Capítulo 154 - Angústia
—Serviço feito, Teri! Já estamos aqui na casa com a garotinha. - Ruy contou enquanto seu comparsa levava Liv para um quarto onde a garotinha ficaria presa.
Do outro lado da linha Teri sorriu largamente por aquela notícia. Estava numa ansiedade pra receber essa ligação de Ruy trazendo exatamente essa notícia e agora podia ficar "feliz".
O primeiro passo de sua vingança tinha sido dado com perfeição, agora faltava o outro, mas isso seria depois.
—Maravilha, Ruy! Agora, você vai esperar a minha ligação te autorizando à entrar em contato com a mãe da menina pra exigir a troca entre as duas.
—Ok! Mas isso não vai demorar, né Teri?
—Não! Eu tenho pressa em liquidar com a mãe dessa menina. Mas antes quero vê-la sofrer um pouco.
—Beleza então. Vou esperar sua ligação. Tchau!
O bandido encerrou a chamada e momentos depois, seu comparsa apareceu de volta do quartinho onde havia deixado Liv.
—Aí, cara... Eu tava pensando, por que a gente não pede uma grana por essa menina? Tua amiga nem precisa saber disso.
Ruy tinha contado a verdade ao sujeito, mas obviamente não disse o nome da "amiga" que encomendou o serviço.
—Não me dá ideia, Phil. - Os dois sujeitos riram. _Mas melhor não! Não vamos pedir nada. Além do mais, a gente já ganhou uma boa grana só por essa parte do serviço. E ainda vamos ganhar mais quando concluirmos o resto. Pra quê mais?
—Grana nunca é demais, cara! - Argumentou o outro sujeito.
—Eu sei, mas se contenta com o que vai ganhar que já tá de bom tamanho. A ganância na maioria das vezes, é a pior inimiga que se tem. Vai por mim!
O outro homem não ousou contra-argumentar mais depois disso.
Enquanto isso na delegacia, Sara estava com o detetive Crawford.
—Tudo levar a crer que de fato seja um sequestro, pois segundo a babá da sua filha nos contou, os bandidos não pediram dinheiro ou qualquer coisa de valor. Simplesmente abordaram-nas e levaram-nas para o carro que eles pegaram fuga.
—Você acha que pode ter sido algo aleatório ou talvez, o fato de Sara ser perita tenha alguma coisa a ver com esse sequestro relâmpago?
—Pode ter sim alguma coisa a ver isso, como também não pode, Grissom. Não podemos descartar qualquer uma dessas possibilidades. Já mandei emitir um alerta à todas às viaturas principalmente, as que cobrem as saídas da cidade pra pararem qualquer veículo com a descrição que a babá nos deu. Eles dificilmente vão sair do estado se por ventura tentarem.
—Eu não posso acreditar que uma coisa dessas esteja acontecendo comigo, com a minha filha!
Ela queria chorar diante de tal situação. Aquilo era um dos piores pesadelos que podia lhe acontecer. Ela que já havia trabalhado na resolução de alguns casos de sequestro ao longo desse anos de trabalho, agora se via em um caso onde a sua filha era a sequestrada.
—Sara, eu te prometo que nós vamos fazer o possível e impossível pra pegar o quanto antes esses sujeitos. Sei que é difícil manter a calma num momento desses, mas você precisa ter sangue frio e não entrar em desespero.
—É fácil dizer isso quando não é a sua filha a sequestrada, não é Crawford?! - Sara retrucou com certa rispidez e sem dar tempo ao homem de lhe dizer qualquer outra coisa em resposta, a perita
saiu da sala do detetive.
Agora ela sentia na pele e entendia perfeitamente, a reação ríspida dos parentes das vítimas quando eles ouviam aquele tipo de coisa no momento em que se encontravam desesperados pelo sumiço de um ente querido.
—Sara! - Grissom tentou impedir a amada de ir, mas não consegui. Ela foi mais rápida que ele e saiu dali.
O supervisor imediatamente pediu desculpas ao detetive pelas palavras que a morena dirigiu ao homem e logo em seguida, saiu atrás de Sara. Encontrou-a um corredor depois da sala de Crawford, sentada em um banco, com as mãos cobrindo o rosto.
—Ei! - Ele sentou-se ao lado de Sara e abraçou-a. Aquilo não estava sendo fácil pra nenhum dos dois de lidar. Ele podia não ser o pai de Liv, mas estava tão desesperado com seu sumiço quanto se fosse o pai biológico da menina.
—Eu quero a minha filha aqui comigo, Gil! - Ela murmurou com a voz embargada.
Ele também queria sua princesa ali com eles. E iria até o fim do mundo pra trazê-la de volta pra Sara, pra eles.
—Nós vamos encontrá-la o quanto antes, querida. Nem que tenhamos de revirar essa cidade de cabeça pra baixo, mas nós vamos encontrar esses sujeitos que estão com a Liv. Eu te prometo, Sara!
—Isso mais parece um pesadelo, amor.
—Eu sei!
—Sara... Gil!! - Os dois peritos viram Nick aproximar-se apressadamente deles.
O moreno soube do ocorrido através de Any que lhe ligou do hospital - ela havia sido levada por Ernest pra fazer uma pequena sutura no corte que tinha na cabeça, resultado da coronhada que levou de um dos bandidos - a babá avisou ao amigo de Sara o que tinha acontecido com Liv. Na mesma hora em que soube do ocorrido, Nick pegou seu carro e veio para a delegacia onde Any lhe disse que Grissom e Sara estavam.
—Nick, a minha filha!
—Eu soube pela Any e por isso, estou aqui. - Ele contou, ajoelhando-se na frente da amiga e segurando as mãos dela. _Algum notícia? Que medidas já foram tomadas pela polícia?
Sara e Grissom se revezavam em contar o que há pouco o detetive Crawford lhes disse.
—Vocês acham que foi um caso aleatório ou talvez, alguém querendo se vingar da Sara por ela ser perita?
—Questionei o detetive a esse respeito e ele me disse que tudo agora tem que ser levado em consideração e apurado.
—Com certeza. Antes de vir pra cá, eu liguei pra Cath e contei o que houve. Ela já ligou pra vocês?
Nesse mesmo instante, o celular de Grissom tocou e ao olhar no visor, o supervisor viu o nome de sua amiga piscando na tela.
—É, ela!
O supervisor atendeu a chamada prontamente e se afastou um pouco de perto de Nick e de Sara para falar com Catherine .
—Dylan já sabe do que houve, Sara? - Nick questionou assim que Grissom se afastou.
—Ainda não! E eu não sei nem como vou contar isso à ele, Nick! - Ela sequer havia pensado nisso ainda.
A verdade é que precisaria encontrar logo uma forma de contar aquilo a ele. Sabia que não teria muito tempo pra isso, pois logo Dylan ligaria pra falar com a filha deles. Ele tinha como costume, ligar religiosamente sempre antes do almoço pra falar com a menina.
—É capaz dele quando souber, vir pra cá no mesmo instante.
—Eu tenho certeza disso. Ele é louco pela filha!... Meu Deus, onde a minha pequena pode estar, Nick?
—Nós vamos encontrá-la, Sara.
Grissom retornou para perto dos dois momentos depois. Ele contou o que falou com a amiga pelo telefone. Catherine lhe disse que ligou anteriormente pra Ecklie e pediu que ele deixasse nas mãos dela e da equipe deles as investigações acerca do sequestro da filha de Sara. O diretor do laboratório concedeu isso, mas não muito satisfeito. E ainda impôs a condição de que Sara não poderia se envolver nas investigações pela razão que ambos sabiam bem qual era.
—Mas é a minha filha, Gil. - Rebateu inconformada a perita morena assim que o supervisor terminou de falar.
—Por isso mesmo, Sara. Você sabe que não pode fazer parte de uma investigação dessas.
—Mas então ele não vai me impedir de acompanhar de perto as investigações, Grissom.
—Ele não vai. Você e eu, vamos acompanhar de perto as investigações, mas não poderemos nos envolver nela. Nick, Cath me pediu pra te dizer que é para você pegar todas as informações do caso com Crawford. E depois é pra você ir para o laboratório.
—Ok!
O supervisor ainda completou dizendo que Catherine já havia ligado para Greg e Warrick, e estes iriam para o laboratório pra se reunirem com ela.
—A gente vai pra lá, não vai?
—Vamos, Sara! Já falei com o Crawford e pedi que ele nos ligasse quando tivesse qualquer notícia.
—Bom, eu vou logo pegar as informações com ele e encontro vocês no laboratório. Até daqui a pouco!
—Até! - Os outros dois disseram a Nick que logo já havia partido de perto deles.
*****
Reunidos na sala de evidências, os demais ouviam as poucas informações que Nick havia conseguido na delegacia com o detetive. Segundo, a cópia do depoimento de Any que Crawford havia lhe dado, dois sujeitos armados abordaram a babá e Liv, numa esquina. Depois lavaram-nas para um carro preto, que Any reconheceu de imediato como sendo um Ford 87. Ela reconheceu, porque seu tio teve um daqueles quando ela tinha seus oitos anos. Pegaram a via principal e a partir daí, Any não sabia mais, pois o sujeito lhe golpeou com a arma na cabeça e ela "apagou".
—Warrick quero que você procure nas câmeras do departamento de trânsito registro de um veículo desses circulando pelas ruas minutos depois do horário em que Any relatou no depoimento dela, que ocorreu o sequestro. - Catherine instruiu ao colega. Ela estava no comando da equipe já que Grissom ainda se encontrava de licença médica.
—Vou agora mesmo ver isso.
Ele saiu da sala.
—Greg, eu quero que você vá até o local onde aconteceu a abordagem e veja se há câmeras de vigilância por ali que possam ter pego a imagem desses sujeitos. Se tiver, vamos pedir um mandato pra ter as fitas dessas câmeras.
—Claro, Cath.
—Eu posso ir com ele, Catherine?
A loira olhou para Grissom como quê pedindo com o olhar, uma opinião a respeito daquilo. Mas ele não esboçou qualquer reação, deixando pra amiga aquela decisão já que ela era a chefe ali.
—Bom você pode ir desde que não interfira na investigação, Sara.
—E eu não vou, Catherine. Apenas quero ir com ele.
—Vou acreditar em você!
—Então vamos, Sara. - Chamou Greg levantando-se da cadeira em que se encontrava.
A perita morena assentiu e antes de seguir o amigo, despediu-se dos demais e ouviu a recomendação de Grissom pra tomar cuidado.
—Eu vou tomar, pode deixar. Qualquer novidade me liga.
—O mesmo vale pra você.
Ela partiu junto com Greg.
—Gil, você fica comigo e o Nick. Nós vamos rever todos os casos em Sara trabalhou aqui em Vegas. Tudo bem?
Ele apenas assentiu. Não podia fazer muito e nem se envolver demais na investigação, pois estava de licença.
Enquanto a equipe de peritos e a polícia corria contra o tempo pra encontrar pistas que os levassem aos sujeitos que estavam com Liv, longe dali a garotinha acordava assustada por estar em um lugar que não conhecia.
—Mamãe!!... Any!!... Gill!!... Cadê vocês?? Eu tô com medo!! - A menina disse alto e chorosa.
—Cala a boca aí, fedelha!
Liv se assustou com a voz desconhecida que vinha do outro lado da porta do quarto em que se encontrava.
—Eu quero a minha mãe!!
—Logo, ela vem te buscar. Agora fica calada e quietinha aí.
A menina se encolheu no colchão velho em que se encontrava e começou a chorar com medo. Quem era aquele estranho que tinha falado com ela? Onde estava a sua mãe ou Any? Por que lhe deixaram ali com um estranho e naquele lugar feio?
Ela queria ir pra casa. Aquele não era seu quarto. Estava muito assustada com aquela situação a qual não entendia direito.
*****
Any estava já em casa na companhia de seu namorado que tentava lhe consolar e passar força pra enfrentar aquela situação delicada que estava passando. Ela ainda estava bem nervosa e abalada com o ocorrido. Nunca se perdoaria se algo de pior acontecesse com Liv.
—Eu devia ter percebido a aproximação desses sujeitos. Foi minha culpa! Eles levaram a Liv por minha culpa! - A babá falava chorosa.
—Any, você não é culpada de nada! Não diga uma coisa dessas, meu bem. Não faça isso com você! - Ernest tentava confortar a namorada. Ela não merecia tomar aquela culpa pra si própria.
—Eu ainda pedi à um deles pra deixarem a Liv e levar somente a mim, mas eles não quiseram. Eles não quiseram, Ernest! - Contou a babá abraçada ao namorado. _Sara nunca vai me perdoar por isso. Nem eu vou me perdoar.
—Sara sabe que a culpa não foi sua Any. Isso podia acontecer com qualquer pessoa.
—Mas aconteceu comigo, com a Liv. A minha menininha deve estar tão assustada e sem entender nada, Ernest.
—Eu tenho certeza que a polícia vai chegar logo, logo aos suspeitos e consequentemente à Liv. Fica calma, Any! Eu não gosto de te ver assim.
O telefone da casa tocou e o coração de Any acelerou instantaneamente ao imaginar que fosse um dos bandidos entrando em contato. Ela imediatamente atendeu a chamada sob o olhar atento de seu namorado que a instruiu a ter calma e ser fria ao falar com os bandidos. Mas pra tristeza de Any não era um dos sujeitos entrando em contato, era ninguém menos que...
—Oi, Any! Quero falar com a minha filha. Ela já chegou da escola?
A babá olhou para o namorado sentado à sua frente e tratou logo de sinalizar que não era os bandidos.
—Dylan... A Sara pediu pra você ligar para ela assim que ligasse pra cá.
À pouco a perita tinha ligado pra Any instruindo a babá a dizer isso ao ex quando ele ligasse pra falar com Liv.
—Ela pediu? Por que? Aconteceu alguma coisa?
Ele estranhou, pois desde que voltou pra Chicago, Sara se recusava a falar com ele e ainda mandou avisá-lo por intermédio de Any, que não queria saber dele ligando para seu celular. Se ele quisesse falar com a filha era para ligar pro telefone da casa ou o celular de Any. E agora, a babá de sua filha lhe diz que Sara pediu pra ele ligar pra ela? Alguma coisa tinha aí.
—Por favor, liga pra ela. - Any tentou não demonstrar pela voz o pânico que estava vivendo. Dylan não seria tão compreensivo com ela como Sara. Certamente, ele lhe culparia pelo que houve.
—Aconteceu alguma coisa com a minha filha, Any?
Ele já se preocupou. A verdade é que desde cedo estava se sentindo estranho, inquieto. A filha a todo instante vinha a sua mente e ele não via a hora de dar o horário em que sabia que ela já estava em casa, para ouvir sua vozinha e ver se assim aquela inquietude sanava.
—Não me pergunta nada.
—Eu vou ligar agora mesmo pra Sara e saber o que tá havendo.
Ele encerrou a ligação e com o coração batendo apertado, logo já discava o número da mãe de sua filha.
*****
Sara retornava com Greg ao laboratório de posse de duas fitas de segurança que conseguiram. Uma era de um salão de beleza e outra era de uma casa, ambas ficavam bem próximas de onde Any havia dito em depoimento que os bandidos a abordaram. Nem foi preciso mandato algum, pois os donos dos imóveis resolveram ajudar no mesmo instante em que souberam do ocorrido. Sara e Greg só torciam pra conseguirem alguma imagem nítida dos bandidos. A julgar pelo ângulo em que as câmeras estavam posicionadas certamente, uma delas deve ter pego a cara de um os bandidos.
—Tomara que consigamos algo.
O celular de Sara tocou alto e o coração dela acelerou e o de Greg também ao pensarem que fosse um dos bandidos fazendo contato. Mas ao reconhecer o número de Dylan no visor, Sara viu que havia chego o momento de contar ao ex o que havia ocorrido.
—Quem é Sara? - Greg interpelou vendo que a amiga encarava o celular que tocava em sua mão.
—O pai da Liv.
—Vai contar a ele o que aconteceu?
—Eu tenho que contar, Greg. Ele é o pai dela e tem por direito saber. - Ela respirou fundo e atendeu a chamada que já ia para o quinto toque. _Alô, Dylan!!
—Sara, Any me disse que era pra ligar pra você. Aconteceu alguma coisa? Any estava muito estranha quando falei com ela.
—Aconteceu sim uma coisa e foi com a nossa filha, Dylan.
O coração dele se apertou. Algo lhe dizia que não ouviria coisa boa de Sara.
—O que foi que aconteceu com a minha borboleta? - Ele questionou, sentando-se na cadeira em sua sala, no departamento do FBI.
Ela optou por contar sem fazer rodeios.
—Liv foi sequestrada, Dylan! - Sara começou a chorar na linha.
—O quê? Como?? Quando??
—Foi mais cedo. Dois sujeitos abordaram a Any quando ela estava levando a Liv pra escola. Eles colocaram as duas num carro. Bateram na cabeça da Any com uma arma e ela apagou. E quando, ela acordou, eles haviam sumido com a Liv.
Ele ficou desesperado com essa notícia. Tudo o que ele conseguiu dizer, foi:
—Eu tô indo agora mesmo pra Vegas, Sara!
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