Capítulo 79 - Eu juro pra você que quebro o nariz dele!
Assim que a porta foi aberta por Grissom, tanto o supervisor quanto Sara ficaram se fitando em silêncio por cerca de segundos.
O homem pode ver no rosto de sua namorada certo abatimento além de olheiras que denunciavam que ela não havia dormido nada bem, o que de fato aconteceu.
Durante boa parte da madrugada Sara rolou de um lado para o outro na cama sem conseguir pregar o olho e os motivos disso eram: um, por conta do mal-estar que se criara entre ela e seu namorado por causa de seu ex. E dois, pela ausência de Grissom ao seu lado na cama. Já havia se habituado a dormir com ele por conta dos dias em que seu namorado passou em sua casa quase que direto, pra lhe fazer companhia já que sua filha e Any não se encontravam lá. Isso acabou fazendo com que a perita morena criasse certa dependência do namorado na hora de dormir e a ausência dele na noite passada foi sentida e demais por Sara. A cama lhe pareceu tão grande sem ele ao seu lado!
_Oi! – a voz dela saiu baixo ao cumprimentá-lo.
No momento em que ouviu a voz de Sara soar naquele tom e ver a namorada lhe fitando angustiada e tristonha, Grissom sentiu uma enorme vontade de tomá-la em seus braços, beijá-la e esquecer o que tinha acontecido ontem, contudo, não podia simplesmente deixar isso pra lá. Eles tinham que conversar e pôr os pingos nos “is” pra que as coisas se acertassem novamente.
_Oi... – ele cumprimentou-a depois de alguns segundos. _Entra, Sara! – deu passagem a ela que logo adentrou em sua casa.
Batendo os dedos nervosamente na lateral das pernas, Sara se dirigiu até o sofá. Dentro de si estava nervosa e receosa sobre o quê Grissom poderia lhe dizer em relação ao que houve ontem. Óbvio que ele não havia gostado nada de conhecer seu ex e muito menos, de saber que ele ficaria em sua casa. Mas esperava que ele também entendesse seu lado. Liv lhe pediu e não teve como negar esse pedido a filha.
_Faz tempo que você chegou do laboratório? – ela quis saber pra puxar papo antes de entrarem de fato no assunto que a trouxe ali.
_Há quase uma hora. - ele contou se acomodando num sofá enquanto Sara havia se sentado em outro.
Depois desse pequeno diálogo trocado houve um pouco de silêncio. O clima ali estranho, tenso e angustiante.
_Então... – ele começou após alguns segundos. _... O que quer me explicar Sara?
A voz com certo amargor e o olhar não dirigido a ela e sim à um ponto qualquer daquela sala, fizeram Sara ter certeza que seu namorado estava bem chateado e magoado com ela, e com o que houvera ontem. E ele tinha razão de estar como estava. Ela não tirava sua razão. No lugar dele estaria igual.
Querendo logo desfazer esse clima chato entre eles, Sara começou então a falar. Resolveu partir do princípio de tudo.
_Primeiro quero que saiba que eu não fazia idéia que o Dylan viria pra cá. Ele veio sem me avisar. – contou pra que ele não pensasse o contrário e depois achasse que ela havia lhe omitido esse fato. _Foi uma desagradável surpresa vê-lo vindo junto com Any e Lívia.
_Se foi desagradável como diz, porque então deixou que ele ficasse em sua casa?
Apesar de já saber a resposta, ele questionou-a mais uma vez àquele respeito, pois aquilo não lhe entrava na cabeça.
_Pela Lívia. Disse isso à você ontem. Gil, ela queria que o pai ficasse lá e eu não tive coragem pra dizer “não” à ela. Mas não sabe o quanto me arrependo por isso. Essa minha “covardia” acabou resultando nesse mal-estar entre você e eu. Além de ter propiciado um momento lamentável com Dylan sendo grosseiro com você e lhe dizendo aquele monte de asneiras. Você não merecia ter passado por aquilo e nem ouvido o que ouviu do idiota do meu ex. Desculpe-me por isso!
Pela primeira vez desde que iniciaram essa conversa, Grissom que até então não havia lhe dirigido o olhar uma vez sequer, resolveu fazer isso.
Angústia, tristeza e algumas outras coisas ele viu estampado nos olhos castanhos que tanto amava e que tinham o poder de fazê-lo se perder completamente neles sempre que os fitava como fazia.
Sara ficou calada, esperando que ele agora dissesse algo.
Grissom fez uma rápida análise mental do que acabara de ouvir dela pra então expor sua opinião.
_Foi lamentável o que ocorreu ontem na sua casa. Se eu fecho os olhos, as palavras do seu ex vêem imediatamente a minha cabeça. – ele contou dando um sorriso amargo e que deixava explícito seu desgosto. _ O que ele disse sobre eu ser... Velho demais pra você... Foi um soco bem dado na minha cara... Foi algo desagradável de ouvir.
_Eu posso imaginar.
_Não... Você não pode! – retrucou balançando a cabeça negativamente. _Porem, isso que ele disse não foi pior do que ouvi-lo te chamar de “meu bem” na minha frente e depois descobrir por você, que ele ficaria na sua casa. Isso sem dúvida alguma me desagradou profundamente Sara!
_Só que já expliquei a você o motivo pelo qual deixei que ele ficasse. Tente me entender, por favor! – pediu suplicante.
Isso era complicado pra ele e talvez pra qualquer outro homem ciumento que estivesse diante de uma situação dessas.
_Olha... – juntou as mãos sobre as pernas que balançavam nervosamente. _Juro pra você que tento entender isso, Sara. Só que por mais que eu tente, não consigo. E tenho quase certeza como dois e dois são quatro, de que se essa situação estivesse invertida, você também não entenderia, caso eu tivesse deixado uma ex minha, ficar hospedada em minha casa. Não estou certo, Sara?
Ela afirmou isso com um leve balançar positivo de cabeça. Não podia mentir acerca disto pra ele e nem pra ela. Era um fato mais que comprovado que ela era tão ciumenta quanto ele e seu namorado sabia disto muito bem.
_Não era minha intenção te magoar como sei que magoei. Eu... De verdade... Sinto-me mal pelo que aconteceu. Por você ouvir o que ouviu, por ter deixado Dylan ficar quando o que eu tinha que fazer era não deixar em respeito a você que está comigo agora. Perdoe-me, Gil! – ela lhe pediu quase que em um sussurro, mas que deu pra ele ouvir e compreender seu pedido.
Logo após isso, Grissom viu-a baixar a cabeça e ficar encarando as próprias mãos que descansavam sobre suas coxas.
Era nítido seu arrependimento, prova disso foi às palavras que acabara de lhe dirigir.
E como eram as coisas, né?
Agora era à hora dele sentir na pele o que sua namorada sentiu. Agora era Grissom quem se sentia enciumado e inseguro com a presença de um ex entre eles. Estava se enveredando pelos mesmos caminhos que Sara se enveredou ao longo dessas duas semanas por causa da presença de Teri perto dele e lhe assediando o tempo todo.
Ele tinha que saber lidar com essa situação inversa, da mesma forma que Sara tentou lidar do jeito dela quando foi na sua vez.
O “som” do silêncio era um inimigo cruel ali. Fazia com que cada um dos peritos se sentissem sufocados, porem nenhum deles conseguia abrir a boca pra dizer algo.
Eis que alguns segundos mais passaram-se e Grissom decidiu agir. Ele se levantou do sofá que estava e foi até o que Sara se encontrava.
Ela ainda mantinha a cabeça baixa, mas notou que ele se aproximava dela só que continuou na mesma posição.
Grissom se agachou em sua frente, tocou suas mãos e ela então levantou a cabeça e olhou para o namorado.
Os olhos dela estavam vermelhos por conta do esforço que fazia pra não chorar ali, achando que talvez aquele pequeno 'atrito' entre eles pudesse resultar em um término da relação deles, o que ela não queria de jeito nenhum que acontecesse.
_Talvez eu esteja encarando toda essa situação como um bicho de sete cabeças. Só que você sabe o quanto eu tenho ciúmes de você. – ele acariciou as mãos dela suavemente e depois as beijou. _O simples fato de você dividir o mesmo teto com outro homem, sendo esse homem, um ex seu, me deixou completamente enciumado. E se é uma coisa com a qual eu não sei lidar bem, é com esse sentimento aterrorizante chamado ciúmes.
_Eu também não sei lidar com ele!
Ele riu. Bastava lembrar-se de toda a confusão que ela se meteu com Teri pra saber que isso que acabou de dizer era óbvio demais.
_Eu perdôo você. – disse olhando em seus olhos. Não queira ficar brigado com ela. _ E proponho que ponhamos uma pedra sobre esse assunto, tudo bem?
_Sim!
Logo após essa resposta positiva dela, Grissom foi surpreendido por um beijo esmagador que em frações de segundos acendeu o desejo entre ambos.
Eles se levantaram do sofá e aos beijos e abraços foram esbarrando nos móveis enquanto se dirigiam ao quarto do supervisor.
Em frações de segundos já se encontravam na cama se livrando peça por peça de suas roupas. Havia uma urgência pra saciarem logo aquele desejo de seus corpos, porém, a vontade de que fosse devagar e sem pressa foi maior.
E assim eles foram...
Ela sentiu cada parte de seu corpo ser beijado e acariciado por Grissom, logo depois foi à vez dele de sentir o mesmo porque Sara fez questão de lhe proporcionar a mesma sensação.
Depois seus corpos se uniram. E logo movimentos sincronizados e suaves deram início ao ato de amor deles.
Bocas unidas...
Corpos conectados...
Peles em atrito...
Corações em total sincronismo...
Os movimentos acelerando segundos após segundos...
E os sussurros e gemidos de amor e prazer...
Logo o clímax veio.
Seus corpos suados e saciados se abraçaram e suas bocas se encontram em mais um beijo que selou aquele momento entre eles.
Depois do beijo, ela segurou seu rosto próximo ao dela e lhe fez uma declaração que ele tinha certeza que jamais esqueceria.
_Quero que saiba que você é o homem da minha vida. É o único que faz o meu coração bater mais lento e mais rápido ao mesmo tempo... Eu te amo, Gil!
Algum tempo depois, com eles despertos do rápido cochilo que acabaram dando após terem se amado, Sara anunciou:
_Eu infelizmente tenho que ir, amor! – ela levantou a cabeça de seu peito e o olhou.
_Ah, mas você não vai mesmo! – ele a puxou pra cima de si, tomando o devido cuidado pra não bater a sua mão machucada. Depois entrelaçou suas pernas nas dela e seus braços fortes rodearam seu corpo magro na altura das costas, prendendo-a assim ao corpo dele. _Daqui você não sai, moça! – sorriu marotamente pra ela que estava com o rosto a centímetros dos dele.
_Ei, está me dizendo que estou presa aqui é?
_Exatamente!
Ele aproveitou a proximidade de seus rostos pra beijar rapidamente sua boca. Em seguida foi a vez de seu queixo e por último seu pescoço sensível e cheiroso.
_E pretende me manter presa aqui e assim até quando?
_Minha vontade era de que fosse pra sempre... – ambos sorriram. _... Mas como isso não é possível, então me contento com mais algumas boas horas. – piscou pra ela.
Era bem verdade que essa era uma vontade também compartilhada pela morena. Ela adoraria ficar presa pra sempre nos braços de seu namorado, como estava agora, porem isso infelizmente não era possível como ele acabou de dizer. Assim como também não era possível que ela ficasse mais algumas boas horas como ele queria.
Com pesar ela lhe disse isso e imediatamente ele lhe questionou sobre o motivo dela não poder ficar mais.
_Prometi almoçar com a Liv e depois nós vamos ao shopping pra comprar o material escolar dela já que amanhã as aulas recomeçam pra ela.
_Hum... Que pena! – lamentou o supervisor. _Gostaria tanto que você ficasse por mais algumas horas comigo. – falou fazendo um bico tristonho.
Ela não agüentou vê-lo fazer isso e lhe tascou um beijo no mesmo instante.
_Sabe que eu também gostaria de ficar mais com você, meu amor! – ela disse após o beijo. _Mas infelizmente isso não é possível.
_Tudo bem! Outro dia você fica mais, não é?
_Humhum... Agora, por gentileza, cavalheiro, poderia “libertar-me” pra que eu possa me levantar e me vestir? – brincou fazendo-o.
Ele lhe “libertou” logo em seguida, porem antes de fazer isso, lhe roubou um beijo rápido.
Já de pé, Sara catou suas roupas que se encontravam jogadas e espalhadas pelo chão do quarto. Pediu então ao namorado que lhe ajudasse a vestir sua calça jeans e seu sutiã, pois com uma das mãos imobilizadas ficava meio complicado realizar essas duas tarefas sozinhas.
Ele com todo o prazer do mundo lhe ajudou nisso.
_Espero que quando eu chegar em casa Dylan não esteja mais lá e sim ido pra um hotel. – ela resmungou enquanto Grissom abotoava seu sutiã.
_Hotel?? Então ele ainda vai permanecer aqui em Vegas mais dias?
Sara virou-se para o namorado. Lembrou-se que ainda não havia lhe dito que seu ex ficaria na cidade não apenas por mais dias, mas sim por muito mais, mais precisamente, um mês. Ela respirou fundo antes de lhe contar isso.
_Gil, o Dylan vai ficar um mês em Vegas.
A cara de desgosto do supervisor com essa notícia foi visível.
_Ele tirou férias do serviço e pretende passá-las aqui...
_Perto de você. – Grissom interrompeu-a pra concluir isso.
_Não, da Lívia. – ela tentou negar o que ele disse, mas sabia que Grissom estava certo naquilo, porque Dylan mesmo lhe disse que viera também pra ficar perto dela.
_E de você também que eu sei, Sara! – havia seriedade em sua voz ao falar isso.
Sara arqueou uma das sobrancelhas em desagrado ao seu tom de falar. Iria retrucar aquilo, mas depois desistiu. Não queira discutir com ele pra estragar as coisas ali entre ambos, logo depois de terem se reconciliado e feito amor. Achou por bom senso encerar aquele assunto.
_Que tal pararmos de falar no meu ex?
_Acho ótimo só que não fui eu quem começou esse assunto desagradável.
_Eu sei, fui eu. E já me arrependi de tê-lo começado. Vamos dar por terminado esse assunto?
_Antes disso, eu quero te pedir uma coisa Sara.
_Peça!
_Quero que mantenha esse sujeito o mais distante possível de você. Vai atender a esse meu pedido?
_Você nem precisava me fazer esse pedido, porque eu já estou fazendo isso. Passei o dia todo de ontem evitando olhar para o Dylan.
_Ótimo e mais uma última coisa. – ele precisava dizer isso. _Se ele me chamar de velho de novo ou te chamando de... – suspirou. _...“Meu bem” como ele fez ontem... Eu juro pra você que quebro o nariz dele!
Era bom mesmo Dylan não repetir o que fez ontem, pois Grissom não pensaria duas vezes em fazer o que acabou de dizer a Sara.
_Vai bater nele como fez com o David?
Ela perguntou se segurando pra não rir ao ver o quão enciumado e emburrado seu namorado estava.
_Ah, vou! E ainda mostro pra ele que mesmo velho, eu posso muito bem quebrar aquilo que ele chama de cara.
_Pois saiba... – sorrindo, ela rodeou seu pescoço com seus braços finos. _Que se ele se atrever a repetir isso que disse ontem, vai ser eu quem vai quebrar toda a cara dele e não você!
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