Capítulo 141 - Senti medo de perder você!
—Sara, me desculpe!... Não quero que pense que falei isso com a intenção de sei lá... Aproveitar-me do que me aconteceu pra de alguma forma, convencê-la a me perdoar. Longe disso! Creio que fui muito inconveniente ao ter dito aquilo. Portanto, peço que me desculpe! – Ele pediu sinceramente.
Ela não deixou de ficar um pouco decepcionada com o fato dele estar se desculpando. Mesmo tendo sido pega de surpresa com o que ele havia lhe dito momentos atrás, ainda assim, tinha gostado do que ouviu. Só que, agora, ele pedindo desculpa lhe fez imaginar que talvez tenha se arrependido. Se isso aconteceu, seria uma pena!
—Você não precisa se desculpar, Grissom! A não ser que... Tenha se arrependido do que me disse. Por acaso foi isso que aconteceu? Você se arrependeu?
Obviamente não havia se arrependido do que disse, muito pelo contrário. Entretanto, se arrependia era pelo momento ao qual havia deixado escapar tais palavras. Ela poderia concluir erroneamente que ele estaria querendo se aproveitar da situação a qual se encontrava pra tentar convencê-la a perdoá-lo, o que nem em sonho foi sua intenção ao ter deixado escapar aquelas palavras. Ele só disse a verdade, porem no momento errado, ao menos achava isso!
—Não, não me arrependi, Sara! – Ele respondeu alguns segundos depois.
—Que bom então! - Ela não conseguiu conter e deixou um pequeno sorriso escapar.
Grissom não esperava por essa resposta dela. Imaginou que ela fosse lhe dizer qualquer outra coisa, menos isso.
E antes que tivesse a chance de dizer algo a esse respeito, o médico entrou no quarto.
—Bom dia!
—Bom dia, doutor! – Foi somente Sara quem respondeu.
—Olá, senhor Grissom! Sou o médico que lhe atendeu ontem. Como está se sentindo?
—Hãm... Estou... Bem, apesar de sentir um pouco de dor no local onde fui ferido. – Ele contou ainda tentando assimilar o que queria dizer exatamente aquele ‘’Que bom então!’’, que Sara lhe falou.
—Essa dor é por conta do efeito da anestesia que já passou. Tivemos que fazer uma cirurgia pra extração da bala, mas creio que a sua acompanhante já deva ter lhe contado isso, não?
Grissom desviou o olhar por uns segundos do médico para encarar Sara que havia se afastado um pouco dele, para justamente dar passagem ao médico de se aproximar do supervisor. Acompanhante??... Isso significava que ela passou a noite ali ao seu lado. Ela ainda se preocupava com ele a ponto de ficar ao seu lado no hospital!... E se isso ainda acontecia, ele imaginou esperançosamente, que, talvez, fosse pelo fato de que, lá no fundo, ela ainda sentisse um pouco de amor por ele. Isso lhe encheu de esperanças de que nem tudo estivesse perdido.
—Não, ela não teve tempo pra me contar isso. – Ele voltou sua atenção ao médico. _Foi agora pouco que despertei então ainda não deu pra gente falar muito.
O bom doutor então começou a contar a Grissom todo o procedimento ao qual lhe submetera desde que ele dera entrada naquele hospital. Logo depois finalizou, dizendo ao seu paciente que ele teve muita sorte pelo projétil não ter lhe acertado algum órgão, pois do contrário, as consequências poderiam ter sido outras e, até bem mais graves.
—Não vou ficar muito tempo aqui, vou?
—Creio que em três dias talvez já possa ir pra sua casa.
—Bom!
O médico ainda permaneceu no quarto por mais alguns poucos minutos e depois, se foi com a promessa de que a tarde retornaria pra uma ‘’visita’’ de rotina ao seu paciente.
Tão logo, ele saiu dali e o quarto caiu no silêncio. E mais uma vez coube a Grissom tomar a iniciativa de desfazer isso ao indagar Sara a respeito do sujeito que lhe baleou. Ela lhe contou que o tal Jack fora atingido de raspão na perna e trazido ao mesmo hospital em que Grissom estava, porém como o ferimento do outro sujeito fora apenas superficial, ele após ter sido atendido na emergência foi levado para a delegacia onde se encontrava detido.
—Você se arriscou muito ao ir pra cima daquele sujeito. Podia ter morrido, sabe disso, não é?
—É, eu sei!
—E ainda assim fez o que fez?
—Eu precisava fazer algo pra evitar que o pior acontecesse a nós... A você! Não ia deixar que aquele sujeito desequilibrado fizesse mal algum a você. A mim, ele podia fazer o que quisesse, mas a você não!
Ela ficou tocada com suas palavras.
—Eu queria te agradecer por arriscar sua vida pra salvar a minha.
—Não precisa fazer isso, Sara. Eu fiz e faria de novo se preciso fosse. Já tive a terrível experiência de perder de forma trágica alguém que eu amo e não suportaria se o mesmo filme se repetisse.
—O irmão dele matou a Susan, não foi? – Ela quis tirar a dúvida.
—Sim! E ele queria se vingar, porque na cabeça dele, eu matei seu irmão, o que não é verdade! Esse sujeito foi condenado à morte por assassinar uma inocente!... E pra falar a verdade, eu sequer tinha conhecimento que Tom tivesse um irmão. As investigações feitas na época a respeito dele não revelaram qualquer parente vivo. Ele era um sujeito sozinho na vida e com a ficha limpa até então. Mas acabou sujando-a ao matar a Susan!
—Por que será que esse Jack levou três anos pra vir se vingar de você?
—Eu não sei, Sara! E pra ser bem sincero, também nem quero saber. Só quero que esse sujeito fique preso.
O celular dela tocou e no terceiro toque, a perita já atendia a chamada que era do detetive. O homem queria saber de notícias de Grissom, e Sara lhe contou que ele já havia acordado e se encontrava bem.
—Que boa notícia, Sara! – Comemorou o detetive. _Fico feliz que ele esteja bem e fora de perigo. Foi um tremendo susto o que aconteceu ontem.
—Nem me fale!
—O tal Jack já prestou depoimento e quer saber? Ele é um sujeito completamente desequilibrado e com uma obsessão e um ódio explícito pelo Grissom. Ele contou que há mais de um ano vinha acompanhando a rotina do supervisor e tudo o que ele fazia. Sabia cada passo que ele dava e cada pessoa que se relacionava com ele, tudo isso pra sua vingança. Na casa dele foram encontrados espalhados pelas paredes, diversos recortes de jornais a respeito do supervisor, além de inúmeras fotos dele sozinho, outras em que ele estava com o pessoal do laboratório e até mesmo algumas com você, Sara.
Ela ficou estarrecida com tudo isso. Esse sujeito parecia mesmo obcecado por Grissom e por uma vingança que não fazia sentido algum. Ainda bem que no fim, ele não conseguiu dar conclusão ao que tinha em mente. Grissom estava vivo e esse sujeito agora se encontrava preso para tranqüilidade de todos e segurança do supervisor.
—Ao menos preso, agora, ele não tentará mais nada.
—Com certeza! E gostaria se fosse possível, que você comparecesse agora pela manhã pra dar seu depoimento. Quero agilizar esse caso. A que horas é mais oportuno pra você?
Ela consultou rapidamente seu relógio. Passava das sete e por esse horário, o pessoal já devia estar a caminho do hospital pra visitar Grissom.
—Me dê uma hora no máximo e estarei aí, tudo bem? – Esperaria a chegada dos amigos pra só então ir, pois desse modo, o supervisor não ficaria sozinho.
—Sim! Fico no seu aguardo então. E avise ao Grissom que irei o mais breve possível tomar o depoimento dele.
—Avisarei, sim.
—Então até mais, Sara!
—Até! – Ela finalizou a chamada. _Era o detetive Collins. Queria saber notícias suas. – Contou a morena guardando o celular.
—Hum... E ele falou algo a respeito do sujeito que tentou nos matar?
Ela lhe contou o que tinha acabado de saber pelo detetive e finalizou falando que Collins lhe pediu pra ir à delegacia prestar logo seu depoimento e pediu também pra avisar a Grissom que viria ao hospital pegar o depoimento dele.
—Tudo bem. Dou esse depoimento e depois, tudo o que eu quero é esquecer esse tal Jack e o que aconteceu.
Ele suspirou. Seus olhos encarando o teto do quarto enquanto sua mente trazia de volta as lembranças da noite passada. Toda aquela situação a qual fora submetido naquela noite mais parecia um filme de ação misturado com horror, porém, o final não podia ter sido o melhor. Ele estava vivo e o outro sujeito preso.
—Fiquei com medo! – Ela admitiu sinceramente.
—A situação na qual estávamos, daria medo em qualquer um mesmo, Sara.
—Não, você não entendeu. – Ela retrucou atraindo de imediato o olhar curioso dele pra si. _Quando eu disse que ‘’fiquei com medo’’, não estava me referindo exatamente à situação que passamos. Eu fiquei com medo de perder você!
Ele não esperava por aquelas palavras. Por um momento, julgou ter escutado demais ou talvez, ter entendido errado o que ela lhe disse. E por isso mesmo, indagou:
—Você disse realmente o que acho que ouvi?
Mas pra frustração do supervisor, Sara não pode lhe responder já que uma batida na porta do quarto a impediu disso.
—É aqui o quarto de certo supervisor que quase me matou de susto?
Foi impossível pra Sara e Grissom não esboçarem um sorriso diante das palavras de Catherine.
—É aqui sim! E sinto lhe informar que ainda não foi agora que se livrou de mim, Cath! – O supervisor brincou vendo a amiga entrando no quarto e com surpresa notou que ela não tinha vindo sozinha. Seus meninos também tinham vindo junto com ela. Todos!
—Oi, Sara! – Cath cumprimentou a amiga que retribui as palavras. Depois dirigindo-se ao supervisor, ela lhe disse:_E quem foi que disse que eu quero isso?... Meninos, vocês querem se livrar dele? – Ela virou-se para os companheiros.
—Não! – Os três responderam em coro, causando risos em todos ali no quarto.
—Viu só?! Ninguém aqui quer se livrar de você!
—Melhor assim! – Ele sorriu.
—Agora me diz... Como você está?
Enquanto ele se distraía respondendo a pergunta de Catherine e depois, contando a loira e aos outros sobre o terror da última noite, Sara discretamente fez um sinal para Nick chamando-o para um canto do quarto.
—O que foi?
—Vou aproveitar que ele está distraído e que vocês estão aqui com ele, para ir à delegacia. O Collins quer meu depoimento logo.
—Quer que eu te leve? Você está sem seu carro que ficou lá no estacionamento do laboratório.
—Não precisa.
—Você ainda volta pra cá?
Ela lançou um rápido olhar para Grissom que esboçava um sorriso por conta de algo que Cath havia lhe dito. Até gostaria de voltar, mas estava se sentindo tão exausta, com sono e começando a ficar um pouco enjoada, que achou melhor ir pra casa mesmo. Antes de ir trabalhar, ela daria uma passada ali pra vê-lo.
—Eu preciso ir pra casa um pouco, Nick. Descansar, dormir, coisa que não consegui fazer durante a madrugada. Além do mais, estou começando a ficar enjoada, então...
—Sendo assim, não acha melhor ir primeiro pra casa e mais tarde ir à delegacia?
—Já disse ao Collins que iria agora de manhã. Ele está me esperando.
—Você quem sabe.
—Eu vou indo sem me despedir mesmo. Você diz aonde fui quando Grissom e os demais se derem conta que não estou mais aqui, está bem?
—Pode deixar. E vê se descansa!
—Vou fazer isso!
Ela saiu do quarto sorrateiramente pra que ninguém além de seu amigo Nick notasse sua saída. Já em frente ao hospital, a perita pegou um táxi e cerca de vinte minutos mais tarde, ela já se encontrava diante de Collins pra prestar seu depoimento.
Enquanto isso no hospital, Grissom já havia dado por falta de Sara e descoberto por Nick que ela já tinha ido. O supervisor não pode deixar de ficar decepcionado com o fato de a morena ter ido embora sem ao menos se despedir dele ou lhe avisar que estava de saída, mas tentava mascarar isso para os amigos. E pra a maioria ali ele estava se saindo bem nisso, porém havia uma pessoa entre o grupo, que notava algo de errado no supervisor. Ela esperaria o momento oportuno pra saber o que se passava com Grissom.
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