Capítulo 118 - Consertando um erro
Mais de meia hora após ter saído do laboratório e no meio do caminho ter aproveitado pra passar em seu apartamento pra apanhar certo presente, Grissom agora estacionava em frente à casa de Sara a qual não vinha há muitos e muitos dias.
Um sorriso quase imperceptível escapou de seus lábios com o pensamento de que em poucos instantes estaria revendo sua princesa falante. Não tinha como negar que ela havia se tornado muito especial pra ele e ele tolo, achou que ia conseguir bani-la de sua vida pra sempre, que grande idiota!
Duas semanas! Bastaram apenas duas semanas, um sermão de Catherine e o fato de Liv ter adoecido por sua culpa, pra ele estar ali em frente à casa dela pra tentar consertar aquela burrada que tinha cometido com aquela garotinha.
Seu sorriso se alargou um pouco mais.
Ela realmente gostava dele e muito, pois apesar de tê-la magoado com sua estupidez, dizendo que não gostava mais dela e que não poderia mais ser seu amigo, ainda assim, Lívia chamava por seu nome e queria vê-lo. E ele, também queria muito vê-la. Estava louco de saudades dela!
Destravando o cinto de segurança, ele apanhou a sacola colorida do banco do carona e saiu do carro. Acionou o alarme e seguiu a passos nervosos até a porta. Tocou a campainha e esperou.
Any vinha descendo as escadas pra ir à cozinha, quando a campainha soou. Um lampejo de esperança de que talvez fosse certo supervisor quem a tocava, fez um pequeno sorriso surgir nos lábios da babá. Cheia de expectativas e esperanças, a babá se apressou em descer rapidamente os últimos degraus que faltavam e dirigiu-se a porta. Ao abri-la o sorriso da babá tornou-se mais expressivo. Era ele! Grissom estava ali diante dela.
_Que bom que veio! – Ela disse em completo alívio e feliz por Liv que ia receber a visita de quem ela tanto queria ver. _Entra, Grissom!
Any lhe deu passagem e notou que quando ele passou meio hesitante em frente a ela, carregava consigo em uma das mãos, uma sacola de presente.
_Sua amiga foi bem mais convincente que eu! – Comentou a babá em tom de brincadeira.
Ele virou-se surpreso pra encarar a babá. Será que ela havia pedido a Catherine aquilo?
_Você...
_Sim. – Ela nem esperou ele completar o que diria, pois sabia exatamente o que perguntaria. _Eu precisava te trazer aqui pela Liv. Então recorri a alguém que tinha quase certeza que te convenceria a vir.
Ele meneou a cabeça e baixando os olhos pra encarar o chão, pediu desculpas a Any pela forma ríspida como a tratou horas atrás quando ela lhe ligou.
_Deixemos isso pra lá. O importante é que você está aqui agora e a Liv vai adorar te vê! ... Vem, vou te levar até ela.
Em silêncio ele a seguiu em direção a escada. No meio do caminho para o quarto de Sara que era onde Any dissera que a menina estava, Grissom com certa hesitação indagou a babá a respeito de o pai de Liv estar ali. Tudo o que menos queria era encontrar com esse sujeito e vê-lo junto de Sara.
_Dylan não está. Ele ficou só uns minutos e depois foi embora com os pais dele.
E sabendo que o supervisor nem fazia idéia sobre a ordem de restrição que Sara havia conseguido contra o pai de sua filha, a babá então contou sobre isso a ele.
_Dylan não pode ficar aqui enquanto Sara estiver, Grissom. Ela conseguiu uma ordem de restrição contra ele. Dylan tem que manter 100 metros de distância da Sara ou do contrário é preso. Só em situações como as de hoje e ontem no aniversário de Liv, que ela o deixou estar aqui sobre o mesmo teto que ela por um breve momento.
O supervisor ficou sem fala. Sara tinha uma ordem de restrição contra o ex?? Então eles não estavam juntos como ele achou que acontecia já que supostamente eles tinham um caso?
Uma confusão enorme se formou na cabeça do supervisor com aquela informação. Ele ainda tentava processar e digerir aquilo quando chegaram à porta do quarto de Sara.
Any bateu na porta e a abriu só um pouco sem deixar que Grissom aparecesse. Queria fazer uma surpresa a Liv.
_E então, ela comeu alguma coisa, Sara?
_Nada! – A morena mostrou a bandeja que Any havia trazido. O copo de leite continuava intacto, assim como o prato com os biscoitos.
_Meu amorzinho, você tem que comer um pouquinho.
_Eu não tô com fome, Any. – A menina falou com uma vozinha baixa e tristonha, enquanto olhava pra janela do quarto.
Do lado de fora do cômodo Grissom sentiu o coração apertar só de ouvir a voz da menina daquele jeito.
_Então acho que terei que apelar pra surpresa que eu trouxe comigo pra fazer você comer um pouquinho que seja. – Any deu sorriso e olhou rapidamente pra Sara que não entendeu nada do que ela estava falando.
_Eu não quero surpresa nenhuma. Eu quero vê o Gil. – Liv murmurou ainda encarando a janela e agarrada a Sam que não se desgrudava dela.
_E se eu te disser que essa é a surpresa que tenho aqui comigo?
A menina virou o rosto pra olhar pra sua babá e encontrou Grissom parado ao lado de Any.
_Gil??
Ele pode ver aqueles olhinhos azuis brilharem de alegria ao vê-lo ali e se sentiu um tremendo de um idiota pelo que tinha feito a ela. Como pode ter a coragem de ferir alguém tão inocente que gostava tanto dele?
_Ei... – Ele sorriu pra ela. Como era bom ver aquela criaturinha da qual sentia falta. Devagar ele foi se aproximando da cama, sem tirar os olhos da menina. E assim que se encontrava próximo dela, sentou-se ali bem diante de Lívia e de uma Sara completamente surpresa por vê-lo ali.
A morena ainda estava em estado de assimilação da presença dele ali. Assim que o viu surgir logo atrás de Any, ela ficou completamente estática. Não esperava que ele viesse dado às suas recusas de atender o celular e também pelo que tinha dito a Liv há duas semanas. E isso lhe entristecia pela filha que queria muito vê-lo, mas ao que parece não o veria. Entretanto, ele estava ali agora. Agradecia aos céus isso, pois segundo o médico, a visita de Grissom faria Lívia melhorar e tudo o que ela mais queria era ver sua filha bem novamente.
_... Disseram-me... - Ele olhou pra Any rapidamente e em seguida voltou a fitar Lívia. _... Que você estava doente e queria me ver?
Lívia assentiu em resposta olhando pra Grissom e sem que ele esperasse, ela se jogou em seus braços lhe abraçando tão aperto que o comoveu com aquilo. Quando ele iria imaginar que ela fosse sofrer tanto por ele ter se afastado dela.
Ainda meio pego de surpresa com aquele gesto dela, ele demorou uns segundos pra retribuir o abraço, mas logo já fazia isso um tanto desajeitadamente, segurando a sacola do presente.
_Oi... – Ele murmurou olhando pra Sara enquanto estava abraçado a Liv.
Ela lhe respondeu da mesma forma, fitando a filha abraçada ao supervisor e segundos depois, seus olhos encontraram os de Grissom e ela se viu agradecendo bem baixo a ele por ter vindo. Sabia que aquilo faria bem a filha. Recebeu de ele um pequeno assentir de cabeça, acompanhado de um discreto sorriso.
E entendendo que naquele momento o melhor era deixar aqueles dois sozinhos, Sara então se levantou e junto com Any, saíram do quarto.
_Eu sentia muita, muita a sua falta!
Ele ouviu a menina dizer abraçada a ele.
_Eu também sentia muita... Muita... Mais muita a sua falta, minha princesa. – Ele confessou baixinho e deu um beijo em seus cabelos.
Como podia achar em sua completa ignorância, que seria bom pra ele ficar longe daquela garotinha? Estar ali com ela, era a melhor coisa! Tranqüilizava sua alma, acalentava seu coração e lhe trazia um sopro de alegria à vida.
Eles ficaram naquele abraço por mais incontáveis segundos até que Grissom afastou-se um pouco pra poder falar com ela. Tinha que lhe pedir desculpas por sua completa estupidez de tê-la magoado.
_Liv, me perdoe... Jamais devia ter dito aquelas coisas horríveis a você! ... Disse aquilo porque queria você longe de mim. Queria evitar ter você perto de mim por causa da sua mãe. - Ele ajeitou uma mecha do cabelo dela. _Tinha acabado de me separar da Sara e a forma como isso aconteceu me deixou tão mau que acabei tomando a decisão errada de magoar você. Mas saiba que nada daquelas coisas são verdadeiras. Eu nunca vou deixar de gostar de você e tampouco, queria deixar de ser seu amigo. Quero que me perdoe pelo que eu fiz e... Será que eu ainda posso continuar sendo seu amigo?
Se ela lhe dissesse não seria muito bem feito pra ele, pois merecia isso com honras por ter feito o que fez.
Mas Liv não fez isso. Ela é uma criança de coração bom e puro, e um fator importante que contribuiu pra que ela não rejeitasse seu pedido de perdão, é que ela gostava demais do supervisor. Desse modo, com um positivo balançar de cabeça seguido de um sorriso, que Grissom já conhecia tão bem, a menina lhe deu à resposta que fez o coração do supervisor pular de alegria dentro do peito.
Outro abraço agora iniciado por Grissom selou a ‘’reconciliação’’ dos dois.
Na cozinha da casa, Any e Sara conversavam, na verdade, era a babá quem mais falava enquanto a perita se limitava a apenas ouvi-la.
_Catherine é danada mesmo. Ela conseguiu fazê-lo vir. – Any depositou a xícara com chá fumegante que tinha acabado de fazer, diante de Sara.
Há pouco Any havia dito a Sara que tinha recorrido a Catherine pra conseguir aquilo. A morena não se agradou nada daquela história, mas depois resolveu não dizer nada afinal a presença de Grissom ali era algo que faria bem a Liv. Mas ela não deixou de ficar na dúvida com uma questão. Será que Grissom tinha vindo somente porque Catherine tinha lhe convencido com seus ‘’argumentos’’ nada sutis ou ele tinha vindo porque quis?
_Sara?? Você tá me ouvindo??
A morena a olhou quando sentiu a mão da babá tocar a sua de leve.
_Desculpa, o que disse?
_Deixa pra lá. A vinda dele aqui te afetou, né?
_Acha que ele veio porquê quis ou porquê Catherine o ‘’obrigou’’?
_"Obrigar", não acredito que seja bem a palavra, mas sim ‘’convencer’’. E acho que tenha sido um pouco dos dois. Ele gosta da sua filha, Sara, isso não tem como negar. Não viu como ele ficou emocionado de vê-la?
_Se gosta então por que raios ele fez aquilo com ela?
_Acho que nem mesmo ele sabe ao certo isso!
De volta ao quarto, Liv estava as voltas com os dois presentes que Grissom tinha lhe trazido. Uma boneca que era parecida com ela. Tinha a mesma cor de seus olhos e do cabelo. Usava um vestidinho florido amarelo e trazia numa das mãos uma cesta de flores. O outro presente, esse o que mais encantou a menina, era um livro. Mas não se tratava de qualquer livro. Era o que a menina tinha visto com ele na vez em que Any tinha lhe deixado aos cuidados do supervisor no laboratório.
_Puxa, ele é meu mesmo, Gil? – Ela abraçava o livro em total alegria. Havia gostado daquele livro que tinha uma porção de borboletas. A grande maioria ela não conhecia.
_Sim, é seu. – Ele sorriu ao ver a alegria dela com aquilo.
_Mas eu lembro que você disse que ele era seu livro preferido e que tinha sido a sua mãe que te deu. Ela não vai ficar triste de você me dar isso?
Ele lembrou-se da mãe e imaginou que onde quer que ela estivesse na imensidão do céu azul, que certamente estaria aprovando a decisão dele em presentear Liv com aquele livro.
_Tenho certeza que ela não ficará tristes. Quero que esse livro fique com você agora.
_Por quê? – Curiosa ela não resistiu em perguntar, fazendo o supervisor sorrir coisa que não fazia há dias e que ali com ela já tinha feito várias vezes em pouco tempo.
_Bem... Porque você é especial pra mim.
_Eu sou?? – Seus olhos se arregalam em surpresa.
_É claro que é! – Ele riu da reação dela. _Você é minha amiga e amigos são especiais para os outros amigos.
_Então você também é especial pra mim, Gil! – Ela lhe sorriu daquela maneira que enchia seu coração de ternura.
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