9. O Maravilhoso Vulnerável Carter Callaway.

A minha aula de artes acabou faz meia hora, então eu e Oliver ficamos sentados no refeitório apenas conversando e esperando o que deveria ser Benjamin Logan Finley. Mas ele não aparece.

— Acho que ele não vem. - Oliver comenta, pegando o celular do bolso, um pouco entediado pela meia hora infinita passada ali. 

— Ah, sério? - Ironizo-o. - Vou para a biblioteca, tenho mais coisas para fazer. - Dou de ombros, levantando da cadeira em frente à mesa para me retirar do local. 

Saio do refeitório e - carregando o que chamo de " combo escolar" - , vou em direção a biblioteca. Chegando até ela, abro a porta e adentro o local, que agora está cheio de adolescentes.

Saudade das câmeras.

Vejo de longe os olhos de Benjamin Logan Finley cravarem nos meus. Ele está sentado com Kristen, " estudando". Então ele está aqui acompanhando ela durante a meia hora em que eu e Oliver ficamos o esperando no refeitório? É, parece que sim.

Já estou com ranço.

Reviro os olhos, mas não vou até ele. Ao invés de me irritar com a voz do garoto, eu prefiro estudar. Tenho provas, trabalhos e uma pilha de fichamentos para ler. Não preciso de Ben, preciso de conhecimento.

Coloco minha mochila em cima da mesa e retiro meus materiais, espalhando-os pela mesa, até escutar o som da cadeira em minha frente se movendo.
Levanto minha cabeça e avisto um Carter Callaway convencido e sorridente.

Ah, não.

Reviro meu olhar impaciente e o visualizo com irritação. Não basta um ter me dado um bolo, agora o outro vem me atormentar?

— Aí, o que você quer? - Pergunto com descontentamento. Hoje meu dia não está bom, e tenho direito de ter no mínimo um dia ruim sem ninguém enchendo o meu saco. 

— Está chateada por que o amiguinho te trocou pela Kris? - Pergunta, com ironia, sentando-se na cadeira. 

Eu odeio esse menino.

— Não te interessa. - Digo, suspirando.

O garoto suspira com impaciência, mas logo volta a conversar amigavelmente. 

— Lou, eu disse que iria te provar que gosto realmente de você. - Ele olha para os lados, colocando todos os meus materiais de volta na mochila.

— O que pensa que está fazendo? - Arqueio a sobrancelha, totalmente confusa.

Ah, ótimo.

— Vou levá-la em um lugar. Você vai gostar, pode apostar. - Dá uma piscadela, terminando de colocar o restante do meu "combo escolar" na mochila. 

Olho para os lados em uma tentativa de desviar o meu olhar dele, em seguida, volto a encará-lo. 

— Por que eu aceitaria? - Pergunto, querendo uma resposta no mínimo plausível para isto.

Porque você gosta de mim. - Hm, na lata. -  Está louca para me ter nos seus braços e eu sei que no fundinho quer ser surpreendida. - Diz, se achando o superior e mais galanteador garoto.

Uou, e ele está certo.

Ah, com certeza. - Ironizo, levantando quando ele pega minha mochila e começa a sair da biblioteca, sem nem ter tido a autorização. 

Sinto os olhares das pessoas sobre nós, principalmente o de Benjamin e Kristen. Foda-se eles, eu tenho meu próprio príncipe encantado, mas ao invés de me sentir uma princesa, estou me sentindo a boba da corte.

Ele me desprezou e agora estou correndo atrás dele. Bem trouxa mesmo.

Após termos subido o que me pareceu uns cem degraus, chegamos ao terraço.

— O que estamos fazendo aqui? - Pergunto, após fechar a porta e finalmente encarar aquela vista.

Caramba, que linda.

Primeiramente, os prédios altos e as casas pequeninas já agradaram a minha visão. O pôr do Sol deixou as coisas um pouco mais melancólicas, mas valeu a pena o exercício.

— Esse lugar é incrível. Sempre venho para cá, é meu esconderijo secreto. - Ele diz, sentando-se no chão e cruzando as pernas. - Esse lugar me deixa vulnerável, ok? - Confessa, lançando um sorriso.

Já sentado, ele me puxa para mais perto, me fazendo sentar ao seu lado. Encosto minha cabeça em seu ombro e me aconchego ali. Me sinto tão protegida nesse momento que até me esqueço o motivo pelo qual ele me deve desculpas. 

— Por que me trouxe aqui? - Pergunto, mordendo meu lábio inferior, visualizando de soslaio com um sorriso engraçado nos lábios. 

Ele hesita por alguns segundos mas responde mesmo assim. 

— Porque eu gosto de você, do que você representa para mim. Eu gosto de você. - Ele diz, olhando para os meus olhos e depois, para a vista dos prédios que parecem próximos daqui.

— Isso é...clichê. - Digo, sem dó nem piedade. Ele parece tão queridinho agora, mas não teve pena de mim quando me descartou. 

Pois bem, agora eu lembrei.

— Por que você sempre estraga o clima? - Ele brinca, passando o braço ao redor dos meus ombros.

- Porque eu sou uma corta vibe. - Explico, lançando uma piscadela para ele ao mesmo tempo que mordo o meu lábio inferior. -  Você é clichê. Mas aquele clichê que a gente suspira nos livros de clichê adolescente. - Sorrio de lado, sem mostrar meus dentes. - Aquele que quebra o coração da outra pessoa mas depois volta tentando consertar, e o público ama você. Porque você erra, faz merda, mas continua sendo o queridinho da história. 

— Ah, pelo menos uma coisa boa. - Ele sorri, voltando o olhar para os prédios. - O público me ama, e você? - Pergunta com a maior inocência  possível, pedindo com sinceridade. 

- Eu não amo você. - Suspiro. - Mas eu sofro por sua culpa, na história eu teria sentimentos profundos por você  que eu não consigo explicar. Talvez eu esteja apaixonada pelo garoto errado na história. - Explico. 

Eu não o amo, realmente. Mas eu gosto muito dele. Não nego. 

- O garoto errado é sempre o certo nas histórias. - Termina a fala, perdendo a tensão em seus músculos. 

Permaneço em silêncio, apenas inspirando e expirando. Ele também. E é aconchegante. 

Mas a questão ainda fica ali, entalada na minha garganta. Não consigo esconder isso. 

— Você gosta de mim de verdade ou apenas está fazendo isso por conta do seu ego? - Desembucho. - Digo, você precisa que eu goste de você pois precisa me ter. Quer dizer, você gosta de me ter mas você não gosta de mim. Acho que entendeu, não? 

Levanto minha cabeça para poder visualiza-lo. Preciso saber. Ele não pode me deixar mal, e se esse lugar o deixa vulnerável, preciso utilizar esse artifício para mim.

— Eu gosto de verdade, Adams. - Diz, olhando diretamente para a minha boca. - Nunca gostei tanto de alguém quanto gosto de você. 

E as borboletas no meu estômago aparecem, avassaladoras. Porque eu enxerguei a verdade no olhar dele. E isso me mata ao mesmo tempo que me reconstrói. 

Sinto-o se aproximar de mim. É óbvio que quer me beijar, droga, eu também quero.
Quando ele quase toca meus lábios, sorrio, me afasto e disparo: 

- Você vai precisar de mais esforço para poder me beijar. - Sorrio de maneira engraçada, lançando uma piscadela para ele. 

Após dizer isso, levanto rapidamente, ainda rindo.

— Nossa, você consegue estragar um clima! Sua corta vibe. - Ele levanta, olhando para os lados de forma brincalhona.

— Você vai precisar muito mais do que isso para me reconquistar, Callaway. - Digo, mordendo meu lábio.

A verdade é que já é tarde demais. Estou apaixonada por esse canalha. O olhar dele, o cheiro, sorriso, toque. Tudo. Que droga, eu não queria, será que posso controlar meus sentimentos? Mesmo se pudesse, acho que não quero. Gosto de gostar dele, mas odeio gostar dele pois isso me faz sofrer. 

Que contraditório.

— O que eu preciso? - Pergunta, me visualizando e puxando meu corpo para o dele, que não estava muito longe. 

Suspiro, colocando minhas mãos entorno de seu pescoço, mordendo meu lábio inferior.

— Ser você mesmo, Carter. A sua máscara não cola comigo, você sabe. - Digo, olhando nos olhos dele de forma sincera.

Ele sorri, levando uma mão - que estava no meu quadril - até uma mecha de cabelo minha, colocando-a atrás da orelha.

— Eu posso ter para os outros, mas não para você. - Ele diz.

Que meloso.
Agora não sei o que fazer com meu coração que está batendo a 1000 km/h.

— Hm, ok. Vou descer. - Digo de forma nervosa, cortando novamente o momento. 

Percebo que não consigo lidar com momentos fofos e românticos. 

Me desentrelaço do garoto de maneira desajeitada e caminho rapidamente até minha mochila - que ele havia deixado no chão - pegando-a e colocando-a em minhas costas.

— Tchau, Carter. - Sorrio e saio ( praticamente voando) dali.

Após abrir a porta, desço as escadas rapidamente e quando finalmente chego no térreo, dou de cara com um Benjamin Logan Finley atrás da porta me visualizando com um ponto de interrogação estampado no rosto. 

— Ah! O que foi, agora? - Pergunto, irritada. 

Ele não tem o direito de me olhar daquela maneira quando deixou eu e Oliver plantados no refeitório!

— Você e Carter estavam fazendo o que lá em cima? - Pergunta, tentando encontrar algo em mim. Seu olhar está carregado de intimidação, como se esperasse algo para alfinetar. 

Cruzes.

— Conversando. Sabe? Uma prática de socialização. Assim como você e Kristen estavam fazendo na biblioteca. Não pode? - Arqueio a sobrancelha, colocando as mãos na cintura. 

— Pode. - Dá de ombros, mas percebo o incomodo. A tensão contínua é acumulada em seus músculos. 

Isso me irrita digo, ele pensar que pode fazer o que quiser e eu não. 

— Qual é, Finley? Agora está para ser minha babá? Então você pode me deixar plantada no refeitório mas eu não posso ter uma conversa casual com Carter Callaway? - Pergunto, incrédula. Cruzo os braços em busca de uma resposta no olhar dele.  

Pode! - Se explica, mordendo o lábio inferior por puro nervosismo. - Mas, ele fez tanto mal para você...

— Então vê se não me olha mais com esse jeito acusatório. Você e eu não somos nada mais além de amigos para você querer controlar as minhas ações. - Digo, passando por ele. - E se ele fez mal para mim, o problema é meu e não diz respeito a você. - Continuo, após estar de costas para ele, andando em direção a saída.  

Escuto os passos dele atrás de mim, então no momento em que sinto sua mão segurando meu braço, paro. Suspiro e tento encontrar um pouco de paciência.

— Desculpa por hoje. Fui idiota em ter deixado vocês dois lá. - Ele pede, com uma voz preocupada e rouca. 

Me viro para manter contato visual com o garoto, que ainda parece tensionado. 

— Ben...está tudo certo. - Digo, mordendo um lado da minha bochecha. - Vou para casa. - Digo, acalmando o tom da minha voz, mas ainda um pouco ressentida pelo último acontecimento. 

— Te dou carona. - Ele diz, pegando a chave do carro no bolso da calça.

— Vou sozinha. - Anuncio, levantando levemente minhas sobrancelhas. 

E assim, sem escutar mais passos atrás de mim, caminho em direção a saída da escola.

E aí, pessoal? Desculpa o sumiço! Vim avisar que eu literalmente não terei datas para publicar as histórias. Período conturbado e com bloqueio de ideias. Espero que entendam! Pretendo postar uma vez por semana no mínimo, tanto aqui, quanto lá em Girassóis de Rose.

Estão gostando das atitudes do Carter e da Louise? E quanto ao Benjamin? Conversem comigo nos comentários!

XOXO, Ana Louise. 

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