eu apenas uma criada. Eu sei que me amou e eu também te amei, com todo meu coração. Porém, você já teve seu destino traçado e precisa cumprir a promessa com o seu reino, as pessoas precisam disso. Não vou ser a culpada da destruição da coroa e de uma guerra. Fique bem e seja feliz, abra seu coração para o amor novamente. Sua para sempre AG."
Ron: Any é uma mulher mais inteligente do que pensei, isso tenho que reconhecer.
- Onde ela está? Por favor me diz, onde a colocou? - Implorei.
Ron: Para você ir até ela? Não se preocupe, ela vai ficar bem e cuidarei dela, prometo isso a você, desde que se case com lady Alice e cumpra para que esse seja real.
Meu coração se massacrou. Como poderia prometer isso? Como poderia prometer amar outra mulher na frente do Bispo?
- Prometa para mim, que ela vai ter tudo que precisa, que não vai nunca passar nenhuma necessidade, prometa assegurar isso o senhor mesmo em pessoa, se for preciso .- Pedi com os olhos lacrimejando.
Ron: Eu prometo.
- Então eu vou fazer o que quiser que eu faça, pai. Serei um filho obediente, o futuro herdeiro do trono perfeito, mas não pense nem por um minuto que estarei feliz com isso.
Ron: Você um dia irá me agradecer por isso.
Eu balancei a cabeça e amassei o papel em minha mão.
Ela tinha me traído, traído nossa promessa de fugirmos juntos, porém eu sabia que nunca conseguiria trair o amor que sentia por ela.
Duas semanas depois..
Noah: Você não deveria está ao menos sorrindo, primo? - Falou parando ao meu lado
Eu suspirei desgosto de ter sido descoberto.
E por que sorriria? - Se meu coração sangrava.
Noah: Irá se casar daqui dois dias com uma lady formidável, não deveria estar dançando com ela?
- Se quer, dance você mesmo com ela.
Ele pareceu surpreso com meu tom rude. Eu suspirei.
- Sabe muito bem que nunca quis este casamento Noah.
Noah: Não entendo como pode preferir uma criada a uma lady.
- Amor não tem nada a ver com status. Eu não amo uma posição, eu amo uma pessoa. Por mim eu renunciava agora mesmo meu título e poderia ficar com tudo, com o trono, as riquezas e minha noiva.
Ele abriu a boca chocado.
Noah: Confesso que disso tudo o que mais me atrai é sua noiva, mil perdões Josh, mas será muito sortudo quando a tiver inteiramente para si.
Eu escutei sua risada e levantei o rosto encontrando Alice no salão, ela estava rindo conversando com minha mãe e a mãe de Noah
Alice era realmente bonita, um pouco faladeira demais e petulante. Sempre fazendo perguntas atrevidas, podia enxergá-la como uma amiga, mas não senti um pingo de atração por ela. E ficava enjoado só em pensar no que teria que fazer em nossas noites de núpcias.
A festa acabou e me retirei do salão, ignorando o chamado de meu pai. Eu não aguentava mais aquilo.
Cheguei em meu quarto tirando a roupa que usava, parecia que ia sufocar.
Não conseguir dormir aquela noite e sai para a varanda.
Úrsula: Josh querido, o que faz aqui? — Levantei o rosto assustado e funguei com força.
- Meu coração dói, eu não aguento mãe.
Úrsula: O que aconteceu? Se machucou?
Eu chorei balançando a cabeça.
- Eu não consigo me casar, com Alice. Não consigo - Funguei. - Cada célula do meu corpo grita por Any Gabrielly, eu sinto falta dela, a cada maldita respiração a cada piscar dos meus olhos. Eu a amo, mãe. Eu a amo. Não posso prometer meu amor e fidelidade a outra, se a única que quero é ela.
Úrsula: Ah Josh! - Seus olhos brilharam de lágrimas. - Eu não achei que a amasse tanto assim. Isso é tudo culpa minha.
- É claro que não, que culpa tem de eu ter nascido homem e ser obrigado a casar?
Com isso minha mãe fungou com mais força e isso foi estranho, nesses anos todos eu nunca tinha visto chorar.
Úrsula: Josh, eu vou fazer uma coisa e pode ser que nunca mais nos vemos. - Mamãe chorou.
Meu cenho se franziu.
- Como assim? O que vai fazer?
Úrsula: Nunca duvide que é meu filho, nunca. Eu te amo e sempre vou estar com você - Ela beijou meu rosto e se levantou.
Eu estava perplexo demais com suas palavras para tentar entender o que dizia e apenas a deixei ir.
Olhei para o céu estrelado.
Será que Any também observava a noite? A lua e as estrelas e pensava em mim?
𝐔́𝐑𝐒𝐔𝐋𝐀 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐕𝐇𝐀𝐌𝐏
Eu limpei minhas lágrimas antes de me aproximar da porta.
Minhas mãos tremiam.
Depois de quase vinte anos, a verdade viria à tona.
Eu sabia que perderia meu marido por isso, Ron nunca me perdoaria pelo o que eu havia feito, mas principalmente pela mentira que fui obrigada a esconder dele.
O guarda ao me ver bateu na porta e a abriu.
Meu marido estava sentado na mesa mexendo em alguns papéis.
Ele levantou o rosto ao me ver.
Ron: Úrsula, querida, o que faz aqui?
- Josh, não pode se casar com Lady Alice. — Fui direta ao ponto, não tinha mais motivos para adiar.
Ele soltou a pena que segurava e me encarou.
- Eu acabei de encontrá-lo, ele está desolado Ron, chorando e chorando. Ele ama Any , não podemos decretar o destino dele assim.
Ron: Achei que tínhamos chegado a um acordo, você tinha concordado que o melhor era separá-los.
Funguei.
- Eu achei que era, achei que eles ficariam bem. Mas nenhum dos dois estão bem, Josh não deu um sorriso sincero desde que ela foi embora, emagreceu e perdeu o brilho no olhar e Any também mal está saindo do quarto.
Ron: Como sabe sobre ela?
- Josh me contou e quando vi que ela havia ido embora daqui, consegui descobrir onde a colocou. Escrevi um bilhete para a governanta de nossa casa em La Push e ontem chegou, ela disse que Any mal tem se alimentado e se continuar assim tema que ela não resista muito.
Ron: Ela é só uma criada, Úrsula. Josh vai superar isso.
- Ela não é só uma criada, ela é nossa filha. - Falei de uma vez.
Os olhos dele se arregalaram.
Eu funguei com força, engolindo o nó na garganta.
- Eu dei a luz a uma menina, Any. Ela nasceu sem respirar e pensamos que estivesse morta. Sue saiu para pegar um menino que havia nascido no dia anterior e sua mãe morreu no parto. Eu não sei como um milagre talvez, nossa filha respirou e começou a chorar. Porém, era tarde demais nós já havíamos trocado os bebês e mais criados começaram a acordar. Fiz Sue prometer que cuidaria de Any aqui no castelo como se fosse filha dela e que ninguém poderia saber.
Ron: O que? O que estás a dizer?
- Josh não é nosso filho legítimo, Any Gabrielly é nossa filha de sangue.
Ron caiu na cadeira chocado.
- Eu sinto muito... as nossas vidas estavam dependendo de um bebê homem, eu me sentia tão pressionada por todos para que tivesse um filho. As pessoas estavam morrendo de fome, eu não sabia o que fazer. Eu... eu estava planejando com Sue que se nascesse uma menina, eu usaria aquele bebê e diria que tive gêmeos. Mas nossa filha nasceu morta, eu pensei que não resistiria então sabia que era um sinal que deveria usar aquele menino para salvar o povo. Eu era uma mãe sem filho e ele era um filho sem mãe. Mas nossa filha respirou e eu eu...
Sem aguentar mais, Úrsula não conseguiu falar chorando sem parar, o peso daquela mentira que carregou por tantos anos.
Ron respirou fundo por um longo momento e se sentou novamente em sua cadeira.
Ron: Eu sabia.
- O que?
Ron: Eu sempre soube que Josh não era nosso filho de verdade.
- Como você sabia? - Arfei.
Ron: Eu soube assim que cheguei e o vi em seus braços, eu pude enxergar em seus olhos uma pontada de tristeza, mas eu imaginei que nosso bebê tinha morrido no parto.
- Ele nasceu, mas por algum acaso do destino, algum milagre não sei, ela voltou a viver.
Ron: Eu nunca pude imaginar que... que... ela tenha estado vivo esse tempo todo e ainda bem debaixo do meu nariz.
- Eu sinto muito... eu... eu
Ron: Você mentiu e manipulou esse tempo todo, Úrsula. Percebe a gravidade do que fez?
Eu assenti muda.
- Eu entendo, se quiser me colocar na forca eu vou, só por favor não os deixe serem infelizes.
Ele se levantou assustado.
Ron: Está louca? Acha que enforcaria você, minha mulher?
Eu apenas fiquei em silêncio, olhando para baixo.
Ron suspirou e se aproximou de mim. Seus dedos tocaram meu rosto suavemente.
Ron: Eu entendo seu desespero. Eu entendo que estava pressionada, eu também estava e implorava todas as vezes que aquele bebê que esperava fosse um menino.
Eu arfei.
Para minha surpresa ele me abraçou e eu chorei ainda mais, abraçando com força meu marido. Feliz por ele ter entendido tudo.
Ron: Está tudo bem, minha querida. Está tudo bem - Beijou minha testa lentamente.
O empurrei limpando minhas lágrimas.
- Nada está bem. O que vamos fazer? Não podemos deixar nossos dois filhos levarem uma vida infeliz, eu não vou suportar saber que eles estão sofrendo, Ron.
Ron: Não posso fazer nada, o tratado já foi feito. Lady Alice deve se casar com alguém da família real. Quem sou eu para mudar isso?
Eu respirei fundo e o encarei seriamente.
- Eu achei que fosse o rei.
𝐉𝐎𝐒𝐇 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏
Úrsula: Está preparado filho? - Minha mãe disse quando nos ajeitamos para entrar.
Eu neguei com a cabeça.
Úrsula: Coloque um sorriso no seu rosto, querido. Prometo que será muito feliz.
- Como poderei ser, se nunca mais verei a mulher que amo?
Úrsula: A vida pode te surpreender – Ela sussurrou.
Eu congelei quando as portas da catedral se abriram e uma marcha começou a tocar.
Eu entrei com minha mãe, todos tinham se levantando. Não sei como conseguir chegar até o altar, não estava enxergar nada e minhas pernas estavam bambas. Olhei para a cruz pendurada na igreja com a imagem de Jesus Cristo e implorei que ele realizasse um milagre para que aquele casamento não acontecesse. Que eu tivesse mais tempo para encontrar uma saída.
Mas isso não aconteceu. Minha mãe me deixou sozinho no altar, a marcha mudou e vi Alice surgir na entrada da Igreja.
Meu cenho se franziu quando a vi caminhar lentamente até mim, estranhei que ela estivesse sozinha. Onde estava seu pai?
Seu vestido era muito bonito e mesmo que um véu espesso me impedisse de ver seu rosto, algo nela era estranhamente familiar.
Percebi alguns murmúrios ao redor também.
Ela finalmente parou e dei três passos me aproximando dela, levantei seu véu como deveria fazer.
Meu coração parou e dei um passo para trás assustado.
Esperei gritos, esperei que alguém entrasse correndo na Igreja, dizendo que aquele casamento não poderia acontecer.
Quando nada aconteceu, finalmente me recompus e fiz o que devia estar fazendo: fingi que não havia nada de anormal.
A noiva que estava ali não era quem eu esperava, mas era quem eu precisava.
Era Any. A minha Any.
Ela estava de noiva na minha frente, prestes a se casar comigo.
Meu pai saiu de seu lugar e caminhou até mim, para minha surpresa ele caminhou até Any e pegou em sua mão, depois estendeu a outra para mim, coloquei minha mão na dele e ele uniu nossas mãos.
Ron: Esse casamento será abençoado pelo Rei - Falou.
Os guardas bateram o cajado no chão, três vezes.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Um sorriso lindo nasceu em seu rosto banhado por suas próprias lágrimas também.
Não importava como, nem porque, apenas que ela estava ali vestida de noiva em minha frente, prestes a se casar comigo.
Peguei a mão de Any e me virei para o Bispo, vendo rapidamente Alice e Noah lado a lado, no banco da frente como não os tinha notados ali?
Entrelacei meus dedos nos de Any e nos viramos para o celebrante, ambos sorrindo e felizes de repente só conseguia sentir como tudo daria certo em nossas vidas.
Eu estava casando com a prometida do meu coração e seríamos felizes para sempre.
𝐅𝐢𝐦.
O que acharam?
Mais uma one concluída. ✓
Espero que tenham gostado, até a próxima!
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