Príncipe San

Choi San estava cansado.

Ele definitivamente não estava cansado das criadas vestindo suas roupas ou penteando seus cabelos, preparando seu banho ou suas refeições. Não. Na verdade, estava realmente cansado de estar sozinho. Era um príncipe, afinal de contas, não deveria se sentir assim.

Deslizou as pernas pra fora de sua enorme cama e caminhou sem pressa até a janela. De lá, tinha toda uma visão ampla do reino que em breve seria seu. A criada cobriu seus braços com o roupão de seda antes que ele pudesse tocar no peitoril da janela, de fato, e se deparou com alguns fiéis o aguardando. Sorriu. A família real Choi era aclamada, principalmente, por sua simpatia, carisma e humildade com os súditos, mesmo os mais pobres. Hoje seria um grande dia.

Um baile estava por vir em seus grandes salões, e o jovem príncipe deveria anunciar seu noivado. Havia uma noiva prometida a si, claramente, uma princesa de um reino não muito distante, que não possuía fortes laços com a família Choi por não terem ideais compatíveis: diferente deles, a família da princesa se mostrava completamente oposta à ideia de que plebeus deveriam ser tratados como iguais. Nenhum integrante da família real daquele reino ficou contente com a solução imposta pelo rei vizinho, mas esperavam, com o casamento, aliviar a situação dos plebeus. Quem sabe assim, não conseguiriam ter uma vida digna?

Choi San só estava cansado. Habituado desde a infância a ser um romântico incorrigível, distribuindo sorrisos e flores pelo reino, beijando as costas das mãos das mais diversas donzelas – nobres ou não –. Sempre havia sonhado casar-se por amor, como seus pais, e ter alguém tão bom ao seu lado como sua gloriosa mãe e rainha. Nem conhecia a tão falada princesa ainda, e, para ser realmente sincero, nem tinha o interesse. San queria, de verdade, nutrir algum tipo de sentimento mais profundo pela garota prometida, pois tornaria as coisas inteiramente mais fáceis.

— Noona, você pode, por favor, preparar o meu banho agora? – Pediu gentilmente a criada. O honorífico carinhoso apenas demonstrava o orgulho do rei e da rainha: seu filho havia crescido um homem gentil. A criada, com um sorriso sincero, deixou o príncipe sozinho para seguir até o banheiro.

Ele, por sua vez, acenou e mandou beijos pelo ar para os seus fiéis antes de se afastar para o canto do quarto, se analisando calmamente em frente o espelho. Retirou seu robe e o pendurou ali ao lado, ficando com suas roupas de dormir.

Ora essa, ele era mesmo bonito, afinal de contas, não era? Procurava ser bondoso, gentil e humilde, como seus pais haviam o ensinado. Seu sorriso sempre estava lá, e sua pele era sempre bem-cuidada, assim como seus cabelos. Então por que não conseguia achar um amor? Queria dizer.. Ele tinha achado o amor, uma vez. Foi algo tão repentino, e tão espontâneo.. Nunca mais encontrou, entretanto.

San ainda era criança. O pequeno estava caminhando com seus pais, a mão menor entrelaçada firmemente a da rainha, temendo se perder na aldeia que não conhecia direito. Estava tudo indo bem até sentir o forte impacto em suas costas que o levou ao chão. A guarda real se alarmou, mas a rainha os tranquilizou. Uma outra criança havia sido empurrada em sua direção. Ajudou o príncipe, no topo dos seus sete anos, a se levantar, e o encorajou a fazer o mesmo pelo menino.

O outro estava maltrapilho, certamente. Seu rosto, assim como suas roupas, se encontravam sujas de terra. Suas bochechas agora estavam vermelhas, mas o pequeno San sorriu. Olhou para sua mãe, que fez um gesto de confirmação, e o Choi menor estendeu a mão para o ajudar.

— Eu não mereço.. Me perdoe, príncipe San. – Sussurrou, envergonhado, abaixando a cabeça. San fez um pequeno bico nos lábios.

— Não há problema, mesmo! Por favor, não recuse a minha ajuda, vou ficar chateado. – Choramingou, manhoso. O súdito, então, mesmo tímido, ergueu a diminuta mão e a apertou. San o puxou para cima, e os olhares se encontraram pela primeira vez.

Uma corrente elétrica passou pelo corpo do nobre, suas bochechas esquentaram e ele, inconscientemente, sorriu. Aquela era a pessoa? Era aquilo que ele deveria sentir, não era? Soltou a mão com delicadeza para não parecer rude, mas estava com medo de que soltasse faíscas. E ele quis ser amigo do menino maltrapilho de cabelos pretos.

— Príncipe San, você.. Você gostaria de brincar comigo um pouco? – A pergunta num tom baixo fez com que o Choi menor levantasse a atenção até a rainha, suplicante.

— Eu posso, mãe, eu posso? – Perguntou a ela, animado, o sorriso se alastrando de canto a canto pelo rosto.

— Oh, querido. O caminho de volta para o castelo é longo e devemos voltar até o anoitecer.. Talvez da próxima vez, se viermos mais cedo?

O sorriso de San murchou. Ele queria muito brincar com o menino. Se desculpou com o olhar, que foi retribuído com um dar de ombros tímido. O que poderiam fazer, afinal? Voltaram para o castelo logo em seguida, e San, por mais que quisesse, nunca tornou a ver o menino maltrapilho novamente, embora tenha se ocupado a escrever cartas diariamente, que guardou no fundo do seu baú mais precioso. Todos os envelopes continham a data e eram endereçados ao "menino de cabelos pretos", que Choi San nunca descobriu o nome.

Suspirou em frente o espelho. Aquele era seu aniversário de dezoito anos, o baile em que finalmente seria sua primeira cerimônia de coroação, e ele deveria estar animado. A única coisa que ameaçava tudo era o casamento planejado.

— Príncipe San, o seu banho está pronto.

— Obrigado, noona.

Trocaram um pequeno sorriso antes que a criada deixasse o quarto e o príncipe seguisse para o banheiro, retirando suas vestes no caminho e as deixando penduradas do lado de fora. Fechou a porta, e entrou devagar na enorme banheira com água morna, sorrindo mais uma vez ao notar que a noona, sempre tão atenciosa, lembrara de colocar a espuma densa como ele gostava desde pequeno.

Relaxou por longos minutos, e embora tivesse a escolha de ser lavado por outros criados, gostava do momento que tinha para fazê-lo sozinho. Então se lavou sem pressa, e saiu em seguida, se enxugando e vestindo o conjunto de roupas brancas que a criada havia deixado.

Quando desceu para o seu desjejum, apertou os lábios ao ver a família de sua noiva prometida a mesa. Ela não estava ali, é claro, estava alojada num dos quartos do castelo. San não a veria até a hora do baile, e estava nervoso com a possibilidade de se decepcionar na frente de todo o reino. Tentou ser o mais gentil o possível com o seu aparente futuro sogro, mas era tragicamente visível o desconforto de toda a família Choi com a situação. San só esperava que a donzela fosse compreensiva.

— Eu sinto muito. Sei o quanto você queria que fosse diferente. – Sussurrou a rainha, tristemente, assim que tiveram a oportunidade, após o café da manhã.

— Está tudo bem, mamãe. Eu serei um bom esposo, apenas estou com medo de viver infeliz. – Respondeu no mesmo tom, se afundando no abraço reconfortante do seu bem mais precioso. Ela sorriu. Tinha o criado tão bem..

A hora correu rápido, e logo mais, San estava sendo banhado novamente. Teve seus fios lavados, o corpo esfregado com a melhor loção, enxuto pela melhor toalha, vestido com a melhor roupa, feita pelo melhor tecelão do reino. Ele estava, com toda certeza do mundo, impecável. Com as mechas avermelhadas artificiais presas ao couro cabeludo, e sua farda de gala branca e dourada com a faixa vermelha com o brasão Choi exibido orgulhosamente no peito. Suas mãos foram cobertas por luvas brancas de seda, e seu rosto recebeu uma fina camada de maquiagem. Tudo isso para que todos os súditos reconhecessem, de cara, o próximo grande rei. Teria ele um título no futuro? Seu pai tinha. Choi San, o Bondoso, ele imaginou, com um sorriso pequeno.

Suas medalhas por mérito de seu treinamento enquanto príncipe eram presas a faixa com cuidado. Excelência em montaria, arco e flecha, conhecimentos gerais, e muitos outros. Choi San era o príncipe perfeito, o filho perfeito, o aluno perfeito, e esperava-se que fosse também, o marido perfeito. Ergueu a mão direita e selou suavemente o anel de família que carregava no dedo anelar. Seu amuleto da sorte.

Da janela, podia ver os súditos e fiéis chegando, em suas melhores roupas, e imaginou por um segundo se o menino de cabelos pretos de sua infância estaria ali agora. Em seguida, se bateu mentalmente por pensar em outra pessoa enquanto tinha uma noiva o esperando algumas portas adiante no corredor.

— Príncipe San, o rei e a rainha requisitam a sua presença no baile.

— Naturalmente, noona. Estarei logo atrás de ti.

A criada se retirou, e San suspirou uma última vez, no peitoril da janela, antes de segui-la de fato. Os grandes salões estavam lotados, e ele mostrou seu melhor sorriso, genuinamente alegre, ao cumprimentar convidado por convidado – sempre se lembrando de beijar as mãos das donzelas, é claro – e responder educadamente as felicitações por seu décimo oitavo aniversário e primeira coroação.

Sentiu uma leve pontada de decepção ao não encontrar quem procurava. Haviam se passado onze anos desde o ocorrido, mas o príncipe sabia, lá no fundo, que reconheceria aquele garoto mesmo que se passassem mil anos.

Bastou um segundo de distração dos seus pais para que o Choi sumisse sutilmente da festa e escorregasse para o jardim nos fundos da propriedade. Se surpreendeu ao chegar em seu banquinho habitual abaixo de uma árvore, e notar que não era o único a fugir.

— Não está se divertindo o suficiente? – Perguntou com gentileza, ao se aproximar um pouco mais e se sentar ao lado do estranho. Suas roupas eram bonitas, mas San sabia que não era um nobre.

— Apenas não sinto como se esse fosse o meu lugar, Vossa Alteza. – Murmurou, tímido por ter sido "descoberto". San riu.

— Não me chame assim, não sou o rei. Qual é o seu nome? – Lá estava ele. Choi San, o Bondoso, sorridente e com plena certeza de que o garoto não se sentia parte da festa porque esta continha muitos membros da nobreza e ele não conhecia nenhum. Então quis conhecê-lo para que se sentisse menos deslocado.

— Jung WooYoung. – Finalmente, ele ergueu o rosto e fitou o príncipe. Não o reconheceu, no entanto, pois em sua cabeça ele era apenas mais um nobre; importante para o reino, certamente, mas que nada podia fazer por si.

Choi San prendeu a respiração por um momento, a descarga elétrica correndo familiar pelo seu corpo, as bochechas esquentando novamente, o sorriso incontrolável. As palmas das suas mãos suavam dentro das luvas e o coração batia acelerado no peito. A intensidade daquele olhar..

— É você. – Sussurrou, encantado. WooYoung, sem entender, sorriu envergonhado.

— Eu deveria.. Entrar um pouco agora.

— Ei, espera.. – A mão enluvada segurou o pulso de WooYoung para impedi-lo de se levantar. – Você não se lembra? Te empurraram em cima de mim uma vez, quando éramos crianças. Você me chamou pra brincar, mas eu não pude..

WooYoung arquejou baixinho. Oh.

— Eu.. Eu me lembro. – A frase fez San voltar a sorrir. Aquele sorriso amoleceu as pernas do Jung.

Os olhos se encontraram de novo, e ambos se viram hipnotizados sem intenção. San se inclinou em sua direção, e, que Deus o perdoe, mas aquilo parecia tão certo e natural.. WooYoung fez o mesmo. O nervosismo parecia não existir embora nunca tenham ficado tão próximos de outras pessoas antes na vida. Choi San por se resguardar inteiro para o amor, e WooYoung.. WooYoung estava esperando que alguém o fizesse sentir alguma coisa. Estava esperando alguém que não o olhasse com pena por ser um plebeu. Alguém como San.

Quando estavam a centímetros, talvez milímetros de tocarem nos lábios um do outro, uma voz distante o fez se afastar. Umedeceu os lábios e respirou fundo quando a figura de sua criada apareceu.

— Príncipe Choi, está na hora da dança. Logo mais será a coroação, a rainha está a sua procura.

San sorriu.

— É claro, noona. Irei logo após você.

WooYoung piscou, desconcertado. Quero dizer, estava meio aéreo e definitivamente não tinha ouvido nada do que a moça havia dito, mas tinha absoluta certeza de que o homem a sua frente a chamou de noona.

— Do que a chamou..? – Balbuciou, confuso.

— De noona. Mesmo sendo criada da família, a noona ajudou a minha mãe a me criar desde o nascimento, já que ela tinha filhos e eu fui o único herdeiro. Mamãe disse que não há problema, devemos tratar todos como iguais. – Deu de ombros. Aquilo parecia tão simples que o Jung realmente ponderou por um segundo se o homem a sua frente existia mesmo. Riu baixinho e o seguiu para dentro do castelo de volta, mantendo uma respeitosa distância.

O príncipe foi recebido de volta no salão com um olhar curioso da rainha, mas ela não o fez nenhuma pergunta. WooYoung se manteve quieto, no canto, para observar.

Choi San fez o que deveria fazer. Seguiu até o meio do salão, em frente às enormes escadas, e esperou cordialmente pela noiva.

E ela estava perfeita, como estava. Seu vestido volumoso realçava todas as suas curvas, o branco e o pérola combinando com a farda de San, os saltos dignos de um conto de fadas. Seu rosto estava coberto por um véu e as luvas iam até os cotovelos. Seus cabelos estavam presos num penteado elegante e todos no salão pararam para ver a princesa. San ergueu o braço quando eles se aproximaram, e a recebeu com um sorriso enquanto ela se apoiava para seguirem até o meio, onde uma roda havia sido aberta especialmente para isso.

Ao chegarem ao meio, San retirou o véu quase sem conseguir respirar, e franziu a testa, surpreso.

Sua noiva era linda. De fato, extremamente linda. Seu sorriso demonstrava que tinha achado o mesmo do príncipe e – oras, pensou WooYoung –, quem não acharia?

— Ahn Hye-Jin. – Sussurrou, as bochechas coradas. San arqueou as sobrancelhas, sem entender, e a princesa Ahn sorriu. – Meu nome.

— Oh. Choi San. É um prazer cortejá-la, princesa. – Ele se curvou respeitosamente, selando as costas da mão enluvada de sua noiva. Enfim, a música começou a soar. – Concede-me uma dança?

Sua mão postou-se em sua cintura, e a outra pousou na palma da princesa, que segurou-se no ombro do Choi. A valsa foi calma, San a conduzia perfeitamente pelo círculo no salão, como se tivesse nascido pra isso. Seus olhos se mantinham nos olhos da princesa, e WooYoung, por um milésimo de segundo, invejou-a. Em seguida, ficou triste, pois eles pareciam um casal de ouro. Um casal destinado, que combinava tão bem quanto às estrelas e a lua, ou a areia e o mar. E ele sabia que, por mais que tentasse, jamais combinaria com alguém dessa maneira.

Aos poucos, os casais foram se juntando a dança, e San aproveitou a oportunidade para rodopiar HyeJin pelo salão, contaminando outros pares com a sua dança. Eles mesmos trocavam sorrisos entre si, tal que o príncipe Choi jurou, gostaria muito, do fundo do seu coração, de se apaixonar por ela.

Na troca de musicas, San informou a companheira que, infelizmente, teriam de parar a dança, pois precisava guardar energias para a coroação. Ela sorriu, e com um floreio, o príncipe se afastou para perto dos seus pais, em frente aos tronos. Permaneceu ali, os olhos varrendo cada canto a procura de WooYoung até encontrá-lo no fundo do salão, ainda mais deslocado do que estaria no jardim, e se sentiu culpado. Os minutos e as musicas pareceram se arrastar até que o som cessasse completamente.

— Atenção, súditos e fiéis, e todos presentes nessa tão esperada cerimônia. – A voz do rei Choi encheu todo o salão, e a festa ficou em silêncio. HyeJin se postou ao lado da rainha. – Chegou o momento em que o príncipe se torna um homem, que teve seus valores testados desde a tenra idade, que se mostrou completamente competente a se tornar meu sucessor no trono.

Choi San sorriu. Virou-se de frente para o seu pai, que encontrava-se ao seu lado agora, e se ajoelhou, apenas um dos joelhos tocando o chão. WooYoung jurou que nunca tinha visto alguém olhar para o seu pai com tanta adoração; resolveu se aproximar consideravelmente.

— Você jura honrar e se comprometer a coroa?

— Eu juro. – Sua voz soou mais confiante do que ele se sentia.

— Você jura proteger o seu povo, diante de Deus, com a sua própria vida se for preciso?

— Eu juro.

— Você jura honrar o nome da sua família, e governar pelos seus princípios quando for nomeado rei?

Ele ergueu os olhos e encontrou os marejados do seu pai.

— Eu juro.

Com um aceno, a coroa foi trazida para mais perto. Menor que a do rei, mas ainda assim, impotente. Feita de ouro entrelaçada a prata, havia uma única pedra na frente. Berilo vermelho, a cor do seu reino e, também, uma das pedras mais raras existentes no mundo. San arquejou baixinho.

— Em virtude do seu décimo oitavo aniversário, eu o presenteio com esta coroa, que está em nossa família há gerações, e o reconheço publicamente como o único herdeiro do trono Choi. – A coroa foi encaixada em sua cabeça. Um suspiro baixo de alívio dos lábios do príncipe coroado, seus olhos também estavam marejados.

WooYoung sorriu com a cena, as bochechas corando com o olhar, intenso e discreto, que recebeu do príncipe antes que este se levantasse e abraçasse seu pai com força. O salão explodiu em alegria. Foi para os braços da rainha, e teve de se conter, ao máximo, para não sair dali e abraçar o Jung que comemorava com um sorriso simples no rosto.

Demorou um pouco, mas os convidados ficaram quietos novamente. Choi San se sentia nervoso, mas não era pelo peso da coroa, e sim pelo peso do que teria que fazer agora. Afinal, era o objetivo do baile. Estava próximo da meia-noite, e WooYoung tinha a sensação de que havia sido uma péssima ideia ter ido ao baile. Especialmente porque ele não sabia o que viria a seguir, mas acabou por descobrir.

A princesa HyeJin foi conduzida para o meio da elevação que se encontravam. Choi San respirou fundo ao retirar a caixinha de veludo do bolso da farda. Os olhos de WooYoung marejaram.

O anel foi uma surpresa para ambos os reinos reunidos no salão. Um fino aro de prata em ligamento com ouro branco, decorado cuidadosamente com uma única pedra de diamante no centro, segura pelas ligas de ouro. Outra herança de família, assim como a coroa.

San sentiu seu coração partir dentro do peito ao ver, pela sua visão periférica, WooYoung começando a se virar para ir embora.

— Eu deveria começar isso dizendo o quanto você é maravilhosa. O quanto eu sei que você será uma ótima esposa e ótima mãe, porque você é uma ótima pessoa. E eu sei que nós temos ideais diferentes de convivência que divergem, e eu não me importo com isso. – Um, dois passos mais longe. San engoliu em seco. – Espero que entenda que eu sou uma pessoa cujas decisões refletem no meu conhecimento de alma e coração, não apenas a razão. Na verdade.. Quanto mais tempo eu passo aqui, diante de ti, mais eu penso que eu simplesmente não consigo ouvir a razão, porque eu sou apaixonado demais pra isso.

"E como o grande romântico incorrigível que sou, devo pedir perdão de joelhos perante a Deus por não satisfazer as Suas vontades corretamente e pensar no que meu coração manda que eu faça. Eu encontrei em seu olhar uma grande cúmplice e companheira, mas encontrei também a minha alma gêmea. O meu amor de todas as vidas passadas e futuras. A outra metade que minha alma esteve procurando. E, Ahn HyeJin, é por isso.. É por isso que eu não posso me casar com você. Pois eu não encontrei a minha alma gêmea em seu olhar, e realmente sinto muito por isso."

San não esperou nenhuma reação. E ela também não veio, porque todo o salão estava estático, observando o príncipe descer da elevação do trono apressando o passo e abrindo caminho por entre seus súditos. Sua mãe sorria, internamente orgulhosa da decisão que o Choi mais novo havia tomado, ao lado do marido. Até mesmo WooYoung havia travado em seu lugar, suas mãos tremiam. Sentiu os olhares queimando as suas costas quando San se aproximou.

— Eu não posso me casar com ela, porque eu encontrei a minha alma gêmea e o amor verdadeiro nos seus olhos, Jung WooYoung. – Ditou, em alto e bom som, segurando o pulso do Jung para que ele não fosse embora. Esperou por um segundo.

Antes que ele respondesse, no entanto, San o puxou para os seus braços, o virando de frente para si e abraçando apertado pela cintura, simultaneamente ao que os lábios se juntavam pela primeira vez.

Então, tudo pareceu mudar ao redor. Várias situações, do presente e do passado, rodavam rapidamente como um filme em suas cabeças. Cenas de outras vidas que passaram e outras vidas que ainda não chegaram, o momento exato, todas as vezes, que o destino os juntara e juntaria, como tem que ser. Pra sempre. O selar foi simples, mas a sensação que partilharam foi tão intensa que San estava tonto. Sorriam um para o outro como se só houvessem os dois no mundo, porque naquele instante, era isso mesmo.

— Você viu..? – Sussurrou para o Jung, que assentiu abobado. San o apertou mais forte e encostou a testa na dele. — Case-se comigo, WooYoung..

— Sim, por Deus, sim.. – Sussurrou em resposta.

Choi San se afastou para beijar a testa de Jung WooYoung e se ajoelhar a sua frente, segurando a sua mão para encaixar o anel de noivado, até então seguro com força entre seus dedos, em seu anelar. WooYoung achava que estava sonhando até notar que o anel encaixara perfeitamente. A pedra foi selada pelos lábios cuidadosos do príncipe, e em um piscar de olhos, estava em seus braços novamente.

Jung WooYoung gostava de estar nos braços de Choi San.

O salão permaneceu em silêncio, mas nada disso importava. San sabia que seus pais o perdoariam por isso, negar a política em nome do amor verdadeiro e, bom, seu reino estava maravilhado com a situação. O jovem príncipe tinha a quem amava e o perdão dos pais e do reino. Se concentrou apenas nos lábios da sua alma gêmea.

Mais tarde, seria lembrado como Rei Choi San, o Amoroso.

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