Sara voltou sua atenção ao médico e seu amigo fez o mesmo que ela.

_O senhor tem certeza disso?

_Absoluta! Ao que vejo você ainda não sabia.

_Não, eu não sabia. De quanto tempo estou grávida?

Ela rezou pra ser bem mais do que estava pensando, porque se fosse saberia exatamente quem era o pai do seu bebê. Do contrário, isso seria uma incógnita pra ela.

_Um mês.

Sara fechou os olhos diante daquela resposta. Com aquele tempo a dúvida se instaurou nela. Aquele bebê podia ser tanto de Grissom quanto de... Dylan!

_Um mês? - Ela balbuciou mais pra si do que para o médico.

_Algum problema? - O médico ficou preocupado com aquela reação dela. Geralmente as mulheres ficam felizes e exultantes com a notícia, mas a mulher a sua frente parecia qualquer coisa menos feliz.

_Não. Eu só quero ir para a minha casa agora. Posso? Não gosto de ficar em hospitais.

O médico pediu a enfermeira que lhe acompanhava que ela tirasse o soro de Sara já que o mesmo estava no final. Logo após, ela ter feito isso, Ryan deu a Nick a receita com as vitaminas que sua amiga devia tomar e então liberou Sara pra ir pra casa com a recomendação dela ficar em repouso.

Já dentro do carro, a morena ia absorta e ainda impactada com a notícia que recebera. Grávida! Ela estava grávida, mas não fazia idéia de quem fosse o pai de seu filho!

Aquilo não podia estar acontecendo com ela! Se fosse uma semana a mais, ela não teria dúvidas de quem seria o pai daquele bebê que carregava. Mas diante daquele Um Mês, ela não tinha a menor idéia.

Ao seu lado seu amigo Nick que até o presente momento não havia dito nada ou comentado nada a respeito da gravidez da amiga, somente a observava vire-mexe enquanto dirigia pra casa dela. Podia ver a angústia na expressão da amiga e também a confusão. Queria perguntar, saber qual era o problema, mas esperaria até chegar a casa dela pra fazer isso.

Quando estacionou na porta da casa de Sara, ele tocou levemente a mão da amiga pra avisá-la que haviam chego. Ela sequer havia percebido que estava diante de sua casa. Ao sentir a mão do amigo, Sara imediatamente lhe olhou.

_Parece que a notícia que devia ser boa, não foi tão boa assim pra você. Qual é o problema, Sara?

Ele viu lágrimas escorrerem dos olhos dela e ficou sem entender. Qual razão sua amiga tinha pra ficar assim diante de uma notícia como aquela? Foi então que ele teve sua resposta.

_Eu não sei quem é o pai desse bebê, Nick!

*****

Catherine e Greg trabalhavam na sala de evidências, mas a cabeça de ambos estavam na amiga e colega de trabalho. Os dois estavam preocupados com o que havia acontecido com Sara. Nick havia telefonado para Catherine e lhe contado o que tinha ocorrido, Greg que estava junto com a loira no momento do telefonema também ficou sabendo do ocorrido. E agora os dois não conseguiam trabalhar totalmente focados no serviço por conta da preocupação em saber se a morena havia melhorado ou não.

_Por que será que ela passou mal, Cath?

_Mais cedo ela não parecia bem. Vai ver foi uma queda de pressão, sei lá.

_Será que o Nick vai avisar o Grissom?

Nesse mesmo instante, sem que os dois peritos vissem, o supervisor ia entrando na sala e pegou essas últimas palavras de Greg.

_O que o Nick tem pra me avisar?

Os dois peritos viraram-se assustados para o chefe.

*****

_Como assim você não sabe quem é o pai do seu filho?

Nick estava confuso com isso.

Enxugando as lágrimas, Sara contou que pelo tempo de gravidez que o médico disse, o bebê que esperava podia ser tanto de Grissom quanto de Dylan.

_Mas você acha que entre você e Dylan de fato aconteceu algo?

Ela não lembrava. Mas pelas circunstâncias daquele fatídico dia e pelo que Dylan lhe disse, tudo levava a crer que tinha acontecido algo entre eles.

_Eu não lembro, mas acho que sim, Nick.

O perito viu sua amiga cobrir o rosto com ambas as mãos e logo em seguida ela já chorava.

_Calma, Sara. - Ele desatou seu cinto de segurança e abraçou a amiga.

*****

Catherine e Greg se entreolharam nervosos.

_Estou esperando Greg! - O supervisor indagou vendo que o jovem CSI não lhe respondia.

Greg engoliu a seco. E agora? Ele olhou pra Catherine como que pedindo ajuda e a loira entendendo seu olhar, rapidamente lhe socorreu contando a verdade, já que mais cedo ou mais tarde o supervisor saberia disso.

_Nick teve que sair da cena dele às pressas, porque Sara desmaiou e ele precisou levá-la a um hospital.

Ainda que Grissom não quisesse, foi impossível pra ele não se deixar abalar com aquela notícia que sua amiga deu. 

Sara havia desmaiado e ido para um hospital?!

Por um breve momento, o supervisor resolveu deixar sua raiva pela ex de lado pra perguntar se sua amiga tinha mais notícias sobre o estado de Sara, mas antes que tivesse tempo pra perguntar, Warrick apareceu na porta da sala.

_Aí Grissom, você precisa vir comigo. Descobri uma pista quente sobre o nosso caso.

O supervisor olhou rapidamente para seu subordinado e depois voltou à atenção aos outros dois. E sem proferir uma palavra sequer a eles, Grissom seguiu Warrick, saindo da sala.

_Ele pouco se importou com o que você disse da Sara. Grissom virou um completo insensível, Cath! - Greg demonstrava raiva do chefe por seu comportamento diante do fora dito.

_Não creio nisso! Pra mim, ele ficou preocupado com o que soube.

_Duvido muito, Cath. Ele já deixou bem claro que tudo o que diz respeito a Sara, não o importa mais.

_Será mesmo?

******

Mais calma e já sem chorar, Sara conversava com Nick sobre o que faria.

_Eu pretendo primeiro falar com o Dylan sobre a gravidez. Não queria, mas me vejo obrigada a fazer isso.

_E o que quer falando com ele?

_Ainda não sei... Talvez pedir, implorar que ele me diga se realmente houve algo entre nós naquele dia, porque eu não consigo acreditar que houve.

_Eu sei que já comentei isso com você e na ocasião nós descartamos essa hipótese, porque você disse que era impossível de ter acontecido já que não o deixou sozinho... Mas não acha que ele pode ter colocado algo na sua bebida? Porque é única explicação que me vem à cabeça pra justificar que não se lembre de ter ido parar na cama daquele sujeito, Sara. Talvez ele tenha colocado uma droga no seu suco, sei lá.

_Como Nick? Se depois que o garçom me serviu o suco, eu não saí da mesa e muito menos deixei o Dylan sozinho com a minha bebida pra que ele tivesse a chance de fazer algo assim.

_Pois é, isso não faria sentido algum mesmo... A não ser que...

Nick parou de falar ao se dar conta de algo, uma lembrança de um caso que de pronto lhe veio à mente e que poderia explicar essa situação toda.

_A não ser que o quê...? - Sara indagou o amigo.

Como um filme acelerado, Nick recordou todo o caso em questão de segundos e aquilo parecia se assemelhar a situação da amiga.

_Uma vez, Catherine e eu, trabalhamos num caso em que um maníaco da internet pra conseguiu levar sua vítima pra cama, ele a drogou primeiro no restaurante que era onde estavam tendo o primeiro encontro deles. E pra isso, ele contou com a ajuda do garçom que colocou a droga ainda na cozinha do restaurante, antes de servir a garota. Será que o Dylan não fez isso também? Será que ele pagou o garçom pra batizar seu suco, Sara? Acha que isso faz algum sentido?

A morena se recostou ao banco do carro, enquanto assimilava e digeria as palavras de seu amigo. Nick poderia estar certo nisso? Só havia um jeito de saber.

_Se faz ou não, eu vou descobrir.

_Como?

_Procurando o garçom e falando com ele!

_E você acha que ele vai abrir o bico Sara? Com certeza ele vai negar tudo.

_Ele não recebeu pra supostamente colocar porcaria no meu suco? Pois vou pagar o dobro, triplo o que seja do que o Dylan possa ter pago a ele, pra que esse sujeito me conte o que quero saber.

Se essa suposição dada por seu amigo fosse verdadeira, Sara não só provaria que era inocente naquela armação feita por seu ex, como também teria a certeza de quem era o pai de seu bebê.

_ Amanhã mesmo vou procurá-lo, Nick. Lembro-me perfeitamente da cara dele.

_Eu vou com você. Não deixarei que fale sozinha com esse cara. Ele não deve ser flor que se cheire já que se prestou a fazer algo assim.

_Nick não precisa. Eu sei me virar.

_Não, Sara! Eu vou com você e não se discute.

_Tá bem, então!

Ela sabia que nada do que dissesse ia fazer seu amigo desistir de acompanhá-la e talvez fosse melhor mesmo não ir sozinha encontrar esse desconhecido.

_Agora preciso ir Sara. E você, por favor, repouso. Ordem médica entendeu?

_Sim! E Nick, eu quero te pedir que não comente nada com ninguém sobre a gravidez.

_Mas eu não faria isso. Só que a Catherine e o Greg vão querer saber o que você teve e o que o médico disse.

_Inventa algo. Por agora eu não quero que ninguém saiba que estou grávida, muito menos o Grissom.

_Tudo bem.

Os dois amigos se despediram com um abraço e Nick fez questão de ficar esperando até a amiga entrar na casa dela pra ele ir embora dali.

Assim que ele pôs os pés no laboratório, Catherine que vinha pelo corredor o enxergou e imediatamente veio até o moreno. E como Nick previa, Catherine quis saber como estava Sara e o que o médico tinha dito. Omitindo sobre a gravidez, Nick contou que o médico havia dito que Sara estava com anemia e que por conta de não vir se alimentando direito havia passado mal assim. Meia verdade, meia mentira!

Catherine ficou mais aliviada por saber que não tinha sido nada de muito grave o que sua amiga teve. Os dois trocaram mais algumas rápidas palavras e logo depois, seguiram um pra cada lado a fim de continuarem seus serviços.

****

Warrick explicava para Grissom o que havia descoberto através do resultado de algumas análises do material que recolheu da vítima do caso, só que o supervisor estava com a cabeça tão longe dali que sequer ouvia ou prestava atenção nas explicações de seu subordinado. Seu pensamento mesmo não querendo, estava em Sara e no que havia acontecido a ela. Estava preocupado com a ex e esse desmaio que ela havia sofrido. Será que ela estava doente?

_Grissom?

O supervisor olhou assustado para Warrick quando o ouviu chamando em um tom alto. Tinha esquecido completamente da presença dele ali.

_Cara tá acontecendo alguma coisa?

_Não!! - Mentiu.

_Tem certeza? Você me parece preocupado.

_Eu estou bem.

Warrick ficou olhando bem para o chefe e era óbvio que ele não estava bem, era nítido para o moreno, mas não diria nada ou insistiria pra que o supervisor lhe dissesse o que estava realmente acontecendo com ele. Nos últimos tempos Grissom era puro mau-humor e sempre vinha com respostas ríspidas pra cima de quem quer que fosse. Desse modo, Rick resolveu não arriscar e ser mais um alvo do mau-humor do chefe.

_E então sobre o que descobri, vamos à casa do pai da garota pra que ele nos esclareça os fatos?

_Vai você. Eu tenho que fazer uma coisa na minha sala. Quando você retornar da casa, me liga.

Sem dar oportunidade a Warrick de dizer algo, Grissom saiu da sala, deixando seu subordinado com mais certeza ainda de que algo de errado estava acontecendo com o chefe.

Já em sua sala, ele encarava o celular em cima da mesa. Ligava ou não ligava? Ele estava nesse dilema há minutos.

Pondo-se a analisar racionalmente e profissionalmente a situação, ele chegou à conclusão que deveria ligar, porque antes de ser sua ex-mulher e ter lhe feito o que lhe fez, ela era membro de sua equipe e ele como chefe tinha quase que o dever de saber como estava. E com esse pensamento, Grissom pegou o celular de cima da mesa e discou os números de Sara. Mas antes mesmo de dar o primeiro toque de chamada, o supervisor encerrou a ligação.

Não era tão fácil assim pra ele fazer aquilo. Faltava-lhe coragem para seguir com aquela ligação e falar com Sara algo que não fosse relacionado com o trabalho. Depois daquele último embate deles na casa dela que lhe rendeu uma confissão da ex-mulher sobre ter dormido com o pai da filha dela. Desde desse dia, tudo o que era dito era somente e totalmente sobre trabalho, nada, além disso.

Guardando o aparelho celular no bolso da calça, Grissom resolveu ocupar sua mente e esperaria o fim do turno pra contestar Nick sobre o que houve, caso o mesmo não lhe relatasse os fatos.

*****

_Alguém sabe me dizer qual é o problema do Grissom? - Warrick indagou entrando na sala de descanso após encerrar seu caso. Somente Catherine e Greg estavam ali.

_Por que pergunta isso?

_Ah, Catherine, ele passou distante e estranho o caso todo em que trabalhamos. Durante o interrogatório do nosso suspeito, ele estava completamente alheio. Jim até chamou a atenção dele depois, porque ele nem prestava atenção no que era dito.

Catherine imediatamente trocou um rápido olhar com Greg e isso não passou despercebido por Warrick.

_Vocês sabem o que tá acontecendo, não é?

_A gente tem um palpite.

_Correção... Ela tem um palpite! - Greg apontou para a loira sentada ao seu lado. O jovem ainda não concordava que seu chefe havia se importado com a notícia que soube.

_Então fala, Cath.

A loira contou o que tinha acontecido e no final, Warrick acabou concordando com ela de que o ocorrido havia mexido com Grissom já que o comportamento do chefe mostrava claramente isso. Enquanto Greg ainda teimava em não concordar com aquilo.

_Sabem o que eu acho? Que nem tudo está perdido para esses dois!... E se fosse um jogo de apostas... Eu apostaria todas as minhas fichas nisso!

_Eu não ousaria tanto! - Warrick comentou reticente daquilo.

_Quanto a mim, eu sequer apostaria nisso. - Greg deu sua opinião. _Eles não tem chance de voltar mais, Cath! Você tá viajando legal nisso. Sara mesma disse a Nick e a mim que com Grissom, ela não volta. Não depois de tudo o que ele disse pra ela.

_Ok! Ela pode ter dito isso com todas as letras, assim como ele também me disse o mesmo certa vez. Só que o que eles e você, Sanders, não estão levando em consideração é que... O coração muitas vezes costuma falar mais alto que qualquer outra coisa!

*****

Tamborilando os dedos na mesa, Grissom aguardava Nick vir entregar seus relatórios. Dos subordinados, ele era o único que ainda não tinha vindo fazer isso. O supervisor se perguntou se Nick lhe diria o que havia acontecido ou omitiria o fato. Achava pouco provável que ele omitisse, tendo em vista, que isso chegaria facilmente aos ouvidos do chefe, como chegou.

Ouviu uma batida na porta e prontamente mandou que a pessoa entrasse, pois fazia idéia de quem fosse. E realmente era quem ele pensava.

_Meus relatórios. - Nick depositou os papéis sobre a mesa de seu chefe. _Quanto aos da Sara... Ela não fez, porque passou mal na cena do crime e teve que sair do caso. - Nick contou desconhecendo o fato de seu chefe já saber daquilo.

_Eu soube disso pela Catherine.

_Ah, ela te contou?!

_Sim.

_Então ela deveria ter me avisado, assim me poupava do trabalho de te contar isso de novo... Vou indo!

_Espera! - Grissom pediu antes mesmo que Nick se virasse e desse o primeiro passo pra seguir para a porta. _ Como está a Sara?

Nick olhou com surpresa para seu chefe.

_Se bem me lembro você disse que tudo o que tinha a ver com a Sara...

_Eu sei bem o que disse Nick. Não precisa me lembrar.

_Então por que o interesse em saber do estado dela?

Nick não estava nada disposto a ficar contando sobre a amiga para Grissom por mais que ele fosse o chefe dele e dela, e o supervisor notou claramente isso.

_Ela é uma funcionária supervisionada por mim. E se não estiver bem tenho que saber pra se caso seja preciso, afastá-la de suas funções. Ela não pode trabalhar adoentada e correr o risco de ser ineficiente em seu serviço.

Grissom usou todo esse discurso frio e indiferente somente pra conseguir arrancar do subordinado o que queria saber.

_Sua funcionária?? Claro!!... Pois não se preocupe que não terá que afastá-la, porque a funcionária estará perfeitamente apta para as funções dela no próximo turno. Com licença!

Nick saiu irritado da sala do chefe. E já na companhia dos demais amigos, ele relatou o ocorrido na sala de Grissom.

_Está aí à preocupação que você achava que ele tinha Catherine! - Em desagrado, Greg resmungou largando sobre a mesa a caneta que segurava.

No instante seguinte as palavras de Greg, Grissom entrou na sala, rapidamente dispensou seus subordinados e saiu pra ir embora pra casa.