Capítulo 143 - Uma visita indesejável e outra inesperada

Há poucas horas, Collins tinha saído de seu quarto. O detetive lhe pediu desculpas porque já era pra ter vindo muitas horas antes, mas aconteceu um imprevisto e ele só pode vir pela parte da tarde pra tomar o depoimento de Grissom. O supervisor o tranqüilizou e assim que Collins lhe pediu, ele então começou a relatar ao detetive o que ele queria saber. Foi um depoimento que durou pouco mais de uma hora e fora muito bem detalhado pelo supervisor. De posse do depoimento de Grissom, Collins despediu-se dele estimando-lhe melhoras e então foi embora deixando o supervisor novamente sozinho e ansioso pra que Sara aparecesse logo por aquela porta. De tanta ansiedade, o supervisor acabou cochilando.

Era por volta das cinco quando ela chegou à recepção do hospital e não perdendo tempo, perguntou logo à moça que ali estava trabalhando, qual era o quarto em que estava internado o paciente Gilbert Grissom. A recepcionista consultou seu computador e poucos segundos depois já dava a informação que queria aquela mulher que lhe indagara. Com o número do quarto do supervisor em mãos, ela seguiu para ver Grissom. Não demorou nada para estar diante da porta do quarto dele. Pensou em bater, mas optou por não fazer isso e ao abrir a porta devagar, ela o encontrou sozinho e ao que parece dormindo. Com todo cuidado, fechou a porta e em passos cauteloso foi se aproximando dele. Achou bem estranho não encontrar nenhum dos amigos dele lhe fazendo companhia ou até mesmo Sara, pois pelo que soubera por Ecklie, a morena passou a noite como acompanhante do supervisor, algo que deixou Teri furiosa e com a pulga atrás da orelha em relação aqueles dois. Mas, por sorte não encontrou ninguém ali o que fora melhor assim ou do contrário, tinha certeza que não conseguiria vê-lo, pois nenhum deles a deixariam entrar ali.

Ela quase não acreditou quando soube o que aconteceu com seu adorável supervisor. Há cinco dias tinha ido a Los Angeles a pedido de seu antigo chefe pra com seus conhecimentos em Antropologia auxiliar na investigação de um caso. E quando retornou hoje de L.A há poucas horas, soube por Ecklie o que tinha acontecido e não pensou duas vezes pra estar ali no hospital, ainda mais quando soube que Sara estava com Grissom.

Parada ao lado de onde o supervisor se encontrava, a loira não resistiu à tentação de tocá-lo. Com uma das mãos, ela segurou a mão dele e com a que se encontrava livre, afagou levemente seus cabelos. Mas para seu total desgosto, no instante seguinte em que o tocara, ouviu-o murmurar com um sorriso nos lábios, o nome daquela a qual ela tanto odiava.

—Sara!!

Imediatamente, ela recolheu a mão cheia de raiva. Era a segunda vez que ele lhe chamava pelo nome daquela mulher. Parecia até carma!

—Não é a Sara, Gil! – Ela lhe retrucou, tentando esconder no seu tom de voz a ira que sentia por mais uma vez ele confundi-la com Sara.

Ele abriu os olhos devagar e não deixou de ficar surpreso em se deparar com a figura de Teri parada, ali ao seu lado. Por um momento, ele achou que fosse Sara quem estivesse ali já que sonhava com ela e em seu sonho a morena afagava seus cabelos. Mas para a frustração total do supervisor não era Sara.

—Teri!!

—É incrível que mesmo com o que ela te fez você ainda a mantenha em seus pensamentos!... Pensei que tinha me dito que ia tentar esquecê-la.

—E eu pensei que ainda estivesse em Los Angeles! – Ele resolveu ignorar o comentário impertinente dela. Se ele mantinha Sara em seus pensamentos ou tentava ou não esquecê-la, era problema dele e não dizia respeito a sua ex-amiga.

A resposta ríspida e o olhar severo que via o supervisor lhe lançar, fizeram Teri imediatamente se dar conta do quão errado foi o que disse. Por um momento, deixou-se levar pela raiva e ciúme, e se excedeu no comentário. Na atual situação em que o supervisor andava se distanciando cada vez mais dela, um comentário como aquele poderia pôr a perder suas chances de conseguir se reaproximar novamente dele.

—Me desculpe. Eu não devia ter dito aquilo!

—Não mesmo!

—Eu chequei hoje de Los Angeles. Mais cedo liguei para o Ecklie pra avisá-lo sobre meu retorno e dizer que amanhã já voltaria ao trabalho, e ele me contou o que aconteceu com você. Não pensei duas vezes em vim te ver, saber como está. – Ela se explicou.

—Como pode ver, estou bem apesar do tiro que levei! Tive sorte da bala não acertar nenhum órgão.

—Eu soube disso. E também sobre o sujeito que tentou te matar.

A verdade é que ela sabia exatamente de tudo. Ecklie havia lhe dado todas as informações a respeito do estado do supervisor bem como, os detalhes de como tudo aconteceu na noite passada.

—Aquele sujeito é um desequilibrado. Acha que eu matei o irmão e queria se vingar por isso.

—Você sabia da existência desse sujeito?

—Desconhecia completamente. Na época que investiguei sobre a vida do irmão dele, o nome desse tal Jack não apareceu.

—Como isso é possível?

—Collins me contou que o sujeito lhe disse em depoimento que ele era irmão bastardo e não reconhecido pelo pai de Tom, o assassino da Susan. No papel não há qualquer parentesco entre eles, por isso, não apareceu nada a respeito dele nas investigações feitas na vida de seu irmão anos atrás.

—De qualquer forma, o que importa é que esse sujeito já está preso e não terá mais oportunidade de atentar contra a sua vida novamente.

—É o que espero!

—Sabe... Quando Ecklie me contou o que aconteceu com você, eu fiquei muito preocupada.

—Posso imaginar!

Ele resmungou sem muito interesse. A verdade é que não estava se sentindo nada confortável com a presença dela em seu quarto. Houve um tempo em que a companhia de Teri lhe era agradável, bem como, manter uma conversa com ela, mas esse tempo ficou pra trás, muito pra trás!

—Apesar de você estar distante de mim e as coisas entre a gente não serem mais as mesmas, eu continuo tendo o mesmo carinho por você.

—Teri, você sabe perfeitamente que a responsável pelo meu distanciamento e pelas coisas entre nós estarem como estão, é você mesma. Ou será que já esqueceu o que fez?

Por essa ela não esperava. Tinha vindo achando que depois do que aconteceu, ele estaria mais suscetível a sua reaproximação. Mas pelo visto isso estava longe de ser realidade. Ele parecia mais inacessível e ela podia jurar que sua presença estava incomodando-o. Mal sabia que isso era a mais pura verdade!

—Não esqueci, e você pelo visto também não, né?

—Não mesmo!

Ele respondeu sem titubear. O que ela fez era algo do qual jamais esqueceria. Mandar uma foto sua pra Sara só para que ela soubesse que eles tinham dormido juntos, era algo tão baixo e impossível de esquecer. E ainda tinha todas as outras coisas que ela fez em suas costas e as mentiras que inventou, a qual também não esqueceria. Ele se deu conta de que sua amiga nunca foi quem ele achou que fosse. Ela talvez tenha o enganado a vida toda fingindo ser quem não era!

—Eu sei que não tenho sido ultimamente a melhor pessoa do mundo e nem minhas atitudes têm sido das mais aceitáveis. Cometi erros e alguns excessos, mas estou arrependida deles. Será que não pode me perdoar por isso?

Por mais que Teri estivesse sendo verdadeira (o que no caso não acontecia ali), Grissom não conseguia acreditar muito nas palavras da amiga. Tinha se decepcionado bastante com ela a ponto de desconfiar de seu aparente arrependimento. Talvez ela estivesse tentando enganá-lo mais uma vez como já aconteceu em outras ocasiões.

—Teri esse não é o melhor momento pra esse tipo de conversa. – Ele preferiu não responder sua pergunta e se abster de comentários. _E se não se importa, eu acho melhor você ir! – Ele gostaria que ela saísse antes mesmo que Sara aparecesse.

—Está me expulsando?

Ele sentiu ímpetos de dizer realmente a verdade, que estava lhe expulsando, porém a boa educação mandou que não fizesse isso.

—Não, Teri! Mas apreciaria muito se fosse agora e me deixasse sozinho. Tomei há alguns minutos uns remédios e eles me deixaram um pouco sonolento. – Ele alegou. Isso não era verdade, mas para não bancar o grosseiro, ele inventou essa desculpa para fazer a loira ir embora.

Teri não desconfiou de sua mentira e mesmo não contente por ter que ir, aceitou isso.

—Tudo bem, eu vou indo então. Mas sobre o meu pedido de desculpa... Leve em consideração os velhos tempos, a história que tivemos a amizade, o carinho e tudo de bom que compartilhamos e me perdoe. – Ela aproveitou a proximidade das mãos de ambos e agarrou a dele, confessando-lhe em seguida: _Eu gosto tanto de você!

Para a infelicidade de Grissom, nesse mesmo instante em que Teri estava segurando sua mão e lhe proferindo aquelas palavras, a porta do quarto foi escancarada por Liv e logo atrás da menina aparecerem Sara e Any.

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