Capítulo 28 - Um pequeno engano e... Uma mentira descoberta

Com estrutura de madeira, cobertura de palha e cadeiras de vime, o restaurante de arquitetura única se integrava perfeitamente a paisagem do parque.

O ambiente bem agradável e a ótima comida fazem do local um dos mais visitados e movimentados.

Assim que chegaram ao restaurante, os três foram encaminhados e acomodados em uma mesa que dava vista ao rio que ficava aos fundos do parque. Logo o garçom veio e os pedidos foram feitos, depois que o funcionário do estabelecimento se foi Sara comentou sobre o local que estavam.

_Esse restaurante é diferente e bonito. Combinou muito bem com o ambiente do parque.

_Sim. E sem contar que proporciona aos clientes uma bela vista do rio que tem aqui atrás.

_É mesmo.

_Eu queria ver de mais perto o rio. Não pode, Gil? – da sua cadeira a menina esticava o pescoço pra ver melhor a paisagem.

_Pode. Na parte de trás do restaurante tem uma área cercada onde os clientes podem ver melhor e de mais perto o rio e a paisagem toda.

_Eu quero ir lá. Me leva mãe?

_Agora Lívia?

_É rapidinho.

_Mas filha...

_Leve-a, Sara. A vista é incrível e bem melhor do que essa que temos daqui. Eu até iria com vocês, mas vai que nossos pedidos cheguem. Então é melhor que eu fique aqui.

_Por favor, por favor! – Liv implorava, fazendo sua carinha mais pidona possível.

_Okay, vamos lá mocinha, mas não iremos demorar.

_Tá bom!

Grissom apontou por onde elas tinham que ir e depois as duas seguiram pra lá.

_Uau!! Que bonito!

A menina que estava no colo da mãe fitava com seus olhinhos arregalados a paisagem linda que viam.

Era uma vista maravilhosa de um rio com planícies ao fundo. Se aquela paisagem fosse posta em uma tela, daria uma bela obra de arte com certeza.

_Realmente é muito bonito!

_Até parece com aquele lugar que o papai levou a gente uma vez, não é mãe?

_Parece mesmo.

Em uma primavera quando ainda era casada com Dylan, os três foram passar um fim de semana numa chácara de um amigo deles. E lá fizeram piquenique num lugar com uma vista tão linda quanto aquela que elas viam agora. Foi sem dúvida um belo dia em família pra eles.

_Foi bem legal aquele dia... – Lívia disse sorrindo pra Sara que não resistiu e lhe sapecou um beijo estalado na bochecha.

Sozinho enquanto Sara e Lívia não voltavam, Grissom apreciava de sua cadeira a visão que tinha daquele lugar e pensava em como estar ali depois de anos estava lhe fazendo muito bem.

Seu dia estava sendo ótimo. Sem trabalho, relatórios e sem tristezas que há dias já não vinham mais lhe acompanhando. Ali estava tendo só bons momentos com Liv e por incrível que pareça, até com Sara, a pessoa com quem ele menos se entendia e só vivia discutindo.

Tudo bem que no começo rolou um pequeno atrito entre eles, mas depois disso as coisas ficaram boas e não houve mais nem um momento de desentendimento apenas de entendimento, com conversas francas e sorrisos sinceros e sem a habitual ironia que os acompanhava.

Com isso ele até que estava gostando da companhia dela assim como gostava da de Liv. De repente, seus pensamentos foram interrompidos pelo seu celular que ele sentiu vibrar no bolso da calça. Pegou o aparelho e viu que era Cath e pensou logo Será que aconteceu alguma coisa no laboratório? Torcia pra que a resposta fosse não, porque não estava com a menor vontade de interromper o dia agradável que estava tendo pra se enfurnar no local onde trabalhava, isso não.

Por incrível que pareça, o supervisor não queria nem saber de trabalho, não por hoje. Após o quarto toque ele atendeu a chamada.

_Alô!

_Oi, Gil!

_Oi, Cath. Tudo bem aí no laboratório?

_Sim. Está sendo um turno bem tranquilo, só com um caso.

_Que bom. Pensei que tivesse ligado porque tinha acontecido algo e precisasse de mim.

_Não. Faz tempo que você não tira uma folga e justamente quando resolve fazer isso, eu iria te incomodar? Não, isso não. Liguei pra saber se não está enfurnado em casa como é do seu habitual.

Se sua amiga pudesse ver a cara de incrédulo que ele fez e que tinha sido hilária, riria até dizer chega.

Os olhos semifechados, a boca um pouco aberta e a testa enrugada, Grissom parecia não acreditar no que ela tinha dito.

_Você não me ligou só pra saber isso, ligou?

_Claro que liguei. Então está ou não está? Lembro que disse que tinha um compromisso, mas sinceramente não acreditei muito disso.

_Quem não está acreditando muito aqui só eu nesse seu telefonema maluco.

Ela deu uma gargalhada do outro lado da linha enquanto ele só balançava a cabeça com aquela loucura da amiga.

_Catherine quem em sã consciência vai ligar para um amigo só pra saber se ele não está em casa?

_Alguém que se importa e se preocupa com ele e não quer vê-lo enfurnado em casa se lembrando de coisas do passado que o deixam triste.

Grissom ficou uns instantes em silêncio, tocado com as palavras da amiga.

_Gil? – chamou percebendo o silêncio dele.

_Você não existe sabia?... Mas não se preocupe porque não estou enfurnado em casa. Estou no meu compromisso. Vim naquele parque que costumava vir antes.

_Ótimo, fico feliz que tenha saído... Mas... Está sozinho aí? – disparou depois segundos de hesitação.

Querendo fazer uma brincadeira com a amiga, ele simplesmente disse:

_Não. Tem um monte de gente por aqui pelo parque, então não estou sozinho!

_Engraçadinho! Quanto quer pela graça? – agora foi a vez dela o ouvir ri do outro lado da linha.

_Sério, Gil, você entendeu muito bem o que eu quis dizer, não é?

_Entendi sim, mas pra quê quer saber isso?

_Curiosidade ora!

Ele riu, olhou pra frente e viu que Sara e Liv voltavam. Achou melhor encerrar a ligação antes que as duas chegassem e Cath as ouvissem. Não queria que sua amiga soubesse que ele tinha saído com elas, porque com certeza, a loira começaria a imaginar e insinuar coisas o que não seriam verdade.

_Grissom não vai me responder?

_Olha, Cath vou ter que desligar. O meu almoço acabou de chegar e não quero que a comida esfrie.

_Fugindo da minha pergunta não é? _ ele nada disse. _ Tudo bem, bom almoço pra você e pra quem quer que esteja aí, porque tenho quase certeza que deve ter alguém com você. E deve ser alguém conhecido pra não querer dizer.

_Catherine, tchau!

Ela riu. Adorava perturbá-lo.

_Tchau, chato!

Ele desligou rindo de sua amiga que não lhe dava trégua.

_E aí, gostaram do que viram? – perguntou as duas enquanto guardava seu celular de novo no bolso.

_Puxa, eu gostei muito. É bem bonito lá. Sabe que eu vi uma ave linda que veio e pegou um peixe de dentro da água? - Liv contou empolgada.

_Mesmo?

_Huhum.

_Tinha razão à paisagem é bem melhor e mais bonita vista de perto.

_Eu disse.

Minutos depois os pedidos chegaram e o almoço não podia ser mais animado. Liv comentou sobre as coisas que mais tinha gostado de ver e também depois falou sobre outras coisas como: a sua escola, os coleguinhas e tudo mais.

Sara que já era acostumada com o jeito falante da filha só observava sua pequena falar com toda a desenvoltura. Já Grissom ouvia atentamente a menina e se divertia com seu jeito de falar. E como falava minha nossa!

Só ela fazia a conversa naquela mesa. E assim, eles seguiram o almoço. Quando já estavam na sobremesa um senhor que aparentava ter bem mais de 60 anos de idade, se aproximou da mesa dos três.

_Olá, me desculpem interrompê-los, é que eu vendo essas rosas. – mostrou as flores que carregava em um balde com água. _ E o senhor não gostaria de comprar uma pra sua bonita esposa. – disse o senhor sendo gentil.

Quando o homem disse isso, Sara quase se engasgou com o pedaço de bolo que comia. Já Grissom fez uma cara de espanto e depois olhou pra ela totalmente sem graça com a situação que estavam. Enquanto isso, Liv olhava os três adultos não gostando nada do que o homem tinha dito.

Segundos se passaram até que Grissom se pronunciasse pra desfazer aquele engano cometido pelo vendedor.

_Olha, ela não é minha esposa é só uma... Uma... Amiga do trabalho. – gaguejou um pouco.

_Que pena! Estava observando vocês e formam um casal tão bonito.

Sara e Grissom se olharam. Ela com a testa franzida e ele com a sobrancelha erguida, ambos não acreditando e nem compartilhando daquela opinião que o homem tinha dado.

_Mas mesmo assim será que não poderia me dá uma ajuda comprando uma rosa pra sua amiga então? São apenas três dólares.

_Tudo bem. Me veja uma.

O homem escolheu um lindo botão de rosa e o deu a Grissom que meio sem jeito o entregou a Sara.

_Pra você!

_Ou... Obrigada! – disse sem jeito igualmente ao supervisor.

Depois Grissom pagou o senhor que ao se abaixar pra pegar o balde com as flores do chão para ir embora, cochichou algo que só Grissom escutou.

_Está perdendo tempo. Ela é bonita demais pra ser só uma amiga! – após dizer isso, o vendedor se foi deixando o supervisor totalmente sem ação com aquilo que lhe foi dito.

****

_Chegamos!

Grissom estacionou o carro na frente da casa de Sara e como um bom cavalheiro desceu pra abrir a porta para a morena e sua filha descerem.

_Eu vou contar agora pra Any tudo o que eu vi. – Liv disse assim que desceu do carro.

_Mas antes disso você vai agradecer ao Grissom pelo passeio e tudo mais que ele comprou, não é? – Sara lembrou-a.

Lívia se virou para Grissom e fez um sinal com a mão pra que ele se abaixasse e assim ele fez ficando na altura da menina.

_Obrigada, Gil por tudo. – deu um abraço nele o pegando de surpresa. Meio sem jeito pela segunda vez no mesmo dia, ele retribuiu o abraço dela.

_De nada, princesa.

Os dois desfizeram o abraço. Liv se despediu dele e depois correu pra casa deixando os dois adultos sozinho.

_Foi um dia bem agradável!

_Tenho que reconhecer que foi.

De repente, ele desatou a rir fazendo com que Sara não entendesse o motivo daquela risada.

_O que foi? Ficou doido?

_Não, desculpa é que me lembrei agora de você engasgando quando o vendedor de rosas achou que fosse minha esposa. Foi bem engraçado. Na hora eu não consegui ri porque fui tão pego de surpresa quanto você, mas agora é impossível não rir do que aconteceu. – ainda ria.

_Agora virei motivo de risos pra você é?

_Perdão, mas foi engraçado.

_Engraçado foi à cara que fez quando ele disse isso.

_Não sei que cara que eu não fiz nenhuma. – se defendeu.

_Fez sim, mas deixa pra lá. Aquele senhor devia estar ficando míope ou coisa assim pra achar que formamos um casal bonito.

_Concordo plenamente. De longe se nota que não temos nada a ver.

_Exatamente... Somos como... Chocolate e peixe podre. Não têm como dar certo.

_Que comparação! _ ele fez uma careta pelo que ela disse. _Aposto que o peixe podre dessa comparação sou eu!

_Evidente! Eu é que não vou ser. – disse com um sorriso de lado.

_Estava demorando pra não sair com uma das suas, não é?

_É pra não perder o costume!

_Certo.

Ele olhou em seu relógio e viu que já tinha passado da hora de buscar Hank no pet, então teria que ir agora.

_Bom tenho que ir.

_Obrigada pelo passeio. Liv adorou tudo.

_Eu é que agradeço pela companhia de vocês.

_Sabe de uma coisa? Você não é tão chato e insuportável quanto eu pensava.

_Minha nossa! – surpreendeu-se. _Devo encarar isso como um elogio?

_Deve.

_Então obrigado. Será que agora vai parar de implicar tanto comigo e vamos começar a quem sabe nos entendermos?

_Talvez!

_Talvez??

_É. Também não vai ser de uma hora pra outra que isso vai acontecer, mas posso dizer que vou tentar implicar menos com você.

_Já é um começo! ... Tchau, Sara!

_Tchau, Grissom!

Ele entrou no carro e foi embora. E Sara entrou em sua casa.

_E então como foi o passeio com o Grissom? – Any nem deixou a morena entrar direito e já foi logo perguntando.

_Foi... Bom... Divertido e interessante pelas coisas que foram vistas.

_Hum... E essa rosa aí na sua mão?

_Hãm... Foi o Grissom que me deu. – falou tão baixo que Any nem ouviu direito.

_Pode repetir porque não ouvi bem.

_Grissom me deu. – agora disse rápido demais que foi difícil de entender.

_Sara fala direito que não consigo te entender.

_Foi. O. Grissom. Quem. Me. Deu. Ouviu agora? – se jogou no sofá.

_Uau!! Pra quem não se gosta como vocês dois, ele te dá uma rosa já é um salto e tanto na questão: começando a se entender.

_Nem vem que ele só comprou pra ajudar um senhor.

_Vou fingir que acredito, Sara.

_Mas não é pra fingir, é pra acreditar mesmo.

_Tá bom!

_E você melhorou da dor de cabeça e de garganta.

_Ah, sim completamente.

Sara ficou encarando Any por segundos pra depois dizer:

_Tô vendo que sim mesmo, porque até sorvete você já está comendo não é? – disse apontando o pote que Any não havia jogado fora e que estava escondido em baixo da almofada no chão._Você me enganou direitinho, não é? Inventou isso só pra que eu fosse no seu lugar, não é sua malandra?

Vendo que Sara já tinha entendido toda sua armação, Any inventou um pretexto pra escapar daquela fria que tinha se metido com a patroa.

_Liv vem vou te dar banho! _ carregou a menina e saiu feito um raio para o quarto da pequena.

_Você me paga, Any!... Ted o que eu faço com essa mentirosa? _ perguntou ao bichinho de pelúcia que estava em suas mãos.

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