𝐒𝐔𝐁𝐖𝐀𝐘
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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐍𝐈𝐍𝐄
𝐒𝐔𝐁𝐖𝐀𝐘
⛈︎彡 𝐂𝐢𝐧𝐜𝐨 𝐇𝐚𝐫𝐠𝐫𝐞𝐞𝐯𝐞𝐬.
DEPOIS DO DESASTRE COMPLETO em família com inclusão de vômitos, poderes e o cheiro podre do kumbucha do Klaus, a escuridão da noite finalmente surgiu.
O mau cheiro ainda permanecia, apesar de que, agora, com os vidros abertos, ele não incomodasse tanto. A noite melancólica parecia combinar com a estrada que reaparecia a nossa frente em cada instante.
Eu estava ansioso, mesmo que não houvesse motivos. Diego, ao meu lado, parecia lutar contra o sono, já que dirigia há horas. Ao contrário deles, todos nos bancos de trás pareciam dormir de uma forma profunda, e pude invejar isso.
— Sente falta dela? — Diego perguntou. Os olhos focados na estrada, mas interessado no novo assunto.
Quando se referiu dela, eu sabia que falava de Celly.
— Todos os dias. — Eu fui sincero. Me acomodei no assento, soltando uma lufada baixa de ar.
— Nunca cogitou... ficar com outra pessoa? — Ele perguntou. Dessa vez, Diego me olhou. Seus olhos com receio de falar algo errado. — Quero dizer... eu sei que é difícil aceitar, mas ela... bem, ela não está mais aqui. Ao menos não a versão com que crescemos.
Eu pensei um pouco. Era óbvio que eu encontrava mulheres bonitas às vezes, ou então mulheres minimamente interessantes. Entretanto, eu as olhava pensando nela. Era sempre ela. Celly ocupava a maior parte dos espaços da minha mente.
— Eu não entendo porquê vocês superaram a morte dela de uma maneira tão fácil. — A palavra "morte" sair da minha boca foi como uma facada.
— Não é que superamos, Cinco. Só... aceitamos que estamos presos no mundo que o papai nos colocou.
— Eu sei. — Eu respondi, focando meus olhos na janela. Alguns segundos se passaram, enquanto eu admirava as árvores e vegetações passando e passando por nós incessantemente. — Ela foi única. — Eu engoli em seco. Não olhei para Diego, mas senti que ele colocou os olhos em mim. — Ela foi o meu primeiro amor. É... diferente de você, Diego. Você se dava bem com as garotas na nossa idade, mas eu não tinha interesse nelas. Quando, bem, eu percebi que Celly era, além de super inteligente, bonita, e muito... incrível... — eu sorri, me lembrando dela. — ... eu aceitei que amava ela bem mais que amigos. Depois, fui para o futuro, fiquei sem ninguém. Mas foi incrível como nenhum dia eu parei de pensar nela. Eu só queria voltar. Porque eu sabia que ela me apoiaria. Eu sabia que ela estaria ali para ouvir cada dia que eu passei sozinho. E, que se não fosse de uma forma amorosa, eu sabia que ela continuaria sendo minha amiga.
Diego parecia parar de olhar a estrada para prestar atenção em mim. De repente, as árvores pararam de ser vistas com admiração. Ela estava morta. Não existia. Continuei:
— E, vai por mim, quando eu voltei e percebi que ela estava me tratando como me tratava antes... quando percebi que ela ainda me olhava daquele jeito, toda esperança que eu tive no futuro, pareceu se multiplicar por mil. Éramos intensos, Diego. De uma forma pura. Fomos os primeiros um do outro. Eu a amei tanto, que não trocaria o que tivemos por nada, para viver o mesmo com outra pessoa.
Diego concordou, balançando a cabeça. Ele me olhou, dando um tapinha com as costas da mão em meu peitoral. Eu sorri. Era bom falar sobre ela com alguém que me entendesse minimamente.
— Só não vai chorar, beleza? Tô ouvindo sua voz toda chorona. — Ele riu. Percebi que estava implicando para melhorar o clima que havia ficado, então eu sorri.
— Não estou chorando. Gosto de lembrar dela assim.
— Eu sei que gosta.
Ele voltou a focar na estrada, e eu, nas árvores. O coração batendo acelerado só em pensar nela. De repente, foi como se cada lembrança que eu tinha dela, me inundasse de uma forma esplendorosa.
Diego deu alguns tapas no próprio rosto, tentando vencer o sono que o atingia. Ele virou seu corpo para trás, conferindo se todos estavam dormindo. Demorou alguns segundos, parecia estar em um conflito interno entre desabafar ou ficar quieto.
— Eu acho que ela está mentindo pra mim. — Ele falou. Os olhos fixos na estrada. — A Lila. Ela tem saído de noite. — Ele olhou para mim. Me fitou por somente alguns segundos, enquanto eu começava a depositar minha atenção nele. — Ela tem saído e tem mentido sobre isso.
— Não é nada. Ela tá no clube do livro — eu dei de ombros, voltando a prestar atenção na janela.
— O que que é? Um clube do livro só pra três pessoas, Cinco?
— Do que você tá falando? — Eu perguntei. Ele provavelmente estava entendendo tudo errado.
— Ontem à noite eu segui ela. — Ela falou. Os olhos, de alguma forma, demonstravam decepção. — Ela estava numa cafeteria com um cara e uma mulher. Um filho da puta com cara de grego e um bigode bizarro. E uma garota de franja.
Por que diabos sempre falavam do meu bigode?!
— O bigode era... bizarro? — eu perguntei.
— Era. Era bem fininho, tipo um lápis. Tá me entendendo? — Ele afirmou, voltando a olhar para a estrada. Eu franzi meu cenho, me acomodando no assento e pigarreando.
Meu Deus, eu nunca mais vou usar aquela merda.
— Entendi... — murmurei. Conseguia sentir os olhares dele sobre mim, então tentei entender o que ele queria dizer com tudo aquilo: — Você... acha que ela está te traindo... ? Com duas pessoas... ?
— O quê?! Não, seu doido. — Ele negou rapidamente, e então, me senti um idiota. — Só... sei que aquilo com certeza não é um clube do livro, e não entendo porquê ela não me conta a verdade. Eu confio nela. A Lila nunca me deu motivos... e, apesar das dificuldades que qualquer casamento enfrenta... eu não acho que ela faria isso.
— É. Só uma idiota jogaria tudo o que vocês têm fora. — Eu respondi. Ele ainda não parecia convencido com qualquer coisa que eu falasse.
— O que acha que eu devo fazer? — Ele perguntou. A respiração dos outros, que dormiam, contratavam com o silêncio da estrada.
— Sobre o quê?
— Sobre isso. As mentiras dela. É melhor eu ignorar isso? Não falar nada?
Eu parei para pensar. Cocei minha nuca, me sentindo despreparado para todas essas perguntas.
— Isso seria o melhor. Enterra. Bem fundo. E cobre essa merda com concreto. — Eu respondi a primeira coisa que veio à mente. Ele olhou para mim por alguns instantes, e de repente, deu um breve sorriso para mim.
— Nunca espereraria que você falasse isso. Você tem cara de que resolve as coisas na conversa... ao menos, era assim com ela. — Ele sorriu, e então, me fitou mais profundamente. — Você é um bom irmão.
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A placa esverdeada da entrada de New Grumpson avisava aos irmãos que as mais de 14 horas de viagem cansativa e fedorenta, estava chegando ao fim.
Diego encontrou um bom local para estacionar, para que conversassem entre si e decidisse o próximo passo. Felizmente, a cidade contava com pouco mais de 500 habilidades, então a procura deveria ser mais fácil do que esperavam.
— Não tem Sy Grossman na lista. E nem Jennifer Grossman. — Cinco avisou, saindo do telefone e voltando para a atenção dos outros.
— Olha, a gente vai ter que procurar. Se ela tiver aqui, vamos ter que achar. — Allison afirmou.
— Pra isso que serve a missão de reconhecimento, babacas. — Ben rebateu.
— Reconhecimento? Que papo é esse? A gente não é um Esquadrão Classe A. — Viktor franziu o cenho, fazendo careta.
— Ah, é sério? Porra, se você não fala, hein! — Ele ironizou.
— Pelo menos ainda temos uma equipe. — Diego debochou.
Celeste, que não esteve presente nos acontecimentos com a Sparrow Academy, não entendeu o deboche do outro, que estava brincando com os temas pesados da vida de Benjamin. Ela franziu o cenho, completamente confusa.
— O que você quer dizer com isso, hm? — Ben perguntou, tendo o próprio casaco puxado com força por Diego, que estava prestes a começar uma briga.
— Ei! — Celeste gritou, repreendendo os dois. — Os dois bebezões sabem trabalhar em equipe ou o córtex pré-frontal de vocês não evoluiu completamente ainda?
Diego franziu o cenho, sem entender a crítica, e então, largou o casaco de Benjamin relutantemente. Cinco, próximo a ela, encarando as discussões bestas da família, se divertiu com a resposta irônica da garota.
— Eu não quero nem imaginar se essa cidade fosse minimamente maior. Eu não ia suportar ficar do lado de vocês- — Ben protestou, mas foi interrompido pelo otimismo da garota.
— E poderia ser pior, não é? São quinhentos habitantes totais. Dividindo pra nove de nós... dariam uns cinquenta e cinco para cada um. — Celeste deu de ombros.
— Na verdade, a conta exata seria: 55,55. — Cinco corrigiu.
— Ah, desculpa. Se eu soubesse que vocês estavam pretendendo partir as pessoas ao meio para perguntar separadamente eu teria respondido da maneira certa, professor. — Ela debochou, mostrando a língua para ele de uma forma infantil.
Luther, prevendo que se deixasse os irmãos juntos por mais de dez segundos, alguma morte aconteceria, chamou a atenção de todos:
— Tá legal! Todo mundo olhando pra cá. — Ele chamou, posicionando sua câmera de bater fotos em frente aos seus olhos, a posicionando para registrar o momento. — E sorriam!
Alguns irmãos reclamaram, outros nem sequer protestaram. Ben foi apertado no abraço contra Diego, e sorriu para a foto — nem deixando resquícios da lembrança de que há vinte segundos estavam discutindo. Viktor colocou a mão no rosto, completamente sem jeito para fotos. Klaus, nem teve tempo de pensar em uma boa pose, reagindo com uma careta. Allison, somente se manteve parada e de cara fechada. Lila tapou os próprios olhos, fazendo graça para a câmera. E Celeste, ao perceber que Cinco estragaria completamente a foto com o seu mau humor, apertou as bochechas dele para que formassem um biquinho, sorrindo para a câmera logo em seguida.
— Ei! — Ele protestou, assim que a foto havia sido registrada. — Sai fora.
— Isso é pra que não fique desse jeito. — Ela rebateu.
— O quê? Que jeito?!
— Essa cara amarrada. Você de mau humor consegue ficar mais sério que o Benjamin.
— Nossa, essa comparação foi pra acabar com toda moral dele — Klaus ironizou.
— Um ou dois de vocês eu aguento, mas todo mundo junto... Vocês são um bando de bebezões chorões. — Ben se defendeu, saindo de perto dos irmãos. — Eu vou voltar pra minha cobertura na cidade.
— Ben, aquela cobertura pertence ao governo federal agora. — Luther o lembrou. Os irmãos vendo Ben sair em passos largos dali.
— Cala essa boca, Luther! — Ele debochou, ainda sem olhá-los.
Luther fez careta, mas engoliu a falta de educação do irmão, murmurando um "Beleza".
Enquanto Ben caminhava seriamente pela estrada, a fim de entrar na pequena cidade e conseguir um ônibus que o levasse de volta para a casa, seu tentáculo voltou a sair involuntariamente do seu corpo. Os irmãos começaram a achar engraçado, visto que ele ainda não havia percebido sua situação.
— Ô, bobão! Além de todo enjoado, o seu tentáculo está pra fora! — Celeste gritou, rindo para si enquanto via ele ficar furioso com o próprio poder.
— Coitado — Klaus murmurou, sorrindo.
— A gente tá melhor sem ele! — Diego gritou, atrás da kombi, tentando colocar o seu cinto de combate.
— Ele tem razão. — Viktor concordou, enquanto o irmão já ignorava o seu tentáculo e adentrava a cidade com teimosia.
— Muito bem, pessoal, vamos nos separar e procurar a garota. — Luther afirmou. — Vamos ser discretos. Se acharem ela ou o cara da lavanderia, não façam nada sozinhos. Vamos esperar a equipe.
— Quer que a gente encontre ela e fique tentando um sinal de telefone para ligarmos para algum de nós? — Celeste ironizou. — Não deve nem pegar sinal de internet num lugar desses.
— A gente dá um jeito. — Luther deu de ombros, enquanto Diego saía de trás do veículo com seu cinto.
"Serviu como uma luva", ele falou sorrindo de forma desajeitada, andando meio errado.
— É. A luva do OJ. — Klaus debochou.
— Toma. — Diego jogou as chaves do veículo para Klaus, que recuou, deixando que a mesma caísse no chão. — Você é o responsável pela Wanda. Não sai daqui sem a gente.
Alguns irmãos fizeram careta. Já estavam acostumados a fazer de Klaus o vigilante, mesmo que nunca funcionasse. Eles saíram do seus lugares, entrando na cidade em passos curtos e despreocupados enquanto implicavam uns com os outros.
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Os grupos haviam sido escolhidos: Allison, Luther e Viktor para a parte norte da cidade, e Cinco, Diego, Lila e Celeste para a parte sul.
Klaus havia ficado cuidando do veículo, já que, com os poderes de Viktor ele havia ficado completamente vulnerável aos ladrões. E Ben, havia desistido, indo à procura de algum ônibus na cidade.
Era natal, e grupos cantavam nas praças. O pequeno parque temático estava tecnicamente cheio, devido às circunstâncias. Somente um carrossel instalado no meio da pequena praça, envolto de algumas pequenas lojas comerciais, que pareciam feitas de biscoito e doces, no geral. Cinco já estava enojado com tanta melodia em seus ouvidos, como se já não bastasse toda a música que ouvira durante o trajeto, agora músicas natalinas também deixavam sua cabeça dolorida.
Diego e Lila não demoraram para sair de perto de Cinco e Celeste, que implicavam um com o outro de maneira natural, para conseguir alguns brinquedos — na intenção de dar a filha, e aos gêmeos.
Entretanto, Lila parecia tão cansada, que Diego tinha a impressão de que, nem que conseguisse salvar o mundo chamaria a atenção dela. Mesmo que isso fosse mentira, pois ela ainda o amava como seu marido.
— Eu ainda não estou acreditando que me deixaram sozinho com você. — Cinco protestou, andando ao lado da garota, que parecia se distrair com qualquer pelúcia fofa de natal.
— O que foi? A donzela prefere ser acompanhada por alguém mais forte? — ela debochou. O garoto escondeu o sorriso, enquanto ela largou a pelúcia do papai Noel para debochar dele.
— Não sou uma donzela. Esse termo, na verdade, cabe melhor a você.
— Porque sou linda? — ela perguntou, saltando a frente dele com uma energia de invejar.
— Porque é mimada como uma princesa. — Ele rebateu.
— E linda. — Ela adicionou. Auto estima nunca lhe faltava.
— Se você diz. — Ele deu de ombros, cansado de discutir. Queria algo para tomar. — Gosta de café?
Ela diria: "sim, óbvio", mas decidiu dar uma implicada, mantendo um sorriso presunçoso nos lábios.
— Olha só... é incrível mesmo saber que, quando você quer, consegue ser bastante agradável.
— Você quer ou não?! — Ele perguntou. O cenho franzido e as mãos na cintura.
— Quero, por favor. — Ela respondeu educadamente, e franziu o cenho em confusão quando o garoto começou a forçar seu corpo para a frente, mesmo sem sair do lugar. — O que diabos você está fazendo?!
— Estou tentando usar o meu poder inútil. — Ele respondeu, fazendo uma careta de vergonha.
— É sério isso?! A loja que vende cafés não está a mais de dez metros daqui, seu preguiçoso! — Ela repreendeu, usando o jornal que um dos comerciantes havia dado a ela, para bater no braço do garoto.
— Ei! — Ele protestou. — Não é preguiça de ir pegar os cafés! Eu só preciso reaprender a usar essa merda.
— Chame como que quiser, mas não acho que vamos precisar disso agora.
— Você deveria estar tentando reaprender os seus poderes também. — Ele debochou, voltando a impulsionar o corpo.
A garota o fitou seriamente, completamente desacreditada.
Ela então, ergueu a palma da mão em sua frente, fazendo com que chamas de fogo brotassem ali. O garoto se assustou, recuando alguns centímetros.
— Ei! Desde quando consegue isso?! — Ele perguntou. O ego sendo ferindo drasticamente. Por que só ele não conseguia controlar seus poderes ainda?
— Desde que tomei a calêndula, bocó. Só não usei até agora. — Ela respondeu, completamente sincera. — Quer o que? Água, vento... pode escolher o que quiser, vou te dar essa honra-
— Já está conseguindo controlar os poderes?!
— Óbvio, você que é atrasado. — Ela debochou.
O garoto negou a situação para si mesmo, balançando a cabeça negativamente por diversos instantes. A garota cruzou os braços, entediada com o fato dele duvidar das capacidades dela. O garoto parou de negar a situação, e fitou ela por poucos segundos, arrumando sua postura e espremendo seus olhos, olhando com curiosidade.
— Eu tenho uma pergunta. — Ele falou.
— Pode mandar, detetive — ele ergueu as sobrancelhas, colocando a mão direita na cintura.
— Você tinha visões? Digo... seus poderes voltaram. Sabe controlar isso?
A garota o olhou entediada. Demorou alguns segundos para ser sincera.
— Eu não tinha, na verdade. Quer dizer, eu tinha um sexto sentido... o papai dizia que era uma das três evoluções desse poder de visões.
— Uma das três evoluções? — Ele perguntou confuso. O cenho franzido, seus olhos realmente querendo respostas.
— É. Não sabia disso?
O garoto negou com a cabeça, atento as explicações dela. Ela bufou, ajeitando a postura e então começou:
— Bem, primeiro temos visões que começam incompletas e machucam o usuário. É o primeiro estágio. Só se completa quando o assunto vier à tona. Uma bosta. — Ela explicava. Seu rosto sempre muito expressivo nas suas opiniões. — Depois, evoluímos para um sexto sentido aguçado demais. Conseguimos sentir cada coisa. Óbvio, para ele ser perfeito, tem que estar quase evoluído para o terceiro estágio. Quando isso acontece, nós conseguimos sentir quando algo vai acontecer, mesmo que não tenhamos conhecimento naquilo.
— Já chegou nessa parte?
— Bem... não. Eu já cheguei no segundo estágio, mas não tão perfeita assim.
— E o terceiro?
— Ah... o papai acreditava que eu pudesse prever tudo o que quisesse de forma controlada. Tipo "Olha só, vou sentar aqui de perna cruzada, dar uma meditada e prever o futuro de toda minha existência baseado naquilo que eu desejo ter sucesso". — Ela afinou a voz, ironizando toda a situação. — E boom! Sucesso. Futuro premeditado e exato.
— Isso é interessante demais. — Ele falou sincero, parecendo até mesmo atordoado com o quão incrível o poder dela poderia ser, caso evoluído.
— É. Infelizmente, eu acho que voltei à estaca zero, então vai demorar um tempinho pra ter certeza disso aí, não é? Isso é só uma hipótese.
— Mas faz sentido.
— Quem garante que eu pare no segundo estágio? Bem... ele já foi comprovado, diferente do terceiro.
— E se você forçar? — ele perguntou. A garota fez careta, sem entender a pergunta. — Digo... se você sentar de pernas cruzadas e "dar uma meditada", forçando a chegada do suposto terceiro estágio?
— Cinco... ? — ela o chamou. Seus olhos achando graça dele. — Você é burro? O "sentar de pernas cruzadas e dar uma meditada" foi puramente irônico, seu idiota. — Ela sorriu. O garoto fez careta, meio envergonhado que tivesse levado aquilo tão ao pé da letra.
De repente, Lila se aproximou deles. A cara de cansada, como se não tivesse dormido bem durante a viagem.
— Vejo que não estão se matando. Tivemos um avanço.
— É. A idiotice dele está começando a me divertir. — Celeste sorriu, ironizando o garoto ao seu lado, que a olhou de soslaio.
— O que você quer, Lila? — Ele perguntou, olhando para ela com curiosidade.
— Ah, eu só queria agradecer — ela respondeu. O copo de bebida quente em mãos para mantê-la aquecida.
— Pelo quê? — o garoto perguntou. Realmente sem entender.
Celeste sentiu que estava sobrando na conversa, mas preferiu ficar para ouvir o assunto deles.
— Por não ter me caguetado pro meu marido na outra noite. — Ela respondeu como se fosse óbvio.
— Ah, tá. — O garoto murmurou. Não parecia querer conversar muito com ela, mas mesmo assim, manteve as aparências. De alguma forma, Celeste percebeu que ele se sentiu desconfortável ao saber que Lila havia espiado a conversa entre ele e Diego. — Bom, esse é o procedimento padrão, né? Você disse que estava no clube do livro. Mesmo que estivesse mentindo, não estava fazendo nada errado. — Ele defendeu. Quando percebeu que Celeste, ao seu lado, parecia querer participar da conversa, mudou de assunto. — Acha que a gente tem que se preocupar muito com essa coisa de Purificação?
— Não sei dizer. — Lila respondeu. — Mas, olha, eu achava que os Keepers eram 90% palhaçada. Mas, depois que eu bebi a droga da calêndula e tô disparando raio laser pelo olho, já baixei pra 50%.
— Sinceramente, eu acho que nunca deveríamos ter tomado isso. Não foi a calêndula que causou todos os outros apocalipses de vocês? — Celeste perguntou.
— Bom, tecnicamente foi nós. Hargreeves. Não a calêndula. — Cinco respondeu.
— Tá... e vocês teriam como causar o apocalipse se fossem comuns? — Ela perguntou. Cinco pareceu pensar um pouco, e percebeu que ela estava completamente certa. De alguma forma, até sentiu o peso da culpa diminuir dos seus ombros.
— É. Bom, depois disso a gente volta e acha a Jene e o Gene. — Ele falou. Antes que pudesse propor mais ideias, viu Diego se aproximando, e os três trocaram olhares silenciosos entre si, que falavam algo com: "O Diego não sabe que a Lila está nos Keepers, vamos todos mudar de assunto". — Diego. — Ele cumprimentou.
— Estão conversando sobre o quê? — o irmão perguntou, se aproximando de forma desajeitada com três pelúcias de rena sob o braço.
— A gente tá tentando decidir que bebida de Natal tomar. — Lila falou. Mentiu tão bem que Celeste quase acreditou que realmente estavam fazendo aquilo.
— E? — Diego perguntou.
— Bom, eu pensei em vinho para mim, gemada para a Lila e a Celeste ainda está- — Cinco tentou mentir, mas fora interrompido quando Diego protestou:
— Você odeia gemada — ele afirmou, olhando para a esposa.
— Na verdade, bocó — Celeste começou, olhando para Cinco, e fingindo que ele havia errado a ordem dos pedidos. — A gemada era pra mim. Lila ainda não decidiu o que quer tomar.
— Você não conhece outros xingamentos que não sejam "idiota" ou "bocó"? — o garoto debochou, colocando as mãos na cintura. A mudança de assunto para uma breve discussão natural entre os dois, acabou dissipando quaisquer dúvida de Diego sobre as mentiras que eles haviam-no contado.
— Na verdade, eu conheço sim, mas prefiro poupar saliva com você.
— Ah, claro. — O garoto ironizou, bufando.
Os olhos dele percorreram o parque por somente alguns segundos, até se depararem com um funcionário vestido de duende o encarando.
Ele sentiu um frio percorrer a espinha, sentiu que estava sendo observado não só por ele, mas por outras pessoas.
— Aquele duende... ? — ele mencionou, fazendo com que os outros ao seu lado também direcionassem a atenção à ele. — Tá olhando pra gente.
— Quem? — Diego perguntou, confuso.
— O duende bem ali. Ele tá encarando a gente.
Celeste procurou com os olhos por somente um instante, até encontrar os olhos astutos do homem de verde. O homem alto, meio loiro os encarava de uma forma estranha. Celeste pôde sentir, como não sentia há muito, o seu sexto sentido aguçando fortemente.
— Quanto vinho você bebeu? Deixa de ser doido. — Diego debochou.
— Confia em mim. Aquele cara tá aprontando alguma coisa. — Cinco murmurou.
Celeste sentiu suas costas gelarem. Sentia que, em questões de instantes, algo poderia mudar. Não se sentia assim há anos. O ar pareceu faltar por alguns segundos. As mãos vacilaram.
— Acho que ele gostou de você. — Lila sorriu, implicando com o garoto ao seu lado.
— Não... não, vocês não estão entendendo. — Celeste começou. — Eu... sinto. Temos que dar o fora daqui.
— O quê? O que você sente? — Diego perguntou. O semblante um pouco preocupado e confuso.
— É... meu sexto sentido. Cinco, eu não voltei à estaca zero. — Ela murmurou, tão baixo que Diego quase não entendeu.
O seu pescoço pareceu doer, ela o girou, tentando fazer com que a dor passasse. Cada segundo parecia ser uma eternidade até o momento que o sexto sentido previa.
Os olhos de cada pessoa na praça começaram a desviar para os quatro. O coral que cantava, parou a melodia lentamente, os olhando. O carrossel também parou de girar. Todos pararam as celebrações para olhá-los.
Diego só percebeu que os dois realmente não estavam malucos quando sentiu os olhares sobre si.
— Ai, caralho — ele murmurou, virando-se lentamente para encarar os outros.
Então, foi como se uma sensação divina fosse derramada sobre a garota. Ela sentiu que poderia prever cada coisa que fizessem. Nunca se sentiu tão viva.
— Estão todos armados! É uma armação! — Ela gritou, pouquíssimos instantes antes dos duendes e "cidadãos" vasculharem nos comércios, e caixas camufladas com a temática, suas armas.
— Vambora! Mete o pé! — Diego falou rapidamente, puxando Lila pelo braço para protegê-la.
Os disparos começaram. Um atrás do outro. Até mesmo os quatro integrantes do coral agora atiravam neles.
— Só pode ser o Sy! O cara da lavanderia sacaneou a gente! — Cinco gritou em meio aos disparos, fugindo do lado de Celeste, que corria um pouco mais devagar que ele.
Celeste parecia sentir onde cada bala atingiria, e desviava o corpo até mesmo antes da munição ser disparada.
Quando olhou para o lado, viu Cinco forçando para usar o seu poder. Pela primeira vez, viu aquilo dar certo quando ele desapareceu de perto deles.
— Ele nos abandonou?! — Ela gritou, completamente incrédula. — Aquele filho da p-
— Lila! Faz o lance do olho! — Diego gritou, ainda correndo.
— Tô tentando! — Ela rebateu, o rosto de frente para os homens e mulheres armados enquanto ela tentava forçar o poder, correndo de costas. Infelizmente, nada aconteceu.
Os disparos aumentaram. Celeste já sentia que, se eles continuassem progredindo o número de disparos, talvez alguma vez eles acertassem-os.
Os três correram desesperadamente até o local que conseguissem recuperar o fôlego. Diego, ficou atrás de uma enorme estátua, assim como Celeste, e Lila escondeu-se por breves instantes atrás de um pequeno comércio, que foi atingido repetidas vezes pelos disparos dos inimigos
A garota sentiu o fôlego voltar, enquanto tombou a cabeça para trás, se escorando na enorme base de pedra maciça.
— Onde é que tá o Cinco?! — Diego gritou, precisando de respostas da esposa, ou então de Celeste.
— No metrô! — A garota ao seu lado gritou em resposta. Havia sido completamente automático, certamente devido ao sexto sentido apurado naquele instante. Quando ela parou para pensar no que havia dito, rapidamente associou ao sonho que tivera na noite anterior, e indagou-se a si mesma, completamente confusa e franzindo o cenho. — No metrô?! — A pergunta saiu escandalosa, nem Diego entendeu sua resposta.
Enquanto isso, em uma realidade alternativa, Cinco se encontrava em um metrô antigo. Uma escadaria atrás de si, algumas catracas em sua frente. Ele olhou para trás, sem entender o porquê que sempre que se teleportava, reaparecia ali.
Ele deu alguns passos corajosos, passando pela catraca e avançado pelo terminal. As colunas grossas revestidas de ladrilhos brancos contrastavam com as luminárias de cor laranja luminoso, que ficavam no teto e nelas próprias. O piso era simples. As paredes do metrô eram da mesma cerâmica que as da coluna. Um grande painel com símbolos diferentes se estendia no lado esquerdo e direito do metrô. Ambos iguais.
Só havia uma coluna diferente, cujo 50% dela pertencia de um material luminoso, onde diversas linhas laranjas começavam a se estender de uma maior, principal.
Cinco atravessou aquele metrô com pressa, olhando os símbolos gravados na parede. Uma voz estranha com um idioma diferente era transmitida, fazendo-o ficar completamente confuso com aquilo.
Um trem finalmente se aproximou, parando em sua frente e apitando, antes de abrir as portas para que ele entrasse. Cinco estava em um conflito interno. Sabia que sua família precisava dele lá fora, mas estava tão curioso sobre isso.
Ele parou um pouco, balançando a cabeça. Era loucura.
Ele então, deu um passo para trás, pensando em voltar. Essa dúvida passou no segundo em que ele tomou coragem. Precisava descobrir o que aquilo significava.
Ele passou pela porta, que fechou atrás de si assim que ele entrou no veículo. O trem não possuía muitas decorações, era simples. Somente alguns mapas, algumas ilustrações.
Quando o trem parou, ele percebeu que a viagem havia sido curtíssima. Ele saiu correndo de dentro do metrô, olhando cautelosamente para os lados. A estação não havia mudado muito.
Sussurrou para sim um "Que merda é essa?", completamente confuso com aquilo, e então, correu para fora da estação, subindo as escadarias.
Ele se deparou com o mesmo lugar que estava antes. A neve cercando a praça. Desta vez, um completo silêncio. Nem sequer o coral cantava.
— O que é isso? — ele murmurou, dando alguns passos de onde viera para explorar o local.
Ele olhou para a praça. Não havia praticamente ninguém, somente umas pessoas andando tranquilamente. O carrossel e nem os comércios temáticos estavam ali. Muito menos Diego, Lila e Celeste.
Ele franziu o cenho em confusão, dando passos desorientados pelo lugar, a mente maquinando em entender do que se tratava aquilo.
Ele então percebeu que ainda era natal, ao julgar pela enorme árvore no centro da praça.
— O mesmo dia... — ele olho para o relógio, no topo do prédio. — O mesmo horário...
Várias coisas passaram por sua cabeça, mas quando ele entendeu que se tratava de uma linha do tempo diferente, seu coração quase errou uma batida. O que era aquilo? Esperança?
Seus olhos voltaram às escadarias, que ainda permaneciam ali de onde ele viera. Seus olhos ficaram iluminados de confusão, e ele então retornou à estação depressa, descendo ligeiramente os degraus.
Sua mente voou diretamente para Celly. Ele estava em uma linha diferente, não é? Deveria haver uma em que ela estivesse viva.
Ele atravessou o terminal correndo, e foi diretamente para a coluna diferente das demais, buscando entender aquilo tudo. Precisava de informações, nomes... mas todo aquele mapa confuso não mostrava nada de importante.
Eram somente linhas desconexas. Uma brilhava mais do que as outras, e ele percebeu que ela estava gerando uma nova ramificação. Ele procurou por ele no mapa, precisava se encontrar se quisesse procurar por Celly dentre as linhas. Mas o mapa não o ajudou em nada. Suas mãos passearam por todo o painel, procurando incessantemente por algo que fizesse sentido.
A única coisa que havia concluído era: Uma linha do tempo principal tinha várias ramificações, e mais uma estava sendo criada naquele exato instante. Estava uma bagunça.
Ele então engoliu em seco. Os olhos marejados. Precisava vê-la. Precisava voltar para Celly.
Ele se sentiu um completo idiota quando uma lágrima escapou dos olhos dele. Ele nem havia percebido que estava chorando, e não sabia se era de esperança, ou de tristeza, por saber que ele não devia estar fazendo aquilo.
Ele bateu com as mãos naquele maldito painel inútil, descontando a sua raiva. O ar pareceu faltar, enquanto a respiração parecia ficar mais desregulada.
Seus joelhos vacilaram, suas mãos começaram a tremer, e ele lutou contra sua mais pura necessidade de voltar para sua garota, só para salvar sua família, que estava em apuros naquela linha do tempo.
Ele correu de volta para o trem, que o esperava calmamente ali em frente. Assim que as portas se fecharam, a viagem continuou sendo tão curta quando antes, enquanto ele andava de um lado para o outro, em um conflito interno violento.
Quando as portas se abriram, ele pensou mais uma vez se deveria fazer o que desejava. Sua razão pensou mais rápido, fazendo com que ele corresse dali para fora da estação mais depressa possível.
Eu vou encontrá-la em breve, pensou consigo mesmo, criando uma nova promessa a si mesmo.
Ele passou pelas catracas ligeiramente, e pegou impulso para se teleportar para fora dali. Quando notou, estava ao lado de Luther, que estava protegendo Allison e Viktor sob seus braços, enquanto um inimigos atirava neles.
— Vem cá, Cinco! — Luther gritou.
O garoto se sentiu aliviado por saber que havia conseguido voltar para a linha do tempo correta, mas sentiu que Viktor havia percebido o quão desestabilizado ele estava.
O garoto foi envolvido pelos grandes braços do loiro, que serviram como um escudo para os três.
— O que aconteceu com você?! — Viktor perguntou. A voz um pouco mais alta devido aos disparos.
— O-o quê? Do que você está falando?
O inimigo, vestido de papai Noel, portando duas metralhadoras, corria pela avenida, se aproximando deles enquanto a amaram ainda disparava contra as costas do loiro. O irmão começou a gritar com a dor. Já não estava mais aguentando ficar ali por tanto tempo, mesmo que soubesse que depois ele iria se recuperar.
Quando os quatro ouviram "Baby Shark" tocando na esquina, pensaram estar malucos. Entretanto, quando a kombi de Diego passou atropelando de forma veloz o inimigo que, até então disparava contra os quatro, eles nunca haviam ficado tão feliz por estarem ouvindo aquela maldita música.
O som foi aumentando conforme os poucos instantes de tempo até o veículo parar bruscamente ao lado deles. O homem, que havia sido atropelado, havia voado pelo impacto, e qua do caiu, puderam saber que ele certamente estava morto.
— Entrem! — Diego gritou, abrindo ligeiramente a porta.
Cinco foi o primeiro a sair dali. O coração ainda palpitando pelo o que havia acontecido há segundos atrás. Ele entrou no banco da frente, e Viktor abriu a porta de trás para se sentar ao lado de Celeste, que tinha Klaus apoiado em suas pernas. Até mesmo uma garota de pele morena e cabelos escuros estava ali, e ele então, percebeu que era Jennifer.
Quando Cinco virou-se bruscamente para trás, a fim de compreender a balbúrdia que estava acontecendo, ele se assustou ao ver o estado do irmão.
Klaus estava com sangue na boca. O peito estava manchado.
— Ele levou a porra de um tiro! — Lila gritou.
Celeste havia pego o gaze que mantia em sua bolsa para emergências, e pressionava firmemente contra o machucado de Klaus, que já nem sentia mais a dor do ferimento devido a adrenalina liberada.
— Gente, ele tá morrendo! — Allison falou. Parecia desesperada.
— Eu estou tentando, eu estou tentando! — Celeste repetia, apertando o tecido contra a ferida, assim como havia visto em diversos vídeos explicativos.
Cinco, que há minutos atrás se encontrava em um conflito interno, ficou demasiadamente aliviado por saber que havia feito a decisão certa, em proteger sua família — mesmo que, lá no fundo, ele ainda sentisse vontade de voltar.
Klaus olhava para Celeste com um olhar suplicante. O rosto levemente retorcido pelo incômodo do ferimento, enquanto ela tentava à todo custo salvar a vida dele.
— Só isso daí não vai funcionar! — Luther berrou. Mesmo que estivesse no porta malas, todos pareciam perto o suficiente para salvar o irmão. — Você só está estancando o sangue dele. Temos que levar o Klaus pro hospital.
— Não tem hospital nessa merda de cidade! — Ela rebateu furiosa, apertando ainda mais o tecido contra o machucado, afim de não deixar que ele perdesse mais nada de sangue.
— Então alguém tem que fazer alguma coisa! — Lila respondeu.
— E você quer que eu faça o quê? Deixe ele carbonizado?! Quer terminar de matá-lo?! — Ela debochou.
— Cinco, a calêndula! — Lila gritou, pedindo para que o garoto, no banco em frente ao porta-luvas alcançasse o frasco que o traria de volta à vida.
— Tá bom. Tá — Cinco respondeu ligeiramente. Ele inclinou seu corpo para a frente, abrindo o porta-luvas e pegando rapidamente a calêndula.
— Não, não. Ele não quer isso! — Allison o defendeu. A voz beirando ao desespero.
— A gente não pode deixar ele morrer. — Luther protestou.
— Ele parou de respirar. — Celeste falou. Antes, sua voz alta pelo desespero. Agora, praticamente inaudível com o choque de ter falhado.
Ela saiu do transe de culpa quando o frasco de calêndula foi entregue nas mãos de Allison, ao seu lado.
— Dá logo! — Cinco pediu. Allison olhava para o frasco, sabendo que Klaus não gostaria que isso acontecesse.
— O que você tá esperando? — Diego perguntou, olhando o caos pelo espelho retrovisor.
— Tá bom, tá legal! — Ela aceitou.
As mãos trêmulas segurando o vidro, a consciência pesando em saber que ele ficaria extremamente chateado com ela.
Celeste retirou as mãos de cima do gaze, e retirou o mesmo também de dentro da ferida. As mãos completamente ensanguentadas e ansiosas.
Allison abriu o frasco com agilidade, e assim que Celeste liberou o ferimento, a morena despejou um pouco da calêndula sobre o machucado. Todos olhavam a cena com esperança. Tinha que dar certo.
— Me desculpa, Klaus — Allison murmurou.
Assim que a calêndula entrou em contato com o corpo dele, o entorno do ferimento tomou um tom avermelhado, e então, parou de sangrar, mesmo que ele continuasse aberto.
— Klaus? — Celeste perguntou. A voz embargada. Não o conhecia direito, mas estava sentindo que a culpa era sua.
— Ei, Klaus. — Allison o chamou, agora guardando o frasco. Os irmãos ofegaram. A esperança diminuiu, enquanto Allison gritava para que ele a respondesse ou reagisse, mas nada acontecia.
As lágrimas no rosto de Allison começaram a escorrer, enquanto ela apoiou a cabeça nos braços, desacreditada que aquilo havia acontecido. Celeste engoliu em seco, enquanto o silêncio completo permanecia no veículo.
O clima tenso permaneceu por alguns instantes, até Klaus erguer seu corpo rapidamente. Ofegante e ser ar, ele puxou uma lufada para os seus pulmões, se recuperando enquanto Celeste, Lila e Allison pulavam com o susto.
Os rostos de todos eles se aliviaram, enquanto Cinco voltou a relaxar no assento — mesmo que já estivesse esperando o discurso dramático que viria em breve.
— Você tá bem? — Luther perguntou desesperado, dando alguns tapinhas nas costas de Klaus, que ainda respirava de forma pesada.
O irmão sorriu por breves instantes, e então, voltou a se deitar no assento, se recuperando.
— Ainda bem. — Cinco murmurou. O irmão tossia no banco de trás, enquanto agora, um clima de alegria se fazia presente ali.
— Ele tá bem, gente. — Lila sorriu.
— O que vocês fizeram? — Klaus perguntou com dificuldade.
— Você está bem. Tá tudo bem! — Ben respondeu, tentando esconder dele a verdade sobre a calêndula.
— Que bom que você tá bem — Celeste falou. Um pequeno sorriso em seu rosto, enquanto suas mãos finalmente relaxavam.
— O que vocês fizeram, hein? — Klaus voltou a perguntar. Dessa vez, a voz embargada.
— Salvei sua vida. — Allison respondeu. Lila rapidamente pegou uma das renas de pelúcia que Diego havia conseguido e entregou para Klaus, que a abraçou com carinha enquanto se confortava.
— Cara, mas que porra de cidade esquisita! — Viktor reclamou.
— Sabiam que todos eram capangas do Hargreeves? — Luther perguntou.
Assim que Celeste ouviu aquilo, ela virou o corpo bruscamente para trás, buscando entender se realmente havia ouvido aquilo da forma certa.
— Como é que é?
A atenção de todos, de repente, caiu sobre ela.
— Eu devia ter imaginado. Aquelas luminárias eram perfeitas demais. — Luther reclamou. — Você sabia disso?! Desde o início nos trouxe pra morrer, não é? Pode falar!
— Você está brincando?! Eu não fazia ideia. Não faço, ainda, pra falar a verdade.
— Achamos quem viemos procurar e ninguém está morto — Cinco defendeu.
— Essa não é a questão aqui. Se Celeste sabia, deveria ter no avisado! — Diego entrou na conversa, virando o rosto para trás a fim de acompanhar a discussão.
— Eu não sei do que vocês estão falando! — Ela gritou, completamente sincera.
— Então por que se juntou a gente, hein? — Diego perguntou. Os olhos levemente fechados, tentando entender a situação, pressionando ela a falar.
Ela então, poderia mencionar os Keepers, e dizer a verdade, a qual só havia frequentado a reunião para sua mãe. Mas então, lembrou-se de Lila.
— Eu devo lembrar a vocês que ganhei esse maldito poder por causa do Ben? Sou tão vítima quanto vocês!
— Ela está certa. — Lila defendeu. — Os inimigos estavam atirando em nós três. Se ela fosse impostora estaria sendo defendida. Fora o fato de que ela nos ajudou a matar eles... e bem, nem sabia sobre Jennifer.
— Pelo visto o papai continua escondendo algumas coisas da família, hm? — Cinco ironizou, olhando para ela, que normalmente o defendia.
Ela bufou, meio irritada com a insinuação deles.
— Eu vou falar com ele. Vai por mim, quero explicações tanto quanto vocês.
Todos concordaram. Lila sorria para Klaus, que tentava inutilmente formular frases naquele momento.
— Achamos quem viemos procurar. — Cinco falou seriamente, olhando para a estrada, assim como Diego.
— É, menos uma coisa para se preocupar. — Celeste concordou.
— Mandou bem, cara. Você achou ela. — Luther sorriu, olhando para Ben, que o ignorou completamente.
O asiático moveu seu rosto para olhar a garota morena de frente, e então respirou fundo.
— Aí, a gente vai te levar de volta pro seu pai em segurança. — Ele afirmou. A garota pareceu confusa. Sua testa enrugou, seu cenho franziu.
— Meu pai? — Ela perguntou. Era a primeira vez que eles ouviam ela falar desde que estava com eles. Sua voz era doce, sincera.
Celeste pareceu ficar tão confusa quanto ela, quando ela perguntou sobre seu pai. Ben, de uma forma ingênua, falou: "É, o Sy Grossman", na esperança de que ela só estivesse incrédula.
— Quem? — A garota tornou a perguntar. Dessa vez, muito mais confusa que antes.
Nunca conhecera ninguém com esse nome.
Os irmãos só perceberam que haviam sido enganados, quando um carro bateu na lateral da kombi em que estavam. O veículo não chegou a capotar, mas o impacto fora tanto, que estraçalhou por completo o parabrisa — que era o único vidro que havia restado da viagem. O carro quase tombou para o lado. O impacto do acidente fez Celeste, que estava sem o cinto de segurança, ser arremessada para o outro lado da kombi.
As mãos de Ben e Jennifer se encostaram por breves segundos, enquanto uma reação magnífica acontecia. Os tons avermelhados e alaranjados se fundiram, os conectando de uma forma bela, mesmo que aquilo, futuramente, seria a causa de mais uma destruição.
Quando eles retornaram à realidade, com os olhos ainda meio fechados com o impacto e os músculos doendo, Jennifer já não estava mais ali.
Mais um capítuloooooo, amaram misamores?
Esse daqui pegou quase 7k de palavra😰 Jesus Cristo, nunca escrevi tanto (já escrevi mais do que isso sim KKKK
Dessa temporada, esse capítulo foi, de longe, meu preferido até agora😭 espero q tenham gostado tanto quanto eu😽😽
VOTEM!
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