capítulo seis: aprendi com meu irmão
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"Mas? Que porra?"
Atsumu liga para o seu irmão no quinto dia de sua "lua de mel" enquanto Kiyoomi estava no banho - a única parte do seu plano que se virou contra ele foi o fato de Kiyoomi o estar ignorando muito menos agora (principalmente porque ele está sempre suspeitoso do príncipe Miya. Atsumu Não está dizendo que sua preocupação surgiu do nada, mas isso faz ele ter pouco tempo para se planejar).
"Só me escuta,"Atsumu pensou no seu plano no meio da noite, algumas noites antes, quando Kiyoomi realmente caiu no sono ao seu lado(um acontecimento inédito vale ressaltar)."depois de fazer OmiOmi se apaixonar profundamente por mim, Meu prêmio vai ser fazer ele me pedir em casamento de verdade."
Ele se sente um pouco mal com a ideia de estar usando os sentimentos de Kiyoomi para seu próprio benefício. Mas ao mesmo tempo, Kiyoomi ainda é quase sempre um arrombado com ele quando não está inconsciente então, atualmente, Atsumu sente como se fosse uma troca justa.
"Por quê?" Osamu soa desconfiado - cara, mataria confiar no seu irmão por uma vez?
"Porque aí, nós podemos unir os reinos, e eu vou ser rei" Isso saiu bem pior do que Atsumu esperava. Sério, seu principal objetivo de vida era não ser rei porque tem tanta papelada envolvida. Sem mencionar que você tem que encontrar com pessoas que odeia e fingir ser diplomático sobre, e você não pode fazer nada que quer. Mas a principal razão é: ser rei é chato pra caralho.
"Ah, entendo. Então isso é só uma jogada pra ter poder?" Osamu do outro lado da linha soa tão crítico às ideias do irmão como sempre. Atsumu revira os olhos, uma ação que ele deseja que fosse audível pelo celular.
"Ugh, não, tem tanta papelada quando se é rei." É verdade. O dia inteiro assinando cartas, falando com diplomatas estrangeiros. Atsumu não consegue pensar em um jeito mais entediante de se viver. Pessoas acreditam que ser da realeza é só glamour. Na realidade, é só cãibra na mão e ternos que pinicam. "Eu estou fazendo isso pra você não ter que ser rei e poder ir ser um chef ou alguma coisa assim e vocês podem ficar se comendo por aí, você e o Sunarin-"
"Não fala se comendo, parece que tá falando de sexo," Atsumu admite que é verdade, mas ele tende a estar em primeiro lugar quando se trata de fazer comentários desintecionalmente com teor sexual - não deveria ser algo a se orgulhar, mas Atsumu acha as coisas mais interessantes para inflar seu ego.
"E vocês não fazem?" Se Osamu pudesse ver o sorriso sarcástico nesse momento, ele provavelmente bateria no Atsumu na próxima vez que se verem.
"Que- an- é óbvio que sim, mas eu não vou falar sobre isso com você."
Atsumu reprime o barulho de nojo que estava na ponta de sua língua.
"Ok certo, vá se foder por aí com Sunarin-"
"Isso é surpreendentemente melhor," Atsumu nunca admitiria que ele gosta de falar com o irmão, mas ele gosta. Porém, Atsumu tem pouca paciência quando se trata de ser interrompido, e Osamu gosta de fazer isso o máximo possível.
"Você vai parar de ser um desgraçado e me deixar terminar de falar meu esquema genial?" Atsumu se sente poderoso pela conotação por trás de 'esquema', a ideia de uma ideia poder fazer tanta mudança. Atsumu nunca foi a pessoa a fazer mudanças na família - ele é o irmão idiota - e, pela maior parte, ele não esteve preocupado por isso. Mas se ele fizer isso por Atsumu, talvez ele não seja tão inútil afinal.
"Ok então basicamente, você e Sunarin em sua cabana no pântano ou tanto faz, e você abre a sua marca de restaurantes que você sempre sonhou e que definitivamente não subornou investidores com seu nome e influência pra ter, e todo mundo fica feliz para sempre."
Atsumu está bem satisfeito com a formação de seu plano. Têm pouquíssimos buracos na sua estrutura, o único sendo a possibilidade de Kiyoomi não se apaixonar por ele, mas isso não é um problema porque Atsumu ainda tem três semanas, ele já conseguiu mais com menos tempo.
Insegurança surge sobre o silêncio, Atsumu não sabe qual parte do seu monólogo incomodou Osamu. Seu irmão nunca foi uma pessoa temperamental, uma pessoa que se pode contar de quase tudo e pode esperar ser perdoado em questão de dias. Ainda sim, é assustador quando Atsumu não consegue ler as emoções em seu rosto.
"Ah..." é tudo o que ele diz.
Atsumu vai para a resposta segura. Ele parece com um cara aberto mas Atsumu tem medo de invadir um espaço que não entende. E ele certamente não entende por quê Osamu não estaria totalmente a bordo desse plano.
"Ah, não vai realmente me dizer que todos seus sonhos mudaram, em uma semana em que eu não estive aí."
"Não, não, só-..." o querer em sua voz é evidente - o querer por uma vida normal, o querer por Suna. Atsumu o entende.
Desde o momento que os dois perceberam que havia mais atrás dos portões do palácio e quadras de tênis, Osamu queria ser um chef e Atsumu um jogador de vôlei. O sonho de Atsumu foi jogado pelo ralo, ele não vai deixar o mesmo acontecer com Osamu.
"Atsumu" seu tom é sério, o mesmo que ele usa quando Atsumu fez muita bosta.
"Merda, o que eu fiz?"
"Você não pode fazer isso," Atsumu podia ter visto isso vir se não fosse pelo antes tom leve da conversa.
"An, e por quê não?"
"Eu não vou deixar você jogar seus sonhos fora pelos meus," os sonhos de Atsumu morreram a muito tempo atrás. Agora ele faz qualquer coisa que quiser - é libertador não ter a falsa promessa de algo melhor do que tem agora.
Atsumu está bem do jeito que as coisas estão. Ele está bem em não ter um sonho, em ter um objetivo de pequena distância que o levará a outro como esse. Bem com ter que ir de passo em passo com sua vida por esse tempo. Osamu nunca foi essa pessoa, nunca foi o tipo de pessoa de ir indo com o que tem.
Osamu não entende não ter sonhos. Seus sonhos são parte dele, os de Atsumu não. Têm muitas pequenas diferenças entre eles, essa deve ser a maior de todas.
" 'Samu, você não entende," o choramingo de Atsumu nunca funcionou com seu irmão, mas uma vez sem alcançar o que você quer, irrite alguém até que te deem o que você quer. "Eu não tenho sonhos! Isso sempre foi o seu trabalho. Eu tenho planos meio feitos e ideias sobre o que talvez eu queira no futuro. Eu sou o irmão perdedor lembra?"
Outra pausa tensa, uma respiração audível no outro final do telefone, e aí,
"Cara, por quê você teve que começar a ser todo generoso?"
Atsumu leva isso como um bom sinal.
"Ei eu não sou tão generoso, eu ainda estou me casando com um cara muito gostoso e virando rei," talvez ele devesse só aceitar o elogio considerando que suas ocorrências sejam poucas entre os gêmeos Miya, mas Atsumu nunca foi essa pessoa. Ele é um ser contrário, sempre discutindo mesmo quando não faz sentido.
"Eu estava tentando te elogiar, que coisa," as palavras se alinham com a normalidade, mas tem algo estranho no tom de Osamu que faz o estômago de Atsumu se revirar. Mesmo Osamu com o ego sendo uma pequena fração da de seu gêmeo, só se sentiu realmente inseguro poucas vezes na sua vida.
"Você sabe que eu não vou concordar com isso, não é?" Osamu diz depois de uma pausa.
Atsumu sabe, ele não esperava que Osamu concordasse com ele. Como quando você fala sobre seus problemas e não espera que tenham as respostas, Atsumu não está na ilusão de que Osamu apoiaria seu plano - ele raramente o faz.
"É, eu meio que já esperava."
"E você ainda vai fazer de qualquer jeito?"
"Obviamente," quando alguém já viu Atsumu desistir de algo por causa de falta de incentivo?
Ele se apoia na grade do terraço do terceiro andar - Atsumu não é um romântico, mas ele pode ficar de certa forma encantado pelo reflexo da lua que aparece nas ondas do oceano ou pela brisa que mexe seu cabelo e brinca com sua pele. Até que a vista não é tão ruim.
"Você é um desgraçado teimoso"
A voz de Osamu contrasta com a paz que a cena diante dele dispõe, mas Atsumu não liga. Junto a todas as belezas de sua nova vida, a voz de Osamu o lembra a casa.
"Aprendi com meu irmão" um sorriso prepotente aparece em seus lábios, Se apenas Osamu estivesse por perto para ver e o xingar.
" 'Samu, eu te amo," ele fala depois de um momento sem dizer nada. Sua desculpa é a vista da lua, ele se pergunta o que Osamu está usando para ocupar seus pensamentos. Eles não têm vistas tão inspiradoras assim das janelas de casa.
"Eu sei"
"Você tem que dizer de volta"
Tem uma pausa, mas Atsumu sabe que é porque Osamu está balançando a cabeça pela estupidez do irmão - Atsumu sempre foi o mais afetuoso entre os dois, demandando abraços e eu te amos. Osamu não exige metade da atenção que seu irmão.
É por isso que eles funcionam. Atsumu recebe afeto, Osamu o dá, e quando é hora de inverter os papéis funciona com a mesma eficiência.
"Eu também te amo 'Tsumu."
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"Quer saber, eu tô feliz por você."
Atsumu morde seu lábio em foco, enquanto distribui cartas de Uno entre os dois. Kiyoomi ergue uma sobrancelha ao ver sua pouca habilidade com as cartas, provavelmente perturbado pela desorganização de cada pilha, mas Atsumu o ignora, contente em só provocar por hora.
"Eu sei que vou me arrepender de perguntar, mas por que?"
"Você finalmente tirou aquela sua cara de bosta," humor de insulto é o pão com manteiga de Atsumu. As pessoas ao seu redor já aprenderam a viver com isso e as pessoas que não, saíram de sua vida ou estão por aí o xingando. Atsumu irrita muita gente, se você ainda não percebeu.
"Sim, me arrependo," Kiyoomi puxa suas cartas, e Atsumu assiste os finos dedos embaralha-las com habilidade. Os longos dedos se movendo agilmente, Atsumu diria serem por anos sendo forçado a praticar um instrumento.
Todas as crianças reais tendem a ter um tratamento parecido a uma idade jovem. No nome de futuro sucesso, elas são inscritas em lições em múltiplos instrumentos clássicos, pelo menos dois esportes diferentes, e uma abundância de aulas com os melhores tutores que o país pode oferecer. Daí é só esperar para ver o que resulta.
Atsumu conseguiu falhar miseravelmente em ambos piano e flauta, os dois chatos, trazendo lágrimas de frustração até que a paciência acabasse. Golf e tênis o fez pensar que gostaria de ter seus olhos arrancados - pelo menos seria mais interessante. Ele até chegou a gostar de futebol até acabar com sua canela durante um jogo e foi forçado a parar pelos seus pais.
A única coisa que durou com ele foi vôlei. Na maioria dos dias ele tenta não pensar em como perdeu isso também.
"Relaxa, eu só tô zoando com você," Atsumu revira os olhos.
"Você está sempre 'zoando'. Você não deveria. As pessoas não vão te levar a sério," Kiyoomi o encara com olhos brilhantes. É como se ele estivesse sempre usando um filtro do snapchat. Como isso é possível?
"E você nunca. Você deveria. As pessoas não vão gostar de você," Atsumu devolve com sarcasmo. Kiyoomi quase não reage, limitando sua resposta a um revirar de olhos. " E mais, não importa. Ninguém nunca me levou a sério de qualquer jeito. Cê sabe o que é ter o irmão perfeito? As pessoas não se importam muito com você."
Isso soa triste, mas na realidade, é só um fato que quase sempre jogou em vantagem pra Atsumu. Quando ninguém espera nada de você, a vida é fácil. Sem mencionar, quando você consegue conquistar alguma coisa, eles ficam mais que surpresos, que você conseguiria fazer qualquer coisa do tipo.
"Uau, você me deixa tão triste," Atsumu faz uma careta para isso - ele já foi dito que deixa pessoas bravas, irritadas, às vezes furiosas. Ele acha, na verdade, diversão nisso. Ele nunca foi dito antes que deixa alguém triste. Tristeza é uma nojenta, depressiva emoção que Atsumu não quer ter nenhuma associação com.
"Bem, o sentimento é mútuo. Você sabe jogar?" Atsumu supera rapidamente, gesticulando para o monte (finalmente) pronto de Uno entre eles. Kiyoomi ergue uma sobrancelha como se perguntasse, sério? sem palavras. "Não olha assim pra mim. Você sabe que eu tinha que perguntar."
Atsumu vira a primeira carta - dois azul. Certo, eu sei o que fazer.
Ele sorri presunçosamente e certeiro enquanto coloca um 'mais quatro' que ele conseguiu por pura sorte. Talvez ele devesse ter guardado, mas sabe, Atsumu não faz estratégias. Ele faz qualquer merda que parecer mais divertida na hora e (normalmente) perde.
"Que porra?" Kiyoomi faz uma cara de espanto como se o terrível processo de pensamento de Atsumu tivesse ofendido sua mente avançada. Atsumu usa sua marca registrada um sorriso orgulhoso.
Mesmo sendo tão competitivo quanto ele é, ele prioriza seu interesse mais do que sua vitória (é uma comparação próxima já que Atsumu odeia perder quase tanto quanto ele odeia ficar entediado, mas se tem uma coisa que Atsumu não suporta, é o chato e mundano).
"O que, ficou bravo?"
"Chocado pela sua estratégia. Ou a falta dela. Você sequer tem um plano?"
Atsumu dá de ombros, "Sem um plano em particular. Só fazendo o que parece mais legal." Kiyoomi parece mais do que horrorizado, ainda mais do que normalmente parece em volta do príncipe Miya.
"Isso é um jeito horrível de se passar a vida," para alguém que odeia e/ou não tem nenhum interesse em Atsumu, Kiyoomi com certeza tem muitas opiniões sobre sua vida.
Atsumu franze seu nariz pela crítica.
"Bem, é, você sabe o que também é um outro jeito horrível de se passar a vida? Sem senso de humor. Eu te disse para ir comprar um mas você não me ouviu," Atsumu assiste com satisfação enquanto Kiyoomi pega rabugentamente quatro cartas.
"Talvez eu vá pegar um. Mas se for parecido com o seu é melhor ter um bom desconto," Atsumu não responde mas só porque essa foi uma boa resposta - inesperada e que certamente atingiu forte (pelo menos cinquenta por cento da personalidade de Atsumu se resume em o que ele considera um senso de humor impecável).
"Eu não sei se deveria ficar impressionado ou ofendido."
"Os dois," Kiyoomi decide por ele. Atsumu analisa suas cartas vermelhas,
"Vermelho"
"O que?"
"A cor Omi," Atsumu enfatiza, jogando uma carta vermelha dois em cima do 'mais quatro'. Kiyoomi faz uma careta - se é pelo tom de Atsumu ou pelo fato de ele estar perdendo bem feio, Atsumu não saberia dizer. "Eu estou começando a achar que você nunca jogou Uno. O que você fez na sua infância? Por que você é tão mal-humorado?"
Atsumu diz como uma piada, mas Kiyoomi franze as sobrancelhas como se a pergunta o lembrasse de um filme de memórias desagradáveis. Atsumu não deixa passar despercebido o jeito que os seus músculos tensionam e seus lábios se pressionam em uma fina linha - você aprende a ler irritação e desconforto quando você cresce com uma personalidade como a de Atsumu.
"Tende a ser assim quando você passa sua infância cercado por homofobia," a resposta de Kiyoomi é murmurada com toda a emoção de uma pedra. Atsumu pensava ser porque ele não ligava - talvez ele ainda ache que é isso um pouco - mas agora ele se pergunta se não é o jeito de Kiyoomi lidar com as coisas.
Atsumu não pergunta - e como ele faria isso? - e não sabe o que falar também. Atsumu nunca teve isso, nunca teve medo ou vergonha (sobre quem ele é, sobre como ele se sente, sobre quem ele ama). E mesmo que o chão parecesse instável quando ele saía do armário para seus pais ou durante a entrevista de imprensa que parecia o começo do fim, Osamu estava do seu lado.
Corre pela sua mente, a noção de Kiyoomi, não ser um robô sem coração, mas uma criança que tinha medo de si mesmo, cercada de adultos que não se importam. O homem à sua frente parece pequeno, como se ele olhasse uma criança - pena é uma emoção que Atsumu apagaria da existência se pudesse, e ela é o que ele sente agora.
Atsumu quer alcançar o outro lado da mesa, segurar sua mão, passar a mão pelo seu cabelo - se nós nos conhecêssemos naquela época eu estaria lá por você, - Ele não faz nenhuma dessas coisas.
"Omi..."
Kiyoomi dá conta da situação por ele, ou esmaga ela.
"Não me chame de Omi, pare de se sentir mal por mim e pegue as cartas."
A queda para sua dinâmica usual é um soco no estômago, mas a dor é bem vinda por Atsumu como uma antiga amiga. É só ali que ele percebe que Kiyoomi jogou uma 'mais quatro' - quais eram as chances?
Atsumu sorri, contentemente pegando as quatro cartas do baralho de compra e as colocando no próprio.
"Agora que tipo de estratégia é essa, Omi?"
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tchau
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