Sara que não fazia ideia que sua filha estivesse sob os cuidados de seu supervisor, chegou ao estacionamento do laboratório naquele momento.

_Sara vi hoje no quadro de avisos que nossa folga caí no mesmo dia.

_Eu vi também. - ela tirava seu cinto de segurança.

_E eu queria te convidar pra ir ao cinema comigo, claro como amigos. - apressou-se em lhe dizer. _Eu não tenho companhia e não tem graça ir sozinho. Você aceita?

Ela fica surpresa com o convite dele. Pensou em recusar, mas por fim resolveu aceitar.

_Eu aceito, Greg! Faz tempo que não vou ao cinema mesmo. Depois do turno a gente combina o horário. Agora vamos voltar ao trabalho, porque esse caso é meio complicado, certo?

_Certo!

Ele responde animado por ela ter aceitado seu convite. Há tempos queria convidá-la, só que não tinha coragem e também a folga deles nunca coincidia. Agora que aconteceu isso, ele resolver aproveitar a chance e felizmente, teve êxito.

A dupla adentra no laboratório carregando as evidências do caso. Quando passaram pela recepção foram parados por Judy que chamou a perita morena.

_Sara, o dr. Grissom pediu pra lhe avisar que assim que chegasse fosse à sala dele, pois precisa falar com você.

A perita morena franze a testa estranhando esse aviso.

_Ele não adiantou o assunto?

Grissom pediu à Judy que ela não mencionasse à Sara sobre a presença da filha da mesma no laboratório.

_Não!

_Ok! Depois passo na sala dele e...

_Desculpe, mas acho melhor que vá agora, porque é meio urgente. - conta a mulher interrompendo a perita.

Sara encara com desconfiança Greg. O que de tão urgente Grissom queria falar com ela?

_Tá bom, Judy. Vou falar com ele agora. Obrigada por me avisar.

_Não foi nada! - respondeu simpaticamente a recepcionista.

_O que será que ele quer com você? - Greg perguntou enquanto eles caminhavam pelos corredores do laboratório.

_Sabe lá Deus! Com certeza, quer torrar a minha paciência, só pode!

Greg riu dela.

_Vou adiantando as coisas do caso enquanto você vai lá falar com o chefinho. Te espero na sala de evidências.

_Tá bom.

Os dois se separam ao fim do corredor e seguiram um pra cada lado.

Sara chega a porta da sala de seu supervisor e como a mesma se encontrava encostada, a morena adentra sem bater mesmo.

_Você pode me dizer o quê...

Ela pára de falar assim que enxerga sua filha dormindo no sofá da sala de Grissom. A perita olhou pra seu chefe sem entender nada.

_O que a Liv faz aqui? - cochichou Sara aproximando-se com rapidez da mesa do supervisor.

_Any precisou sair por conta de algo urgente que aconteceu, então deixou a menina aqui comigo. - num cochicho ele contou sem rodeios.

_E por que ela não me ligou avisando que tinha que sair?

A mulher estava séria e sua expressão não era nada boa. Se era uma coisa que Sara não gostava, era que Lívia ficasse com outras pessoas sem que antes a morena fosse avisada. E, Sara gostava menos ainda, de ver sua filha sob os cuidados de quem ela detestava como no caso Grissom.

_Ela te ligou várias vezes, só que por conta do lugar em que você estava seu celular só dava fora de área.

Grissom explicou calmamente e mantendo um tom baixo ao falar pra não acordar Lívia que dormia serenamente. O supervisor notou pela cara de Sara, que ela não havia gostado nada dele ter ficado com a menina. E pelo que parecia sua subordinada estava prestes a explodir de raiva na frente dele. Levantando-se de sua cadeira, Grissom foi até Sara.

_Vamos conversar lá fora pra não acordar a sua filha. - ele segurou delicadamente no braço de Sara e guiando-a pra fora da sala.

Quando já estavam do lado de fora, Sara puxou seu braço seguro por Grissom e o questionou sem rodeios:

_Me explica o que de tão urgente fez a Any largar a minha filha com um estranho? - ela estava visivelmente  irritada.

_Primeiro que ela não largou sua filha. Ela apenas deixou a menina aqui, porque eu pedi. E segundo que não sou um estranho, sou seu chefe.

_Não quero a Liv perto de você. - ela estava enfurecida com o fato de sua filha ter ficado com ele. Any podia ter deixado Lívia com qualquer outra pessoa menos com aquele sujeito.

_Por quê? Eu não sou nenhum criminoso pra fazer mal à sua filha.

_Olha não quero discutir isso agora, apenas me diga o que fez Any sair e deixar a Liv aqui? Eu espero que seja algo muito sério pra ela ter feito o que fez. Porque ela sabe perfeitamente que não gosto que deixe minha filha com outras pessoas e sem me avisar. - ela cruzou os braços séria.

Alguns técnicos olhavam discretamente para os dois, pois devido a sua raiva, Sara estava falando um pouquinho alto. Grissom com toda calma que nem ele sabia de onde tinha tirado, pediu à ela:

_Abaixe um pouco o seu tom da voz, porque os outros estão olhando pra nós.

_Que se danem os outros! Anda, Grissom desembucha.

O supervisor resolveu contar logo antes que o 'escândalo' dela aumentasse. Ele falou sobre o telefonema que Any recebeu a respeito da tia dela. Depois mencionou as infrutíferas tentativas de Any em entrar em contato com Sara antes de vir para o laboratório a fim de ver se conseguia encontrá-la para pessoalmente lhe contar o que tinha ocorrido. Mas como isso não aconteceu, ela veio falar com ele e Grissom se ofereceu pra ficar com a menina até que ela chegasse, pois notou o desespero de Any em querer ir ver sua tia.

A medida que ele foi contando e explicando a situação, Sara foi se acalmando e entendo os motivos pelos quais Any havia feito o que fez. Se pôs no lugar da babá e percebeu que também faria o mesmo, caso algo do tipo tivesse acontecido com alguém de sua família.

_Coitada da Any.

_Você tinha que ver o desespero dela.

_Posso imaginar. Ela sempre me falou dessa tia. Any é muito apegada a essa senhora, porque foi ela quem a criou depois que seus pais morreram em um acidente quando Any tinha apenas sete anos.

_Então é mais que justificável o desespero e a agonia dela de querer ir vê-la o mais rápido possível.

_Com certeza.

Eles se falavam agora sem o clima pesado de minutos atrás.

_Sara, ela queria ter te avisado, mas não conseguiu. Quem sugeriu que Any deixasse Lívia aqui comigo fui eu, não ela. Então não brigue com a moça.

_Não vou brigar. Eu entendi a urgência dela. Agora o que eu não entendo é por que você se ofereceu pra ficar com a Liv?

_Pra ajudar a Any. Ela estava desesperada pra ir.

_Hum... - suspirou pesadamente. _E agora o que vou fazer? Estou no meio de um caso difícil com o Greg, não...

_Não se preocupe, pode sair do caso. - o supervisor avisa interrompendo-a.

Sara arregala os olhos em sinal de completa surpresa com o que acabava de ouvir de Grissom.

_Eu assumo o seu lugar. - ele afirmou pra ela. _Leve sua filha pra casa aqui não é um bom lugar pra crianças.

Sara surpreendeu-se com a gentil atitude dele. Mais parecia até ser outro sujeito e não o grosseiro de srmpre.

_É você mesmo ou te trocaram?

_Estou falando sério.

Ela o encara bem como que procurando algo de errado nele, mas nada encontra. Seu chefe parecia bem!

_O que te deu, hein? Você está calmo comigo e me tratando de forma até educada demais pro meu gosto. - falou desconfiada.

Grissom passou a mão pelo queixo barbudo e balançou a cabeça de um lado para o outro. Como aquela mulher era complicada demais pra entender. Cada vez mais ele a entendia menos. Era uma complicação só.

_Eu não te entendo sabia? - Sara estreita seus olhos nele. _Se eu te trato de um jeito grosseiro, você reclama e solta os cachorros em cima de mim. Agora se te trato de maneira educada, você também reclama. Afinal, como você quer que eu te trate, dá pra me esclarecer?

Sara não gostou do jeito como ele havia falado agora com ela.

_Pelo visto já voltou a ser o limão azedo de sempre, não é? Deixa, eu pegar a Liv pra ir embora antes que você mude de ideia. - ela entrou de volta na sala dele deixando-o sozinho no corredor.

O supervisor passou a mão pelo rosto não entendendo a atitude dela. Segundos depois, ele entrou também na sala e encontrou Sara olhando pra Lívia enquanto a menina continuava dormindo alheia a divergência que acontecia entre sua mãe e o novo amigo que a menina fez amizade.

_Quem a ver assim não imagina que ela tenha um gênio tão ácido quanto o seu. - Grissom murmura pra não acordar Liv.

_Dylan dizia a mesma coisa quando ficávamos vendo-a dormir.

A sala caiu em silêncio por segundos enquanto os dois adultos observavam a menina. Depois Grissom falou de novo.

_Olhando-a bem, ela se parece muito com você. - afirmou o supervisor.

_Isso é óbvio. Ela é minha filha.

Ele fez um bico e sorriu. Ela não consegui ficar muito tempo sem lhe dar uma resposta atravessada, era impressionante.

_Acho melhor levá-la logo senão ela ficará dolorida de dormir nesse sofá. Ele não é muito confortável.

_Ok!

Sara foi até sua filha e com todo cuidado pra não acordar a pequena, pegou-a no colo. Grissom só observava o cuidado dela com a menina.

_Pode abrir a porta pra mim? - pediu, ajeitando Liv melhor em seu colo.

_Não quer que... - ele hesita um pouco em dizer, mas depois completa: _Eu a leva até seu carro pra você?

_Não precisa. Eu doou conta dela perfeitamente. Abra só a porta da sua sala pra mim.

_Tudo bem.

Grissom fez o que ela pediu. E antes de sair da sala, Sara parou na frente de seu supervisor. Meio sem jeito ela tentou dizer algo à ele.

_Grissom... Hã... É... Hum... eu... - parou de falar.

Dizer o que queria parecia difícil demais. A palavra não saía por mais que quisesse.

Ela se enrolava pra falar o que devia e Grissom não deixou de dá um sorriso discreto ao ver a dificuldade dela em dizer aquilo. Então como ela não completava logo a frase ele deu sua resposta.

_Não tem de quê, Sara. - deu de ombros.

Ela agradeceu mentalmente por ele ter entendido o que ela queria dizer.

_É isso... Então até amanhã.

_Se a Any ainda não tiver voltado amanhã e você não achar alguém pra ficar com a Lívia, não precisa vir, eu te libero.

Pela segunda vez, ela foi pega de surpresa com as palavras de seu chefe. Não estava acreditando que aquele homem educado fosse o mesmo implicando e ranzinza que ela batia de frente todas as noite no trabalho.

_O que você fez com o limão azedo que eu conheço?

_Tô morrendo de rir com isso que você disse. - ironizou.

_Eu não sabia nem que você ria. - provocou.

_Vai logo pra sua casa, vai!

_Tô indo não precisa me expulsar.

Sara se foi e Grissom ficou olhando-a até ela entrar no elevador. Depois disso, ele foi atrás de Greg pra ajudá-lo no caso. Encontrou o jovem na sala de evidências.

_Greg me ponha à par do caso.

O jovem não entendeu o porquê daquilo e Grissom vendo a confusão dele justificou.

_Vou ficar no caso com você, pois Sara precisou sair dele.

_Por que ela saiu?

_Precisou ir pra casa cuidar da filha dela. Agora vamos ao caso. Me diga o que já descobriu e se tem alguma teoria sobre o que achou?