Capítulo 133 - Às vezes, as pessoas dão passos dos quais não têm volta...
‘’É, tem um buraco em minha alma
Mas uma coisa eu aprendi
Para cada carta de amor escrita
Existe outra queimada’’
Hole in my soul – Aerosmith
...
_Eu já até posso imaginar o assunto que quer conversar. – Sara comentou acomodando-se no sofá. _Aposto que é sobre o que te contei na sua sala, não é?
_Na verdade, o assunto é outro.
Sua prioridade naquele momento era falar primeiro sobre o que Joel lhe revelou e pedir perdão a mulher a sua frente, por ter duvidado dela. Depois, ele falaria sobre o bebê e aquela idéia absurda dela em querer ir embora da cidade, algo que ele não ia permitir de forma alguma.
_Outro assunto? Que outro assunto é esse?
Sara agora havia ficado intrigada, pois que outro assunto além do que lhe contou mais cedo, traria o supervisor até sua casa pra uma conversa.
A perita viu Grissom baixar a cabeça e em silêncio ele ficava olhando para as próprias mãos.
O supervisor sabia o que tinha que dizer, entretanto, não sabia por onde devia começar a falar.
_Pensei que tivesse vindo pra falar e não ficar calado. – A perita resmungou impaciente ao ver que Grissom não falava nada.
_Estou tentando descobrir por onde começar a falar.
_Comece pelo começo! – Ela retrucou asperamente.
O começo? Se ao menos ele soubesse qual era. Ainda estava tentando descobrir isso. Talvez devesse começar dizendo: ‘’Perdão por ter sido tão estúpido com você!’’, ou quem sabe: ‘’Sinto muito por ter duvidado de você. Um tal de Joel admitiu ter colocado algo em sua bebida no dia em que te peguei supostamente me traindo!’’. Independente da forma como começaria aquela conversa, ele precisava era começá-la logo, pois via a impaciência de Sara ante ao seu silêncio que já durava alguns segundos.
_Todo esse tempo... Eu acreditei que você tivesse me traído com o Dylan, porque tudo apontava pra isso. Mas...
_Pode parar por aí, Grissom! – Ela tratou de interrompê-lo ao se dar conta de qual era o assunto. _Se você veio aqui pra falar disso, a conversa nem precisa começar e você pode ir embora.
Ele ficou olhando bem pra ela que séria lhe encarava. Agora que tinha começado a falar, iria até o fim naquilo. E, assim, ignorando o que ela havia lhe dito segundos atrás, Grissom seguiu com sua fala.
_Você negou que tivesse qualquer coisa com o pai da sua filha... Mas eu não acreditei em você. Fiquei tão cego ao te ver no quarto daquele sujeito, que... Só conseguia acreditar que você me enganava com ele.
_Aonde você quer chegar com essa conversa, Grissom?
_Eu cometi um grande erro, mais que isso, na verdade, foi a maior das injustiças o que cometi com você. E só descobri isso hoje de manhã, quando... Um sujeito chamado Joel, me disse que ele foi pago pelo Dylan pra colocar algo na sua bebida. Diante disso, não foi difícil concluir, que naquele dia em que supostamente eu te peguei me traindo com o pai da sua filha, não passou de uma... Completa armação do Dylan!... Você nunca me traiu com ele!
Ela não esperava ouvir aquilo. Diante daquela revelação, ela ficou estática tentando digerir o que Grissom acabara de lhe contar. As suspeitas levantadas por Nick então tinham sido certeiras. Dylan havia sido capaz mesmo de pagar alguém e armar uma sujeira toda daquelas. A verdade tinha aparecido! Mas, como ela chegou até os ouvidos de Grissom? Ou melhor, como o supervisor chegou até Joel?
_Como conseguiu falar com esse sujeito? – Ela balbuciou a pergunta ainda tentando entender e assimilar aquilo tudo.
Ele lhe revelou o que Jim tinha feito, depois relatou as coisas que ouviu de Joel. E após tê-lo ouvido, Sara estava aliviada pela verdade ter aparecido, mas também estava indignada com Grissom e deixou isso bem explícito quando lhe disse:
_Foi preciso o Jim ir atrás desse desconhecido e ele admitir a culpa dele, pra só assim, você acreditar que eu sou a inocente nessa história e não, a ‘’qualquer’’ que te enganou?
_Eu entendo sua revolta. Fui muito injusto com você e estou arrependido disso. Peço que me perdoe, Sara!
_É fácil agora vir aqui, me pedir perdão depois de tudo o que foi capaz de me dizer lá no seu apartamento.
Ele pode sentir a mágoa e o ressentimento em suas palavras, e não tirava a razão dela em sentir aquilo. Ele tinha sido muito estúpido e merecia sua mágoa, seu desprezo e tudo mais que ela sentisse de ruim por ele.
_Não devia ter dito aquelas coisas e nem duvidado de você.
_Mas duvidou!... Acha mesmo que um pedido de perdão vai resolver as coisas tão facilmente assim ou me fazer esquecer o que ouvi de você?
Ele era ciente de que era o único responsável por Sara estar tão ressentida daquele jeito.
Por que não mediu suas palavras naquele dia? Talvez fosse até mais fácil agora ser perdoado! Ou não!
Ele levantou-se do sofá que estava pra se sentar no outro ocupado por Sara, na clara intenção de ficar mais próximo dela e assim continuar aquela conversar, olhando em seus olhos. No entanto, assim que ele aproximou-se, Sara se levantou do sofá e sem dizer nada, se dirigiu para o outro lado da sala, longe de Grissom, pra evitar qualquer contato com ele.
Obviamente, o supervisor entendeu perfeitamente o que ela queria lhe dizer tomando aquela atitude. Pra bom entendedor, aquela reação já falou tudo! E isso doeu!
_Talvez nada do que eu diga aqui, vá reparar o mal que lhe causei, mas...
_Grissom... – Ela chamou, erguendo uma das mãos e interrompendo a fala dele._... Às vezes, as pessoas dão passos dos quais não tem volta... E você deu o seu aquele dia, no seu apartamento!... Eu, infelizmente, não consigo te perdoar por isso. Talvez, você não tenha noção, mas naquele dia, conseguiu me ferir de tal maneira, que a ferida ainda está aqui... Doendo, mesmo depois de dois meses.
Ela confessou, sentindo um nó se formar na garganta e a voz querer embargar. Aquela conversa remexia numa ferida aberta e que ainda doía demais. Talvez, continuasse a doer por um tempo indeterminado!
_Eu sinto tanto por aquele dia, Sara! Queria poder voltar no tempo e consertar o meu erro. – Ele admitiu encarando chão.
_Só que infelizmente isso não é possível! E... Creio que não temos mais o que conversar em relação a isso, Grissom. Você me pediu perdão, mas eu não consigo te perdoar. Sendo assim, não vejo razão pra essa conversa se estender mais. Então, peço, por favor, que vá embora da minha casa. – Ela foi direta e objetiva, pois a seu ver, aquela conversa já deu o que tinha que dar!
O supervisor assentiu tristemente. Era tudo culpa sua. Duvidou dela, do seu amor, da sua fidelidade e lhe ofendeu de uma maneira que ela não conseguia perdoá-lo. Agora, ele teria que lidar com a conseqüência disso tudo: ser rejeitado pela pessoa que mais ama!
_Tudo bem, eu vou!... Só que antes, preciso que me responda uma coisa apenas, Sara.
Ela apenas fez um gesto com cabeça pra que ele fizesse sua pergunta.
_Ainda sente um pouco de amor que seja por mim ou... Agora só me odeia e me despreza pelas coisas que te disse, Sara?
Lá no fundo, ele temeu pela resposta, pois ela poderia não ser a que ele queria ouvir. Porém, ele precisava saber aquilo, e dependendo do que ouviria, poderia descobrir que tudo entre eles estava perdido pra sempre, ou na melhor da hipótese, descobrir que ainda podia ter esperanças de lutar pelo perdão e pelo amor da ex-mulher. Entretanto, o que ele não contava era que ela fosse se recusar a lhe dar uma resposta concreta.
_Infelizmente sua pergunta vai ficar sem resposta!
Ela não sabia ao certo qual era a resposta, pra falar a verdade, ela até sabia, mas não queria admitir. A questão é que os sentimentos da perita andavam tão confusos e conflitantes, que dizê-los com exatidão era difícil. Havia sim, indiscutivelmente... Amor. Apesar de toda a mágoa, ela ainda o amava! Não podia negar isso, porque este sentimento estava ali dentro de seu coração ressentido. Mas assim como havia o Amor, também havia: a mágoa, o desprezo, a raiva e tudo isso, na mesma proporção daquele Amor que ainda persistia em habitar seu coração, mesmo ela querendo tirá-lo dali.
_Será que você pode ir agora? Preciso me arrumar pra trabalhar.
Ele a encarou com tristeza e com uma dúvida dolorosa pairando em sua cabeça: Será que Sara ainda lhe amava ou não?
A julgar pela forma fria com a qual ela lhe tratava, talvez, Amor fosse à última coisa que ela sentisse por ele desde que a destratou.
Era doído admitir, mas algo lhe dizia lá no fundo, que ele havia perdido Sara, talvez... Pra sempre!
Desolado com tudo que aconteceu ali, ele passou cabisbaixo pela morena e seguiu em direção a porta de saída. Mas no meio do caminho, ele parou pra dizer uma última coisa à ex-mulher.
_Não sei se te interessa saber disso, mas eu vou dizer mesmo assim. – Ela o olhou, esperando pelo que ele lhe diria. _Eu estou muito... Muito feliz pelo bebê!... Você me deu a melhor notícia da minha vida! Ser pai era tudo que eu queria. Só é uma pena que as coisas entre a gente não estão como eu imaginei que estariam, quando você me desse uma notícia dessas!... Até mais, Sara!
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