Capítulo 135 - Abrindo o coração
Enquanto aguardava Ernest retornar a mesa com os pedidos a qual ele tinha ido buscar, Sara pensava no que teria que dizer ao policial. Era ciente de que acabaria por magoá-lo, mas devia ser franca com ele. Não seria justo alimentar esperanças das quais não havia a menor chance de se tornarem reais.
Ele parecia ser uma boa pessoa, talvez se seu coração não estivesse ocupado, quem sabe, ela não se interessasse pelo jovem e charmoso policial. Mas o problema é que havia alguém em seu coração e por mais que viesse tentando esquecê-lo, não estava conseguindo.
Grissom ainda era o dono absoluto de suas emoções, pensamentos e principalmente... Dono de seu coração!
_Aqui estão nossos pedidos!
Ela deixou seus pensamentos de lado por um momento e olhou pra Ernest que se acomodava a sua frente. Sorriu-lhe agradecida quando ele gentilmente estendeu-lhe a xícara de café que ela havia pedido.
_É bem agradável esse lugar.
_Sim, muito! Costumo vir aqui algumas vezes depois do trabalho.
_Você disse que mora perto daqui.
_Exatamente. Como esse lugar fica a caminho da minha casa e tem um café excelente, o melhor que já experimentei, então costumo vir com certa freqüência aqui. – Ela confidenciou ao policial com um sorriso antes de dar uma provada em seu café.
Ernest provou o seu e teve que concordar com Sara, de fato, o café dali era excelente.
_E sua filha como está? – O policial fez questão de manter alguma conversa entre eles pra evitar que o silêncio viesse e se instaurasse entre Sara e ele.
_Bem, obrigada. Foi somente um susto.
_Confesso que levei um pequeno susto, pois não sabia que tinha uma filha. – Confessou com sinceridade.
_Mas tenho e ela é minha paixão! O nome dela é Lívia, tem sete anos de idade. É uma garotinha muita esperta pra idade que têm, falante ao extremo e com um coração de ouro.
_Seus olhos agora brilharam ao falar dela. – Ele sorriu com a observação feita. E ela também sorriu pelo mesmo motivo.
_Pareço uma daquelas mães bobas que se derretem toda ao falar dos filhos, não é?
_Na verdade, você parece uma mãe coruja falando bem da sua cria. Sei bem como é isso. Tenho uma irmã que é assim mesmo com a filha.
_É que a gente quando é mãe ou pai, ao falar de um filho fica assim. Mas e você tem filho?
_Não, mas adoraria já ter tido. Gosto de crianças.
_Logo você encontra a mulher certa pra ser a mãe dos seus filhos.
_Ou quem sabe, eu acho que já a encontrei! – Ele não se conteve e acabou soltando tais palavras.
Diante disso, Sara ficou desconsertada. Se ainda tinha dúvidas das reais intenções do policial em relação a ela, a morena as tratou de perder naquele instante, com essa direta de Ernest.
E o policial não parou por aí. Tomado pela coragem que lhe brotou do nada, ele resolveu aproveitar pra confessar seus sentimentos à mulher a sua frente. Se for pra se arriscar, então que seja de uma vez por todas. E se for pra levar um fora, que seja logo também, pra doer só de uma vez! Como quando a gente arranca um band aid apenas em um puxão pra dor ser somente uma.
_Sara... Eu sei que te disse que esse convite era sem compromisso algum, mas... A verdade é que ele não é! Eu preciso que saiba de uma coisa... – Num impulso, o policial segurou a mão de Sara que descansava sobre a mesa e lhe confessou: _ Eu gosto de você!... E sendo bem honesto, desde que te vi naquela festa, não consegui mais te tirar da cabeça.
_Ernest... – Ela o interrompeu na tentativa de fazê-lo parar de falar, mas foi inútil porque ele continuou.
_Sei que ainda é recente sua separação do doutor Grissom, mas... – Olhando em seus olhos, ele lhe fez um pedido que estava fora de cogitação de ser aceito pela morena. _... Gostaria que me visse com outros olhos e me desse uma chance de...
_Ernest... Ernest...
Novamente, ela o interrompeu. Já havia ouvido demais e por sorte, dessa vez, ele parou de falar.
Sara por dentro, chegou a se sentir mal, porque depois de Ernest ter lhe dito tais coisas, ela agora, com o que estava prestes a lhe dizer, iria acabar com suas esperanças. Mas não havia outra forma de fazer o que faria sem que o policial não saísse magoado. Tinha que ser verdadeira com ele, mesmo ciente das consequências disso.
_Eu sinto muito, mas... Não posso fazer o que me pede. – Com delicadeza, ela puxou devagar sua mão que se encontrava sob a de Ernest.
O policial sentiu como se tivessem lhe atirado um balde de água fria na cara. Era completamente ciente de que corria o risco de ouvir o que ouviu dela, não era tolo. Mas também tinha esperanças de que fosse o contrário.
Já fazia algum tempo que uma mulher não chamava sua atenção e justo quando isso acontece, ele acaba levando um fora dela. Vai ver, ela ainda sentisse algo pelo ex!
_Não pode por que você ainda o ama, não é? – Ele quis tirar a dúvida.
A pergunta pegou Sara desprevenida, mas ainda assim, ela resolveu ser novamente, a mais franca possível e abrir seu coração ao policial. Não sabia por que, mas sentia confiança nele a tal ponto de ser sincera com ele.
_Sim! Mas também porque meu coração ainda está bem machucado por culpa do Grissom. Ele me magoou profundamente, sabe Ernest? E creio que vai levar um bom tempo pra eu me recuperar disso.
_Sinto muito de verdade.
Ernest disse com sinceridade esquecendo-se por um momento de quê segundos atrás Sara havia lhe dado um fora.
_E eu sinto sinceramente, por não poder corresponder aos seus sentimentos. Talvez, se tivéssemos nos conhecido muito antes, quem sabe, as coisas não fossem diferente, não é?
_É... Quem sabe, né? – Ele resmungou dando um sorriso triste.
_Ernest... Me desculpa. Posso vê que te feri com minha sinceridade quanto ao que me disse. – Estava péssima por ver a decepção estampando a fisionomia do policial.
_Não, não se desculpe, Sara. Prefiro que tenha sido sincera comigo. E pra ser bem franco, lá no fundo eu desconfiava que ia ser desse modo, mas ainda assim quis correr o risco. Pelo menos podemos ser amigos? – Propôs o policial agora sorrindo e estendendo a mão a Sara. Ele se contentaria em ter pelo menos sua amizade, já que outra coisa diferente disso estava fora de cogitação.
Ela não deixou de ficar surpresa e ao mesmo tempo, não conseguiu entender como depois de ter lhe dado um fora, ele ainda lhe propunha ser seu amigo, se quando o natural ali seria ele nem querer mais olhar na sua cara.
_Está falando sério?
_Claro que sim. O que me diz? Podemos ser amigos? Juro que é só sua amizade que quero e não vou ficar dando em cima de você. – O policial ergueu uma das mãos em sinal de juramento. Ele já havia deixado pra lá o fato da perita ter lhe dado um fora. Agora tudo o que queria era ser um simples amigo e nada mais.
Sara abriu um sorriso diante do gesto dele, algo que fez o policial sorrir mais ainda. Ele havia dito isso exatamente pra descontrair e quebrar o clima, mas mesmo que tenha dito em tom de brincadeira, havia verdade em suas palavras.
_Podemos, claro. – Ainda sorrindo, Sara confirmou segurando a outra mão do policial que ainda se mantinha estendida em sua direção.
Ele já ficou satisfeito e contente só pelo simples fato de ela ter aceitado sua amizade que seria sincera e verdadeira!
***
_Você tem certeza de que ouviu certo?
_Absoluta! Não ia inventar uma coisa dessas.
_Não estou dizendo que você inventou, mas podia ter ouvido errado, sei lá.
_Mas não ouvi!
_Por que ela aceitaria sair com ele?
_Vai ver Sara resolveu seguir a vida dela. Mas confesso que achei que ela fosse fazer isso com o pai da filha dela, já que o Grissom a pegou...
_Pode parar por aí, Warrick! – Catherine interrompeu o amigo a quem dava uma carona.
Não se contendo, ele acabou comentando com a loira sobre o que Sara disse a respeito do convite feito pelo policial.
_Sara não traiu o Grissom. Jim provou isso ao próprio.
_Provou? Como? – Warrick encarou com curiosidade a loira que dirigia.
Ela resumia toda a história que seu amigo supervisor havia lhe contado muitas horas atrás, quando ele lhe relatou também sobre a conversa que teve com Sara.
_Quer dizer que ela não o traiu mesmo?
_Jamais! E eu nunca duvidei disso, ao contrário, de uns e outros por aí.
Warrick se remexeu inquieto no banco do carona, pois sabia que estava incluído naquele ‘’uns e outros’’. Ele não deixou de sentir-se péssimo por isso, pois havia feito mal juízo de alguém que não tinha culpa alguma, ainda mais, alguém que era sua colega de trabalho.
_Acho que devo desculpas a Sara. – Com sinceridade, ele afirmou alguns segundos depois.
_Você e mais alguns do laboratório!
***
Sara não sabia o porquê, mas curiosamente sentiu uma grande confiança em Ernest tanto que em determinado momento da conversa deles, ela acabou lhe confidenciando sobre como se deu o fim de seu romance com Grissom.
Ele de imediato ficou surpreso quando ela começou a lhe contar, porque não esperava que ela lhe abrisse algo tão íntimo assim, se tinham acabado de tornarem-se amigos. Mas ainda assim, ele como um amigo que se propôs a ser, ouviu-a em silêncio. E quando ela terminou de lhe contar tudo, ele resolveu lhe dizer algo sobre aquela situação toda, mas antes perguntou se ela estava disposta a ouvir o que tinha a dizer. Ela apenas assentiu antes de levar à boca a xícara de café. E diante da confirmação dela, Ernest começou a falar.
_Olha, Sara... Não tiro sua razão de estar magoada com ele, só que... Você o ama e ele também te ama...
_Quem ama não faz e nem diz o que ele me disse, Ernest. – Ela o interrompeu.
_Ok! Mas acredito que ele só disse o que disse no calor do momento, da raiva, Sara.
_Não acredito que esteja defendendo-o. – Ela o encarava com perplexidade. Não imaginava que fosse lhe ouvir defender Grissom como parecia que fazia.
_Não estou, mas a raiva nos cega numa circunstância dessas Sara. Olha... Ponha-se um momento no lugar dele. Não é nada fácil pegar alguém que você ama numa situação tão comprometedora assim, e não ser tomado por uma raiva absurda que te faz dizer coisas ou fazer algo errado sem medir as consequências disso, não acha?
Ela parou pra pensar e viu que fazia sentido o que seu mais novo amigo disse.
_É, talvez!
_Então com o doutor Grissom foi assim. Ele errou ao te dizer todas aquelas bobagens? Errou! Mas ao saber a verdade, ele se deu conta de seu erro e foi te pedir perdão.
_Só que eu não consigo perdoá-lo e nem sei se um dia vou conseguir isso, sabia?
_Você vai sim e sabe por quê? – Ela balançou a cabeça negativamente. Ele então fez um gesto com o dedo indicador chamando-a para mais perto e como quem conta um segredo, lhe confidenciou: _Porque você o ama muito além dessa mágoa toda que demonstra e diz sentir! – Dito isso, ele sorriu e conseguiu arrancar um sorriso de Sara.
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