Capítulo 153 - O sequestro

O grande dia seria amanhã e Teri não via a hora dele chegar. Há pouco Ruy tinha lhe ligado confirmando que o "serviço" seria feito amanhã pela manhã sem falta. Porém, haveria uma pequena mudança de planos na execução daquilo. Ao invés, de pegarem a menina na saída da escola, Ruy resolveu fazer isso quando a menina estivesse à caminho da escola, pois lhe pareceu mais oportuno já que reparou que numa parte do trajeto que a garotinha fazia com a babá logo cedo, elas passavam por uma rua que não tinha muito movimento e seria justamente nesse momento que aproveitaria para abordá-las.

Teri esperava que desse tudo certo e não surgisse nenhum contratempo pra estragar o plano. Sara não perdia por esperar! Ela pagaria caro, muito caro por ter atravessado seu caminho e lhe tirado Grissom. E aquele bebê que ela carregava, o qual Teri soube meio sem querer de sua existência, e que ela escutou dizer por aí ser de Grissom - o que duvidava ser verdade já que pelo que se lembre Dylan havia dormido com Sara aquele dia do flagrante armado - esse bebê sequer chegaria a nascer porque morreria junto com a mãe. Sendo ou não de Grissom aquele bebê não nasceria se dependesse de Teri.

_Você não perde por esperar, Sidle! Vou acabar com a sua vida e a desse bebê. E você, Grissom... - Ela pegou o retrato dele que mantinha sempre na cabeceira de sua cama há anos. _... Vai se arrepender profundamente por ter me rejeitado! Não quis ficar comigo, pois também não ficará com a estúpida da Sidle! - A loira proferiu com raiva e logo depois jogou o retrato de vidro no chão, fazendo o objeto espatifar-se em vários pedaços.

Mesmo que a consequência de acabar com Sara fosse arruinar sua própria vida, ainda sim, Teri não estava disposta a desistir daquilo. Sara era uma pedra em seu caminho e ia tirá-la sem dó e nem piedade. Custe o que custasse!

****

Períciando um quarto localizado no 9° andar do conhecido Mandalay Bay Resort and Casino, onde uma camareira encontrou um hóspede nú e morto na cama, Catherine não deixava de notar o quão inquieta Sara parecia. E isso não era de agora!!

Quando as duas se encontravam no carro da loira à caminho da cena de crime delas, Catherine já notou que sua amiga apresentava esse comportamento. Preocupada, Cath lhe indagou se estava tudo bem com Sara. Em resposta, a perita morena lhe disse que aparentemente estava sim, só que lhe confidenciou que não sabia porquê, mas naquele dia sentia o peito apertado, meio angustiado. Chegou a comentar isso com Grissom quando ainda estava em casa. E ele preocupado logo sugeriu em levá-la à um hospital pra saber o que poderia ser aquilo. Mas Sara achou um exagero aquilo! Não era pra tanto. Só que estava lhe inquietando aquilo.

_Ainda sentindo aquele aperto no peito, Sara?

_Sim! - Confirmou a morena fechando sua maleta. _Isso tá me tirando o foco. Se importa se eu for lá na sacada pra tomar um ar e ligar pra casa? Quero saber se está tudo bem pra vê se assim me tranquilizo mais.

_Claro! Vai lá sim. Já tô quase terminando aqui pra irmos.

A perita morena assentiu e seguiu pra onde disse que ia. Já na sacada do quarto de onde se tinha uma visão privilegiada da iluminada cidade de Las Vegas, Sara pegou seu celular e ligou pra casa.

Grissom estava na cozinha tomando um copo de água quando escutou o telefone tocar na sala. Como Any tinha subido ainda pouco pra colocar Liv para dormir, o supervisor foi atender a chamada.

_Alô!

_Gil! Oi, sou eu.

_Sara? Aconteceu alguma coisa? - Ele se preocupou.

_Não. Liguei pra saber se está tudo bem aí em casa.

_Sim, está!

_E a Liv?

_Any subiu com ela ainda pouco pra colocá-la para dormir.

_Hum...

Ela resmungou e Grissom ouviu logo em seguida a respiração da amada soar pesada do outro lado da linha e aquilo não lhe passou desapercebido.

_Sara aconteceu alguma coisa e você não quer dizer?

_Não aconteceu nada, Gil.

Foi então que ele se recordou que ela lhe comentou durante aquele dia, que vinha sentindo um aperto no peito e que até a hora dela ir trabalhar isso ainda persistia .

_Sara aquilo que você vinha sentindo, passou?

O silêncio dela fez com que ele concluísse que aquilo ainda persistia e talvez por isso mesmo, ela estava ligando.

_Pelo jeito não passou, né?!

_Mas vai passar. Eu tenho certeza que vai.

_Não quer vir pra casa, Sara?

_Proposta bem tentadora essa sua! - Ela conseguiu esboçar um sorriso e do outro lado da linha Grissom à acompanhou nisso. _Adoraria aceitá-la, mas você sabe que não dá. Tenho que trabalhar. Não estou de licença médica como você.

_Mas eu posso sentir pela sua voz que você não está bem pra trabalhar.

_Sara, vamos? Já terminei. A gente tem que ir pro laboratório! - Catherine avisou aparecendo na sacada.

_Claro, Cath!... Hum... Gil, eu preciso desligar agora. Como você deve ter ouvido Catherine e eu já vamos voltar para o laboratório.

_Sim. Qualquer coisa me liga. Pode ser a hora que for, ok?

_Ok! Beijos.

_E aí, tudo bem em casa?

_Sim! Vamos?

_Claro!

Por incrível que pareça depois de ter falado com Grissom, aquele "aperto" que Sara sentia, resolveu "dar uma trégua" à perita e ela pode trabalhar mais sossegada o resto do turno.

****

_Liv já terminou de tomar seu chocolate, meu anjo? Tá quase na hora de irmos.

_Terminei agorinha, Any! - A menina anunciou empurrando sua xícara.

_Ótimo! Então suba pra escovar os dentes e apanhar sua mochila.

A garotinha assentiu levantando de sua cadeira e saiu correndo da cozinha com um serelepe Sam em seu encalço.

_Sem correr, Liv. - Repreendeu a babá, mas a garotinha nem lhe deu ouvidos, pois já havia saído da cozinha quando Any falou.

_Ela nem te ouviu! - Grissom comentou com um sorriso enquanto servia-se de um gole de café.

_Acho que não!

Não tardou quase nada pra menina já está de volta do quarto. Ela despediu-se de Grissom com um beijo e um abraço, e depois saiu com Any para escola.

Tão logo as duas saíram e se afastaram da entrada de casa, e dois sujeitos disfarçados com peruca, ósculos escuros e barbas postiças, começaram a seguí-las sem que Any sequer percebesse.

Os homens que estavam à pé mantinham certa distância pra justamente não chamar a atenção delas. Eles haviam deixado o carro estrategicamente parado no exato local da abordagem que fariam. Ambos acharam melhor seguir as duas à pé, pois assim facilitava a abordagem.

Quando eles viram as duas dobrar a esquina, então apressaram o passo, e deram uma conferida ao redor pra vê se alguém estava por perto. Seria na próxima rua que fariam a abordagem.

_Pega o lenço e molha um pouco do remédio nele. Você "apaga" a menina com ele e eu pego a babá. - Em um tom baixo de voz, Ruy instruiu seu comparsa.

O sujeito assentiu e disfarçadamente fez o que o outro lhe disse.

Alheias ao que estava prestes a acontecer daqui à instantes, Any e Liv vinham conversando inocentemente.

Assim que elas dobraram a próxima esquina tudo aconteceu tão rápido que Any não teve chance de esboçar reação. Um homem pegou Liv e tapou o nariz da menina com um pano fazendo a garotinha dormir em segundos, enquanto outro sujeito agarrou a babá por trás e lhe ameaçou com uma armar pressionando as costas dela.

_Se você der um pio, eu te apago aqui mesmo! Entendeu?

Any apenas assentiu nervosamente sem tirar os olhos de Liv adormecida nos braços do outro sujeito.

_Vamos vazar logo daqui antes que apareça alguém, cara.

Os dois saíram levando as duas até o carro parado há cinco metros de onde tinham feito a abordagem.

Any estava apavorada. Assalto aquilo não estava parecendo, pois eles não pediram dinheiro nem nada. Pediram sim o celular dela, mas tacaram fora pela janela do carro, assim que o veículo começou a andar.

_O que vocês querem com a gente?

_Cala a boca. Sem perguntas! - Um dos sujeitos lhe disse enquanto mantinha a arma apontada pra Any e outro sujeito dirigia.

A babá olhou pra Liv inerte do lado do bandido que estava entre elas e temeu pelo pior das duas.

_Por favor, deixa a menina em algum lugar e leva só eu!

_Já mandei calar a boca!

Ela ia contra-argumentar, mas não teve tempo, pois levou uma coronha que lhe fez "apagar".

****

_Any está demorando tanto pra chegar. Ela disse se ia encontrar com Ernest depois de deixar a Liv na escola, Gil?

Do banheiro Sara questionou o supervisor enquanto tomava banho. Ainda pouco tinha chego do laboratório, e geralmente quando chegava mais tarde em casa, Any já se encontrava lá também, pois ela não costumava demorar pra deixar Liv na escola já que a menina não estuda muito longe de casa. Mas naquele dia isso não aconteceu! Inclusive já ia dar nove horas e nada da babá aparecer.

_Pra mim, ela não comentou nada, querida!

_Que estranho! Ela sempre avisa quando vai demorar.

_Talvez tenha tido alguma reunião na escola e ela esqueceu de avisar, sei lá.

_Pode ser! Mas liga pra ela, porque eu não estou gostando dessa demora toda. Any não é disso!

_Vou ligar então!

_Liga do meu celular! Tá na bolsa.

_Ok!

Ele pegou o celular de onde Sara disse que estava. Quando ia discar o número da babá, o aparelho começou a tocar. O número lhe parecia familiar, mas ele não chegou a reconhecê-lo.

_Sara estão ligando pra você.

Ele não tinha por costume atender o celular dela a não ser quando ela dizia pra ele fazer isso. Evitava o desprazer de atender à uma ligação do ex-marido dela, pois senão falaria umas poucas e boas aquele sujeito. Ele ainda lhe devia isso!

_Quem é Gil?

_Um número que eu tenho a impressão de que já vi antes, mas não estou reconhecendo.

_Ah, então atende pra mim, amor. Eu não posso agora, estou toda ensaboada e com shampoo no cabelo.

Já ia para o terceiro toque quando ele atendeu a chamada. Do outro lado era Crawford, um detetive conhecido de Grissom. O supervisor achou estranho quando soube que era o detetive. Logo depois, ele perdeu o chão quando Crawford informou a razão de sua ligação. Uma viatura encontrou uma moça loira chamada Any, desesperada e atordoada dizendo que dois sujeitos tinham sequestrado a garota que ela cuida. Os policias trouxeram a moça para a delegacia e lá menos desesperada, ela relatou o que aconteceu e repassou os dados da mãe da menina pra que a mesma fosse informada do que houve.

Grissom caiu sentado na cama assim que ouviu aquilo do detetive. Liv tinha sido sequestrada!

_Senhor Grissom ainda está aí?

Crawford quis saber já que a linha ficara muda.

_Sim! Vou avisar a Sara o que houve e estaremos aí logo, Crawford. - Ele respondeu em transe por aquela terrível notícia.

_Ok!

Grissom encerrou a ligação sem sequer saber como daria esse notícia à Sara. Suas mãos tremiam de nervoso e desespero.

Sua princesa nas mãos de bandidos!

Parecia um filme de horror!

Sara saiu do banheiro poucos segundos após a ligação ter sido encerrada por Gil e a cara pálida do supervisor logo chamou a atenção da perita.

_Gil aconteceu alguma coisa?... Quem era no telefone? - Ela notou que ele ainda mantinha o aparelho nas mãos trêmulas. _O que houve, suas mãos estão tremendo!

_Sara... - Ele começou. _... Você precisa ficar calma, por favor.

_Ficar calma?? Por que?? Quem era Gil? Era a Any?

_Não!

_Então quem era??

_O detetive Crawford.

Ela imediatamente já ficou nervosa e tensa. Seu coração apertou como ontem.

_O que ele queria?

Ele suspirou e largando o celular, segurou a mão de Sara. Só Deus sabe o quanto seria difícil dar aquela notícia.

_Liv foi sequestrada!

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