Capítulo 147 - De volta pra casa

Depois de quatro dias entediantes em que ficara internado naquele hospital, enfim Grissom sairia dali naquela tarde. Meio já impaciente ele ouvia as últimas recomendações que seu médico lhe dava após ter concedido-lhe alta. O supervisor queria o quanto antes que Sara chegasse pra ele poder ir embora dali com ela, mas a morena estava um pouco atrasada e isso começava a impacientar mais ainda Grissom.

Mas bastaram mais alguns poucos minutos pra uma batida na porta chamar a atenção do médico e mais ainda a de Grissom. Os dois homens viram então Sara aparecer assim que a porta fora aberta um pouco pela morena. Ela cumprimentou os dois homens e pediu desculpas pelo pequeno atraso motivado por um engarrafamento que pegou na vinda. Contou que teve que pegar um desvio pra estar ali ou do contrário, ainda estaria presa no engarrafamento.

—Bem... Vou aproveitar que chegou pra ir buscar a papelada com a alta do paciente. Volto já!

O médico saiu do quarto deixando somente Sara e Grissom

—Pronto pra ir embora? – Ela que se encontrava diante do supervisor enlaçou seu pescoço.

—Mais do que pronto. Estou louco pra ir logo embora pra casa... Nossa casa! – Com um lindo e enorme sorriso, Grissom pronunciou as últimas duas palavras.

Ele estava no céu desde ontem quando Sara lhe disse que amanhã assim que ele recebesse alta médica, não voltaria para o apartamento dele e sim, para a casa dela, ou melhor, a casa deles!

—Suas coisas já estão lá em casa. Como tínhamos combinado ontem, passei hoje de manhã no seu apartamento e apanhei o que você tinha levado pra lá. Daqui já vamos direto pra casa onde uma surpresa o aguarda. – Ela deslizava a mão por seu rosto barbudo e depois pelo pescoço, parando em seus ombros.

—Surpresa? Que surpresa?

Ele desconfiou que talvez a surpresa estivesse relacionada ao fato da ausência de Liv e seus amigos de trabalhos – ou pelo menos de Catherine – que não vieram junto com Sara lhe buscar no hospital.

—Acha mesmo que vou te contar do que se trata? Se eu fizer isso deixa de ser surpresa, limão azedo! – Ela socou de leve seu peito fazendo Grissom sorrir.

O médico retornou ao quarto trazendo não só o papel com a alta de Grissom como também, uma cadeira de rodas para levar seu paciente até a saída do hospital.

Ao ver a cadeira, Grissom entortou a boca.

—Que parte do ‘’eu não vou usar isso, doutor’’, o senhor não entendeu?

Momentos antes de Sara chegar, o médico já tinha vindo com essa ‘’sugestão’’ da cadeira e o supervisor deixou claro que não era necessário. Mas pelo visto seu médico não lhe dera ouvidos.

—É para evitar que force seu machucado caminhando até a saída do hospital. A cadeira é para o seu bem.

—Agradeço, mas dispenso-a.

O médico não se fez de rogado e vendo que seu paciente teimoso não aceitaria aquilo, apelou a Sara na cara dura. Algo lhe dizia que a acompanhante dele conseguiria dobrá-lo.

Mas nem bem Sara ia começar a falar, Grissom a cortou e disse que não iria de cadeira de rodas. Argumentou que não era nenhum inválido pra usar aquilo. Podia perfeitamente ir com suas próprias pernas. Iria devagar pra não forçar seu ferimento, não havia a necessidade daquela cadeira.

—Você lembra que me disse há uns dias nesse quarto, que faria tudo o que eu pedisse? – Ela rebateu.

Obviamente, ele se recordou na hora disso. Parece que ele não teria saída com isso!

—Acho que me meti em sérios problemas quando disse isso, não foi? – Brincou e viu-a assentir enquanto sorria feito uma garota linda! _Não pode abrir uma exceção só dessa vez? – Tentou negociar fazendo uma careta. Definitivamente usar aquela cadeira não era algo que queria!

—Não! Você disse TUDO, então...

—Ok! Tudo bem! Eu vou nessa coisa, mas vou com uma condição.

—Qual? – Sara e o médico, indagaram com curiosidade.

Minutos depois, o médico não conseguia esconder seu divertimento enquanto caminhava pelos corredores do hospital empurrando a cadeira de rodas onde se encontrava seu paciente e no colo do mesmo, ia uma Sara mortificada de vergonha por aquela situação ridícula que Grissom estava fazendo-os passar.

—Meu Deus! Está todo mundo nos olhando e por sua culpa, Grissom. – Ela lhe cochichou, escondendo o rosto em seu pescoço pra fugir dos olhares curiosos e divertidos das pessoas que se deparavam com a cena. _Você perdeu completamente o juízo quando propôs isso. E eu perdi mais ainda o meu, quando aceitei!

Ele não conteve o sorriso.

—Está se divertindo, não é?

—Confesso que sim.

Por fim eles chegaram ao carro de Sara e ela agradeceu por isso. O médico despediu-se de ambos e estimou suas mais sinceras melhoras a Grissom. Lembrou seu paciente de que daqui a cinco dias ele deveria retornar ao hospital pra retirada dos pontos. Grissom assentiu e afirmou que estaria ali sem falta.

***

Assim que o carro parou em frente à casa, Grissom reconheceu os carros que se encontravam parados ali. Olhou pra Sara e sorriu.

Durante o trajeto, ele chegou a questionar Sara a respeito da ausência dos amigos e de Liv na sua saída do hospital. Achou no mínimo estranho que nem mesmo Catherine tivesse ido junto com Sara até o hospital. A morena lhe inventou uma desculpa qualquer pra justificar a ausência do pessoal e a de sua filha. Ele até chegou a acreditar no que ela lhe disse, mas ao ver o carro dos amigos ali, começou a entender as coisas.

—Você me enganou direitinho! O pessoal está aí, por isso você chegou sozinha ao hospital.

Ela abriu um sorriso.

—Já contou a eles sobre a gente?

—Não!

—Então que desculpa usou para justificar a minha vinda a sua casa?

—Liv!

Sua filha foi à melhor desculpa para não despertar qualquer desconfiança dos amigos naquilo tudo. Ela inventou que a menina queria porque queria fazer em casa uma festinha surpresa para o supervisor, e ela não teve como negar o pedido insistente da filha. O pessoal achou uma ótima idéia a festinha e na hora toparam se juntar nessa. E sem sequer suspeitar da reconciliação dos amigos, Catherine ‘’sugeriu’’ a Sara que fosse ela a encarregada de ir buscar Grissom no hospital e trazê-lo para a casa. Só para não levantar suspeita, a morena ainda contestou um pouco essa idéia da amiga, mas depois concordou em ir buscar Grissom.

—Vamos? Já devem estar impacientes com a nossa demora.

Sara desceu do carro e encaminhou-se para o lado do carona para auxiliar Grissom a sair do veículo. Enlaçando sua cintura, a morena foi dando ao supervisor apoio no caminho lento do carro até a porta. E quando já se aproximavam da porta da casa, Grissom não resistiu e acabou confessando:

—Esse seu cheiro está me tirando o juízo!

Não satisfeito, o supervisor muito discretamente ainda aproximou seu rosto do pescoço dela pra assim sentir mais ainda aquele cheiro bom que emanava dela.

—Ei!! Comporte-se! – Ela lhe resmungou com um discreto sorriso.

—Difícil! Com você assim tão perigosamente perto não dá pra me comportar.

Ela apenas balançou a cabeça ainda sorrindo e logo eles já adentravam na casa. Lá, Grissom foi cumprimentado com abraços e mais abraços de cada um dos presentes. 

—Eu sinceramente não esperava por isso. Posso saber de quem foi a idéia disso?

—Da Liv! – Sara piscou para a filha em seu colo e a menina sorriu. Antes de sair de casa, ela conversou com a filha e combinou com ela que caso alguém perguntasse era pra dizer a todos que a idéia tinha sido dela. A menina mesmo não entendendo bem a razão daquela ‘’mentirinha’’ aceitou isso. Elas duas juntamente com Any eram cúmplices naquela pequena mentira a respeito da festa.

—Você gostou, Gil?

—Muito, princesa! – Ele deu um beijo no rosto da garotinha que retribuiu lhe dando um abraço.

—Aí... Agora que o chefe chegou e fizemos a surpresa pra ele, será que podemos... Comer os petiscos que a Cath trouxe?

—Greg!!

—Ora, eu tô com fome, gente! – Defendeu-se o jovem CSI erguendo as mãos e dando um sorriso sem jeito.

—Novidade! E quando você não está né cara?

—Quando acabo de comer, Nick!

Inevitavelmente a risada foi geral. Instantes depois com todos acomodados e apreciando os petiscos com suco já que não poderia tomar nada alcoólico, pois trabalhariam naquela noite, Grissom e Sara aproveitaram o momento mais do que apropriado para contar logo a boa notícia aos amigos. Sem fazer rodeios, disseram ao grupo reunido ali que tinham se reconciliado e estavam juntos novamente há alguns dias, porém não contaram antes porque haviam combinado de só fazerem isso depois que ele saísse do hospital. O pessoal perdoou essa pequena omissão e felicitou os amigos pela reconciliação. Foi uma enxurrada de ‘’vivas’’, abraços no casal e um brinde pela boa nova.

—Ah... É tão bom saber que vocês estão juntos de novo.

Catherine não se cabia de felicidade pelos amigos. Mais feliz que ela por conta da reconciliação dos dois, somente Liv. A garotinha por sinal, não desgrudava do seu amigo supervisor desde quando o ouviu contar que voltaria a morar ali com elas.

— Já não era sem tempo de vocês se acertarem. – Jim comentou depositando seu copo sobre a bandeja na mesa de centro. _Se bem que mais uma vez nos esconderam que estavam juntos.

—Foi uma pequena mentirinha.

—E eu não desconfiei de nada. Espera... Naquele dia que falei com você sobre perdoar o Grissom...

—Ele e eu já tínhamos nos reconciliado, Cath. E se você não tivesse saído às carreiras da sala como saiu, eu acho que teria te contado sobre a gente.

—E quanto ao Ecklie? Quando vão contar a ele que estão juntos de novo?

—Ainda não falamos sobre isso, Warrick. Mas estou pensando em contar quando retornar ao trabalho.

—Ele vai surtar quando souber de vocês.

—Que surte!Já estou bem vacinado contra os surtos dele.

O assunto ‘’Ecklie’’ foi dado como encerrado e coisas bem mais interessantes foram conversadas entre o grupo de amigos. Não houve ninguém que não caísse na risada quando Sara resolveu contar sobre o papel ridículo que Grissom os fez passar instantes atrás no hospital. Greg não perdeu a oportunidade de sair com uma de suas brincadeiras com o chefe a respeito do ocorrido no hospital, mas Grissom pouco se importou, estava feliz demais pra se incomodar com as brincadeiras de seu subordinado mais novo.

E foi assim num clima totalmente descontraído que a reunião prosseguiu animada. O tempo pareceu voar tão depressa ali, e logo dava o horário do pessoal ir. Um a um, eles se despediram do supervisor, porque o dever os chamava para mais uma noite de trabalho e casos a serem solucionados.

—Se recupere logo, meu amigo. – Catherine desejou enquanto dava um abraço no supervisor. Ela era última do grupo que faltava se despedir do amigo.

—Vou preferir que isso demore um pouquinho só pra aproveitar melhor esses dias em casa. – Grissom disse somente para a amiga ouvir.

—Acho que está merecendo isso mesmo.

Ele sorriu antes deles desfazem abraço.

—Fica bem!

—Vou ficar.

Ele ficaria melhor ainda se Sara pudesse também ficar aquela noite em casa, mas entendia que isso não podia ser possível, pois a equipe ficaria sobrecarregada sem dois integrantes. Mas era uma pena que em sua primeira noite de volta pra casa, Sara não estaria ali!

—Sara, você me dá uma carona? Eu não vim no meu carro.

—Claro, Catherine!... Hum... Gil, eu tô indo, mas deixo você com duas ótimas enfermeiras. – A perita lançou um olhar para a filha e Any. _Elas me disseram que vão cuidar muito bem de você, principalmente a Liv, não é filha?

—Aham!

Ele sorriu.

—A gente se vê amanhã de manhã!

Ele assentiu e ganhou um beijo dela. Queria tanto que ela não fosse trabalhar, mas ela tinha que ir. Paciência!

Sara se despediu de Liv e depois seguiu com Catherine pra ir trabalhar.

Assim que as duas mulheres se foram junto com os demais, Any começou a recolher as louças sujas da mesinha e disse a Liv pra ela ficar fazendo companhia a Grissom enquanto ia lavar a louça. A menina assentiu e ficou ali com o supervisor crivando-o de perguntas como era de seu habitual.

***

Sara terminava de se preparar na sala de armários para ir a sua cena de crime com Nick que já havia saído dali dizendo que a esperaria no estacionamento, quando viu de canto de olho Teri entrar no mesmo lugar onde ela se encontrava. A loira tinha encerrado seu caso momentos atrás e estava indo embora agora. Ela ao notar a presença da perita morena não perdeu a chance de provocá-la.

—Ouvi dizer que hoje o Gil sairia do hospital. – Ela soube por Ecklie sobre a alta que o supervisor receberia hoje a tarde. Gostaria de estar lá pra quem sabe levá-lo em casa, mas estava trabalhando no horário da saída dele.

Calada Sara estava e calada permaneceu enquanto colocava seu colete. Ela fingiu que não era com ela que aquela mulher falava. 

E Teri não satisfeita continuou a provocar.

—Acho que amanhã vou ao apartamento dele para lhe fazer uma visita como havia dito. Quem sabe tomo um café com o meu adorável Grissom já que somos íntimos.

Sara sabia que Teri estava falando tudo àquilo com o único intuito de lhe tirar do sério, mas dessa vez, ela não conseguiria aquilo.

—Não vai falar nada?

Teri se irritou e estranhou o silêncio de Sara. Será que ela não havia se importado com o que disse? Duvidava!

Sara terminou de fechar o colete e bateu forte a porta de seu armário que estava aberta, assustando Teri. A loira com isso viu que havia conseguido atingir a morena. Ela viu a outra caminhar até ela parando a milímetros de si.

—Vai lá e faça uma boa visita ao Grissom! E também aproveita bem o café com ele!

A morena passou propositalmente trombando seu ombro com o de Teri e saiu da sala sorrindo sem que a rival visse. ‘’ Você vai dar com a cara na porta mesmo!’’, pensava Sara enquanto seguia atrás de Nick para eles irem trabalhar.

Na sala dos armários, Teri ficou sem entender nada daquela reação de Sara.

—Será que o Grissom não interessa mais pra ela?

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