Tome cuidado
Três dias depois.
Miami Beach, 02h03
Point of View Georgia Banks
Escuto um som bem alto, como se algo estivesse caído no chão. Olhei em meu celular e arregalei os olhos vendo a hora. Mas que merda. Novamente escuto o barulho e saltei da cama, dando um susto em Townsen. Ela brigou com a mãe e veio dormir aqui, de novo.
— O que está acontecendo, amor? — sua voz rouca me arrepiou. Foco Georgia!
Dou de ombros, não sabendo o que responder.
— Deve ser a Beck, não? — franzo o cenho.
— E por acaso ela saiu? — arqueei a sobrancelha.
— Não sei, oras. — bufei.
O barulho persistiu, de novo.
Me levantei da cama, indo até a janela, vendo que a casa de meu adorável vizinho se encontrava toda apagada; então, não seria ele. Caminhei em direção à porta, parando logo em seguida ao escutar um pigarreio da garota na cama.
— Onde pensa que vai? — cruzou os braços, soltei uma risada.
— Irei ver o que é. — abro a porta, fechando em seguida.
Silenciosamente, olhei para os lados e não vi ninguém. Estranho. Parei na sala não vendo nada fora do lugar, a não ser pela janela quebrada. Aliás, como ela quebrou? Acendo a luz, e procurei por algo que não fosse da minha casa. E achei...
Um papel, para ser mais exata, um bilhete.
— Como isso entrou aqui? Será que foi o vento? — me questiono, franzindo o cenho.
Como raios a janela foi quebrada?
Suspirei fraco, sentando-me no sofá, ainda com o maldito bilhete desconhecido. Decido ler para ver o que tem escrito:
"Tome cuidado, às vezes quem está mais perto pode ser alguém que você menos imagina. Abra os olhos. Tudo pode acontecer..."
Que palhaçada é essa? Quem mandaria essa porcaria?
— O que é? — tomei um susto ao escutar a voz de Beck.
— Não sei, mas também queria saber. — murmurei, olhando para o outro lado.
— Por que a janela está quebrada? Entraram aqui dentro? — tantas perguntas, infernos.
— Beckett, se eu soubesse já teria falado, então para de fazer perguntas, porra! — falo mansa.
Respirei fundo, contando até seis mentalmente.
— Amor? Não tem ninguém, né? — mais uma.
— Fica no quarto e não sai. — mando.
— Ge...
Me virei, vendo-a parada na parede e me olhando.
— Só vai e me espera. Já vou. — dou um sorriso, e ela volta, murmurando algo. Voltei meu olhar para Beckett, que estava de braços cruzados. — Precisamos saber quem fez isso e o mandante do bilhete.
— Mas, Georgia, não tem nada aqui para comprovar que entraram na casa. — suspirou. — Apenas temos o bilhete... Aliás, deixe-me ler.
Concordo, entregando-lhe o papel.
— Não têm mais o que fazer, vamos dormir. Amanhã você liga pra alguém vir consertar isso. — levantei-me, já cansada e andei até meu quarto, encontrando uma Townsen totalmente preocupada. E assim que me viu, correu em minha direção, abraçando-me como se eu fosse morrer. E eu iria morrer sim, mas, por conta seu abraço extremamente apertado. — Babe...
Selou-me rapidamente.
— Iremos dormir, hoje não. — bufou alto. Estava a negando fazia três dias. Ela terá que aprender que não se deve fazer mais aquilo, Townsen tem que se amar em primeiro lugar.
— Sério? — apenas a encarei séria.
— Estou com cara de quem tá brincando por acaso? — hoje estou só nas patadas.
— Não... — me deitei na cama, desligando a luz, sinto a cama afundar e sua mão vir de encontro a minha, entrelaçando-as.
(...)
08h00
Acredito que não dormi nada, meu corpo inteiro dói e reclamava a todo instante que me movia na cama. Townsen havia ido para mais uma de sua viagem, Darcy também foi com ela. Não que minha namorada não tivesse me chamado, apenas não poderei ir, já que minha mãe viria aqui pra casa. Aliás, estou ansiosa, só espero que ela não venha hoje, porque não irei sair da cama por nada nesse mundo.
Queria só dormir mais um pouco.
Alguém bate na porta, mas não digo nada. Novamente, batem na porta e, dessa vez, um ser passa por ela. Dou um grito ao ver quem passava pela mesma. Minha mãe, Brooke. Deixo de lado minha dor e corro em sua direção, deixando uma lágrima cair. Que saudade dessa coroa.
Me afastei para olhá-la melhor.
— 'Tá gostosona, coroa. — ri.
— Me respeita, garota. — me deu um tapa. — Está com uma cara de cansada. O que aconteceu?
Suspirei, sentando-me na cama.
— Quebraram a janela da sala ontem de madrugada... — não iria contar sobre o bilhete. — Fomos dormir muito tarde, e a Townsen teve que acordar cedo, né. E quem a acordou? Exatamente, eu. — apontei para mim.
Brooke riu.
— É assim mesmo, filha, acostume-se. — tocou em meu ombro. — Não vi Beckett por aqui.
Franzo o cenho.
— Ontem quando fui dormir ela estava em casa, depois disso, não saí mais do quarto. — expliquei, vendo sua expressão mudar.
— Estranho, quando morávamos lá, ela nem gostava de sair de casa. — mordeu o lábio. — Não deveria estar tirando fotos?
— Só me chamam para algo importante ou algo relacionado a isso. — entortei o lábio.
— Vamos às compras? — arqueou a sobrancelha.
Assinto, sorrindo.
— Tome um banho, você fede. — abanou as mãos em frente ao nariz e se afastou, rindo.
Mas, o quê?
— Já tomei banho ontem, não tem necessidade de tomar outro. — disse confusa.
— Georgia Banks, pro banho agora! — olhou-me furiosa, mas soltei uma risada. — Anda, maluca! — deu um passo em minha direção e eu corri para o banheiro. Droga.
Tomei um banho super rápido, escovei os dentes, olhando-me no espelho. Decido prender meu cabelo todo em um rabo de cavalo alto. Apenas deixei o cabelo mais liso que o normal, passando a prancha diversas vezes. Saí do banheiro, minha mãe já não estava mais no quarto, fiquei agradecida. Olhei para dentro do guarda-roupa e passei meu olhar entre os cabides e sorrio ao ver uma roupa que ainda não usei. Estava fazendo um pouco de frio. Peguei um cropped branco com uma aberta entre os seios, quase do tamanho de um sutiã, mas é lindo ele.
Puxei do cabide uma calça camuflada, vestindo-a, vejo uma bota preta de salto grosso, a peguei colocando-a.
— Está linda, filha. — tomei um susto, me desequilibrando do salto, quase caindo.
— Porra, mãe! — reclamei.
— Já está pronta ou precisa passar mais reboco nessa tua cara feia? — a olhei indignada.
— Cara feia? Eu saí de dentro da sua barriga, maluca. Se eu sou feia, tu também é. — ri debochada.
— É mesmo? — me olhou irônica. — Anda logo. — saímos do quarto e tranquei o mesmo. Passamos pela sala e peguei meu celular, e por fim, já estávamos fora de casa. Entrei no carro sendo seguida por minha mãe.
— Adivinha quem é meu novo vizinho?
— Outra lésbica? — faço careta.
— Não. O Justin, mãe. — comentei. Brooke arregalou os olhos, pondo a mão na boca.
— Não creio! O que ele faz aqui? Ele te fez algo? — olhei-a estranho.
Neguei, vendo-a suspirar.
— Ele só tentou conversar comigo, mas sempre que tentava, eu o expulsava. — murmurei.
— Certo. — me olha. — Não quero que fale com ele.
— Mas, mãe, ele mora do meu lado...
— Foda-se, Georgia! Não quero e pronto. — fala alto, me assustando. Engulo a seco, apertando o volante.
— 'Tá. — é a única coisa que falo e caminho todo foi um silêncio.
Ao chegarmos na loja, fui logo para a sessão de saias; eu amava e Townsen também. Sinto meu celular vibrar no bolso, o peguei:
— Irei dormir na minha mãe. — respiro fundo.
— Ok. — é tudo o que digo.
— Amor, ela pediu.
— 'Tá, Townsen! — exclamo, calma.
— Está bem mesmo? Eu posso dormir em ca...
— Não. Fique com sua mãe. — olhei para frente e vejo Beckett entrar na loja. — Preciso ir.
— Ge! — grita do outro lado.
— Banks é você? — olho para o lado vendo Alfredo.
— Quem é Georgia? — desligo o celular, suspirando fraco.
— Alfredo, você por aqui..
Beck apareceu ao seu lado, assustada. Ela estava me escondendo algo.
— Estão juntos? — perguntei.
— Não exatamente. — Beckett me olhou e retirei-me da loja.
(...)
14h21
Entreabro os olhos, percebendo que estava na cama. Havia tirado um cochilo. Agora sim me sentia com mais ânimo para fazer algo. Respiro fundo. Assim que havíamos chegado da loja, e minha mãe ter comprado várias coisas para ela, vim direto para o quatro. Mas, o que não sai da cabeça é a sua ideia de não falar com o Bieber.
Tá, que eu não quero mesmo dizer nada a ele... O problema foi a forma de como ela disse. Hoje estou a impressão que todos escondem algo de mim.
Escuto batidas na porta e bufo. Só queria ficar mais tempo na cama.
— Entra. — mandei, a contragosto. Townsen passa pela porta me fazendo franzir o cenho por um segundo. — Não deveria estar na sua mãe?
— Deveria. Mas decidi passar pelo menos a tarde com você. — sorriu, sem graça. Droga.
— Sério? — assentiu, sentando meu lado na cama. — Sinto saudades.
Sua bochecha fica corada, e gargalhei.
— Não é disso que estou falando, sua mente maliciosa. — disse ainda rindo, recebi um tapa na coxa.
— Então é sobre o quê? — tentou parecer brava.
Puxei seu cabelo, de forma que seu rosto fosse de encontro com o meu, e selei nossos lábios calmamente. Porra! Seu lábio macio fazia uma massagem na minha tão maravilhosa. Peço passagem e sua língua entra rapidamente, ri fraco. Estava tão bom aquele momento, que nem me lembrava que minha mãe estava aqui em casa. Ofeguei ao sentir uma sugada na língua da mesma, mordo seu lábio lentamente dando uma chupada e voltando a beijá-la com mais intensidade. Subo em seu colo, sentindo sua mão em meu cabelo e a outra em minha cintura apertando-a. Movi minha língua apressadamente contra a sua, mesmo sentido a falta de ar vir, mas não ligava. Queria estar em sua boca de qualquer maneira. A forma que ela se movia era tão sensual, gemi. Sua mão apertava meu seio por cima da blusa e não liguei. Mordi seu lábio com força, em seguida sua língua, parando o beijo com alguns selinhos.
Estava ofegante e muito. Ela tirava todo meu ar. Eu a amo tanto.
— Por favor... — neguei, dando-lhe um selinho delicado em sua boca avermelhada. — Se não podemos nos tocar, então porque me beijou? — agora ela estava brava e gostosa.
— Porque, minha querida, apenas beijar é o que você pode fazer, fora disso, nada mais. — respondi, com o rosto perto do seu.
— Georgia você não pode fazer isso comigo! Droga! Eu sou sua namorada, entende isso, você está sendo injusta. — saí do seu colo, olhando-a indignada.
— Você quase morreu por besteira, então para de falar isso. — travo. — Não quero perder você... Não sou injusta, só quero o seu bem. E se você acha que estou fazendo alguma coisa errada, me fala. Até porque eu quero você viva ao meu lado... Se acha que não dá mais, vai embora. Não será você quem vai chorar de noite lamentando a sua perda, vai ser eu e mais algumas pessoas que se importam com a sua recuperação.
Ela levantou-se, andando até mim.
— Você está sendo injusta, sim. — deu-me um tapa.
Encarei seu rosto, confusa com esse tapa e vejo o arrependimento em seu olhar.
— Geo...
— Sai. — falo com a voz falha.
— Amor...
Ri irônica.
— Townsen, sai desse quarto agora! Tu não disse que estou errada? Que sou injusta? Tudo bem! — respiro fundo. — Mas, eu quero que você saia desse quarto e esquece que somos e vivemos algo. Se você me amasse e percebesse que eu só queria o seu bem, não me chamaria de injusta. Agora sai daqui!
— Você vai me ouvir. — fala alto.
— Sai, porra! — grito alto e nervosa.
— Não! Eu não me sinto bem, digo, acho que essa que está em sua frente não sou eu mesma... Me sinto confusa em relação em acreditar que você me ama e em acreditar no que minha mãe me disse que você só está comigo por interesse de virar uma modelo. — minha visão fica embaçada. — Eu quero acreditar em você... Mas, não dá. Você me rejeita.
— Te rejeitar? Townsen eu amo você, tudo em você é perfeito. Darcy quer ver uma filha perfeita modificando todo o seu corpo, fazendo você parar de comer coisas que gosta, parar de viver... Isso está te fazendo mal e percebi isso quando você me deu um tapa. O tapa doeu mais ao ouvir que você não acredita no meu amor por ti.
Escuto a porta se abrir, mas não ligo.
— Eu te amo, mas isso não dá. — digo, engolindo o choro.
— O que está acontecendo? — era Beck, vire-me para olhá-la. — E por que raios seu rosto ta vermelho? Ela bateu em você?
— Beckett, não se mete. — Townsen diz ríspida.
— Não se mete? — repetiu nervosa. — Pelo que ouvi atrás da porta, você acredita na vadia da sua mãe do que na sua namorada? Georgia salvou você, ela defende você mesmo estando com medo de qualquer coisa, ela faz tudo por você e é assim que você retribui? Dizendo que não acredita no amor dela por você? Sua mãe está, sim, querendo matar você aos poucos, dizendo que ficar magra é a solução pra tudo. Não, não é. Townsen, eu quero você fora daqui agora, antes que eu mesma encha tua cara de porrada.
Olhava o quarto todo, menos para seu rosto. Eu não conseguia.
— Essa casa também é minha.
Vire-me para Beck.
— Vamos embora. — andei para fora do quarto, fazendo o máximo para segurar as lágrimas.
— Não, não vamos, você é a dona daqui. — Beck gritou alto, chamando minha atenção e nessa hora Brooke aparece na sala com um olhar confuso.
— O que é isso? — indagou.
— A desgraçada da Townsen, tia.
Parei em frente a porta, tentando respirar fundo.
— Gente, para. — pedi em sussurro.
— Para nada, ela tá errada em dizer aquilo pra você. — Beckett diz, enfurecida.
— Georgia, desculpa, por favor. — ouvi sua voz perto e sabia que ela estava ao meu lado.
— Você é minha ruína, você é minha musa. — cantei, baixinho. — Eu não consigo, preciso de espaço.
— Minha mãe, ela me disse coisas sobre você... Deveria ter escutado a ti, meu amor... — abraçou-me. — Me perdoa, babe.
— Deixe elas se resolverem, Beck, tu sabe que ela não gosta disso. Vamos. — ouvi passos se distanciar.
— Só preciso de um tempo... Até a festa de gala, irei lhe dar uma resposta, ta? — olhei em seus olhos, vendo as lágrimas caírem.
— Não... — colou nossas testas.
— Até a festa, só esse tempo. Duas semanas, apenas. — murmurei.
— Eu te amo. — disse ela, selando minha bochecha.
— Vá. — olhou-me esperando dizer mais alguma coisa, mas não ousei a falar nada e ouvi a porta se aberta e logo fechada.
"Pouco dura a dor que termina em lágrimas, e muito longo é o período em que o sofrimento permanece no coração."
*******
Brooke é mãe da Georgia, tá. Espero mesmo que tenham gostado gente, fiz de coração. Os comentários de vocês me incentiva muito e me anima a escrever mais rápido.
Teaser:
https://youtu.be/J-Etitd_I_c
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