Capítulo 27 - Um lugar incrível
Tem vezes que você só precisa de uma oportunidade, uma chance perfeita pra conhecer uma pessoa melhor e ver que ela não é exatamente como você julgava ou achava ser. Que aquela impressão que teve dela a primeira vez não era verdadeira. E era isso que naquele passeio, Sara e Grissom iriam perceber em ambos. Eles iam descobrir que nem sempre a primeira impressão é certa, e que eles poderiam parar com aquela implicância e quem sabe, de algum jeito, começarem a se entender. Isso é claro se os dois quisessem.
Depois de vinte minutos de carro, eles chegavam ao local do passeio pra alegria de Lívia que a todo instante enquanto Grissom dirigia, perguntava à ele se já estavam chegando e ele com toda calma dizia que ainda não. Após estacionar o carro, eles desceram e seguiram pra entrada do lugar. Assim que chegaram lá, Sara olhou pra Grissom sem entender bem o que via.
_Pensei que tivesse dito que o passeio seria à um borboletário e não a um Parque Ecológico.
Sara comentou enquanto eles haviam parado em frente ao portão central dali. Lívia que segurava a mão de Sara parecia encantada com o que via. Seus olhinhos encaravam aquela imensidão à sua frente com alegria.
_Mas é. Só que me esqueci de mencionar que o borboletário ficava dentro de um parque. – deu de ombro.
_Esqueceu??
_É... Além disso, aqui tem outras coisas bem interessantes que podemos ver além do borboletário, e acho que a Lívia vai gostar de vê-las.
_E como sabe que minha filha vai gostar, se você nem conhece o gosto dela?
_Você tem razão, eu não conheço o gosto dela, mas algo me diz que ela vai gostar sim do que veremos.
_Ah é, e o que te faz ter tanta certeza assim disso?
Grissom revirou os olhos com aquela pergunta. Pelo visto estavam começando aquele passeio com o pé esquerdo e sem motivo algum pra isso.
Liv que estava louca pra entrar logo e via os dois adultos só falando, resolveu chamar atenção dos dois.
_Eu quero entrar, podemos?
Sara olhou pra filha que fazia um bico e estava agora com os braços cruzados encarando séria os dois adultos à sua frente, e então resolveu parar aquela 'desavença' que estava tendo com Grissom, porque não queria estragar o passeio da filha com brigas e discussões bobas com o supervisor.
_Podemos sim, filha.
_Podemos, Gil? – a pequena olhou para o supervisor.
_Podemos!
E assim passado esse pequeno atrito, eles cruzaram a entrada daquele lindo lugar.
Com um terreno cercado de algumas vegetações e com um rio como plano de fundo, o Parque Ecológico foi resultado da revitalização de uma área de 40.000 metros quadrados, onde seria construído um condomínio de luxo. Porém, por algum motivo desconhecido a obra foi embargada e não foi mais à frente.
Desse modo um grupo de empresários comprou o grande terreno que até então estava abandonado e aproveitando a beleza do lugar, transformaram-no em um enorme Parque Ecológico, o único de toda a região.
As matas de várzea, alguns animais e mais de trezentas espécies de árvores nativas plantadas, estão presentes ali. Dentro do parque, o visitante também encontra: o Paradise, um dos melhores restaurantes da região; um viveiro de pássaros, onde as pessoas têm contanto direto com uma impressionante quantidade de pássaros; tem também o Farol Fênix com 47 metros de altura; a monumental Torre-mirante Sunset, que oferece dois níveis de observação; o borboletário que fica numa área de 1.400 metros quadrados; orquidário; o criatório e viveiro de planta; um charmoso Armazém, onde os visitantes podem comprar plantas, artesanatos, livros variados sobre natureza e animais, e onde também se é possível saborear no local um requintado serviço de café. Ainda tinha o lago artificial, onde aves pernaltas, marrecos, quelônios e alguns peixes conviviam. Além de um pequeno parque de diversão para as crianças brincarem.
Os três caminhavam em direção as placas de sinalização que apontavam aos visitantes onde eles encontrariam as opções de distrações que o lugar oferecia, quando um homem de cabelos grisalhos e altura mediana veio na direção deles.
_Quem é vivo sempre aparece, não é Arthur? – falou o outro homem em um tom zombeteiro.
Grissom na mesma hora sorriu reconhecendo o homem que se aproximou deles.
_Thomas!
O supervisor cumprimentou o amigo com abraço e recebeu vários tapas nas cosas de seu velho amigo.
Thomas Lewis foi um dos poucos amigos de faculdade que Grissom continuou a amizade e contato após se formarem. Um ano mais velho que o supervisor, Thomas é um sujeito bem humorado. Casado e com dois filhos já adultos, ele consegue fazer amizades facilmente por seu jeito brincalhão de ser.
_Até que enfim resolveu sair da toca e dar as caras por aqui. Juro que quando me ligou dizendo que viria não levei muito a sério. Mas fico contente que tenha vindo e pelo que vejo, veio muito bem acompanhado, não é velho amigo? – disse com um sorriso maroto notando a presença de Sara ao lado de Grissom.
O supervisor percebendo a intenção do amigo por trás daquele sorriso seu tratou logo de fazer as apresentações pra esclarecer as coisas.
_Thomas não é nada disso. Essa é a Sara. Ela trabalha comigo no laboratório. Sara esse é Thomas, um velho amigo meu. Ele é diretor do parque.
Thomas a cumprimentou educadamente com um aperto de mão e não deixou de notar como era bonita a mulher que acompanhava seu amigo. Depois de ter apresentado Sara, Grissom apresentou Liv à Thomas. O homem ficou surpreso quando o supervisor lhe contou que a menina apesar da pouca idade sabia bastante coisas sobre borboletas.
Os dois homens trocaram mais algumas palavras e depois, Thomas se despediu e foi embora, porque um dos funcionários o avisou que alguém o esperava na administração.
****
Aquele parque era mesmo muito bonito, um verdadeiro paraíso. Com ar puro, as árvores, sem o habitual barulho de buzinas, pessoas falando alto e tudo mais que contribuíam para fazer daquele local um encanto total.
Os três já tinham passado pelo viveiro das aves e das plantas, e também pelo farol. Foram ao orquidário onde Sara ficou admirada com a beleza das orquídeas. Ao mirante onde puderam ter uma vista ampla do lugar ao redor do parque e passaram no lago artificial.
A cada coisa nova que via e não sabia o que era, Lívia perguntava à Grissom e ele lhe explicava prontamente. Sara às vezes só ficava de mera expectadora da interação entre sua filha e Grissom. Tinha que reconhecer, que o entendimento entre eles era visível. Eles se davam tão bem! Parecia até que já se conheciam há anos.
O supervisor mostrava uma paciência e um jeito todo especial pra explicar as coisas à Liv, que deixava a menina vidrada em tudo que ele dizia e isso foi outra coisa que também não passou despercebido por Sara enquanto estava naquele passeio.
Assim que chegaram ao borboletário que era o último lugar que faltava irem, Sara viu a alegria estampada no rosto de Liv. Não tinha como negar o quanto a menina era fascinada por aqueles seres. Dentro do borboletário que consistia numa estufa, diferenciando-se dessa por ser envolta por telas e com vegetação propícia as espécies que ali habitavam, Sara, Liv e Grissom viram várias espécies de cores, formas e tamanhos diferentes. Todas elas sem distinção eram lindas ao seu modo.
O supervisor como um bom conhecedor daqueles seres por sua formação e também por sua paixão por eles, explicou nos mínimos detalhes tudo sobre as borboletas à Liv e também à Sara. Ali, eles puderam ver as várias formas desde os ovos, larvas, pupas até as borboletas em sua beleza esplêndida.
Sara viu o fascínio e o encantamento que Grissom demonstrava à medida que ia explicando cada coisa. Ela sabia sobre ele ser formado em Entomologia e constatou pelo modo como falava, o quanto ele era apaixonado por aquele mundo de insetos.
Em dado momento quando Liv falou algo engraçado sobre uma determinada espécie que viam e isso fez os três rirem, Sara olhou pra Grissom e vendo-o tão descontraído ali, podia jurar que aquele homem nem em sombra se parecia com o mesmo que ela costuma implicar no laboratório.
Depois daquele início de passeio meio desentendido por parte dela e à medida que o passeio foi avançando, Sara percebeu que ali, seu chefe parecia diferente. Tinha um brilho a mais nos olhos e um sorriso de satisfação, que mostrava que ele estava gostando de estar ali. E sem contar, no jeito como ele tratava sua filha. Tudo aquilo, de alguma forma, deu uma mexida de leve com Sara. Tinha que ser honesta, seu chefe não era assim tão chato quanto pensava, só às vezes. E agora, aos poucos, ela começava a dissipar aquela má impressão que teve e tinha dele.
Eles ficaram mais alguns minutos no borboletário vendo aquelas maravilhas. Liv pode ver de perto sua borboleta preferida, assim como, outras que não conhecia. E um pouco depois, eles saíram dali.
****
_Tinha quase me esquecido o quão incrível é esse lugar.
Grissom e Sara estavam sentados em um banco conversando enquanto mais à frente, Lívia brincava no parquinho que havia local.
_Realmente é um lugar incrível e lindo.
_É... – suspirou.
_Sempre vem aqui?
_Vinha. Há dois anos que não colocava os pés aqui. Eu evitava vir nesse lugar por causa das lembranças que tenho. Elas me machucavam.
Sara o olhou de soslaio e notou o olhar distante e vazio de Grissom.
_Sabe, tive ótimos momentos aqui com minha falecida esposa. Foi nesse lugar que eu a trouxe no nosso primeiro encontro e foi aqui também, que a pedi em casamento. Então era difícil vir aqui sem ela. - ele olhou pra Sara. _ Essa é a primeira vez que venho desde a morte dela e posso dizer que, as lembranças que tenho já não me machucam mais. Eu consigo lembrar do que vivemos aqui sem ficar triste, sem me sentir tão mal quanto antes, por ela não está mais aqui comigo.
Sara ficou surpresa com aquelas revelações. Podia ver que ele estava sendo sincero em suas palavras.
_Que bom. Isso mostra que aos poucos está conseguindo superar a perda dela.
_É, talvez.
A conversa foi interrompida pela vinda de Lívia que se sentou no colo de Sara.
_Olha só como está suada. Parece até que correu uma maratona.
Sara passava a mão pelo rosto suado da filha, que ofegava cansada de tanto brincar e correr.
Grissom olhava as duas admirado. Percebeu que elas eram muito apegadas uma na outra. O carinho, a atenção e o cuidado que Sara mostrava a todo instante com Lívia o deixou surpreso, porque não imaginava que ela fosse assim uma mãe tão dedicada e amorosa daquele jeito.
Era curioso, mas ele notou que sua subordinada era bem diferente quando estava com a filha. E apesar do pequeno conflito que rolou entre eles logo no começo ali, ele podia ver que Sara estava diferente com ele. Não parecia tão azeda quanto era no laboratório.
_Mãe!
_Que foi filha? – ela ajeitava o cabelo da menina que estava todo bagunçado. A trança já começava a se desfazer por conta de Liv ter corrido tanto.
_Eu tô com fome! – reclamou pondo as mãos sobre a barriga.
Sara olhou em seu relógio e com certa surpresa viu que horas era.
_Também pudera já são mais de meio dia.
_Bom aqui dentro tem um ótimo restaurante. Podemos almoçar lá e depois levo vocês pra casa, já que acabamos de ver tudo que tinha aqui. Aceitam meu convite?
Apesar de ter usado o verbo no plural, a pergunta foi dirigida a Sara. Por segundos, ela ficou muda então ele insistiu.
_Sara?
_Bom... Olha, eu acho melhor deixarmos, quem sabe, para outra vez. Não quero abusar da sua generosidade e nem do seu dinheiro. Já gastou demais comprando coisas e fazendo as vontades da Lívia, então é melhor não.
Ele já tinha comprado várias coisas. Dentre elas: um balão no formato de uma borboleta que Liv havia ficado encantada, além de revistas pra colorir, pipoca e sorvete.
_Não será abuso nenhum se aceitar. E sobre as coisas que comprei, não querendo ser arrogante ou alguma coisa do tipo, o que gastei aqui não vai me deixar pobre e nem vai me fazer falta alguma posso te garantir. Então vai aceitar meu convite?
Ela pareceu pensar, mas como demorava pra responder, Grissom buscou sua aliada pra convencer Sara a aceitar.
_Liv, você pode me ajudar a convencer sua mãe a aceitar que almocem comigo?
_Mãe aceita, eu quero almoçar aqui!
_Isso foi golpe baixo, Grissom. – o fuzilou com os olhos.
_Que seja então! – riu e deu de ombros.
_Hein, mãe?
_Tudo bem, filha. Nós almoçamos aqui, está bem.
_Eba!! – a menina comemorou dando um beijo estalado no rosto da mãe.
_Aceitei seu convite, satisfeito agora?
_Sim, vamos!
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