Capítulo 24 - Folga pra cumprir algo à uma garotinha

O café com o pessoal foi animado e divertido como não podia deixar de ser, já que Greg a todo momento saía com uma de suas brincadeiras e piadinhas que faziam todos rirem. Estar ali com seus amigos fazia com que Grissom se sentisse bem como há tempos não se sentia.

Entre uma conversa e outra, o supervisor contou a eles a decisão que tinha tomado e que até então somente Sara sabia. Nick, Greg e Warrick ficaram felizes e o parabenizaram pelo chefe enfim ter decidido superar o que aconteceu para assim começar a seguir sua vida em frente. Já Cath o pegou de surpresa com um efusivo abraço apertado.

A loira por sinal era a que mais sofria até então, de ver seu amigo no estado em que ele vinha se mostrando desde a morte da esposa. E com certeza, era a mais feliz também por ouvir dele que tudo a partir de agora tendia a ser melhor e diferente dos últimos dois anos.

Pra ser honesto seus amigos exceto Catherine não acreditavam mais que Grissom pudesse ter uma atitude dessa de querer mudar, pois ele não mostrava vontade alguma pra isso. Mas que bom que o chefe deles resolveu acordar e estava decidido a não mais lamentar e se culpar pelo que houve. Enquanto ele falava, os amigos puderam notar uma mudança sútil e significativa em seu semblante que estava mais leve sem a tristeza que outrora costumava acompanhá-lo. Ele também parecia mais confiante, seguro e bem descontraído ali entre eles e aquilo era bom. Pelo visto as coisas a partir de agora tendiam mesmo a serem as melhores possíveis.

Quando questionado por Warrick sobre o quê ou quem tinha lhe feito enfim pensar e decidir sobre tentar mudar, Grissom apenas disse que alguém em uma conversa sincera e franca lhe falou coisas que o fizeram repensar o modo como vinha agindo desde a morte de sua esposa e contou também, que outra coisa que o fez tomar essa decisão foi que se recordou de uma promessa que tinha feito a Susan antes dela morrer.

Catherine curiosa como sempre tentou saber do amigo quem tinha sido essa tal pessoa que havia conseguido a proeza de colocar algo na cabeça de Gil Grissom que o fez acordar pra realidade.

Os garotos riram e Grissom olhou discretamente pra janela de vidro da lanchonete, bem na direção em que Sara se encontrava falando ao celular. Ela era a tal pessoa, mas ele não se sentiu a vontade pra escancarar isso ali na frente de todos, por isso limitou-se a dizer que tinha sido alguém que eles nem faziam idéia.

Cath e os outros vendo que Grissom não diria mais nada sobre a pessoa misteriosa, resolveram não insistir no assunto. Pouco importava quem tinha sido essa pessoa, o importante era que daqui pra frente eles teriam o Grissom que eles conheciam e gostavam tanto, e isso já bastava pra que todos eles ficassem felizes e satisfeitos.

Após o assunto acerca de quem era a pessoa que convenceu Grissom ser encerrado, Sara voltou pra mesa e o assunto que rolava já era outro.

E entre conversas, palhaçadas e muitas risadas, os seis peritos ainda permaneceram na lanchonete por um bom tempo até cada um ir embora pra sua casa descansar, pois à noite tinham trabalho de novo.

****

Aos poucos Grissom ia conseguindo deixar seu atual jeito carrancudo de lado e ia voltando ao seu antigo jeito de ser. Mas é claro que ainda estava longe de ser o Grissom alegre, sorridente e extrovertido que era, porem já começava a chegar perto desse jeito.

Isso deixava cada vez mais os amigos contentes, pois devagar eles viam seu o amigo e chefe conseguindo sair do buraco que tinha se enfiado.

O supervisor até sorria mais, seu humor estava mais agradável e suas constantes discussões com Sara até diminuíram, não muito, mas já era um progresso pra quem não conseguia nem se entender direto. Com isso o clima no grupo ficava mais leve e descontraído, o que fazia uma enorme diferença.

Uns dias se passaram e Grissom tinha dispensado sua equipe. Ele estava em sua sala procurando uns papéis de uma pesquisa que tinha feito sobre o surgimento de uma nova e rara espécie de inseto que foi encontrada na Costa Rica, enquanto Ecklie não vinha falar com ele.

No começo daquele turno Ecklie avisou que depois que o supervisor dispensasse sua equipe era pra ele esperar mais um pouco que iria a sala de Grissom pra lhe dá um aviso importante, que era pra depois ele repassar a seus subordinados.

E cá estava Grissom a espera dele e a procura dos papéis que queria, porem não encontrava em canto algum. Sua mesa já estava toda revirada e nada dos benditos papéis O supervisor já estava quase desistindo de procurar quando revirando um pouco mais a gaveta de sua mesa acabou enfim os encontrando lá dentro. Assim que pegou os papéis sob eles, Grissom achou um livro de capa grossa muito conhecido por ele.

_“As mais belas e encantadoras borboletas do mundo” – sorriu ao ler o título impresso na capa.

Pegou o livro da gaveta e inevitavelmente se lembrou da última vez que tinha folheado aquele objeto cheio de belas figuras.

_Esse seu livro é bem legal! – Liv olhava admirada aquelas figuras coloridas e impressas nas folhas do livro.

_Por isso ele é meu livro preferido.

_Aqui tem até algumas borboletas que eu não conhecia.

_Ele tem várias borboletas e de diversos lugares.

_Sabia que algumas dessas eu já vi de pertinho no borboletário de lá de onde eu morava antes?

_Sério?

_Hãham.

_Aqui também tem um borboletário e muito bonito por sinal.

_É?

_Sim. Lá tem a maioria dessas borboletas do livro.

Grissom olhou pra Lívia que fitava  a figura de uma borboleta azul e depois de forma natural e sem pensar, ele disse à ela:

_Qualquer dia desses, eu vou pedir pra sua mãe me deixar te levar pra conhecê-lo. Tenho certeza que você vai gostar de lá.

No mesmo instante, a garotinha o olhou com um sorriso enorme nos lábios.

_Verdade que você me leva, Gil? – ele viu a alegria dela ao perguntar isso e foi impossível não sorrir.

_Não prometo nada, porque vai depender da sua mãe. Mas quando tiver um tempo livre vou falar com ela e tentar convencê-la a te deixar ir comigo. Só não sei se vou consegui, porque você sabe que ela e eu não nos damos bem, então é capaz que ela não deixe.

_Eu sei disso, mas eu convenço a mamãe a deixar. – sorriu pra ele.

Assim que se lembrou disso uma ideia lhe veio à mente. Sábado era sua folga e estava disposto a tirá-la, já que há tempos não fazia isso. Então essa seria à oportunidade mais que perfeita pra fazer aquilo que disse a Liv. Ultimamente, ele e Sara até estavam começando a se entender e sendo assim, talvez, agora fosse mais fácil sua subordinada deixá-lo levar a filha dela à esse passeio.

Absorto pensando numa forma de convencer Sara caso ela não lhe deixasse fazer esse passeio com a filha dela, Grissom é tirado dos seus devaneios pela entrada de Ecklie em sua sala.

_Não aprende mesmo a bater antes de entrar, não é Conrad? – olhou sério para o homem à sua frente.

_Eu bati. Agora não é minha culpa se você não ouviu e eu tive que entrar asism. – sentou-se na cadeira à frente da mesa do supervisor.

Grissom guardou o livro de volta na gaveta e encarou Ecklie.

_Suponho que veio pra me dar o tal aviso importante.

_Exatamente.

_Então pode começar estou ouvindo.

_Sexta não haverá expediente para o seu turno, porque no sábado vocês trabalharão no diurno.

_Como é?

_Isso que ouviu. Por um dia sua equipe ficará no turno da manhã enquanto que o pessoal desse turno ficará no turno de vocês.

_Pode me dizer por quê dessa mudança e quem a decretou?

_A mudança é pra dá um maior volume de trabalho ao pessoal do diurno e como no turno da noite tem mais casos, essa é uma grande oportunidade pra eles terem. Por isso o alto escalão optou por fazer essa inversão de turnos. E me disseram que dependendo do rendimento deles essas trocas podem ser feitas mais vezes.

_Esse pessoal não têm mais o que inventar, não?

_Devia perguntar isso à eles não a mim.

_Bom vou logo avisando que sábado é minha folga e pretendo tirá-la então não conte comigo porque não venho. Catherine que vai ficar de supervisora nesse dia. – falou sem delongas.

Ecklie quase não acreditou quando ouviu Grissom dizer isso.

_Você? Tirando folga?

_É. Algum problema nisso?

_Nenhum. Mas será que não pode tirar essa folga outro dia? O pessoal pode precisar de você.

_Infelizmente tenho um compromisso inadiável no sábado, portanto não posso deixar de faltar nele. – mentiu.

_Faz tanto tempo que não escuto você fazer questão de uma folga que isso soa até estranho.

_Pois vá se acostumando, porque a partir de agora vou fazer questão de tirar as minhas folgas.

Ecklie olhava pra Grissom como se ele fosse um ser de outra galáxia ao ouvir essa última frase dele.

_Você me parece diferente. Aconteceu alguma coisa?

_Apenas estou tentando retomar minha vida de antes só isso. Então é só o que tinha pra me avisar?

_Sim e repasse isso aos seus subordinados o quanto antes.

_Mas alguma coisa? – perguntou vendo que Ecklie ainda continuava sentado e lhe encarando de um jeito estranho.

_Não, já estou indo. – o homem engravatado levantou-se e saiu da sala ainda surpreso com o fato de Grissom ter dito tudo o que disse.

Assim que Ecklie saiu, Grissom pegou suas coisas pra ir pra casa.

A folga ele já tinha. Agora era "só" no próximo turno convencer Sara a deixá-lo levar Liv aonde ele tinha dito a garotinha. O supervisor esperava conseguir convencer Sara disso. Seria uma difícil tarefa, porém não impossível. Ao menos era assim que Grissom via aquilo.

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