Capítulo 158 - Reunidos

Demorou um pouco, mas Dylan logo já se aproximava da casa. Pra não chamar a atenção dos bandidos, o agente resolveu parar o carro à uma de distância de 1km da casa e seguiu a pé até lá. A escuridão da madrugada ajudava a não ser visto e logo, ele já estava à poucos metros de distância daquela casa simplória de um bairro periférico.

Atravessando a rua, ele deu a volta na casa indo para os fundos da mesma. Como entraria ali? Foi quando seus olhos enxergaram uma pequena porta de madeira muito velha com dobradiças oxidadas que ele deduziu como sendo uma porta que daria no porão daquela casa. Com certa dificuldade e tentando fazer o mínimo de barulho possível, Dylan conseguiu abrir a porta e logo já se encontrava dentro da casa, no porão. De onde estava ele conseguiu ouvir a voz de Sara e de outra mulher que a princípio não reconheceu. Mas bastou Sara dizer o nome da mulher pra Dylan saber bem de quem se tratava.

"Desgraçada! Ela mentiu pra mim!", pensou o agente ao descobrir que Teri estava ali.

Dylan tentou formular um plano rápido na cabeça. Se Teri estava ali e os dois bandidos que sequestraram Liv também, então eram três contra ele. Mas após um grito de Sara e de Teri lhe dizer que ela podia gritar o quanto quisesse que ninguém a socorreria e que só estavam as duas ali, o agente descobriu que não precisaria pensar muito num plano. Só estava aquela mulher ali e ela não seria párea pra detê-lo sozinha. Então, ele subiu decidido a resgatar Sara das mãos de Teri.

Saiu do porão com cautela e ao cruzar a porta, ele ouviu as vozes de Teri e Sara vindo do final do corredor. Seguiu pra lá. Respirou fundo e com um chute abriu a porta.

—Você está presa. Solte a Sara! - Dylan apontou a arma pra Teri que estava surpresa com a presença do agente ali.

—Como nos encontrou?

—O tempo todo eu estava com um rastreador escondido no bolso da calça, sua burra! - Sara contou com um sorriso. Seu rosto estava bem machucado pelos socos e tapas que Teri já havia lhe dado. Ela vinha se divertindo lhe espancado pra depois, segundo ela, tirar sua vida.

A perita morena sentiu enorme satisfação em contar aquilo a algoz de seus machucados.

—Acabou! Solta a Sara.

—Não mesmo!

—Solta ou eu atiro em você. Não vou ficar com o menor arrependimento de ter te matado. - Ameaçou o agente.

—Atira em mim e... Eu atiro nela. - A loira que se encontrava atrás da perita que continuava amarrada na cadeira, puxou o cabelo de Sara e colocou a arma na cabeça dela. _Joga a sua arma pra cá ou eu estourou agora mesmo os miolos dela.

Com certa hesitação ele resolveu fazer o que ela mandou. Apesar de ser ciente de que poderia ser bem mais rápido e mais eficiente que ela no gatilho, ele não quis correr o risco e pôr a vida de Sara em perigo. Sendo assim, colocou a arma no chão e chutou-a na direção de Teri.

—Muito bem. Agora a arma reserva.

—Não tenho arma reserva. - Ele mentiu.

—Vamos lá! Eu sei que tem. Anda, manda pra cá. Ou eu acabou com ela. - Ela deu um puxão no cabelo de Sara que fez a perita soltar um grito de dor e o agente ficar desesperado.

—Tudo bem! Tudo bem! Eu jogo a arma. Está aqui. - Ele puxou a outra arma escondida na parte interna de seu blazer escuro e repetiu o gesto de jogá-la para a loira como havia feito com a outra arma.

Teri pegou as duas armas do chão e guardou uma na parte de trás da calça e a outra ficou em sua outra mão. Agora ela tinha duas armas em punho. Sendo que uma apontada para a cabeça de Sara e outra na direção do agente.

—O que você fez com a Sara? Ela está toda machucada.

Ele estava apavorado com os vários machucados que via no rosto da ex-mulher.

—Ah isso?! Foi só uma devolução dos tapas e os socos que ela já tinha me dado ao longo desses meses. Ela tava merecendo isso.

—Você...

—Opa... Opa! Parando aí, bonitão. Se der outro passo eu atiro. - Alertou a loira.

—Dylan e a Liv? Ela tá bem?

—Sim, Sara! Ela já tá na sua casa com a Any. Fica tranquila que ela tá a salva e a sua espera, meu bem.

—Só se for a espera do corpo dela, porque Sara só vai sair daqui morta!

*****

Um comboio com seis carros - sendo os quatro primeiros da polícia e os dois últimos eram as SUV dos peritos - seguia a toda velocidade pelas ruas pra chegarem o quanto antes ao local onde Sara se encontrava.

—Vai dar tudo certo, Gil! - Enquanto seguia a viatura da polícia, Catherine tentava tranquilizar seu amigo que estava visivelmente nervoso.

—Eu não sei o que farei da vida se acontecer alguma coisa com a Sara e o meu filho.

—Tenho certeza que não vai acontecer nada. Aquele ex-marido dela não vai deixar. Foi o que ele te disse, não foi?

—Foi. E eu devo reconhecer que ele não é uma má pessoa. Arriscou-se em vir sozinho resgatar a Sara. Colocando a própria vida em risco.

*****

—Quer dizer que a polícia e o Grissom estão a caminho daqui?

Teri não achou de todo mau essa notícia que Dylan lhe dera.

—Sim. E se eu fosse você, fugiria agora mesmo, porque logo eles estarão aí pra te prender.

—Fugir?? Nem pensar. Agora mesmo que vou ficar aqui. E quer saber, Sara? Vou atrasar um pouco mais a sua morte. Esperarei a chegada do nosso querido Grissom. Ele vai ver a sua morte. Não só ele como você, agente Dylan Felton.

Sara achou bem estranho o fato de Teri saber o sobrenome de seu ex, mas não ousou questionar, porque falar fazia sua boca doer demais. Teri tinha pego pesado nos tapas e socos que lhe dera. Tinha certeza que ficaria dolorida por dias. Se é que teria mais dias além deste, já que Teri havia deixado bem claro que pretendia matá-la.

—Sabia Sidle que seu ex-marido e eu somos velhos conhecidos?

A perita olhou sem entender nada para o pai de sua filha que se encontrava ao seu lado, enquanto que diante deles agora se encontrava Teri com as duas armas em punho e apontada para ambos. Desde quando seu ex e Teri eram "velhos conhecidos"?

—Cala a boca! - Dylan pronunciou em tom autoritário.

—Ah, não quer que ela saiba? Tudo bem. Por hora, não vou contar o nosso segredo pra ela.

—Do quê ela tá falando Dylan? Que segredo você pode ter com essa mulher?

—Nenhum, Sara. - Ele mentiu.

—Não seja mentiroso agente. Ele só não quer admitir, Sidle. Mas não se preocupe que logo você saberá do segredo que há entre seu ex e eu. Vou esperar só a chegada do Grissom pra contar. Ele também merece saber já que diz respeito a ele isso. - Decretou a loira.

****

Depois de uma silenciosa espera, os três que se encontravam naquele quartinho ouviram as sirenes da polícia.

—Chegou quem esperávamos. - Teri comemorou. _A diversão vai ficar melhor agora.

—Você está completamente desequilibrada. - Afirmou Dylan observando a loira.

—Atenção... Aqui é a Polícia de Las Vegas, a casa está cercada. Libertem Sara e o agente do FBI, e se entreguem!

Os três dentro da casa ouviram a ordem que Jim deu através do megafone.

—Você não tem como escapar daqui.

—E quem disse que eu quero escapar, seu agente de merda!

—Teri solta a gente e se entrega. Vai ser melhor assim.

—Só porque você quer, né?... Não vou fazer isso.

—Não vê que você não tem mais saída?

Pouco lhe importava mais isso desde que o que tinha planejado saísse como queria.

—Você... - Ela apontou para Dylan. _...Se afasta da Sidle e vai com as mãos na cabeça pra porta agora.

—O que pretende?

—Faz o que eu tô mandando... Agora!! - Ela engatilhou a arma apontada para Sara.

Isso fez o agente acatar rapidamente a ordem da loira.

Com Dylan na porta, Teri se posicionou atrás de Sara novamente e colocou uma das armas na cabeça da morena.

—Agora, você vai sair por essa porta. Ir lá fora e me trazer o Grissom pra cá. - Instruiu Teri. _Vamos ter uma reuniãozinha nós quatro.

—Teri deixa o Grissom fora disso.

—Cala a boca, Sidle. Não pedi sua opinião.

—Anda, Dylan! Vai que eu vou atrás de você. E você, Sidle... vai ficar aqui nos aguardando quietinha. Qualquer gracinha sua e o pai da sua filha e o Grissom morrem. Agora, Dylan. Vai!

O agente mesmo não querendo, saiu do quarto tendo Teri bem atrás de si, lhe apontando duas armas.

—Eu vou te dar três minutos pra ir e voltar com o Grissom. E não pense que não estarei atenta a cada gesto seu. Quero que deixe suas mãos sempre pra cima pra eu vê-las. E se eu enxergar você pegando alguma arma pra trazê-la escondida, eu vou aquele quarto e mato a Sara na mesma hora, entendeu?

—Entendi!

—E se passar mais de três minutos lá fora, eu também a mato. Agora, vai! - A loira abriu a porta pra ele.

Do lado de fora, Jim já se preparava para dar um novo aviso aos bandidos, quando viu a porta da frente da casa se abrir.

—Fiquem a postos pessoal. Acho que alguém vai sair da casa. - O capitão alertou os policiais que se encontravam protegidos atrás das viaturas e com as armas em punho pra qualquer eventual situação.

Todos viram o agente surgir e vir com as mãos erguidas e a passos rápidos em direção ao grupo onde se encontrava seu padrinho e os CSI's. Como não tinha muito tempo a perder, ele contou logo quem estava com Sara.

Grissom ficou revoltado quando soube que era Teri a pessoa por trás disso tudo.

—Ela exigiu que você venha comigo agora ou ela mata a Sara.

—Vamos então. - O supervisor falou prontamente.

—Dylan pega. - Jim estendeu uma arma ao afilhado.

—Eu não posso pegar isso, padrinho. Ela está me observando de dentro da casa. Se eu pegar essa arma, ela vai até a Sara e a mata. - Explicou o agente que mantinha o tempo todo as mãos pra cima como Teri mandou. _Vamos, senhor Grissom. O tempo está passando.

Grissom assentiu e antes que desse um passo pra ir atrás do agente, sentiu uma mão prender uma arma sob o cós de sua calça, na parte detrás, bem escondida pela camisa.

O supervisor olhou para trás e descobriu que tinha sido Catherine a responsável. Ela lhe fez um sinal sútil pra ele não dizer nada.

Catherine havia dado sua própria arma. Ela sabia bem que Teri jamais desconfiaria que Grissom entraria armado já que era do conhecimento de todos no laboratório que o supervisor detestava pegar em armas. E isso podia ser a salvação deles contra aquela mulher.

De dentro da casa, Teri observava pela janela o que acontecia lá fora. E quando viu Dylan retornando e trazendo Grissom consigo, a loira sorriu. Imediatamente, ela seguiu para o quarto onde Sara estava. Desamarrou a morena e com ela a sua frente como se fosse um escudo humano, e mantendo as duas armas apontadas para a cabeça da mesma, ela aguardou pela entrada dos dois homens naquele quarto.

—Chegou quem faltava! - Comemorou a loira ao vê-los entrar.

—Sara!!!

—Gil!!

—O que você fez com ela, Teri?

O supervisor estava em choque e com ódio de Teri por ver Sara machucada como via.

—Se der outro passo em nossa direção, eu antecipo a morte da sua querida subordinada. - Alertou Teri quando viu Grissom vir perigosamente em sua direção. _E ela mereceu isso!

—Você tá completamente desequilibrada.

—Ah, você não é o primeiro a me dizer isso. Tanto essa estúpida, quanto o agente aí do seu lado já me disseram o mesmo.

—O que você quer com tudo isso?

—Acabar com ela na sua frente! - Respondeu sem titubear a loira apontando pra Sara. _Já que você não vai ficar comigo também não vai ficar com ela. Eu vou matá-la e na sua frente, Grissom. E também na sua agente.

Os dois homens ficaram aterrorizados com isso.

—Mas antes disso... - Voltou a se pronunciar Teri. _Eu acho que devemos alguns esclarecimentos aqui. 

—Que esclarecimentos? Do quê está falando?

—Primeiro quero os dois para aquele lado. Saíam da porta!

Teri ordenou, apontando o lado esquerdo do quarto. Assim que os dois homens se encaminharam pra lá, a loira foi em direção a porta levando consigo Sara sempre a sua frente e em sua mira.

Parada diante da porta, ela então empurrou Sara para que ela se juntasse a Dylan e Grissom no canto em que eles se encontravam.

—Gil!! - Sara o abraçou, chorando.

—Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu prometo! - O supervisor murmurou para sua amada.

—Aproveitem bem, porque em instantes um não terá mais o outro.

—Já chega disso. Nos solte ou as coisas não vão terminar bem pra você.

—Nossa que valentia toda, agente Dylan! E a propósito, agora que o Grissom já está aqui, o que acha de você revelar a ele e Sara o que fez?

—O que NÓS fizemos, você quer dizer, não é? - Rebateu o agente.

—É verdade. Nós fizemos.

—Do quê é que vocês estão falando?

Grissom questionou. Tanto ele quanto Sara estavam sem entender direito aquela "conversa" travada pelos outros dois ali presentes.

Coube a Dylan se adiantar e explicar.

—Ela me ajudou a armar aquele flagra que o senhor deu da Sara no meu quarto aquele dia.

—Como é??

—Você também estava envolvida nisso?

Sara estava chocada.

—Pois é. Eu estava.

—Dias antes ela me procurou e me propôs uma "aliança". Eu aceite e então nós armamos aquilo tudo.

—E não foi só isso. Dylan, você está esquecendo de mencionar o principal. Conta!

—Não há mais nada a contar.

Ele sabia bem a quê ela se referia.

—Claro que há.

—O que há mais, Dylan?

Sara encarou o pai de sua filha.

—Eu mesma digo, Sidle. O seu ex, pai da sua filha... abusou de você enquanto estava desacordada naquele dia do flagra.

—O que?? - Sara ficou perplexa diante dessa revelação.

Ao lado da morena, Grissom também se encontrava tão chocado e perplexo quanto sua amada com aquilo. Mal conseguia acreditar naquela história.

—Isso mesmo que ouviu. Ele te estuprou, Sidle!

—Você não fez isso, fez?

—Ele fez, porque esse era o combinado para atestar que houve relações entre vocês, caso você fizesse algum exame. E diante disso, tem grandes chances desse bebê não ser seu, Gris. 

O supervisor ficou estarrecido e sem saber o que dizer ou fazer diante do que ouviu. Sentiu náuseas diante daquilo. Olhou para o agente parado do outro lado de Sara - a perita estava entre os dois homens - e não conseguia esboçar reação alguma. Seu único pensamento era: Seria de fato verdade tudo aquilo?

—Me diz que tudo isso que essa mulher acabou de dizer, não passa de mentiras, Dylan! Você não combinou isso com ela! Anda, me diz! - Implorou Sara agarrando o ex pela lapela do blazer que ele usava. O pai de sua filha não teria sido tão canalha a ponto de cometer tal monstruosidade.

—É claro que ele combinou e cumpriu com o combinado, sua idiota. Por que eu inventaria...

—Cala a boca! - Dylan gritou, interrompendo a fala de Teri. _ É verdade sim, que nós combinamos isso, Sara.

Ela o largou em choque.

—Como você foi...

—Mas eu não cumpri com o combinado, Sara. Eu não tive coragem! - Revelou.

Naquele dia, quando cobriu o corpo dela nú com o seu e encarou seu rosto adormecido após ter beijado seus lábios inertes e seu pescoço, ele se deu conta do erro que cometeria se prosseguisse com aquela parte do plano e perdeu a coragem de ir em frente com aquilo. Ele não queria que aquilo fosse assim. Queria Sara acordada e correspondendo as suas carícias como costumava ser quando faziam amor. Diante disso, ele saiu de cima dela. Jogou um lençol sobre Sara, vestiu um roupão e foi pra sala onde ficou aguardando a vinda de Grissom. Caso Teri lhe questionasse a respeito daquilo, ele confirmaria que tinha feito como o combinado. E foi o que fez depois.

—Não sou tão canalha assim pra abusar de você, meu bem. Eu te amo e nunca tocaria em você sem o seu consentimento. Jamais! Eu não sou um monstro, Sara!

—Então, você mentiu pra mim quando disse que tinha feito tudo como combinado?

—Lógico que menti. Eu não toquei nela. Então o filho que ela espera só pode ser do senhor Grissom.

Por essa Teri não esperava. Mas naquele momento a paternidade dessa criança já era irrelevante mesmo pra loira, porque tanto aquele bebê quanto a mãe dele morreriam.

—Quem é o pai desse bastardo não importa mais. Ele vai morrer junto com a mãe mesmo.

Teri liberte Sara, Grissom e Dylan agora ou invadiremos a casa.

Foi o aviso que a loira ouviu vindo do lado de fora da casa na voz do capitão Jim através de um megafone.

—Chegou a hora de eu acabar com isso logo, antes que o capitão idiota invada aqui! - A loira falou mirando a arma em Sara. Ao lado da perita morena, Grissom levou a mão as costas pra pegar a arma que tinha escondida. Ele teria que ser rápido e certeiro.

Do lado de fora, Jim após dar o aviso a Teri  bolava agora um plano junto com os demais policiais pra invadirem a casa sem pôr em risco a vida do casal de amigos e do afilhado. De repente ele e todos ali escutaram três disparos seguidos vindos de dentro da casa.

—Merda!!... Invadam agora essa casa. Rápido!

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