Após ter ido pra casa, descansado e passado o dia todo pensando no que diria a Sara para convencê-la a deixá-lo levar Lívia pra dar um passeio com ele, Grissom já estava de volta ao laboratório, assim como os outros da equipe, pra mais um intenso turno de trabalho.

Com dois casos difíceis naquela noite, o turno foi um pouco puxado, mas depois de muito trabalho e investigações, os grupos conseguiram cada qual fecharem seus casos e encerrarem assim mais outro turno.

Com toda a equipe reunida, Grissom aproveitou antes de dispensá-los pra lhes contar o que Ecklie havia lhe informado no turno anterior.

As reações entre seus subordinados foram distintas. Enquanto Nick e Greg não gostaram nenhum pouco da idéia de trabalharem de dia. Cath e Warrick acharam isso uma boa e aceitaram a ideia sem reclamação. Já Sara não se importou muito com a novidade, porque nesse dia ela assim como Grissom estaria de folga. Portanto, aquela mudança não lhe faria diferença alguma. Porem, senão tivesse de folga, ela não veria problema algum em trabalhar no diurno posto que em Chicago era nesse horário que costumava trabalhar mesmo.

Dado esse aviso, Grissom contou a respeito de sua "ausência" no sábado em virtude de sua folga que pretendia tirar. 

_Você vai tirar folga?

_Exatamente, Nick. Desse modo, na minha ausência, você, Cath que vai ser a supervisora nesse dia.

Ele contou com a maior naturalidade, como se aquilo fosse algo corriqueiro de se acontecer, quando não era. Já fazia tempos que ele não tirava folga. As que ainda costumava tirar eram só as coletivas e isso, porque não tinha jeito. Mas fora essas, as outras ele nem tirava, deixando com que elas se acumulassem aos montes no banco de horas.

_É sério isso mesmo de que vai tirar folga? – Greg parecia não acreditar no quê ouvia e ele não era o único nessa. Todos sem exceção não estavam levando fé no que ouviram do supervisor.

_Sim, Greg.

_Cara, então vai chover! – brincou Nick fazendo todos darem risadas

_Vai mesmo, porque o Grissom tirando folga que não seja a coletiva é quase um dilúvio.

_Bota dilúvio nisso, Warrick. Sabe que eu nem me lembro quando foi a última vez que o chefinho tirou folga.

_Nem eu faço ideia de quando isso aconteceu, Greg, mas eu disse a vocês que mudaria e é isso que estou fazendo.

_E que bom que está tentando mesmo, cara.

_Fico feliz que resolveu tirar um descanso, Gil, só vê se não vai ficar enfurnado o dia todo em casa. Sai pra dá uma volta, se distrair isso vai te fazer bem. – Aconselhou Catherine.

_Pode deixar, Cath. Eu inclusive já até tenho um compromisso nesse dia pela manhã. Sendo assim não se preocupe que não vou ficar enfurnado como você disse.

Mesmo que Sara não deixasse Liv ir com ele, Grissom pretendia ir ao borboletário. Já fazia tempos que não ia lá. Seria uma ótima chance pra rever seu amigo Thomas que é diretor e responsável por tomar conta do lugar. Ele não via seu velho amigo há tempos também. Grissom até já havia ligado ao amigo avisando de sua ida até lá, deixando o outro homem contente com a "visita" do amigo.

Assim que Grissom disse sobre já ter um compromisso, Cath olhou para os outros e curiosa como era, a loira já ia perguntar sobre esse tal compromisso do amigo, mas não houve tempo pra isso, porque Grissom se antecipou e mudou de papo não deixando margem pra que alguém o questionasse sobre o que faria.

_Era isso que eu tinha pra avisar a vocês. Dúvidas sobre a troca de turnos? – deu ênfase as duas últimas palavras pra delimitar sobre o quê podiam questioná-lo.

_Não! – todos disseram em coro.

_Então estão dispensados menos você, Sara. Preciso que fique só mais uns instantes.

O pessoal olhou pra morena que até então vinha permanecendo calada, se perguntando o que tinha acontecido pra que Grissom pedisse que ela ficasse mais um pouco.

Sara não satisfeita com aquilo o questionou.

_Por que eu tenho que ficar?

_Você já vai saber.

_Bom já que nós... – Greg fez um gesto com a mão indicando ele e os outros. _ ...Estamos dispensados então vou indo.

Ele se levantou de sua cadeira e saiu. Em seguida foi à vez de Nick, Cath e Warrick fazerem o mesmo e irem embora deixando na sala apenas Grissom e Sara.

_Então pode me dizer por que eu tive que ficar? – Sara encarava o supervisor nada contente com o fato de todos irem e ela ficar.

_Eu preciso conversar com você.

_Sobre?

_Quero te pedir uma coisa.

Sara franziu a testa. Se ajeitando melhor em sua cadeira fez um gesto com a cabeça pra que seu chefe prosseguisse com a fala e assim ele o fez.

_Sara, eu... Queria que... Que... – as palavras se perderam dele e Sara ali a sua frente esperando que ele falasse o que queria, mas nada dele completar sua frase.

_Que o quê Grissom? – questionou já impaciente.

Ele tomou fôlego e sendo direto pediu o que queria.

_Quero que deixasse sua filha dá um passeio comigo ao borboletário.

_Quê? – Sara questionou meio aparvalhada.

_Isso mesmo que ouviu, Sara. Gostaria que me deixasse levar a Lívia ao borboletário.

Um silêncio se formou momentaneamente até que Sara disparou sendo curta e grossa.

_Nem pensar!

_Por que? – quis saber.

Ele viu sua subordinada pensar um pouco pra responder. Parecia até escolher as palavras que diria.

_Olha, Grissom o fato de nós de uns dias pra cá termos meio que começado, ainda que com passos de tartaruga, a nos entendermos, não quer dizer que já somos amigos. Nós não somos!

_Eu sei que não somos e que estamos longe de sermos.

_Pos é. E sendo assim é óbvio que eu não tenho confiança pra te deixar sair com minha filha pra dar passeio algum.

_Até te consigo te entender, mas você já me conhece há certo tempo pra saber que pode confiar nem que seja um pouco que seja em mim, mesmo que a gente não se entenda nada. Me diz o quê pensa que vou fazer com sua filha? Sumir com ela? Sequestrá-la, é isso que acha?

Ela percebendo que ele se ressentiu com suas palavras, tentou consertar aquilo.

_ Não me leve a mau Grissom. Eu não quis te ofender. Sei que não sumiria com a Lívia e tampouco a sequestraria. Mas é que eu não gosto que ela saía sozinha com outras pessoas que não sejam tão próximas de mim.

Ele tentou um último argumento e se ela não deixasse, ele desistiria e não insistiria mais.

_Já que você disse que não somos tão próximos e que você não confia em mim, então Lívia não precisa ir sozinha comigo. Você ou a Any podem vir junto, não tem problema algum nisso. Além do mais, vai ser até melhor se uma de vocês duas nos acompanharem, porque eu não levo muito jeito com crianças, ainda mais, meninas. E então?

Ela ficou calada e não respondeu. Grissom resolveu apelar como último recurso.

_Por favor, Sara. Tenho certeza que a Lívia irá gostar de ir lá. Quando ela ficou comigo daquela vez e eu sugeri isso, vi que ela gostou tanto da ideia e queria poder levá-la pra conhecer as borboletas que ela ainda não conhece.

Sara queria continuar negando, mas só de pensar na carinha alegre que Liv faria ao ir naquele lugar, ela se viu vencida e mesmo a contragosto, resolveu ceder ao pedido de Grissom e deixar que sua filha fosse com seu chefe, porém não sozinha.

_Tudo bem, ela vai com você, mas Any também vai junto.

_Sem problemas. – ele deu um meio sorriso de satisfação e empolgação por ter conseguido convencer Sara  deixá-lo levar Lívia ao borboletário.

_ E quando pretende levá-la a esse lugar?

_Pode ser sábado de manhã?

_Achei que tivesse um compromisso nesse dia pela manhã?

_Esse é meu compromisso!

_Oh! – surpreendeu-se com a resposta dele. _ Eu pensei que...

Ela parou e não completou sua fala. Grissom curioso a questionou.

_Pensou?

_Nada esquece. Era só isso que queria me pedir?

_Sim.

_Então já posso ir?

_Sim e obrigado por deixar. – disse sinceramente

_De nada! – levantou-se pra ir embora. _ Tchau.

_Tchau, Sara!

Ela saiu sendo acompanhada pelos olhos de Grissom que lhe fitavam enquanto ela ia corredor a fora até entrar no elevador e sumir.

_Deu trabalho, mas consegui. – sorriu aliviado.