Capítulo 70 - Confundindo e briga

Durante o turno todo Teri ficou tentando supor o que Grissom queria conversar com ela e o porquê dele ter lhe tratado daquela forma tão fria e ríspida, mas a loira não chegou a nenhuma resposta ou qualquer suposição lógica. Aquele comportamento indiferente nunca fora visto por Teri em Grissom desde que se conheceram há mais de dez anos. 

Sentada em um canto da sala de descanso, afastada dos demais que assim como ela esperavam Grissom vir para dispensá-los, Teri encarava Sara que conversava animadamente com Catherine. O papo entre as duas estava tão descontraído que sequer Sara percebia que era encarada constantemente por Teri.

A cada vez que os olhos de Teri enxergaram a figura de Sara pelo caminho, durante aquele turno, a loira sentia seu ódio pela rival aumentar consideravelmente. Pois se lembrava imediatamente dos tapas e das palavras proferidas pela morena à ela.

Teri é uma mulher rancorosa e bem vingativa, e esconde isso muito bem de quem deve no caso Grissom. Se antes ela queria Sara longe do supervisor, agora, depois do que a morena lhe fez, queria mais ainda.

Na cabeça da loira um plano já estava traçado pra não deixar aquilo barato. Teri estava disposta a se vingar de Sara e essa vingança consistia em separá-la de Grissom a todcus um. Se empenharia ao máximo pra conseguir isso e assim ter Grissom livre outra vez, só que dessa vez ele seria seu.

O supervisor apareceu naquele momento na sala interrompendo os pensamentos de Teri. Grissom deu por encerrado o turno e dispensou todos menos Teri, a quem disse pra ficar, pois precisava conversar com ela sobre um assunto. Após dizer isso Grissom deu uma rápida olhada pra Sara que já sabia o motivo pelo qual seu namorado iria falar com a loira. Em seguida, ele voltou seu olhar aos demais.

O pessoal que já estava dispensado pelo chefe foi um a um se levantando de suas cadeiras, despediram-se do supervisor e depois saíram da sala. Logo após eles terem saído, Grissom encarou Teri e pediu a ela que o acompanhasse até sua sala, pois lá poderiam conversar melhor e sem serem ouvido por terceiros. A loira assentiu e calada seguiu o supervisor até sua sala, sem entender o motivo dele estar falando tão seriamente com ela. Quando já estavam aonde Grissom queria, o mesmo fechou mais ainda o semblante e sem fazer floreios foi logo falando:

_Sara me contou todas as coisas que disse a ela na discussão que tiveram na festa... Como pôde ser capaz de dizer tamanhas inverdades, Teri? Tem noção dos absurdos que disse?

Os olhos azuis dele enquanto fala com ela pareciam soltar fogo na direção da loira que estava sentada bem de frente ao supervisor.

“Sidle, sua infeliz. Desgraçada!”

Teri insultou a rival em seus pensamentos. Ela não pensava que a morena fosse contar a Grissom as farpas e insultos trocados entre elas, e muito menos, pensava que ele fosse dá ouvidos tão facilmente a Sara.

E agora?

“Pensa, pensa, pensa Teri!”

Rápida e ardilosa, logo a loira má teve uma idéia pra se sair daquela situação: Negar!

Ela negaria as coisas e astutamente ainda tentaria inverter a situação a seu favor. Em uma jogada suja, Teri ia tentar fazer Grissom acreditar que quem dissera todas as coisas que ela havia dito, fora Sara e não ela mesma.

_Estou esperando uma resposta Teri! – ele a encarava com uma expressão que daria medo em qualquer um.

Sem se deixar abalar ou intimar com a carranca séria de Grissom, Teri fingindo-se de desentendida, perguntou ao supervisor:

_Que absurdos foram esses que a Sara te falou que eu disse à ela?

_Você sabe muito bem quais foram... Mas se quer se fazer de esquecida, não tem problema. Refresco sua memória!

Então ele repetiu exatamente tudo, palavra por palavra do que Sara lhe disse que Teri havia lhe dirigido. Enquanto o ouvia, Teri xingou novamente Sara em pensamentos.

“Maldita!”

Realmente ela havia contado tudo a ele do jeito como aconteceu, mas Teri não ia deixar isso sem revide. Ela ia dar a Sara o que ela merecia. Aproveitaria aquela situação pra usá-la em seu benefício e contra Sara.

Suas palavras que a tinham colocado nessa situação, agora, também a tirariam!

Depois que Grissom acabou de falar, Teri usando de toda sua artimanha e cinismo, se fez de estarrecida quanto ao que acabara de ouvir.

_Eu não posso acreditar nisso!... Grissom essa sua namorada é completamente louca!

_Não vou admitir que insulte a Sara! – ele pôs-se de pé e apoiando as duas mãos sobre a mesa, fitou Teri com uma cara mais séria ainda.

Não deixando por menos, a loira também se pôs de pé bem de frente a Grissom e então, deu início a seu jogo sujo.

_E eu que não vou admitir que a Sara inverta as coisas em benefício dela, Grissom!... Se você quer saber, quem disse todos esses absurdos que acabou de falar, não fui eu e sim, a Sara!

_Que?

_Exatamente isso que ouviu. Mesmo que não goste disse, essa é a verdade... Foi sua namorada quem me disse essas coisas. Admito que cheguei a dizer algumas coisas a ela também, mas foi só pra revidar o que ela me dizia. Em momento algum, eu disse isso o que ela te disse. Ela está inventando que fui eu só pra pousar de coitadinha e boazinha, enquanto eu fico como a malvada e inescrupulosa.

O supervisor “desabou” sentado em sua cadeira completamente atônito com o que acabara de ouvir.

Aquilo não podia e nem seria verdade!

Ele não iria acreditar numa coisas daquelas.

_Isso não é verdade!... Sara não seria capaz de fazer isso que acabou de dizer.

_Por despeito e ciúmes, uma mulher como a Sara que é extremamente ciumenta, é capaz sim de fazer isso e outras coisas mais, só pra afastar uma possível rival de perto do homem que está com ela.

_Não!... Sara não faria isso. Ela não é assim!

Aquilo não condizia com o jeito de ser de sua namorada. Sara não era despeitada. Podia ser muito ciumenta, mas não seria capaz de inventar que foi Teri quem disse coisas tão horríveis quanto as que lhe dissera, apenas por despeito e ciúmes, ou seria?

Grissom custava a crer naquilo só que involuntariamente uma pequena desconfiança começava a balançá-lo, atormentá-lo.

Ele via Teri falar e negar tão seguramente as coisas, que sentia a verdade no que dizia. Com Sara ontem, aconteceu o mesmo. Ele também sentiu a verdade no que ela dizia.

Só que o bichinho da desconfiança havia lhe picado. O que Teri disse sobre mulher ciumenta ser capaz de inventar coisas pra afastar possíveis rivais poderia ter um pingo de verdade. Ouviu dizer por aí, que realmente uma mulher ciumenta é capaz de fazer coisas que não se acredita. Será que Sara também é uma dessas mulheres? Porque ciumenta ela é e muito. Isso ele tinha que admitir.

Teri viu o supervisor levantar-se de sua cadeira novamente e ir para o lado oposto ao que estava da sala. De costas pra loira o supervisor tentava raciocinar, mas não conseguia. Sua cabeça tinha dado um nó com o que ouviu até agora, só que ainda tinha mais.

Ainda não satisfeita, Teri continuou distorcendo os fatos e inventando mais algumas coisas só pra envenenar ainda mais a cabeça de Grissom contra Sara.

_Tinha que vê como sua namorada estava enquanto falávamos Grissom. Ela parecia desequilibrada me dizendo as coisas que ela inventou pra você que eu disse. – aproveitando que ele continuava de costas pra ela, Teri sorriu cinicamente após inventar isso. Depois voltou a falar. _Ela me disse que você é dela e de mais ninguém. Que não ia permitir que eu ou qualquer outra tentasse tirá-lo dela. Eu lhe disse que não queria e nem iria fazer isso, só que ela disse que não acreditava, pois via claramente que eu queria você. E ainda falou que fora um custo enorme fazê-lo esquecer... Segundo ela, a mosca morta da sua falecida esposa pra...

_Basta Teri! – ele virou-se pra ela e disse aquilo quase gritando, interrompendo assim o que ela diria.

Não aguentava mais ouvir aquelas coisas que também havia ouvido da boca de Sara, por isso resolveu interromper o que Teri disse.

Ele estava atordoado com tanta coisa.

Ouvia o mesmo acontecimento, as mesmas palavras só que ditas de duas formas diferentes por duas mulheres distintas.

Teri quase vibrou ao ver a reação de Grissom ao ouvir o que disse. Era evidente que ele mesmo se esforçando pra não acreditar no que ela dizia, acabava no fundo acreditando. Seus olhos denunciavam confusão o que significava que de certo modo, estava caindo no jogo dela. Só que a loira não ia deixar a situação por aí. Ela queria mais, queria confundi-lo mais. Sendo assim, bancando a ofendida ela deu início a uma interpretação digna de prêmio.

_Você não está acreditando em mim não é? – ela não esperou a resposta dele. _Como pode isso Grissom? Você me conhece há mais de dez anos e a Sara há quanto tempo mesmo? Um ano, talvez? E mesmo assim vai preferir crer no que ela diz, ao invés, do que eu te digo?

Ele não disse nada apenas a olhava impassível.

_Eu jamais diria às coisas que ela quer que você acredite que eu disse. Não sou uma fingida e nem uma mau-caráter como ela quer me pintar. Você sabe disso! Me conhece, conhece o meu jeito e não é de agora, é de muito tempo... Nós tivemos um relacionamento, Grissom!... Acha mesmo que eu seria leviana de dizer coisas assim?

Como ela sabia fingir bem. Nossa senhora! O Oscar e o Globo de Ouro seriam muito bem merecidos pra sua atuação.

E com isso que acabara de dizer, Teri conseguiu deixar o supervisor mais confuso. O jogo de palavras que usara foi de muita esperteza.

_Eu não sei mais o que achar. Você diz as coisas de um jeito e Sara disse de outro diferente... – suspirou.

Em sua ingenuidade ele foi capaz de perguntar à ela:

_Com quê propósito acha que Sara inventaria que quem disse aquelas coisas foi você e não ela?

A deixa que ela precisava pra sacramentar seu plano.

_É bem óbvio, Grissom... Pra te pôr contra mim e você se afastar ou deixar de falar comigo. Ela me disse com todas as letras que quer me vê longe de você e me ameaçou dizendo que faria tudo pra conseguir isso... E pelo que vejo, ela está conseguindo. Você não está acreditando em mim e ainda acha que sou capaz de dizer coisas que eu jamais diria... Logo eu que gosto tanto de você e que nunca te esqueci.

Agora ela resolvera apelar, dramatizando nas palavras e na atuação. Seus olhos, ela os fez ficarem marejados apenas pra dá mais veracidade a toda sua interpretação.

Que bela atriz estava se saindo, pois até chorar ia conseguir e sem fazer muito esforço.

Ela sabia que Grissom balançava e baixava um pouco a guarda toda vez que via uma mulher chorar a sua frente. Aquele era seu ponto fraco e Teri estava jogando com isso a seu favor e o pior de tudo, é que aquilo funcionou.

O supervisor amenizou a expressão. Ficou mexido com a reação da loira e também com o seu choro. Sua certeza em não acreditar nela tornou-se dúvida. Desse modo, ele sentiu-se mal por estar duvidando de sua “amiga”.

_Teri... Eu...

_Não, Grissom... - ela o interrompeu de propósito. _Olha, jamais pensei que um dia você fosse duvidar do meu caráter desse jeito... Se quiser acreditar na sua namorada, acredite então. Mas saiba que está errado em fazer isso. Ela é a fingida dessa história e não eu. E quero que saiba que a partir de agora vou me manter distante de você pra evitar situações como essas. Avise sua namorada disso pra ela ficar mais tranquila e não inventar mais coisas.

Aquela última parte de sua fala foi a cereja do bolo, em sua atuação. Após falar tudo isso, Teri saiu dali sem dar tempo para Grissom dizer algo. Tudo aquilo era a mais pura atuação dela. Quando dobrou o corredor e ficou longe das vistas de Grissom, a loira deu um largo e vitorioso sorriso pelo que tinha feito. Sabia que havia feito tudo direitinho ainda que tenha planejado tudo em cima da hora.

_Até que foi uma boa você ter contado ao Gris o que houve Sara. Ajudou-me a botar você contra ele, sua idiota! – ela deu um risinho cínico. Depois se recompôs e tratou de ir logo embora dali.

Prostrado no meio de sua sala Grissom parecia uma estátua. Estava cheio de dúvidas e incertezas. Sinceramente não sabia o que pensar ou achar daquela situação.

Em quem devia acreditar agora? Na mulher que amava a qual conhecia há pouco tempo? Ou na mulher que fora sua namorada, e que agora ele considerava como uma amiga, a qual conhecia há muito mais tempo?

Deus do céu! A confusão estava armada em sua cabeça.

****

_Ei, demorou hein? Estava quase desistindo de te esperar pra tomarmos banho junto.

Ele ouviu Sara dizer logo depois de abrir aporta da casa pra ele.

Enquanto dirigia pra casa dela, ele ia pensando no que ouviu de Teri e também no que ouviu anteriormente de Sara.

Qual das duas mulheres estava tendo um caráter dúbio com ele? Qual delas  estava lhe enganando com um comportamento fingido?

Que situação mais desagradável e desconfortável era a que estava metido.

Ontem ele acreditou piamente no que Sara disse sobre Teri, agora tinha dúvidas quanto aquilo.

Ontem ele acreditou que Teri era de um jeito, agora estava indeciso a respeito disso.

Maldição!

Estava completamente confuso. Elas o confundiram completamente com suas palavras.

Afinal... Será que Sara era do jeito que Teri disse agora a pouco ou Teri que era do jeito que Sara lhe disse ontem?

Quem foi capaz de dizer absurdos a quem?

_Terra chamando Grissom! – Sara disse cutucando o braço do supervisor.

Grissom que havia se perdido nos pensamentos e até esquecera-se de onde estava, "acordou".

_Que disse?

_Nada. Vai ficar parado aí fora que nem um poste ou vai entrar?

Sem dizer nada ele então entrou na casa.

_Está com uma cara e um jeito estranho. Aconteceu alguma coisa? – ela o questionou após fechar a porta e virar-se pra Grissom que a olhava.

_Conversei com a Teri sobre o que me disse. – ele contou após uns segundos que ficara em silêncio.

_E...?

_Ela negou veemente que tenha te dito aquelas coisas.

_Como é?

_Ela disse que quem falou às coisas que me disse, foi na verdade... Você e não ela!

_Essa mulher é doente!

_Também disse que você inventou e inverteu a ordem das falas por despeito e ciúmes só pra me pôr contra ela e me afastar dela.

_Quê?

Sara ficou estarrecida com o que ouviu. Chegou à conclusão de quê Teri era bem pior do que pensava, pois além de fingida, ela também era ardilosa e perigosa.

_Por que está me olhando tanto? – ela perguntou ao vê-lo fitando-a insistentemente após ter contado o que Teri lhe disse.

De repente Sara teve um pensamento nada agradável do porquê de seu namorado lhe olhar daquele jeito.

_Grissom, você não está achando que eu inventei ou inverti as coisas como aquela mulher disse, está?

Ele não disse nada, ficou mudo. Por conta do drama e de toda a cena armada por Teri, Grissom não sabia o que responder a Sara. Por mais que quisesse e se esforçasse pra acreditar em sua namorada algo lhe fazia duvidar dela.

Diante da mudez dele, Sara entendeu a resposta.

_Não precisa responder nada. Seu silêncio já disse tudo!... Vai embora agora mesmo da minha casa, Grissom.

O que ela disse o fez enfim abrir a boca pra falar algo.

_Sara...

_Não quero ouvir nada. – ela o interrompeu. _Você acreditou nela e está duvidando de mim. E se isso está acontecendo, então acho que você está com a pessoa errada... Não é comigo que tem que estar Grissom e sim com ela.

Ele sentiu um temor ao ouvir isso.

_O que está querendo dizer com isso Sara?

_Que fique com sua amiguinha. Ela é perfeita pra você... As coisas entre nós acabam aqui! Fora da minha casa!

Ele sentiu como se o chão lhe fosse tirado dos pés naquele mesmo instante em que namorada colocava um fim no relacionamento deles. Um arrependimento lhe bateu no peito.

_Não faça isso, Sara! – ele disse apressadamente.

_Por que não? Você não acredita em mim e eu não vou ficar com alguém que desconfia do que digo.

_Me perdoe... – pediu em desespero. _Eu me deixei levar pelo que ela disse... Não termine comigo por isso... Eu te amo!

_Que espécie de amor é esse que não confia e sim, desconfia?

_Perdão... Por favor! – ele implorou se aproximando dela, mas ela recuou.

Estava muito magoada por ele pensar que ela fosse capaz de fazer o que Teri disse.

_Eu já disse pra você ir embora, Grissom! – foi curta e grossa ao falar isso sem sequer olhá-lo.

Quanto estava arrependido por aquela maldita desconfiança ter se instaurado nele. Podia ver nos olhos de sua namorada a mágoa dela por ele. Teve certeza de que estava redondamente enganado em ter desconfiado dela. Ela dizia a verdade e seus olhos mostravam isso a ele. E ele tolo só agora percebeu isso.

Tentou abrir a boca pra lhe dizer algo mais a Sara, só que mais uma vez sua namorada lhe disse pra ir embora.

De cabeça baixa ele acatou ao que ela disse. Saiu dali completamente arrependido por sua atitude com ela.

Assim que ouviu a porta bater indicando que Grissom havia saído, Sara deixou-se cair no sofá. Sentiu uma enorme vontade de chorar, e chorou. Chorou de raiva e de dor por seu namorado desconfiar dela.

Como ele podia ter feito isso? Pensar que ela fosse capaz de inverter falas em seu benefício?

Idiota!

Estúpido!

Do lado de fora da casa, já dentro de seu carro Grissom socava o volante e ao mesmo tempo em que fazia isso dizia a si mesmo:

_Imbecil! Eu sou um imbecil! O que fui fazer?

Mais algumas batidas ali e ele parou de “castigar” o volante com suas mãos fechadas. Depois encostou a cabeça no mesno e fechou os olhos arrasado pelo desfecho que aquela conversa com Sara tomou.

Ficou naquela posição em que estava por alguns minutos. Em seguida ajeitou-se, colocou o cinto e deu partida no carro saindo dali da frente da casa de Sara. Dirigiu por alguns minutos até chegar a uma casa que não era a sua.

Tocou a campainha e esperou. Alguns segundos depois a porta foi aberta pela dona do imóvel.

_Gil?

_Cath, eu preciso muito conversar com você!

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