Dieciocho - Lα pérdidα



Meu celular tocava freneticamente, deslizei o dedo desligando, pois estava no meio de uma reunião importante da empresa.

- Então senhores, essa é a proposta da empresa. Nós queremos construir um centro comunitário voltado apenas para os menos afortunados

- E quanto ganharemos nisso? - olho para o final da sala e vejo Paolo com seu sorriso mais descarado -

- Cada acionista receberam 30% dos valores da construção e venda do centro comunitário - apontei para a tela que mostrava o gráfico - Mais alguma pergunta ? - eles negam - Obrigada pela tempo de vocês.

Todos se retiram da sala e tomo um susto quando me viro, Paolo estava com as mãos no bolsa e mantinha seu sorriso presunçoso nos lábios.
Me afastei dele, juntei a bolsa no ombro e peguei as pastas em cima da mesa.

- Posso lhe ajudar em algo? - desligo a tv e me viro para ele -

- Claro que sim, saindo comigo

- Paolo, desiste você sabe que eu estou com o Lorenzo - ele bufa e se aproxima novamente - Já disse que não. Um ótimo dia

Me desvencilho dele e saio da empresa, no elevador abro o whatsapp e vejo que há dezenas de mensagens da minha avó.
Assim que chego no térreo, pego o celular para ligar pra ela.

Ligação 📱:

- Abuela, o que houve?

- Ah minha filha - ouço os soluços da minha avó -

- Pelo amor de Deus, abuela. Está tudo bem?

- Mi amor, a Maju sumiu - deixei as pastas caírem no chão -

- Como assim sumiu ? A babá estava com ela? Aonde está essa mulher ?

- Ela foi encontrada desmaiada dentro da casa

- Aí meu Deus - me encostei no carro e minha visão estava turva - Me diz que a senhora está brincando

- Eu lá vou brincar com coisa séria, seu avô está no caso. Já avisamos ao Lorenzo, só venha pra casa

Desliguei o celular e catei os papéis que estavam espalhados no chão, dentro da bolsa.
Liguei o carro, e deu para ouvir o pneu cantando, eu dirigia acima da velocidade permitida.
Ao chegar no hotel que eu estava hospedada, fui direito para o quarto e guardei minhas roupas na mala.

Fiz o check out, e voltei para o quarto.
O trânsito estava tranquilo, então a viagem que fiz em 2 horas, eu fiz em uma hora.
Quando entrei na rua, vi diversos carros de polícia, reportagem e muitos fofoqueiros.
Me identifiquei com o policial que liberou minha passagem.

- Abuela - me joguei em seus braços quando a vi -

- Calma minha menina, respira fundo - ela esfregava minhas costas -

- Aqui dona Dominique, beba - Carmem me entrega um copo de água com açúcar -

- Eu não quero isso, eu quero minha filha - deixei o copo sobre a mesa e as lágrimas tornaram a descer -

- Você tem ideia de quem poderia ter feito isso? - meu avô pergunta e eu nego - Já faz mais de 72 horas que ela está desaparecida

- E como você estava aqui esse tempo todo desacordada? - me aproximei de Ariel que se encolheu no sofá -

- Calma minha filha, foi constatado no exame que deram a ela uma substância que fez ela dormir esse tempo - meu avô colocou a mão sobre meu ombro para que eu me acalmasse -

- Olha senhor, eu já contei tudo. Ele estava vestido de carteiro e quando abri a porta para receber o pacote, ele colocou algo no meu nariz. Eu comecei a ficar grogue, mais consegui andar até o quarto da menina e a escondi no armário, ela estava dormindo.
Só que quando acordei, eu estava amarrada e a Maju tinha sido levada - Ariel secava as lágrimas - Me desculpa dona Dominique

- Você viu a cara do tal sujeito ? - Lorenzo perguntou e ele assentiu -

- Ele não é muito alto, mais é moreno. Tem porte de lutador - arregalei os olhos e olhei para Lorenzo -

- Será que ?

- É ele Lorenzo, ele levou nossa menininha - abracei Lorenzo que me aconchegou em seu peito -

- Você tem alguma foto dele Dominique? - meu avô pergunta e eu pego meu celular - Me envia a foto por favor

Envio a foto de Dante para o meu avô, eu não acredito que aquele desgraçado teve coragem de sequestrar minha filha.
Eu aposto que ele deve estar em conjunto com a Belle, simplesmente não entendo como as pessoas tem coragem de machucar uma criança.
Espero que minha bebê esteja bem.


- Olá Dominique, sou Clarrise chefe do departamento de sequestros da polícia de Barcelona - olho para meu avô sem entender nada -

- Meu bem, a Clarisse que cuidará do caso. Ela é mais preparada para isso, mais irei acompanhar tudo de pertinho - meu avô me tranquiliza -

- Eu preciso de uma amostra do seu DNA, para comparar - concordo e abro a boca para ela coletar minha saliva - Vocês tem câmera de segurança ?

- Não, íamos instalar - Lorenzo responde cabisbaixo -

- Tudo bem. Preciso de uma foto da criança, nós iremos emitir o alerta Amber*. Assim que o alerta for emitido, todas as fronteiras, aeroportos, qualquer meio de locomoção saberá que há uma criança desaparecida e o sequestrador não conseguirá sair do país - Clarrise se retira para fazer a ligação -

- Eu devia ter viajado, eu sou uma péssima mãe - choramingo e Lorenzo me abraça - Foi tudo culpa minha, se eu estivesse aqui..

- Se você estivesse aqui, algo poderia ter acontecido com você também. Eu iria me sentir pior ainda - ele deixa um beijo em minha cabeça -

- Venham vocês precisam comer - Lunna diz nos puxando pela mão - E não adianta dizer que estão sem fome, sem comida vocês não podem ficar.

A contragosto almoço um pouquinho, subo para o quarto e tomo um banho.
Debaixo da água as lágrimas começam a rolar desesperadamente.
Todos podiam dizer o que fosse, mais eu me sentia culpada, por tentar abraçar o mundo com as pernas.
Se eu fosse como as outras mães, que deixam o trabalho para cuidar da família.
Nada disso teria acontecido, eu preferia que ele tivesse me levado, até mesmo matado, mais não minha filha.

- Meu Deus, proteja a minha bebê - apoio as mãos no azulejo branco -

O choro estava entalado em minha garganta e eu precisa por para fora, me sentei no azulejo gelado e abracei minhas pernas.
Com os olhos fechados, flashes da minha filha correndo pela casa, brincando, iluminando a casa.
O seria da minha vida sem ela? Eu não sou nada sem ela. Eu lutei tanto para ter minha menina, eu não posso perde-la assim.

1 ano depois...

Já se passaram um ano, desde do sequestro da Maria Júlia, a polícia já havia esgotado suas pistas e suspeitos.
A mídia massacrou, até não dar mais, dia e noite o rosto da Maju estampou os jornais de todo mundo, fomos colocados como suspeitos do sumiço da nossa própria filha.
Pela cidade havia anúncios espalhados, com a última foto da Maju, a quantia que ofereciamos era alta.

Nos trouxeram diversas meninas, mais nenhuma era a minha.
Cada dia que se passava, eu definhava cada vez mais, eu não tinha e não tenho forças para viver.
Nosso relacionamento foi se desgastando, de uma tal forma que só estamos juntos por causa da Maju.

- Querida - abro os olhos e vejo minha avó sentada na ponta da cama -

- Olá abuela - apoei meus braços e me sentei - Está tudo bem?

- Está sim - ela olhou dentro dos meus olhos e suspirou baixinho - Eu estou preocupada com você meu amor

- Ah abuela, você sabe que eu perdi a vontade de viver

- Você não pode fazer isso, lembra da Maju - ela acariciou minhas pernas por cima da coberta - Ela precisa da mamãe dela bem forte

- Não sei se consigo mais - escondi meu rosto e comecei a chorar - Eu só sei chorar.

- Você precisa sair dessa cama e retomar sua vida. Deus está guardando sua menininha e logo ela aparecerá - minha avó se aproximou de mim - Volte a trabalhar, case-se com o Lorenzo, ele é louco por você mi amor

- Abuela, Lorenzo e eu só estamos juntos por causa da Maju. Não dormimos mais na mesma cama, trocamos apenas as palavras necessárias. Nosso relacionamento acabou - enxuguei as lágrimas que desciam -

- Não mi amor, não acabou. Eu vejo nos olhos dele o quanto ele te ama - ela envolveu meu rosto em suas mãos - Viva sua vida e deixe Deus cuidar de tudo

- Eu não quero esquecer da Maju, e se ela souber que eu continue vivendo como se nada tivesse acontecido? Eu não posso vovó - nego e minha avó vira meu rosto para ela -

- Mi amor, nunca você esquecerá a Maju. Ela está aqui - ela colocou a mão sob meu peito - E nós vamos encontrá-la, Deus será bondoso

- Não sei se consigo.

- Comece por passos curtos. Primeiro saia dessa cama, tome um banho e se cuide, deixe suas preocupações com o Senhor - ela fez o sinal da cruz e beijou minha mão -

Ela me deixou sozinha no quarto e reuni um pouco de coragem para sair da cama.
Ao abrir a janela fazia um " lindo dia de sol", sorri ao lembrar da mãe, como eu gostaria que ela estivesse aqui para me dar colo.
Caminho até o banheiro e vejo minha imagem no espelho, eu estava pesando 10 kgs a menos.
A magreza era visível, dava para ver todos meus ossos expostos.

Entrei debaixo do chuveiro e água parecia furar minha pele, de tão sensível que ela estava.
Lavei meus cabelos, que estavam grandes e descuidados.
Após sair do banho, me enrolei no roupão e caminhei até o closet, peguei minhas peças íntimas e as vesti.
Espalhei um creme sobre meu corpo, minha pele estava ressecada.

Vesti uma calça jeans e uma blusa branca, e calcei uma sapatilha.
Quando desci as escadas encontrei Lorenzo tomando café com Ariel.
Ambos me olharam assustados, achei estranho aquela mulher ainda estar ali.

- Bom dia Dominique - Lorenzo disse me olhando de cima em baixo -

- Bom dia, o que faz aqui? - me dirijo a Ariel que me olha assustada -

- Isso é jeito de falar com as visitas? - ele pergunta irritado -

- Eu falo do jeito que eu quiser. Não esqueça que estou dentro da minha casa - encho minha xícara com café - Me responda, o que faz aqui?

- Ariel é minha amiga, já que você desistiu de viver. Se trancou naquele quarto

- Ah ela é sua amiga? Por que não foi morar com ela hein? Eu desistir de viver Lorenzo? Eu perdi uma filha, talvez isso não faça diferença pra você mas para mim faz - derrubo a xícara de café quente em cima de mim -

- Deixa que eu te ajudo - Ariel se aproxima de mim -

- Sai daqui - a empurro e suas costas batem na mesa fazendo ela tremer -

- Você está descontrolada - Lorenzo se levanta e caminha até Ariel para ver se ela estava bem -

- Dominique - me viro e vejo a policial Clarisse - Será que poderia falar com você?

- Claro, vamos para a sala - deixo os dois e vou para a sala com ela - Descobriram algo ?

- Eu preciso que você se sente - meu coração acelerou - Dominique hoje às 6 da manhã, foi encontrado um corpo as margens do Rio Besó, eu preciso que você vá até o local

Pego minha carteira e meu corpo tremia a todo momento.
Durante todo o caminho, eu me sentia péssima, eu desejava morrer.
Era um pesadelo, tudo aquilo era um pesadelo.

Ao chegar no local, havia a impressa em peso, o local estava cercado e muitos policiais olhavam o local.
Segui a policial até o corpo, quando ela descobriu eu quase vomitei.
Era minha minha menina, ali, é minha filha.
Me abaixei sobre seu corpo frágil e comecei a chorar desesperadamente, eu gritava e meus pulmões doíam, eu só pedia a Deus que me levasse junto com ela.

- Calma, alguém trás um copo de água para ela - Clarrise gritou para as pessoas que passavam - Toma - empurrei o copo da mão dela e cai no chão -


- Aonde eu estou?

- Calma meu amor. Você passou mal - vovó passou a mão pelo meu rosto -

- Abuela, foi tudo um pesadelo não foi? - pergunto chorando e minha avó começan a chorar também -

Eu podia morrer agora...

* ALERTA AMBER - Um Alerta AMBER ou uma Emergência de Rapto de Criança é um sistema de alerta de rapto de criança. Tem origem nos Estados Unidos em 1996.

Bom meus queridos, foi bem difícil escrever esse capítulo.
Vocês sabiam que há cada 5 minutos uma criança é raptada?
Há milhões de famílias por todo mundo, que tiveram seus filhos desaparecidos e infelizmente tiveram o final como Dominique e tem outros que nunca mais acharam seus filhos.
Galera esse é um tema real, a mídia vez por outra retrata isso em filmes, séries e novelas.
Pois é um tema muito sério!
Vamos ajudar essas milhões de família, deixando nosso apoio!
Se você souber de alguma criança da sua cidade, que esteja desaparecida.
Avise as autoridades locais.

Barcelona, yo te amo está chegando na reta final.
Teremos um spin off do livro!
Em breve mais informações!

Até o próximo capítulo ✈️

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