Capítulo 22 - Cartas na mesa!
Os médicos saíram do abraço e se olharam. Gustavo a fitou com intensidade, como se fosse a primeira vez que a encarava, e a pequena coreana fez o mesmo, deixando um sorriso escapar. Os dois sentiram a paz os envolvendo e as lágrimas deram lugar a sorrisos.
— Eu te amo, Vanessa Kim — falou, alisando o cabelo dela.
Vanessa parou de sorrir, usou as mãos para alisar o rosto dele e disse:
— Eu também te amo.
Então, eles se beijaram.
O beijo pode ser utilizado para satisfazer os desejos da carne. Para alguns, ele se tornou tão banal que o fazem em qualquer lugar, sem respeitar a magia que esse ato traz. Beijar não é pecado, mas pode ser se, for transformado em algo banal. Porém, o beijo que é trocado por dois seres humanos que se completam, que se entendem, respeitam e acima de tudo, se amam, tem o poder de trazer a tona emoções nunca antes sentida.
Eles se amavam e isso foi transmitido através do beijo que deram.
Dali e Jeong-ho viram tudo, bem como Eun-ji. A senhora colocou a mão na boca, um pouco escandalizada com a cena, afinal, não era muito comum ver coreanos trocando beijos por aí. Dali, por outro lado, ficou tão empolgada e feliz pela amiga, que começou a assobiar. Jeong-ho entrou na animação e começou a bater palmas, super animado.
Os dois ouviram a demonstração de carinho dos amigos, e sorriram enquanto se beijavam. Mas, pararam quando estavam satisfeitos. Nesse momento, Dali saiu em disparada até eles, ainda assobiando e aplaudindo. Jeong-ho a seguiu, mas a governanta resolveu entrar e levou consigo as peças de roupas do falecido.
— Finalmente, hein? — Dali disse, dando um abraço na amiga.
— Você pode ser mais discreta? — Vanessa sussurrou perto do ouvido dela.
— A discreta aqui tinha que ser você, nee? — sussurrou de volta. — Aquilo foi um beijão.
Vanessa sentiu as bochechas corando.
— Olha só pra você, senhor Mark, conseguiu a garota — Jeong-ho comentou. Eles trocaram um abraço.
— E que garota, não é? — Gustavo sorriu, olhando para Vanessa.
— Vamos entrar, está ficando mais frio — a pequena coreana comentou.
Ela já estava se preparando para entrar, mas parou quando sentiu o celular vibrar. Vanessa já esperava uma ligação, e assim que olhou para a tela do aparelho, viu que era o promotor.
— Nee? — disse, se afastando do grupo. Eles continuaram conversando, ignorando o frio.
— Senhorita Kim? liguei em uma boa hora? Parece que você está...
— Pode falar, senhor Song.
— Estou com o mandato em mãos — ele falou, comemorando. — Estou indo para a KAW, pode me ajudar a dar a notícia para aqueles urubus?
Vanessa riu.
— Nee, nee — confirmou. — Vou para a empresa do appa agora mesmo. Me espere na entrada.
— Precisa que alguém vá te buscar?
— Ani.
— Está bem, te espero lá!
A ligação foi encerrada. Vanessa olhou para o grupo e correu até lá. Dava para notar que ela recebeu boas notícias, e o único a não saber o motivo era Gustavo, porém, isso não o deixou chateado. Ele sabia que assim que a coreana estivesse pronta, ia contar toda a verdade.
— O mandato? — Jeong-ho perguntou, com expectativa.
Ela confirmou com a cabeça. Jeong-ho deu um soquinho no ar, super animado. Dali suspirou e foi abraçar a amiga.
— Finalmente... — disse, alisando as costas de Vanessa.
A coreana saiu do abraço e sorriu, em seguida, caminhou até Gustavo e o abraçou de lado.
— Sei que está perdido, mas prometo te contar.
O médico baixou a cabeça e depositou um beijo no topo da cabeça dela, depois, entrelaçaram as mãos.
— Eu confio em você, me conte quando estiver pronta.
A pequena coreana não sabia como agradecê-lo por estar sendo tão compreensivo. Se ao invés dele oferecer apoio, tivesse ficado cobrando uma confissão sobre o assunto, isso a deixaria mais atônita, mas, como o homem que escolheu amar seguia a Jesus, recebia o mesmo tratamento que Jesus oferecia à igreja. Afinal, o mandamento para os homens era esse, ame sua esposa como Jesus ama a igreja.
— Bem, chegou a hora de ir — Jeong-ho falou.
Eles confirmaram.
Todos foram para dentro da mansão Kim. Chegando lá, tiraram os sapatos no hall de entrada e usaram as pantufas macias. Vanessa chamou por Eun-ji pedindo toalhas para que pudessem se secar, afinal a neve ainda é água. Os cabelos de todos ficaram meio úmidos, bem como as roupas. Não demorou muito até que a governanta apareceu na sala com as toalhas.
— Troquem de roupa, precisamos aparecer a caráter, nee? — Vanessa falou, depois de terminar de secar o cabelo.
Dali e Jeong-ho assentiram e começaram a subir as escadas até o segundo andar, a fim de irem a seus quartos. Vanessa virou para Gustavo e sorriu. Então, deixou a talha no sofá da sala — e nesse mesmo tempo, Eun-ji a recolheu e saiu de cena. Vanessa passou o braço ao redor da cintura do médico e levantou a cabeça.
— Você fica bonito com o cabelo assim, mais escuro.
— Está dizendo que devo pintar o cabelo? — arqueou uma sobrancelha.
Vanessa mordeu o lábio.
— Estou dizendo que você fica bonito de todas as formas, até com o cabelo mais escuro.
Gustavo teve que sorrir.
Desde que começou a ter sentimentos pela coreana, foi acompanhando as mudanças que Deus foi realizando. Aos poucos, a médica que sofria muito pelos pacientes, foi amadurecendo, e mesmo triste pelas mortes, entendia que fez o possível para salvá-los. Ela passou pela fase das lágrimas e aos poucos, o sofrimento foi sendo removido e, no meio dele, o amor próprio surgiu. Gustavo acompanhou tudo e sabia como ela era incrível! E naquele momento, notou mais um avanço, pois em outro momento, Vanessa não estaria tão aberta a falar o que sentia tão naturalmente. Ela só o achou mais bonito, e sem medo, confiando nele, falou.
— Você é linda — disse, usando a mão livre para alisar sua bochecha. — Linda em todos os sentidos. Eu te amo muito.
Vanessa ficou na ponta dos pés e lhe deu um selinho.
— Também te amo, mas precisamos ir — Saiu do abraço. — Acho que tem algumas peças da nova coleção da marca da empresa no quarto de hóspedes. Vem que te mostro onde fica.
Ele assentiu. Em seguida, subiram de elevador até o andar onde ficava o quarto de Vanessa, que era o mesmo andar onde haviam mais três quartos de hóspedes. Eles sempre foram utilizados pelos convidados dela. Dois estavam ocupados por Dali e Jeong-ho, e o último seria o que Gustavo ia usar a fim de se trocar.
Os dois se despediram com outro selinho, e Eun-ji, a pedido de Vanessa, bateu na porta entregando a roupa a ele. Então, meia hora depois, Gustavo e Vanessa desceram e esperaram por Jeong-ho e Dali. Demorou dois minutos e os dois apareceram descendo a escada, de mãos dadas.
— Eles também são... — Gustavo perguntou para ela.
Vanessa suspirou.
— Eu já suspeitava, mas estou confirmando junto com você.
— Oi — Dali falou, acenando. Ela a olhou pelo canto dos olhos, esperando a reação.
— Decidiram me contar só agora?
— Vanessa, tivemos motivos — Jeong-ho comentou, tentando acalmar a amiga. — Decidimos orar primeiro, e só quando voltei para a Coreia recebi a confirmação e direção de Deus. Não seja tão dura.
— Exatamente! — Dali retrucou e ficou na frente da amiga, cruzando os braços. — Você também escondeu que estava namorando o tal cara da promessa, e sabe como oramos juntas por isso.
— Tive meus motivos.
— Nós também — retrucou. Ela estava pronta para disparar mais indiretas, mas parou assim que sentiu o toque suave das mãos de Jeong-ho em seu ombro. Rendida, calou-se.
— Certo, pessoal, se acalme, por favor. — Gustavo resolveu intervir. — Vocês se arrumaram assim para discutir? Achei que tinham um assunto muito importante.
Vanessa suspirou.
— Depois conversamos sobre isso. Vamos, antes que o promotor Song me ligue de novo.
Os médicos saíram de casa. Jeong-ho e Dali partiram no mesmo carro, e Vanessa saiu com Gustavo no segundo carro disponível.
—
Korea and world — Coreia e Mundo, nome da empresa dos pais da Vanessa.
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