Capítulo 38 - Confuso

Concentrado lendo um artigo de uma conceituada revista forense, Grissom se assustou quando ouviu uma batida na porta de sua sala. Disse um “entre” e a pessoa que adentrou na sala foi Sara.

Nessas últimas semanas em que tiveram uma proximidade bem grande e por conta disso, até começaram a se entender de verdade, Grissom nas oportunidades em que via Sara começou a sentir algo indecifrável e diferente. Algo que lhe fazia bem dentro de si. Só que isso que sentia também lhe intrigava por ser exatamente do jeito que era: indecifrável e diferente.

Sara se aproximou da mesa dele e lhe estendeu uma pasta.

_Meu relatório! – disse simplesmente.

Ele pegou o papel de sua mão.

_Quem era o culpado? – perguntou pra puxar assunto, já que ela não disse mais nada.

Cansada e doida pra ir embora, Sara pensou em dizer que era só ele ler o relatório que saberia. Mas isso seria grosseria demais de sua parte. Então tratou de responder da forma que era certa: sem grosserias.

_O marido.

_Crime passional?

_Sim. Ele descobriu que a mulher...

Ela parou de falar de repente, e depois levou uma mão à testa. Havia sentido um mal-estar do nada.

_Tá tudo bem?

Só após alguns segundos, foi​ que Sara lhe respondeu um "sim". Porem aquela resposta não consiga com a verdade. A perita não estava se sentindo nada bem, só que não queria dizer ao chefe. Respirou fundo, voltou a olhar pra Grissom e devagar, retomou o que falava.

_Como eu ia dizendo... Ele descobriu que a mulher o traia com outro muito mais novo que ele. E pra...

De novo, ela parou de falar por conta do mal-estar que estava sentindo. Só que dessa vez, o que sentiu foi mais forte e fez suas vistas se escurecerem totalmente. A consequência disso foi que Sara teve que se apoiar no encosto da cadeira pra não cair no chão.

Grissom percebendo o que aconteceu, na mesma hora se levantou indo em auxílio a sua subordinada.

_Ei, você não está bem. Vem, sente-se aqui!

Ele conduziu sua subordinada até a cadeira a qual ela se apoiou e ajudou Sara a se sentar na mesma.

_O que têm? – falou se agachando a frente de Sara e segurando numa de suas mãos, que estava fria.

_Não sei. De repente, senti um mal estar e minha vista escureceu. Deve ter sido minha pressão que baixou. – ela contou de olhos fechados

_Tem problemas de pressão?

_Não que eu saiba! - ela disse e não ousou falar mais nada depois disso.

O supervisor que apenas a observava, ouviu quando ela deu um suspiro alto. Viu em seguida, Sara levar sua outra mão que estava livre até a testa. Visivelmente sua subordinada não estava bem.

_Quer que eu pegue uma água pra você?

_Não, não é necessário já está passando. Só preciso de mais uns segundos pra conseguir me recuperar por completo e poder me levantar sem passar mal de novo.

_Tudo bem! – sua mão continuava segura na dela. Não conseguia largá-la.

Enquanto Sara permanecia de olhos fechados tentando se recuperar, Grissom a fitava. Seus olhos passearam admirando o rosto delicado que ela tinha. Sua subordinada era uma mulher muito bonita, mesmo com aquele gênio quase insuportável.

Continuou olhando-a por mais alguns segundo até que Sara abriu seus olhos e se deparou com ele ali agachado à sua frente, lhe olhando de uma forma doce, mas que não escondia um "Q" de preocupação.

_Melhorou? – conseguiu perguntar depois de ficarem se fitando em silêncio por um breve tempo.

_Sim! – balançou a cabeça enquanto respondia.

_Mesmo? – quis se certificar e ter certeza.

_Sim! – ela repetiu com firmeza a resposta que já havia dado anteriormente.

Grissom se tranquilizou com a resposta dela. Tinha ficado realmente preocupado e acabou deixando isso escapar quando confessou sem querer à ela. Sara no mesmo instante que ouviu sua confissão, ficou sem graça.

Os dois se calaram por um breve momento até que ela não resistiu e quebrou aquele silêncio ao lhe fazer uma pergunta.

_Grissom por que se preocupa comigo?

Ele pensou um pouco pra depois dizer meio sem jeito:

_Gostaria de saber te responder isso com exatidão, mas nem mesmo eu sei bem a resposta A única coisa que sei é que me preocupo de verdade com você!

Silêncio.

Os olhos de ambos se fixaram um no outro. Depois os olhos se desviaram pra fitarem seus lábios.

Uma vontade de senti-los colados um no outro, e de saber qual seria o gosto deles, tomou Sara e Grissom tão forte e subitamente, que sem pensar em nada a não ser naquela vontade, eles foram se aproximando lentamente até que seus rostos estavam bem colados. Era possível até sentirem a respiração um do outro.

Seus olhos nos meus

Sua respiração na minha

E por fim

Seus lábios nos meus

Os lábios se juntaram num beijo que de primeira não passava de um toque sutil de lábios. Depois, ele foi ganhando forma quando suas bocas se abriram pra que suas línguas se encontrassem.

Foi intenso!

Explosivo!

E também mágico e romântico!

O beijo era bom e diferente de qualquer outro que eles já tivessem trocado com outras pessoas com quem se relacionaram.

Grissom ouviu Sara soltar um gemido e aprofundou ainda mais o beijo.

Sem interromper aquele momento, o supervisor devagar foi se levantando e trazendo Sara consigo até ficaram de pé e ainda aos beijos.

As mãos de Sara foram parar no  rosto barbudo de Grissom enquanto as deles se postaram em sua cintura fina.

O gosto dos lábios que um sentia do outro era maravilhoso. Uma mistura de chocolate e morango. Delicioso! Esplêndido. Fora do comum. E com isso, eles não conseguiam se separar de forma alguma pra parar aquele beijo.

Os segundos iam passando e cada vez mais Grissom e Sara iam se entregando aquele momento que acontecia entre eles. Seus corações já batiam descompassados e acelerados feito um trem sem freio.

Mais um pouco e eles chegariam as porta do paraíso apenas com aquele beijo. Grissom trouxe Sara mais pra junto de seu corpo e suas mãos foram subindo pelas costas dela.

De repente, Grissom ouviu uma voz ao longe chamá-lo, mas ignorou por conta do jeito que trocava com Sara.

Só que a voz que lhe chamava, foi ficando mais perto e mais perto até que ele ouviu um grito.

_GRISSOM!

Abriu os olhos assustado e pôde ver bem a sua frente uma loira já visivelmente irritada.

_Catherine?!

_Não. Madonna! – disse irônica.

Ele levou as mãos ao rosto e esfregou seus olhos pra ter certeza de que sua amiga estava ali. E realmente ela estava.

Então tudo aquela situação com Sara não passou de um sonho? Mas parecia tão real. Como pode? Ele encarou sua amiga confuso.

_Já estava quase te jogando essa jarra de água. Estou te chamando desde que tempo, mas você não acordava de jeito nenhum. Toma, vim trazer os meus relatórios e os da Sara.

A menção do nome da morena fez com que ele se recordasse do beijo que pensou estar acontecendo entre ele e sua subordinada implicante.

_E por que a Sara mesma não veio entregar o relatório dela? - ele procurou saber da amiga.

_É que ela já foi. Não estava se sentindo muito bem e me pediu pra te avisar e também te entregar os relatórios dela.

Catherine percebeu que ele parecia aéreo e confuso.

_Grissom ainda está dormindo?

_Não. – disse sério.

_Bom então vou indo. Os rapazes também já foram. Devia ir pra casa descansar melhor. Aqui não é lugar pra ficar dormindo. Tchau!

Ela se foi, deixando o amigo ainda perdido e completamente confuso.

****

Deitado em sua cama, Grissom ainda tentava entender como algo que pareceu tão real, não passou de sonho. Em momento algum imaginou que fosse sonho. O que sentiu foi tão forte, que chegou a acreditar que realmente aquele beijo estava acontecendo. E o fato de não ter sido real, fez com que o supervisor se sentisse até um pouco frustrado.

Fechou os olhos e a imagem de Susan lhe veio à mente, mas logo ela se transformou na imagem de Sara.

Duas mulheres: Susan e Sara.

Dois “S” em sua vida.

Sendo que, ele podia jurar que a primeira já não mexia mais tanto assim com ele. Enquanto que inexplicavelmente, a segunda começava a mexer.

Senhor! O estava acontecendo? Sentia-se confuso quanto aos sentimentos dentro de si.

Era conflitante demais, confuso demais e intenso demais.

As coisas pareciam se embaralhar. Era um emaranhado de sentimentos tão controversos que estavam deixando-o louco.

Como faria para encará-la depois daquele sonho tão intenso?

Abriu os olhos fitando o teto.

_Por que essa mulher está mexendo tanto comigo? Ela não sai da minha cabeça. Até sonhar com ela, eu sonho.

Aquilo o perturbava de tal forma que lhe dava certo medo de descobrir a resposta para aquela pergunta que acabou de se fazer.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top