Capítulo 32 - Perdendo o controle
David imediatamente largou Sara e se afastou dois passos de distância dela, após ouvir a voz de Grissom.
_Não está havendo nada de mais, doutor Grissom. Apenas estava conversando com a Sara, ou melhor, Sidle como ela quer que eu a chame.
_Conversando?
O supervisor perguntou com uma das sobrancelhas erguidas não acreditando nada no que o agente havia dito.
_Sim, mas nossa conversa terminou. Já estou de saída. Tchau Sidle!
_Vai para o inferno! – ela resmungou só pra David ouvir e ele ouviu. Sua resposta à isso foi um sorriso debochado.
David foi em direção à porta onde Grissom ainda permanecia e parou em frente ao supervisor.
_Com licença! – o agente pediu antes de se retirar dali.
Grissom ficou fitando o sujeito até ele dobrar o corredor. Não tinha ido muito com a cara dele.
Depois o supervisor entrou na sala indo até Sara pra saber de fato o que estava acontecendo ali, já que não tinha engolido aquela história de quê estavam apenas conversando.
_Sara o que realmente estava acontecendo aqui?
Por um momento ela quis lhe dizer a verdade pra quem sabe assim ele poder lhe ajudar com David. No entanto, depois achou melhor não fazer isso. Aquilo era um assunto particular dela e não queria envolver terceiros, ou dividir essa desagradável situação com ele e nem com mais ninguém ali do trabalho pra não gerar mexericos a respeito de sua vida privada.
Daria um jeito de manter David distante dela de algum jeito, que não necessitaria escancarar o que aconteceu entre eles.
_Nada de mais, Grissom.
_Como nada de mais? Ele me pareceu claramente estar sendo inconveniente com você. O que ele queria te segurando daquele jeito?
_Me importunar sempre faz isso, mas sei me defender dele.
"Sabe tanto, Sidle, que ele quase arruinou seu casamento", pensou ela.
Grissom a encarou por segundos enquanto ela tinha voltado a folhear os relatórios. Sem nem ao menos pensar, ele disparou:
_Qual o problema entre vocês?
_O quê? – ela o olhou espantada, se perguntando por quê ele queria saber aquilo.
_Primeiro, você o tratou daquela forma ríspida na frente de todos. E agora, o vejo te segurando pelos braços e me deu a impressão que estava discutindo com ele. Pode me explicar o que há entre vocês?
Ela respirou fundo e desviou o olhar dele pela segunda vez pra fitar um canto qualquer da sala. Buscou rapidamente uma convivente resposta que de preferência não revelasse a inteira verdade dos fatos e encontrou uma.
_Houve um desagradável problema há muitos anos.
_Que problema?
Sara não estava entendendo todo aquele interesse dele em saber daquilo e foi curta e grossa, o cortando de mais perguntas.
_Eu não vou dizer. É um assunto particular, então não insista.
O supervisor queria insistir, saber que problema era esse. Mas diante dessa resposta dela e da cara que ela fez ao lhe responder, resolveu não fazer isso.
_Ok, se não quer dizer também não vou insistir. Mas se ele voltar a te importunar ou te causar algum problema aqui me avise.
_Pra quê? – estranhou o que ele lhe disse.
_Pra quê eu tome alguma providência contra ele.
_Por que estava fazendo isso?
_Isso o quê?
_Se preocupando. Não precisa.
_Só que não consigo evitar. Sei que não somos os melhores amigos e que temos nossas divergências, mas ainda assim não deixo de me preocupar com você e não gostaria que esse sujeito te fizesse nada de mal.
Ela arregalou os olhos quando o ouviu. Já ele ao se dar conta do que havia dito ficou sem ação. Aquilo saiu de uma forma tão natural, que nem ele percebeu as palavras que disse. Só notou depois de ver a reação de Sara diante do que foi dito.
_Bem... E-eu... Eu acho que vou... Pra minha sala... Qualquer coisa... – gagueja.
E assim, ele saiu sem completar sua frase e deixando pra trás uma Sara um tanto atônica e surpresa com suas palavras.
Em hipótese alguma imaginava que ele se preocupasse com ela, já que implicava tanto com ele.
_Eu ouvi isso mesmo? – falou pra si mesma depois que seu chefe já tinha ido. Franziu a testa, balançou a cabeça e ainda sem acreditar muito no que tinha acontecido, pegou os relatórios que lia e tentou focar de novo sua atenção a eles.
****
Sozinho em sua sala com um olhar distante, ele se perguntava o que tinha lhe dado na cabeça pra ter dito aquilo à Sara?
“...Me preocupo com você...” De onde havia tirado isso? Com quê propósito falou aquilo?
Sinceramente? Não fazia idéia! Porém sabia que aquilo era verdade. De um jeito estranho, ele se preocupava com ela. E por se preocupar é que queria saber qual era o problema que envolvia o agente Scott e sua subordinada, pra de alguma forma ajudá-la caso aquele sujeito volte a importuná-la ou queria lhe fazer algum mal.
Mas se sentia de mãos atadas, porque Sara não queria lhe dizer o que tinha ocorrido. Então como faria? Quem podia lhe ajudar à ajudá-la?
Eis que se lembrou de Nick. Ele era muito amigo de Sara e com certeza, devia saber o motivo da tensão entre a perita e o agente do FBI. Bipou seu subordinado na mesma hora. Minutos depois, ele batia a porta da sala do supervisor.
_Quer falar comigo, Grissom?
_Sim. Entre, tranque a porta e se sente.
Nick fez o que ele pediu. Achou estranha aquela situação. Será que tinha feito algo de errado, pois seu chefe o olhava sério demais.
Enquanto se acomodava na cadeira, o texano tentou lembrar-se rápido de alguma coisa que tenha feito de errado só que nada lhe veio.
_Grissom, o que houve? Fiz alguma coisa? – disse tenso. Dificilmente era chamado à sala do chefe no meio do expediente.
_Não se preocupe que não fez nada. Só quero saber de uma coisa e tenho um palpite que você saiba bem o quê eu quero saber.
Ele viu seu subordinado soltar o ar com certo alívio.
_Cara, que susto me deu. Pensei que tivesse feito algo de errado e que iria me dar uma bronca. Mas diz aí o que quer saber?
Talvez o que estivesse prestes a fazer não fosse o correto, mas de alguma forma sentia que devia fazer aquilo. Queria saber o que aconteceu. Não gostou do jeito como David havia se portado com Sara. Vai que ele tentasse de novo ou fizesse algo mais grave com ela?
Então ia fazer uso daquele meio. Era bem ciente de que era uma invasão à privacidade de sua subordinada aquilo, só que ela não quis lhe dizer. Então por isso ia procurar descobrir de outro jeito. Sendo direto, ele perguntou:
_Você sabe o que houve entre a Sara e esse agente que está aqui?
Nick se remexeu na cadeira. Jamais lhe passou pela cabeça que este fosse o assunto que seu superior quisesse abrodá-lo.
_Olha, Grissom, eu até sei. Porem não posso dizer o que é por ser um assunto pessoal da Sara. Além do mais, se trata de uma situação muito delicada.
_É tão sério assim?
Nick se sentia entre a cruz e a espada. Era desconfortável falar daquilo por se tratar de algo que era da vida privada de sua melhor amiga. Conhecendo-a como a conhecia era capaz de Sara comer seu fígado e algo mais se contasse o que sabia. Então melhor não abrir o bico.
_É, mas de verdade, não posso te dizer o que é.
Diante de tal hesitação do texano e do pouco que ele deixou escapar, mas curiosidade em saber do que houve, corroeu Grissom. Só que não era uma curiosidade por curiosidade, e sim por preocupação mesmo.
_Olha, Nick, eu surpreendi o agente Scott importunando a Sara. Ele a segurava pelos braços e...
_O quê? Eu não acredito! Aquele desgraçado teve a coragem de tocar nela. Eu vou agora mesmo atrás dele. – o perito levantou-se da cadeira furioso e no mesmo instante Grissom o segurou pelo braço antes que Nick lhe desse as costas e saísse da sala.
_Você não vai a canto algum. Sente-se!
A contragosto, ele fez o que o chefe disse.
_Diante dessa sua reação, agora tenho certeza, que devo saber o que houve. Então me diga, Nick, pra quê eu tome alguma atitude caso ele volte a ser impertinente com ela.
Sara que o desculpasse e comesse seu fígado, coração, rim e todos os seus outros órgãos, mas diante do que Grissom disse, Nick achou melhor contar ao chefe o que aconteceu. Até pra evitar que David voltasse a ficar assediando a perita morena ali no laboratório como tinha feito anos atrás em Chicago.
_Tudo bem, eu te conto.
E assim ele começou. A cada coisa que Nick dizia, Grissom ficava estarrecido. Como alguém tinha coragem de fazer o que fez e agir como se nada tivesse acontecido?
Se antes Grissom não ia com a cara desse agente, agora que soube de tudo isso ia menos ainda. Cuidaria pra quê aqui, esse sujeito não fizesse o mesmo à Sara.
_Então foi isso. – encerrou a história.
_Eu não entendo, Nick. Por que a Sara ou o marido dela na época não denunciaram esse sujeito?
_A Sara ficou tão abalada e nervosa com o que aconteceu que nem se lembrou disso. E depois, quando ela e Dylan se reconciliaram, resolveram não denunciar o David, porque ele nem estava mais perto deles e também, pra evitar mais aborrecimentos, o que faria mal a Sara que estava grávida e já tinha até ido parar no hospital por conta do que David tinha feito.
_E o incrível é que ele ainda age como se não tivesse feito nada. Como pode?
_É um cínico mesmo isso sim. Mas ele vai se ver comigo por ter chegado perto dela. Vou quebrar a cara dele assim que o encontrar.
_Você não vai fazer isso.
_Sinto muito, Grissom, mas...
_Deixa, eu cuidar disso do meu jeito, Nick. – o interrompeu. _ Eu vou tomar medidas pra que ele não volte a importunar a Sara. Eu prometo, não se preocupe.
_Tudo bem. Só que se ele insistir em ficar importunando a Sara, eu não vou refrescar com ele.
_Não será preciso, mas caso não surta efeito o que eu fizer, dou um jeito de mandá-lo de volta e peço pra que mandem outro agente no lugar dele, certo?
_Certo!
_Agora já pode ir e não diga nada a Sara sobre nossa conversa.
_Ok!
****
Feito um caçador atrás de sua presa, Grissom andava pelos corredores do laboratório atrás do agente David. O que soube à respeito daquele sujeito lhe deixou estupefato e enraivecido com o mesmo.
Um pouco mais de procura e acabou encontrando o sujeito com Catherine e Warrick em uma sala. Os três falavam e tentavam cruzar informações sobre o caso.
_Gil, nós... O que foi, algum problema? – Catherine percebeu de imediato a cara séria e fechada que o amigo tinha.
_Sim, aconteceu, Catherine, mas e não posso dizer. Agente Scott preciso com o senhor Acompanhe-me até minha sala, agora!
Cath e Warrick ao ouvirem o tom de voz autoritário que Grissom havia usado, se olharam. Algo de errado estava acontecendo e pelo andar da carruagem era sério, e envolvia o tal agente.
David sem se deixar intimidar pelo tom que lhe foi dirigido por Grissom, levantou-se da cadeira e foi até o supervisor.
_Como queira, doutor Grissom. – disse com certa arrogância, passando por Grissom.
****
_Então o quer falar comigo? – David sentou-se enquanto que Grissom permaneceu de pé a sua frente e com os quadris escorados a mesa.
_Vou falar só uma vez e não quero ter que me repetir com o senhor. Não quero vê-lo em hipótese alguma sozinho com Sara. Me entendeu?
_Não, não entendi. Por que quer isso? – se fez de desentendido.
_Porque já sei o que fez à ela alguns anos atrás.
David esboçou um cínico sorriso. E sem se importar muito com o fato de Grissom saber do que houve, sorriu descaradamente.
_Olha só... - se pronunciou ainda rindo. _...Quer dizer que a senhorita Sidle se fez de vítima e foi correndo contar ao chefe o que aconteceu. É uma va...
Grissom o segurou pela lapela do paletó e fez o agente se levantar com tudo da cadeira.
_Na minha frente não vai insultá-la!
Era como se o supervisor não fosse o mesmo e sim outro, que era capaz de tomar aquelas atitudes impensadas. E por mais que ele fizesse todo o possível pra não perder o controle com um sujeito desprezível como aquele, estava sendo difícil.
Podia muito bem, ao invés, de estar ali falando com David ter tomado outra atitude como, por exemplo, ligar para o superior de David, que era um conhecido do supervisor e pedir que ele o tirasse do caso e mandasse outro em seu lugar. Mas aí teria que contar o motivo de pedir isso expondo assim, o ocorrido com Sara que nem fazia idéia que ele sabia de tudo.
Então diante disso, tomou a decisão de ele mesmo chamar e falar à David que ele não ficasse perto de Sara.
_Presta atenção, David. Mantenha distância dela. Está aqui pra trabalhar e não pra ficar assediando a minha funcionária. Se eu souber ou te ver perto dela de novo, vai se arrepender. Entendeu ou quer que eu desenhe? – Grissom o largou.
David ajeitou seu paletó e olhando bem pra Grissom foi o mais baixo que podia em suas palavras.
_Entendi, entendi muito bem por sinal. Pelo visto há algo mais do quê uma relação chefe e subordinada entre vocês, não é doutor?
_O que está querendo insinuar? - Grissom franziu a testa.
_Que pra estar defendendo-a com tanto afinco, com certeza, ela deve estar abrindo as pernas pra...
Grissom não o deixou terminar. Foi como se uma fúria o tomasse por completo ao ouvir aquela asneira que saía da boca de David. Ele não conseguiu se segurar e perdeu totalmente o controle dando um soco em David. Detestava bater nos outros, não era dado a brigas, mas aquele sujeito pediu por isso. Não ia admitir que ele faltasse com respeito à Sara na sua frente.
_Agrediu um agente do FBI. Vou denunciá-lo por isso e se dará muito mal, sabia? – ameaçou David com a boca sangrando.
_Isso, vai lá, me denuncie. Com o que sei de você arruíno sua carreia em dois tempos. Sou um homem muito influente. Conheço muita gente, inclusive, seu chefe o Jeremy. Então vai em frente e faça o que quiser, porém arque com as consequências de seus atos, porque também vou te denunciar por assedio a uma funcionária minha.
Grissom o intimidou pra se precaver. Sabia que tinha passado da conta ao agredir àquele sujeito e que ao fazer isso, podia sofre sérias consequências por seu ato.
O agente pareceu recuar com aquela intimidação do supervisor. Se era uma coisa que prezava e muito era sua carreira. Tinha demorado muito pra chegar aonde se encontrava agora, e não iria coloca tudo a perder dessa forma. Só que aquele soco não ficaria de graça.
_Quer saber? Não vou denunciá-lo... Mas...
Ele se aproximou de Grissom e sem que o supervisor esperasse lhe desferiu um soco fazendo com que a boca de Grissom sangrasse igual à sua, quando o supervisor lhe bater.
_Não apanho de graça. Agora estamos quites, doutor ... E não se preocupe, porque vou me manter distante de SUA subordinada. – saiu da sala.
_Infeliz!
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