Noite acabada

Miami Beach, 23h00

Point of View Georgia Banks

Ainda não tinha conseguido dormir. Depois daquelas palavras, entrei em casa rapidamente, sentindo meu peito bater rápido. Suspirava a cada instante. Townsen ainda não havia mandado uma mensagem sequer, e isso estava, de certo modo, me preocupando, mas relevei tirando isso da cabeça. Precisava dormir.

Justin.

Esse nome rondava minha cabeça e me deixava um pouco desnorteada, só por saber que ele estava aqui. No entanto, era estranho, já que pode ser outro Justin. Certo, pode ser paranoia da minha cabeça, mas algo me dizia que era ele lá fora. Não queria perguntar ao Fredo, não estamos nesse nível de amizade tão grande para sair perguntando tal coisa. Peguei meu celular assim que apitou e franzi o cenho assim que li:

"Certeza absoluta que confia em sua mulher? Além do mais, confia nessa Laila?" — Desconhecido.

É claro que confiava nela, mas não nessa Laila cachorra. Até porque, pelo jeito, ela também gostava da minha garota, e isso não é nada legal.

Ouço um estrondo e olhei pela janela do quarto; estava tudo apagado. Então, provavelmente, era em frente a casa. Joguei o celular na cama e sai do quarto, deixando a porta aberta. Andei bem lento mesmo e assim que abri a porta de casa, olhei para o lado, vendo que tinha uma rodinha de pessoas, e reconheci Alfredo e Ryan testudo entre eles. Suspirando fraco, bufei e deixei a porta aberta indo em direção ao meu carro.

— Alfredo? — chamei, e ele olhou para mim com um sorriso e levantou-se vindo em minha direção. — Será que poderiam fazer menos barulho? — pedi.

— Tem como não. — arqueio uma sobrancelha, cruzando os braços. — É que estamos arrumando lá dentro ainda e Drew pediu para que ficássemos aqui fora. Mas, irei pedir para ele amenizar o baralho. Claro, se ele quiser, né. — faço uma careta e concordo.

Me virei, andando em direção a casa, mas parei assim que reconheci a voz de Laila. Mordo meu lábio. Olhei para trás e vi Townsen com ela. Elas estavam de mãos dadas, enquanto Laila olhava os meninos da casa ao lado. Um homem saiu de dentro da mesma, abrindo um sorriso.

— Laila quanto tempo. — ouvi sua voz e me arrepio. Chego mais perto, fechando minha mão. — Faz tempo que não a vejo. Está mais gostosa também. — riu, se aproximando dela.

— Que pena que não curto mais a fruta, não é mesmo? — sorriu debochada. Não gosto dela.

— Duvido que não curta. Além do mais, duvido que não goste da minha fruta. — passou a mão sobre o rosto dela, que lhe deu um tapa.

— Eu namoro... Ela. — apontou para a minha garota. Ela tá ficando louca?

— É mesmo? — assentiu. — Beije-a.

Arregalo meus olhos com a cena a seguir. Laila puxou ela pela cintura, a beijando. Me levantei e andei até ela. Puxando Laila pelos ombros, não me aguentando com seu sorriso cínico, dou-lhe um tapa na cara, e puxei minha menina para perto de mim.

— Beija ela mais uma vez, que você irá me conhecer de verdade, garota! — apertei seu pulso. — Se você chegar perto dela...

Ela teve a coragem de rir. Como tinha um carro ao lado dela, a virei colocando seu corpo de bruço no carro e seu braço atrás das costas, apertando-os fortemente. Chego perto do seu ouvido, ouvindo seu riso abafado pelo cabelo em seu rosto.

— Não seria capaz de fazer isso comigo. — fala tentando se levantar, apertei mais forte seu braço, ouvindo seu gemido. — Ela não gosta de você. E duvido muito que você iria ter coragem de fazer algo comigo. — bati sua cabeça no capô do carro. — Sou a melhor amiga dela...

— Agora eu sou sua pior inimiga, sua cachorra. — disse e bati mais um vez sua cabeça no carro e sai de perto dela.

Fico paralisada ao ver quem se encontrava à minha frente. Minhas mãos tremem, sinto a falta de ar. Não poderia ser real. Ele estava à minha frente, e me olhava da mesma forma. Acho que estávamos assustados com a situação, tanto que ninguém até agora conseguiu se pronunciar. Não conseguia me mexer; eu queria sair daqui. Engulo a seco, sentindo o ar frio bater em meu corpo.

— Georgia? — tentou me tocar, mas dei um passo para trás atordoada. Ainda sentia meu coração querer sair pela boca.

Forcei minha boca se abrir e finalmente consegui dizer algo:

— Vamos embora. — virei-me e saí andando em direção a casa; entrei na mesma e andei até o quarto. Ouvi a porta se fechar e deduzi que ela havia entrado logo atrás de mim. Deitei-me na cama e livrei-me das cobertas jogando elas no chão.

Estava bolada e como não queria descontar nela, não dei atenção para o que ela dizia.

13h37

Após arrumar a casa toda, me jogo no sofá, fechando os olhos em seguida. Não tinha ninguém em casa e isso me deixava mais relaxada. Não tinha dormido quase nada. Townsen saiu cedo, mas deixou o café pronto. Ainda não acreditava que ele estava aqui. Em Miami, morando ao meu lado.

Respirei fundo. Mas bufei assim que escutei meu celular tocando, o peguei e atendi:

Se arrume, irei buscar você em minutos. — era Tobey.

— O quê? — estava mais confusa que tudo.

Já almoçou? Hoje tem um ensaio de fotos para uma marca de roupas de academia, acho que você vai gostar. — mordo meu lábio nervosa.

— Só tomei café. Vou me arrumar e já estarei pronta. — desliguei. Levantei-me, apressada, e corro para meu quarto. Tirei minha roupa pelo caminho até o banheiro, e assim que entrei nele, já ligo o chuveiro, sentindo a água cair sobre mim. Lavei meus cabelos, passo sabonete, e saio do box; seco-me toda e escovei meus dentes. Sai do banheiro e andei até meu guarda-roupas, vesti minha lingerie e procuro uma roupa; uma calça jeans, cropped preto e um salto preto. Como sei que eles irão me arrumar lá, apenas seco meu cabelo, e o prendo com um elástico pequeno.

Saí do quarto fechando a porta e fui até a cozinha, pegando apenas uma maçã, e voltei pra sala para pegar meu celular. Ouvi Tobey gritar e soltei uma risada com seu escândalo. Me retirei de casa a trancando, e andei até o carro de Bey entrando no mesmo. Beijo sua bochecha e mordo um pedaço da maçã.

— Qual é a marca da roupa? — olhei para ele, lambendo os lábios.

— É a Reebok. — abri um sorriso, é uma ótima marca.

— Tobey... — olhou-me de soslaio. — Quero pintar meu cabelo.

— Certo. — me olha assustado, soltei uma risada baixa. — Que cor exatamente você quer?

— Platinado. — fez uma careta, mas logo abriu um sorriso.

Não sei como, mas ele parou o carro em frente a um salão. Entrei com ele atrás de mim, e logo ele tomou frente de tudo e falou o que era pra fazer. Sentei-me na cadeira indicada pela cabeleireira, e suspiro. Tomara que fique bom.

— Irá ficar lindo. — sorri nervosa.

Em poucos minutos ele para o carro, saímos dele e andei em direção à Tobey. Entramos no local onde iríamos tirar as fotos. Me surpreendi com o tamanho, era imenso. Meu cabelo estava bonito ao meu ver. Um homem veio até nós com um sorriso e nos cumprimentou, ele disse que adorou meu cabelo e que era para pôr a roupa imediatamente.

E lá vamos nós.

(...)

17h04

— Estava onde?

Tomei um susto e coloquei a mão no peito, sentindo meu coração acelerado. Deus amado.

— Onde você estava? — repito sua pergunta. Deixei meu celular na mesa em frente ao sofá, sentei-me nele, tirando meus saltos. A olhei esperando dizer algo.

— Fui visitar minha mãe, e ela pediu pra você ir lá qualquer dia desses. — fiz careta. — Amor, quem era aquele cara de ontem? — fechei meus olhos por um segundo.

— Lembra daquele amigo que sumiu? Então, é ele. — suspirei. — Vamos sair pra algum lugar? Não aguento mais ficar em casa. — falo, Townsen concordou.

Andei até o quarto, tomei um banho bem demorado e peguei um vestido branco com alças finas e algumas flores, um salto fino; fiz uma maquiagem bem leve, e deixei meu cabelo solto. Finalizei com um perfume.

— Já estou pronta. — olhei para a porta e a vi sorrindo. Ela está... Gostosa. Mordo meu lábio a olhando de cima a baixo. — Não vi Beck o dia todo, onde ela se meteu pra não voltar pra casa até agora?

Dou de ombros, puxando ela pra sair do quarto.

— Na casa ao lado. — respondo.

— Fazendo o que lá? — me olhou. — Amei seu cabelo, combinou contigo. — selo sua boca demoradamente.

— Ryan mora ao lado, então, você já deve imaginar o resto. — digo por fim.

Saímos de casa e entramos no carro. O restaurante era um pouco longe, mas nada que fosse chato. Coloquei uma música na rádio, e a olhei sorrindo. Precisávamos desse tempo. Vejo ela pegar em meu celular e logo esticou os braços em minha direção, mostrando que haviam acabado de mandar uma mensagem. Era minha mãe.

— Lê a mensagem. — pedi.

— "Está tudo bem aí? Espero que sim, querida. Logo irei visitá-la.". — acaba de ler, e continua mexendo em meu celular. — Você tem que depositar o dinheiro pra sua mãe. Acho que dá tempo de irmos no banco e depositar, não? — assinto. — Então vamos logo.

— Não é melhor irmos comer e depois ir no banco? Porque é só depositar, e logo iremos voltar pra casa. — explico, mordendo meu lábio. Townsen concorda e vou direto para o restaurante. — Aliás, não quero você perto desta Laila. Sei que ela é sua amiga... Mas, amor, não confio nela o bastante para você ficar perto dela. E você viu como ela te tratou? Como se tu fosse uma vadia dela que a qualquer hora pode te beijar ou qualquer tipo! Não quero que isso aconteça de novo. — virei a esquerda. — Ela não é sua namorada pra ter feito aquilo, Townsen.

— Eu sei disso tudo, droga! Eu só... Deixa pra lá. — virou o rosto pra janela.

— Deixa pra lá, nada. Vamos resolver isso logo, já estou farta dessa ridícula. — a olho por um segundo. — Só tenta entender que ela não te vê como amiga, e sim como uma mulher e que ela te quer de verdade. — explico nervosa, troquei a marcha virando novamente para a esquerda. — Não quero parecer uma maluca ciumenta, porque isso não é comigo.

— Ela é a minha única amiga aqui. — explode, batendo as mãos na coxa.

— Então, pra você nem eu e nem Beck somos suas amigas? Ótimo. — falo, por fim.

— Georgia, não é isso...

— Acabou o assunto. — falo baixo. — Vamos jantar e depois ao banco.

Isso me deixou, de certa forma, bem triste. Mas não queria deixar isso na cara. Essa Laila já está me dando dor de cabeça, foi só essa garota aparecer para acabar com meu sossego. Nunca chegamos ao ponto de termos uma briga dessas. Não irei falar mais nada sobre essa baranga. Só queria que tivéssemos um jantar tranquilo, mas parece que não iremos ter.

Parei o carro em frente ao restaurante e andei até o recepcionista que nos levou até uma mesa. Não tinha prestado atenção no local, tanto que não sabia que estávamos em um restaurante mexicano. Um garçom veio e logo pedimos burritos e garnachas e, para acompanhar, um vinho branco.

— Vamos ficar em silêncio mesmo? — questiona me olhando. Soltei um suspiro e assinto. Se fosse abrir a boca novamente, iremos discutir e não é o que quero no momento. Nossa comida chegou e comemos em silêncio. Saboreava a comida que estava dos Deuses pra dizer a verdade, nunca havia comido em um restaurante mexicano. Estava tão bom.

Beberiquei meu vinho a olhando e vendo que ela estava gostando da comida, pelo menos isso né.

— Será que podemos pedir pra viagem? — me olha sorrindo. Dou de ombros e chamo o garçom. Perguntei se poderia levar para viagem e também para pôr alguma sobremesa qualquer. Logo ele volta trazendo a comida, e minha garota abriu um sorriso imenso, me fazendo abrir também. Mesmo que não tivéssemos acabado de comer, ela pediu outro prato, como já estava satisfeita não pedi nada.

— Gostou mesmo, hein. — falo, colocando mais vinho em meu copo, tinha pedido para deixarem a garrafa aqui.

— Sim. — sorriu, bebendo o vinho. — Laila iria gostar daqui... — não sei como, mas havia conseguido quebrar a taça em minhas mãos. Estava bom demais pra ser verdade. — Desculpa, Ge.

Não lhe respondi e muito menos olhei em sua cara após sua fala. Chamei novamente o garçom e peço a conta rapidamente. Esperei ela acabar de comer e, logo depois, peguei a sacola com a comida e saímos do restaurante. Entro no carro, batendo a porta com força.

— Só faltava quebrar a porta. — murmura e fingi que não ouvi. Deixei a sacola em seu colo e ligo o carro saindo do local.

Não sei que horas é, mas parece bem tarde. Mas, como não sei se amanhã vou ter algo para fazer, então acho melhor ir para o banco depositar logo o dinheiro. Acelerei o carro e de longe já conseguia ver o banco, era grande a beça. Enquanto diminuía a velocidade, procuro meu celular pelo carro, e o acho no banco de trás, coloco ele entre meu peito.

Parei o carro em frente ao banco, respiro fundo. Desci do carro, acionei o alarme e andei até a entrada do banco. Ele é todo espelhado, lindo. Entramos nele, e por algum motivo, ele está bastante cheio pra uma noite. Olhei as horas pelo relógio do banco e me assustei, 22h45, nossa muito tarde. Fiz todo o processo para o depósito e viro-me para ir embora, quando vejo quatro homens entrando no banco totalmente de pretos e armados.

Olhei para Townsen, pegando em sua mão e apertado-as fortemente. Sinto meu coração acelerado.

Isso é um assalto. — um deles falou, apontando a arma pra cima.

— Todos no chão, agora! — outro mandou, com sua arma direcionada para um segurança que tentou puxar a arma.

É agora que minha noite acabou de vez.

**********

 Espero que tenham gostado. Agora a coisa vai ficar bem séria, galera, se preparem!

Comentários são bem-vindos, até textões rs. <3 

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