Capítulo 47 - Almoço indigesto - pt 2

Ao ouvir o que a filha disse, Sara quase teve um troço e colocou pra fora a última garfada de comida que havia levado a boca segundos atrás. Mas sabe-se como, ela se conteve e não fez isso. Já Grissom a primeira vista ficou sem ação com o que Liv disse. Depois se sentiu totalmente desconfortável com aquilo. Saber que o ex de Sara ainda nutria por ela um sentimento tão forte como aquele dito por Lívia não havia sido nada bom de ouvir.

Ao contrário dos dois peritos que disfarçaram o mal-estar que foi ouvir aquilo, Any não consegui. A loira assim que Liv acabou de soltar aquela frase, se engasgou com o suco que bebia. O engasgo foi tão grande que ela levou alguns segundos para parar de tossir. Depois que ela conseguiu se restabelecer, o clima pesou um pouco à mesa e o silêncio imperou ali. Mas logo, ele foi quebrado quando Sara resolveu chamar à atenção da filha pelo que ela disse.

_Lívia não tem necessidade alguma de dizer isso ao Grissom.

_Por que não? – se fez de inocente.

_Porque acho que o que seu pai diz o Grissom não quer ficar sabendo. – disse séria.

Não havia gostado de Lívia ter dito isso. Foi inconveniente demais!

_Desculpa, mamãe! – pediu vendo que a mãe a olhava muito séria.

Desculpa? Agora que a bomba tinha sido acionada e explodida? Um pouco tarde!

A perita não estava acreditando que sua filha tinha sido capaz de ter dito aquilo ali. Arriscou olhar de canto de olho para Grissom e viu que a expressão dele era de quem não havia gostado nada do que ouviu. E quem iria gostar de ouvir uma coisa dessas? Ninguém!

Depois do que houve o clima do almoço não foi mais o mesmo. Grissom havia ficado sério e pouco falava. Sara ficou totalmente sem graça por seu namorado saber aquilo daquela forma.

Any queria dizer algo só que pela primeira vez não sabia o que dizer. E já Lívia estava quieta e demonstrava arrependimento pelo que tinha dito por ver que Sara a olhava séria. Conhecia sua mãe e quando ela lhe olhava daquele jeito era porque ela havia passado da conta. E realmente, ela havia. Não tinha nada que dizer aquilo ali!

Sara tentava supor em sua mente o quanto aquilo que sua adorável filhinha disse afetaria seu recém-relacionamento com Grissom. A julgar pela expressão que ele demonstrava e pelo fato de quê desde que Liv disse aquilo, ele poucas vezes lhe dirigiu o olhar, certamente, aquilo havia afetado sim. Agora era saber o quanto.

****

Após o almoço um tanto indigesto, Sara pediu a Any enquanto elas estavam acabando de arrumar as coisas na cozinha, que assim que terminassem ali, ela subisse com Liv para o quarto da garota e ficasse com ela por lá, porque precisava conversar com Grissom sobre o que a filha disse a ele e tentar desfazer algum inconveniente que aquilo pudesse ter causado.

A loira na mesma hora disse que faria isso e também falou que mesmo que ela não pedisse aquilo, daria um jeito de tirar Liv dali de perto pra que Grissom e Sara pudessem ficar sozinhos pra conversar e namorar.

Passado uns minutos as duas terminaram de fazer as coisas e foram pra sala onde Grissom e Lívia se encontravam calados e sentados um distante do outro. Era tão estranho vê-los assim, já que ambos se davam tão bem juntos. Porém, as duas mulheres sabiam que a culpa deles estarem assim era daquele pingo de gente que achou de encasquetar agora com Grissom. Logo agora que ele e Sara tinham se entendido e estavam juntos.

É, quando Grissom se entendia com uma Sidle se desentendia com a outra!

_Liv se despeça do Grissom, porque nós vamos subir pra você fazer seus deveres da escola e depois dormir um pouquinho como costuma fazer toda tarde.

A menina se levantou do sofá e de onde estava mesmo deu um "tchau" meio sem jeito ao supervisor que lhe deu também "tchau". Depois Liv subiu com Any deixando assim Sara e Grissom sozinhos na sala.

_Acho que ela está arrependida pelo que disse.

_É, eu acho que sim! – olhou pra Sara.

A morena foi o supervisor e se sentou ao lado dele no sofá.

_Sobre o que a Liv disse Grissom, eu...

_Olha, Sara... – ele a interrompeu. _Vou ser bem franco com você. Não foi nada agradável ouvir aquilo da Liv.

_Eu faço ideia. E te peço desculpas por isso. Eu não sei o que deu na Liv pra ela dizer aquilo. Mas pode ter certeza que vou brigar com ela pelo que fez.

_Não. Não brique com ela, por favor! – pediu.

Por mais que não tenha sido bom aquilo que a menina fez, não queria que Sara brigasse com ela. Viu que depois do que houve, Liv ficou sem jeito e arrependida daquilo.

_Grissom não adianta interceder por ela. O que Liv fez foi desagradável demais. Você não era obrigado a ouvir o que ouviu.

Ele balançou levemente a cabeça.

_Eu sei que o que ela fez não foi bom, mas vamos tentar passar uma borracha no que houve aqui, está bem? Não brigue com a sua filha, Sara. Ela é só uma criança. Pode fazer isso por mim?

Ela suspirou e acabou aceitando seu pedido. A verdade é que não brigaria com ela de fato, só iria chamar sua atenção por aquilo. Mas dessa vez deixaria passar e não faria isso, porque seu namorado estava pedindo. Porem se Liv aprontasse mais uma, ela não ia deixar passar e chamaria a atenção de sua ferinha. Detestava quando tinha que fazer isso só que às vezes era preciso.

_Tudo bem, eu não vou brigar com ela dessa vez, ok?

_Ok... Agora só pra encerrar esse assunto, quero que saiba que mesmo não tendo sido agradável saber daquilo, quero deixa claro à você que... O que o seu ex-marido sente ou deixa de sentir por você não me importa nenhum pouco e sabe por quê? – ela negou com a cabeça. _Porque agora você está comigo e não mais com ele, então não tenho o que me preocupar com isso, não estou certo?

_Completamente!

Sara lhe deu um leve sorriso e ele não resistiu e lhe deu um beijo demorado. Estava querendo fazer isso desde que chegara, mas com Liv ali por perto teve que se controlar.

_Mas tem uma coisa. – ele disse interrompendo o beijo que trocavam. _É bom que seu ex não resolva aparecer e dizer isso bem na minha frente pra evitar problemas pra ele.

Sara o olhou sem entende direito aquilo que ele disse.

_Problemas? Que tipo de problemas?

Grissom fechou um dos olhos, entortou um pouco a boca fazendo uma careta engraçada e depois lhe respondeu.

_Talvez um olho roxo, um nariz quebrado ou qualquer coisa do tipo.

Ele exibiu um discreto sorriso ao término de suas palavras. Sua namorada também sorriu disso.

_Teria coragem de bater nele?

_Mesmo detestando brigas, teria sim.

_E depois você ainda diz que é ciumento só um pouco, não é? – perguntou divertida.

Agora ele deu um sorriso mais aberto. Não tinha jeito, havia acabado de se denunciar um completo ciumento com aquela declaração.

_Mas olhe pelo lado bom.

_E tem?

_Claro que tem. Uma pessoa só é ciumenta desse jeito quando gosta de verdade da outra e eu... Gosto de verdade de você, Sara! – disse com os lábios bem perto dos dela.

Ela deu sorriso tímido ante aquela declaração e depois retribuiu aquelas palavras dele.

_E eu também gosto de você, Grissom!

Depois disso foi inevitável seus lábios não se juntaram em um beijo que deixava explícito que realmente o sentimento entre eles era de verdade, como haviam acabado de dizer um ao outro.

Enquanto isso no quarto de Liv...

_Liv por que disse aquilo ao Grissom, querida? - Any perguntou.

As duas estavam deitadas na cama da menina e Any tinha decidido ter uma conversa com a garotinha assim como quem não quer nada, pra saber o motivo que levou Liv a dizer aquilo.

A garotinha demorou pra responder, mas acabou depois satisfazendo a curiosidade de sua babá.

_Porque o Grissom gosta da mamãe e eu não quero que ele namore com ela. – havia certa birra em seu tom de voz.

Any se ajeitou melhor na cama de forma que ela e Liv ficassem uma de frente pra outra.

_Querida por que acha que ele gosta da sua mãe?

_Quando ele chegou, ficou olhando pra ela do mesmo jeito que o papai fazia.

_Mas meu amor...

_Eu não quero que a mamãe namore com ele e com ninguém, Any.

_Liv não pode ser assim. Sua mãe tem o direito de ter um namorado. Ela não está mais com seu pai.

_Mas eu não quero. Quero que ela volte com o papai. – disse emburrada.

_Só que você sabe que isso não vai acontecer, porque sua mãe já lhe explicou, não é?

Ela fez que sim com a cabeça. Sabia daquilo, mas não entendia bem. Só queria seus pais juntos de novo.

_Me diz uma coisa, você não gosta do Grissom?

_Gosto! – falou depois de uns segundos de silêncio.

Por mais que sua birra pelo supervisor fosse grande por ele ter saído com sua mãe e por ter percebido que ele gosta dela. Seu carinho por ele era enorme e a garotinha sabia reconhecer isso. Só que mesmo com isso, Liv não aceitava que ele ficasse com sua mãe.

_Então, não seria bom, sua mãe namorar alguém legal, que goste de você e que você também goste dele assim como é com o Grissom?

De novo, ela só balançou bem devagar a cabeça em um "sim".

_Pois então. Deixa a sua mãe e não fique se metendo na vida dela. Sua mãe merece arranjar alguém legal. Ou quer que ela fique sozinha e triste?

_Não, não quero. – falou rápido. Não queria ver sua mãe triste.

_Ótimo! Isso quer dizer que vai deixá-la namorar quando ela assim quiser?

A menina deu um suspiro e cruzou os bracinhos miúdos sobre o peito.

_LiV?? – chamou vendo que ela não respondia.

_Tudo bem!! Eu deixo! – disse sem vontade.

Não queria outro com sua mãe que não fosse seu pai, mas pra sua mãe não ficar triste como Any disse, ela deixaria Sara namorar.

_E vai parar de fazer birra com o Grissom também, não é?

De novo a menina suspirou meio desgostosa.

_Também!! – disse meio emburrada e depois fez um bico ao dizer isso.

Any sorriu da cara amarrada que a menina fez e depois, deu um beijo no rosto dela.

Havia conseguido dobrar a ferinha, agora era ver como as coisas seriam daqui pra frente.

De volta à sala...

Sentados no sofá bem pertos um do outro, Sara e Grissom trocavam beijos e carinhos aproveitando que estavam sozinhos ali na sala.

_Quero só ver a cara do pessoal quando souber que estamos juntos. – Grissom dizia depois de trocarem um beijo. _Acho que vão ficar surpresos e...

Ele parou de falar ao ver a cara que Sara fez quando ele mencionou os amigos deles.

_Que foi? Por que essa cara?

Ela ainda não queria que os outros soubessem por enquanto deles. Mas precisava de jeito pra dizer isso à seu namorado, só que jeito não muito seu forte.

_Sabe o que é Gil... Eu não quero que eles saibam da gente, não agora.

Ele enrugou a testa não entendendo bem aquilo.

_Por que não? Eles são nossos amigos e tenho certeza que vão gostar de saber disso, apesar de quê eu acho que de primeira, eles vão levar um susto com a notícia – ele deu um sorriso ao dizer isso. _ Mas depois ficarão contentes por nós estarmos juntos depois de tantas implicâncias.

_Eu não duvido que fiquem contentes, só que eu acho um pouco cedo pra contar isso. Além do mais, isso pode acabar chegando aos ouvidos do Ecklie e você sabe que ele vai fazer valer as regras que aquele laboratório tem, não é chefe?

Ele riu e tombou um pouco a cabeça de lado ao olhar para sua namorada. Depois segurou sua mão de forma que seus dedos ficaram entrelaçados.

_Regras! – repetiu balançando de leve a cabeça. _Elas também existiam quando me relacionei e me casei com à Susan, que também era minha subordinada. E, no entanto, não tive o menor problema pra contar aos outros sobre meu relacionamento com ela.

_Eu sei, mas aposto que seu superior antes não era o chato do Ecklie, era?

_Não, não era. Era alguém mais flexível que ele. Mas não se preocupe que eu dou um jeito nisso.

_Grissom, escuta, se contarmos, vamos mudar de turno e mal vamos nos ver direito só em folgas ou quanto um de nós dobrarmos o turno. E isso não seria bom, porque tenho a impressão que essa falta de tempo pra se vê, pode acabar esfriando o relacionamento que estamos começando.

_Esfriando?

_Exatamente! Me dê um pouco de tempo pra que eu possa primeiro contar pra Lívia e depois contamos aos outros e vemos como ajeitamos as coisas. Por enquanto vamos manter essa relação em segredo, pode ser?

Ele fez um bico descontente com aquilo. Queria tanto contar logo para os amigos que lhe deram bastante força pra que voltasse a se relacionar com alguém. Além disso, namorar escondido era coisa de adolescente e não era mais um há um bom tempo.

_Grissom ainda não ouvi sua resposta. – ela apertou de leve a mão dele chamando assim sua atenção pra ela.

_Ok. Pode! Fazer o quê?!

Ela riu do jeito emburrado que ele falou.

_Prometo que é só por um tempo, está bem?

_Está!

A expressão dele ainda não parecia muito contente com aquela situação e Sara percebendo isso chamou sua atenção.

_Ei, agora bem que podia desfaz essa cara de limão azedo, porque ela te deixa horrível!

Foi inevitável pra ele não rir daquilo.

_Agora sim melhorou! – disse vendo o sorriso dele.

_Você não faz idéia do quanto estar com você me faz bem! – disse depois de ficar olhando bem pra ela. _Cada vez mais você me afasta do meu passado, Sara! Um passado no qual eu estava preso e me recusava a sair. Obrigado!

Sem dar tempo pra que ela dissesse algo, o supervisor lhe beijou, querendo gravar pra sempre aquele ressurgimento pra vida, que sua namorada estava lhe proporcionando.

Por mais um tempo, Grissom ficou ali com Sara conversando, namorando, aproveitando o bem que aquele relacionamento estava lhe fazendo.

Sinceramente? Não esperava que em tão pouco tempo que estava com ela, ia se vê tão ligado daquele jeito. Se pudesse não sairia do seu lado! Estava descobrindo de novo o quanto era bom ter alguém ao seu lado!

Se lhe perguntassem há uns meses se ainda se via tendo um relacionamento com outra pessoa que não fosse Susan e mais ainda, apaixonado de verdade por outro alguém? A resposta ia ser um enorme NÃO. Porem as coisas mudaram e lá estava ele em um relacionamento e apaixonado pela mais complicada das mulheres que já cruzou seu caminho.

Sara o acompanhou até o carro dele e ainda ficaram alguns minutos ali trocando mais alguns beijos. Em seguida, Grissom foi pra casa com um sorriso enorme.

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